Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Iogurte NINHO® com intuito de aumentar a imunidade e se proteger contra o coronavírus.

 



A utilização de alimentos enriquecidos com zinco e vitamina D, como o Iogurte líquido NINHO® sabor maçã e banana, podem proteger do coronavírus?

Descrição:

Como estratégias de combate a algumas deficiências nutricionais inclui-se a fortificação de alimentos com vitaminais e minerais. O Iogurte líquido NINHO® sabor maçã e banana possui fontes de cálcio e vitaminas, e é rico em zinco.

A pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, representa um importante desafio no Brasil e no mundo. Os estudos têm demonstrado diferentes funções exercidas pela vitamina D e pelo zinco no organismo humano. Dentre essas funções, destacam-se suas atividades reguladoras do sistema imunológico e de processos inflamatórios. No contexto da covid-19, uma infecção viral que possui em sua apresentação clínica a presença de processo inflamatório, pneumonia e síndrome do desconforto respiratório agudo. Tem sido sugerido que os dois micronutrientes poderiam atuar inibindo a replicação do vírus, e assim modulando a resposta imune e diminuindo a expressão de citocinas pró-inflamatórias. O zinco atua no controle das vias de sinalização celular da imunidade inata e adaptativa (WESSELS; MAYWALD; PISTA, 2017). Quanto à vitamina D, sua deficiência apresenta relação com uma maior vulnerabilidade a infecções em consequência de prejuízos na imunidade inata e na resposta imune celular específica do antígeno (WINTERGERST; MAGGINI; HORNIG, 2007).

Fundamentos bromatológicos:

A fortificação, enriquecimento ou simplesmente adição é um processo no qual é acrescido ao alimento, dentro dos parâmetros legais, de um ou mais nutrientes, contidos ou não naturalmente neste, com o objetivo de reforçar seu valor nutritivo e prevenir ou corrigir eventuais deficiências nutricionais apresentadas pela população em geral ou de grupos de indivíduos (VELLOZO; FISBERG, 2010a).

A vitamina D, ou colecalciferol, é um hormônio esteróide, motivando vários estudos devido à sua atuação sobre o sistema imunológico.  Sua deficiência está relacionada a doenças auto-imunes e infecções (MARQUES et al., 2010).Nos países em que há fortificação de alimentos com vitamina D, como Estados Unidos e Canadá, o maior consumo deste nutriente provém de alimentos fortificados,  como  leite,  margarina,  pães,  cereais matinais e suco de laranja. O consumo de vitamina D em alimentos não fortificados é baixo, com exceção de peixes, como o salmão e a sardinha (PETERS, 2009).

O zinco tem função primordial no sistema imunológico (WESSEL et al., 2017), influenciando na proliferação e maturação das células de defesa, assim indivíduos que apresentam deficiência deste mineral ficam suscetíveis a infecções. As células natural killer (NK) são importantes para imunidade contra infecções e tumores. A atividade e o número de células natural killer (NK) dependem de zinco para reconhecer moléculas de histocompatibilidade da classe I (MHC). Na deficiência de zinco, ocorre alteração na atividade de células NK, na fagocitose feita por macrófagos e leucócitos, na geração de dano oxidativo, e o número de granulócitos diminui. O zinco também é cofator da timulina, enzima que atua na diferenciação de células T imaturas e função de células periféricas, além de modular a liberação de citocinas por células mononucleares e induzir a proliferação de linfócitos T CD8+ em conjunto com a interleucina-2 (SHANKAR; PRASAD, 1998).

Legislação:

A fortificação de alimentos com nutrientes é uma prática aceita e empregada pelos processadores de alimentos desde a metade do século XX (Reilly, 1996) e tem como objetivo reforçar o valor nutritivo e prevenir ou corrigir deficiências de um ou vários nutrientes (ANVISA, 2006). O processo de fortificação/enriquecimento, ou simplesmente de adição, é aquele no qual se acresce ao alimento de acordo com parâmetros legais, um ou mais nutrientes, contidos ou não naturalmente no mesmo, com o objetivo de reforçar seu valor nutritivo, inclusive aquele eventualmente perdido no processamento industrial, e prevenir ou corrigir alguma deficiência em um ou mais nutrientes na alimentação da população em geral ou de seus grupos de risco.
Após este processo, o alimento é dito fortificado/ enriquecido, ou simplesmente adicionado de nutrientes, conforme o teor de nutrientes acrescido.

