Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Azeite de oliva: Fonte de beleza física e saúde?

Estudos mostram que o bom hábito do consumo do óleo de oliva evita a barriga indesejada. Cientistas de diversas universidades européias publicaram um trabalho no periódico Diabetes Care, da Associação Americana de Diabete, em que compararam exames de voluntários, antes e depois do consumo do óleo de oliva e observaram uma redução do depósito de gordura no abdômen.
O acúmulo da gordura visceral, além de ser um problema para a beleza física, hoje uma preocupação mundial, se torna facilitadora de doenças cardiovasculares e diabetes, colocando em risco a saúde dos indivíduos.
Os povos do Mediterrâneo, que historicamente regam seus pratos com óleo de oliva, parecem que são menos propícios a ameaça de infarto e o desenvolvimento da diabetes.
Será então com razão que o azeite de oliva seja apelidado pelos mediterrâneos, de “ouro líquido”? Seria este um alimento funcional aliado ao emagrecimento e a qualidade de vida?

O Azeite de Oliva...
É o produto obtido através do processamento do fruto das oliveiras, a azeitona, sendo que, para ser denominado como azeite de oliva o produto não pode apresentar mistura com qualquer outro tipo de óleo e deve estar de acordo com a legislação em vigor: Resolução n.º 22/77 - CNPA, do Ministério da Saúde.
São vários fatores que influenciam a qualidade do azeite de oliva, mas os principais são a variedade da azeitona; condições climáticas; tipo de solo; práticas do cultivo; estado de maturação do fruto; acidez; e tempo de processamento das azeitonas após a colheita. Devido estas possíveis variações na qualidade do azeite de oliva, a ANVISA e o Inmetro realizam verificações de conformidades a legislação em vigor.

A importância...
Segundo pesquisadores europeus do "German Cancer Research center, Im Neuenheimer Feld 280, D-69120 Heidelberg, Germany" e do "National Institute of Cancer Research, Genova, Italy", a dieta mediterrânea protege a saúde reduzindo as taxas de mortalidade por doenças coronarianas e diabetes. Dados recentes mostram que na Europa, esta mortalidade é muito maior nos paises onde o consumo de azeite de oliva é baixo (Escócia, Inglaterra e Dinamarca) e muito menor nos países onde o consumo do azeite é alto (Grécia, Itália e Espanha). Por essa razão, é importante estabelecer quais os componentes químicos do azeite que contribuem para o seu efeito protetor.Há uma grande variedade de estudos que analisam os componentes do azeite de oliva. Eles mostraram que as principais substâncias químicas envolvidas na proteção à saúde são os fenóis, o esqualeno, a gordura monoinsaturada e o ácido oléico. Constituintes que apresentam concentrações maiores no azeite extra virgem do que no azeite refinado (azeite com alta concentração de ácido que precisa ser refinado mais uma vez). Em tese, qualquer tipo de azeite de oliva, pode melhorar a qualidade de vida, entretanto, há vantagens no azeite do tipo extra virgem. Pois, na produção do extra virgem a pressão física da oliva, é feita sem adição de produtos químicos, preservando as moléculas antioxidantes, que são compostos funcionais do produto.

