(AL ISIS VILAS BOAS DRE 112091505)
1.
Introdução
O leite é um líquido fisiológico branco,
nutritivo, secretado por glândulas mamárias e constituído de proteína, gordura
e carboidrato. A maior parte do leite é constituída por água, sendo apenas 12%
de sua composição as proteínas, gorduras, carboidratos, sais minerais e
vitaminas. Por ser um produto perecível, o leite precisa ser refrigerado a 4°C
após a coleta e existem diversos fatores que podem interferir na qualidade
deste alimento, como temperatura, acidez, contaminação por micro-organismos,
período de lactação da vaca, dentre outros. Além desses fatores, há uma questão
muito importante que é a qualidade de vida deste animal. A imagem de uma vaca
pastando num campo, vista nos comerciais, é muito distante da realidade em que
vivem e muitas das pessoas, sabendo da triste condição em que vivem, procuram
opções com aporte nutritivo necessário, como o leite de amêndoas. Fora aqueles
que se preocupam com a questão animal, existem aqueles que são intolerantes à
lactose, àqueles que se preocupam com a quantidade de antibióticos ingerida
pelas vacas, que acabam aparecendo no leite, e por isso também migram para
opções melhores para o corpo humano. Entende-se que com leite de amêndoas, é
possível que o indivíduo continue com os seus hábitos, sejam eles tomar uma
vitamina de manhã, tomar café com “leite”, ou fazer mingaus e bebidas com cacau
em pó. Dessa forma, a aceitação é melhor, o que facilita a adesão à nova dieta,
já que não é fácil mudar um hábito realizado há muitos anos.
2.
Questão
animal e contaminação do leite
Para que uma vaca seja
considerada leiteira, ela deve dar à luz uma vez por ano, o que faz com que ela
seja inseminada artificialmente, uma técnica que é considerada abusiva por
diversos grupos veganos, já que o sêmen do touro é inserido, pelo homem, no
útero do animal. Essa técnica é utilizada pois aumentam a produção de leite da
vaca. A qualidade do leite cru é influenciada por múltiplos fatores, dentre os
quais se destacam os zootécnicos, associados ao manejo, saúde da glândula
mamária, alimentação e potencial genético dos rebanhos, e outros fatores
relacionados à obtenção e armazenagem do leite recém-ordenhado. Os parâmetros
físico-químicos, microbiológicos e higiênicos sanitários são utilizados pelas
indústrias para verificar e determinar a qualidade do leite, como por exemplo,
a contagem de células somáticas, a contagem de microrganismos psicrotróficos e
resíduos de antibióticos que estão sendo cada vez mais exigidos como parâmetros
de qualidade.
O leite de vaca pode ser
contaminado quando entra em contato com a superfície do equipamento e/ou
utensílios de ordenha, assim como no próprio tanque de refrigeração do leite. Durante o intervalo entre as ordenhas,
enquanto as vacas estão deitadas, ocorre intensa contaminação da pele das mamas,
principalmente se o ambiente estiver altamente contaminado. A cama ou local de
permanência dos animais pode abrigar elevadas cargas microbianas, podendo
atingir uma contagem bacteriana de 108 a 1010 ufc/ml. Nestas condições, os
principais microrganismos isolados são estreptococos, estafilococos, microrganismos
formadores de esporos, coliformes e outras bactérias Gram-negativas. A pele das
mamas das vacas antes da ordenha pode estar contaminada por microrganismos
psicrotróficos, capazes de crescer em baixas temperaturas, e os termoduricos,
os quais são resistentes à pasteurização, o que pode ser um risco microbiológico para quem faz
ingesta desse tipo de leite. Além disso, existem muitos outros problemas que o
leite animal pode causar à população, como a estimulação da produção de muco,
aumentando problemas respiratórios.
3.
Intolerantes
à lactose
A lactose é um dissacarídeo
contendo duas subunidades: glicose e galactose. Quando há falta da enzima
lactase ocorre a má digestão da lactose, inibindo a hidrólise da lactose em
glicose e galactose, gerando o quadro de intolerância. Como a lactose não
consegue ser hidrolisada em glicose e galactose, ela não é absorvida no intestino
delgado em forma de glicose, direcionando-se
para o colón. Quando a lactose encontra-se no colón, ela é convertida em ácidos
graxos, gás carbônico e gás hidrogênio pelas bactérias da flora.