Mecanismos de Proteção à Saúde...
O uso contínuo de azeite de oliva, especialmente do azeite extra virgem, pode fornecer uma carga suficiente de antioxidantes ao corpo, o que pode reduzir a oxidação através da inibição da peroxidação dos lipídeos, fator que está envolvido no acúmulo de gordura abdominal, doenças coronarianas e diabetes, por exemplo. Além disso, todos os componentes do óleo de oliva são lipossolúveis (solúveis em gordura), o que facilita a sua absorção e transporte pelo corpo (pois as membranas celulares são compostas por lipídeos). O restante dos componentes não absorvidos permanece na luz intestinal protegendo as células contra a oxidação.
De acordo com os autores, o potencial antioxidante dos componentes fenólicos do azeite de oliva tem sido alvo de grande interesse, isso devido ao seu efeito protetor da saúde e à sua grande capacidade de auto-estabilização. Acredita-se que a alta concentração de gordura monoinsaturada e de ácido oléico exerça um papel importante na menor susceptibilidade de oxidação do azeite de oliva, pois estas substâncias são mais estáveis do que as gorduras poliinsaturadas e os ácidos linoléicos (substâncias presentes em outros óleos vegetais).A gordura monoinsaturada, por sua vez, além de varrer o colesterol ruim das artérias, contribui para inibir as barrigas avantajadas, cuja gordura produz substâncias que dificultam a ação da insulina (hormônio produzido pelo pâncreas que ajuda a glicose a entrar nas células), podendo levar a pessoa a tornar-se portadora do diabete do tipo 2.
Esta gordura monoinsaturada oriunda da oliva ocupa o espaço das temidas gorduras “ trans”, presentes nas margarinas, e das saturadas, que estão nas carnes vermelhas, uma dupla que promove a subida do LDL (colesterol ruim).
Outro importante constituinte do azeite de oliva são os fenóis, que se acumulam no plasma sangüíneo. Assim, os radicais livres que oxidariam o colesterol a ponto de ele estacionar nas paredes dos vasos, ficam praticamente fora de ação, reduzindo o risco de doenças coronarianas.
Pesquisas em andamento revelam que caso as substâncias fenólicas fossem purificadas e isoladas do azeite de oliva, elas teriam um poder antioxidante muito maior do que os medicamentos antioxidantes já conhecidos, como os preparados de vitamina E, sendo uma ótima opção para a prevenção do envelhecimento.
Finalmente, os estudos a respeito do papel do azeite de oliva, e de seus componentes antioxidantes, na proteção da saúde representam apenas um primeiro passo na elucidação dos mecanismos deste alimento funcional.

Referências:
-Lancet Oncol 2000;
-www.inmetro.gov.br;
-www.anvisa.gov.br.

10 comentários:

  1. O azeite de oliva vem sendo muito conhecido e estudado ao longo dos anos, tanto por seu modo de produção como com os benefícios que ele pode fornecer ao corpo humano. A produção é o meio importantíssimo para o fornecimento de um excelente azeite. Segundo a ANVISA, a designação “Azeite de oliva” deve ser utilizada para os óleos do fruto da oliveira (Olea europaea). O consumo do azeite de oliva vem beneficiando muito na saúde das pessoas, os estudos estão mostrando que ele pode prevenir contra doenças como o câncer, a doença coronariana e o envelhecimento. O lignane, fenol encontrado neste azeite, vem sendo pesquisado por ser um grande componente antioxidante, dentre dessas funções o lignane parece inibir o crescimento celular dos cânceres de pele, de mama, de pulmão e de intestino. Porém existe um ponto negativo, o lignane tem uma estrutura muito similar ao estradiol (hormônio feminino) que pode estar envolvido ao crescimento celular de certos cânceres e também podem inibir a produção de estrogênio pela placenta e pelo tecido adiposo, diminuindo as taxas de hormônio do sangue. Portanto, como todo alimento funcional, devemos consumir o azeite de oliva em quantidades suficientes para sentir seus benefícios, mas não com exageros, que podem nos trazer conseqüências.

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  2. O azeite de oliva virgem é obtido da azeitona madura por processos físicos em condições térmicas sem alterar as características próprias do produto. Os únicos tratamentos permitidos são a lavagem da fruta, decantação, centrifugação e filtragem, podendo ser considerado um verdadeiro “suco de azeitona”. Mais da metade da composição do azeite de oliva é pura gordura monoinsaturada, contendo ainda, pitadas de ômega-3 e muitas substâncias antioxidantes, com destaque para os polifenóis, que, além de conferir aquele aroma característico, beneficiam nossas artérias.Vale ressaltar ainda a boa concentração de vitamina E, nutriente que afasta o risco de tumores.Dessa forma o azeite é uma das gorduras mais saudáveis e nutritiva, ajudando ao ser humano a manter uma alimentação saudável e aumentar o HDL e a diminuir o LDL. Além disso, evita o acúmulo de gordura visceral, passaporte para doenças cardiovasculares e diabete.O consumo ideal para um adulto é 2 colheres de sopa de azeite de oliva por dia.