A intolerância à lactose é dita
como uma intolerância alimentar. Ela ocorre quando o corpo reage a um alimento,
porém sem intervenções imunológicas. A
intolerância a lactose se caracteriza pela presença de sintomas causados devido
à incapacidade da mucosa intestinal de digerir o carboidrato lactose. Essa má
digestão ocorre devido à deficiência de lactase (ß- D- galactosidade) ou sua
diminuição ( quadro de hipolactasia). A intolerância à lactose, portanto, é a
não digestão da lactose. Essa intolerância pode ser temporária ou consequência
de alguma doença que causa lesão intestinal, como doença de Chron, doença
celíaca, AIDS, desnutrição. O indivíduo é diagnosticado com deficiência de
lactase a partir da história de sintomas gastrointestinais após a ingestão de
leite, teste anormal de hidrogênio na respiração ou teste de tolerância a
lactose anormal. Dessa forma, os alimentos contendo leite devem ser retirados
da dieta e deve haver inserção de alimentos ricos em cálcio e proteínas, para o
fornecimento de um balanço nutricional adequado. Um exemplo de alimento rico em
cálcio e proteína é a amêndoa, que pode ser utilizada na sua forma natural ou
no preparo do leite de amêndoas.
4.
Traços
de antibióticos presentes no leite de vaca
A principal preocupação da
indústria de leite para com o aparecimento de resíduos de antibióticos no seu
produto final é a inibição de culturas utilizada na produção de iogurtes,
leites e outros produtos. Para a população, o problema é ainda maior já que há
possibilidade do aparecimento de reações alérgicas, que se manifestam desde
urticária até asma brônquica. Essas reações estão ligadas, principalmente, a
medicamentos como a penicilina, sulfonamidas, tetraciclinas e estreptomicinas.
Algumas das reações podem ser, também, tóxicas, causando alterações
hematológicas e desenvolvimento de tumores, segundo material da Embrapa, que proíbe
a utilização para o tratamento de vacas leiteiras. Porém existe o chamado período de carência,
que é aquele em que uma vaca é tratada com um antibiótico e há a observação do
prazo de eliminação do antibiótico no leite, após a última aplicação do mesmo. Em
muitos casos, o aparelho de ordenhar as mamas das vacas causa inflamações na
região ( mastites), que devem ser tratadas evitando a contaminação do leite com
o pus gerado. E essa é a principal causa de aparecimento de antibióticos no
leite. Mesmo que se aplique o antibiótico apenas em uma região de uma das
mamas, há absorção do medicamento e, na corrente sanguínea, ele é capaz de
contaminar todo o leite gerado, trazendo problemas para os seus consumidores.
5.
Por
que o leite de amêndoas?
As amêndoas têm sido utilizadas
na dieta humana por terem importantes propriedades farmacológicas e
nutricionais. Além de serem ricas em gordura e proteínas também são ricas em
fitatos e fenólicos. As amêndoas são fontes de vitamina E, magnésio, manganês,
cobre, fósforo, fibra, riboflavina, ácidos graxos monoinsaturados e proteínas .
As bebidas a base de extratos vegetais são chamadas também de “leites
vegetais”. O leite de amêndoa é bastante popular nos países que enfrentam o Mar
Mediterrâneo e se estende desde a Península Ibérica até o Leste da Ásia. Ele é
utilizado como substituto do leite de vaca e como base para produtos
alimentares e foi muito utilizado na cozinha na época da Idade Média, pois o
leite de vaca estragava rapidamente e era transformado em manteiga ou queijo.
Além disso, o leite de amêndoa é nutritivo com pouca gordura, ao contrário do
leite de vaca e não possui lactose, o que é um benefício para os intolerantes à
lactose.

Tabela
1 - Retirada de http://www.soystache.com/calcium.htm Baseada
nos dados oficiais do USDA ( Depto. de Agricultura dos EUA) Modificada.
A principal pergunta que vem à
tona quando se fala da retirada do leite de vaca da alimentação, é com relação
ao cálcio. Sabendo-se eu o leite de vaca possui entre 119 a 193 mg de cálcio a
cada 100g de leite, é possível observar que a amêndoa possui 248mg e o gergelim
mais ainda, 978mg. Esse fato ajuda a entender que é possível obter sais e minerais,
bem como proteínas (vide tabela) através de outras fontes alimentares, como as
amêndoas. Somado a isso, percebe-se também que as fontes vegetais de cálcio não
apresentam colesterol, enquanto o leite de vaca apresenta. Deve ficar claro que
é fundamental que a dieta humana contenha lipídeos, porém o consumo de
alimentos muito gordurosos como frituras e carnes com gordura está associado
com a LDL- lipoproteína de baixa densidade, conhecida popularmente como “colesterol
ruim”. O consumo de oleaginosas está relacionado com o aumento do “colesterol
bom”, HDL- lipoproteína de alta densidade.
6.
Conclusão
O leite de amêndoas é uma
alternativa nutritiva e menos agressiva aos animais, além de poder ser
consumida por indivíduos intolerantes à lactose e não conter traços de
antibióticos, que podem causar danos à saúde da população que ingere o leite de
vaca. Seus níveis de cálcio são maiores que o leite de vaca e não possui níveis
expressivos de gorduras, que poderia levar a doenças arteriais. Dessa forma, a
ingesta do leite de amêndoas é adequada para uso humano em substituição ao
leite de vaca.
7.
Referências
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Importância e efeito de bactérias psicrotróficas sobre a qualidade do leite.
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Acesso em: 30/01/2013
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