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  3. O azeite tem mais antioxidantes do que outros tipos de óleo e, também, contém componentes bioativos, que podem ajudar a combater o câncer e outras doenças. No entanto, deve-se atentar ao fato de que este óleo, por ser um óleo vegetal poli-insaturado, quando submetido a processos oxidativos como a foto-oxidação e a termo-oxidação (temperatura elevada em contato com o ar), suas ligações duplas são alvos fáceis na decomposição desse óleo, transformando-o em uma série de produtos secundários prejudiciais ao organismo. Ou seja, o azeite perde sua qualidade tendo seus compostos fenólicos reduzidos.
    Práticas comuns na culinária como a fervura e a fritura, podem modificar o perfil do azeite.
    Algumas formas de cozinhar com o azeite de oliva extra-virgem reduzindo bastante a perda de seus principais benefícios são: não aquecê-lo tanto, mantendo uma temperatura mais baixa possível ou adicionar um fio de azeite ao alimento preparado no momento do preparo.
    Portanto, para aproveitar todos os benefícios que o mesmo oferece para a saúde, como redução dos níveis do colesterol ruim, é necessário um consumo adequado.

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  4. Sabe-se que, devido a composição química do azeite e sua riqueza de gorduras insaturadas e substâncias anti-oxidantes, seu benefício a saúde deve ser bastante considerado. Entretanto, como qualquer alimento, alguns questionamentos devem ser feitos, ou seja: até que ponto as características benéficas do azeite se mantém após todo o processo digestivo? Ainda, com o azeite comercializado apresenta determinada quantidade de outro oleo vegetal (que não faz parte da composição natural e sim uma maneira de "fazer render"), poderia haver influência sobre as características? E, por ultimo, qual a melhor maneira de obter o máximo dos nutrientes do azeite?
    Como Alan bem citou, o modo de preparo influencia completamente no perfil químico do produto e leva a degradações térmicas e oxidativas durante processos de cozimento e/ou fritura, portanto, o modo mais adequado seria ao natural? Caso fosse considerado que sim, seria bastante interessante informar no rótulo para evitar transtornos aos consumidores que fazem uso do azeite, acreditando estarem tornando uma fritura mais saudável do que quando feita em óleo de soja, por exemplo.

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  5. Júlia Gama de Azevedo 1111974718 de abril de 2015 às 15:29

    A grande diferenciação e os benefícios de saudabilidade associados ao consumo do azeite de oliva estão diretamente relacionados a sua composição que é rica em ácidos graxos monoinsaturados, como o ácido oléico, e baixo em saturados o que favorece o controle do colesterol, pois pode ajudar a reduzir o colesterol "ruim" (LDL) no sangue, mantendo o nível de colesterol "bom" (HDL). Desse modo permitindo um equilíbrio saudável entre os dois tipos de colesterol.
    A presença de hidrocarbonetos (esqualeno) no azeite favorecem a excreção de toxinas, ajuda na saúde celular e tem efeitos anticarcinogênicos. Possui esteróis favorecendo a redução do colesterol e ajuda na prevenção e combate ao câncer (próstata, colon, mama), compostos fenólicos que inibem oxidação, reagem com radicais livres, inibindo a agregação plaquetária e previnem a oxidação do LDL e Contém vitamina E, um poderoso antioxidante.

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  6. Muito interessante um trabalho mostrando que um alimento tão utilizado na mesa de milhões de brasileiros tem propriedades funcionais importantes no organismo. Valendo ressaltar que além de ser praticamente isento de gorduras saturadas, possuir a tipica gordura monoinsaturada e polifenois, o azeite de oliva ainda possui altas concentraçoes de vitamina E e beta caroteno.
    Sendo assim, em uma sociedade onde a diabetes e doenças cardiovasculares sao as maiores causas de morte no mundo, saber que a associacao de alimentos funcionais que possuem propriedades antioxidante e antiinflamatoria com atividades fisicas pode alem de mudar, prevenir esses quadros de doenças metabolicas é de extrema importancia para o futuro.
    Outro ponto interessante seria sobre a diminuicao do acúmulo de gordura abdominal, sobre esse assunto teve um artigo publicado na Diabetes Care, a revista da Associação Americana de Diabetes, mostrando que o azeite propiciaria uma redistribuição da gordura no sentido de reduzir seus depósitos abdominais em benefício dos depósitos periféricos. Assim, isso pode muito bem explicar a proteção cardiovascular da Dieta do Mediterrâneo, uma vez que a obesidade central está claramente relacionada ao infarto agudo do miocárdio e às várias outras formas de doenças do coração.
    Além de todos esses benefícios, os polifenois estão relacionados a propriedade antioxidante, onde aumenta os níveis do HDL ou colesterol bom e reduz o dano oxidativo que ocorre ao LDL ou colesterol ruim, tornando-o menos deletério.

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  7. Muito interessante o assunto. Realmente já é de conhecimento de muitos que a dieta mediterrânica e o azeite, em especial, estão associados a populações com um melhor perfil frente às doenças cardiovasculares.
    Entretanto, acredito que o trabalho poderia ter citado a composição quantitativa do azeite para os componentes que foram citados como majoritários e possivelmente responsáveis pela ação. Além disso, deixo uma indagação: sabemos a quantidade de cada um desses compostos para ter seu efeito antioxidante, antidislipidêmico, etc.? É possível então prever quanto de azeite devemos consumir por dia para alcançar os efeitos propostos?
    Acredito que fazer os questionamentos expostos agregaria ao trabalho.

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  8. O azeite de oliva e o azeite de oliva virgem atendem a certos requisitos de acidez e índice de peróxidos preconizados nas RDC Nº 270, de 22 de Setembro de 2005. Sua identidade deve atender aos requisitos de composição estabelecidos em normas do Codex Alimentarius - FAO/ OMS. Além disso, podemos mencionar também que algumas misturas de azeites de oliva comóleo(s) de outra(s) espécie(s) vegetal(is) que são comercializados, são obrigados a dispor o percentual (%) de azeite de oliva declarado na designação do produto com o mesmo tamanho e destaque, além de proteção à luz, mantendo em local fresco e longe de fonte de calor. Será que todos os azeites atendem a essas pontuações da legislação? Somente desta forma será possível atribuir todos os benefícios apontados e destacados nessa postagem sobre o uso de azeite, garantindo a contribuição de seu uso para uma vida mais saudável.

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  9. Os benefícios do azeite já são bem estabelecidos, principalmente quanto a seus efeitos antioxidantes, resultantes principalmente da sua capacidade de "coleta" ("scavenging") de espécies reativas de oxigênio, danosas às células, devido aos seus ácidos graxos poli-insaturados e polifenóis, e que por consequência resultam na diminuição dos efeitos de placas arteroscleróticas, além de ajudar em um melhor manejo do colesterol endógeno, diminuindo dislipidemias, fator de risco para diversas doenças cardiovasculares e metabólicas (como doenças coronarianas, hipertensão arterial e diabetes). Seu uso já é estabelecido em dietas padronizadas como a dieta do Mediterrâneo e a DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension) para diminuir dislipidemias e hipertensão arterial.
    No entanto, o uso do azeite é limitado por fatores como o armazenamento e o processamento durante o método de cozimento. Armazenamento inadequado em locais que permitam o aquecimento do produto e o aquecimento durante a preparação do alimento aceleram a rancificação dos ácidos graxos insaturados por meio da oxidação, além da oxidação e volatilização dos compostos fenólicos, responsáveis pelos efeitos oxidantes.
    O armazenamento em ambiente refrigerado deveria ser sugerido para preservar os ácidos graxos insaturados presentes no azeite, além de indicações para um tempo ótimo de uso em cozimento para evitar a perda dos compostos antioxidantes e cardioprotetores.

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  10. Fontes usadas:
    Santos, C.S.P. et al. Effect of cooking on olive oil quality attributes. Food Research International, v. 54, n. 2, p. 2016-2024, 2013
    Jalarama Reddy, K., Jayathilakan, K. & Pandey, M.C. Olive oil as functional component in meat and meat products: a review. J Food Sci Technol, n. 52, p. 6870–6878, 2015

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