De acordo com a Legislação Brasileira, Resolução - RDC nº - 269 de Setembro de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a qual aprova o “Regulamento técnico sobre a ingestão diária recomendada (IDR) de proteína, vitaminas e minerais”, a ingestão diária recomendada para o Zinco são de 7 mg. A metabolização endógena de vitamina D pode ser interferida por diversos fatores, sendo alguns: idade, latitude, estações do ano,  região geográfica, hábitos culturais, exposição ao sol e o uso por tempo prolongado do protetor solar. Dessa forma, a Ingestão diária recomendada de vitamina D varia de acordo com os fatores citados. Porém, de uma forma geral, segundo RDC nº - 269 de Setembro de 2005, a Ingestão Diária Recomendada da Vitamina D para adultos, crianças e lactantes é de 5ug.

Discussão:

A apresentação clínica da COVID-19 envolve um estado inflamatório, em virtude do aumento da expressão de citocinas pró-inflamatórias e, em sua forma grave, há um maior do risco de pneumonia, choque séptico e SARS (WHANG et al., 2020). Nesse sentido, estudos apontam funções da vitamina D sobre aspectos clínicos da doença, em que foi demonstrada relação inversa do status de vitamina D com casos graves de pneumonia (ZHOU; LUO; QIN, 2019), com o aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias (MANION et al., 2017), com o aumento do risco de sepse (ZHOU et al., 2018) e com o risco de SARS (DANCER et al., 2015). Uma hipótese proposta para a ação da vitamina D na COVID-19 é de que ela pode induzir a produção de peptídeos antimicrobianos que atuam na inibição da replicação do SARS-CoV-2. De maneira que a vitamina D poderia agir na redução do processo inflamatório. Entretanto, apesar de terem sido sugeridas possíveis vias para ação da vitamina D na COVID-19, os ensaios clínicos sobre sua utilização nos casos da doença ainda estão em andamento (ZHANG; XIE; HASHIMOTO, 2020).

Segundo a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), o zinco desempenha papel determinante nas respostas imunes inata e adaptativa. Embora o mecanismo não esteja elucidado, ação antiviral tem sido atribuída a esse mineral por meio de inibição da replicação in vitro do vírus, atuando na supressão da atividade da polimerase do RNA do coronavírus e pelo aumento da ação antiviral de citocinas e interferon α humano (IFN-α).

Conclusão:

No cenário atual, é possível observar que as medidas de higiene não são suficientes para proteger do SARS-CoV-2, sendo então necessárias alternativas para melhorar o sistema imunológico e proteger ainda mais o organismo contra futuros danos. Portanto, é fundamental adotar medidas nutricionais para melhorar a saúde pública e limitar o impacto de infecções virais sazonais e emergentes. A vitamina D e o zinco são dois micronutrientes que exercem funções imunomoduladoras e anti-inflamatórias com benefícios em infecções virais. No entanto, apesar de algumas hipóteses propostas, a eficácia da suplementação de vitamina D e/ou zinco para a melhora da imunidade na prevenção e tratamento da covid-19 ainda não foi demonstrada, tendo em vista que ensaios clínicos ainda estão em desenvolvimento. Além disso, a fortificação de alimentos é uma estratégia importante para resolver problemas de  deficiência nutricional,  contudo  a  ingestão  excessiva  de micronutrientes  pode  ocasionar  hipervitaminose. Durante o beneficiamento do alimento os limites de ingestão máxima tolerável recomendada pela RDA/UL devem ser respeitados (LIBERATO; PINHEIRO-SANT’ANA, 2006).

Referências:

MARTINS, Maria do Carmo, OLIVEIRA, Amanda Suellenn. Zinco, vitamina D e sistema imune: papel na infecção pelo novo coronavírus. Revista da FAESF, vol. 4. Número especial COVID 19. Junho (2020) 16-27

MARQUES, Marina; MARQUES, Millene; XAVIER, Eliane; GREGÓRIO, Eric. Fortificação de alimentos: uma alternativa para suprir as necessidades de micronutrientes no mundo contemporâneo. HU Revista, Juiz de Fora, v. 38, n. 1 e 2, p. 29-36, jan./jun. 2012.

PADOVANI, Renata Maria; AMAYA-FARFÁN, Jaime. Dietary reference intakes: aplicabilidade das tabelas em estudos nutricionais. Rev. Nutr., Campinas, 19(6):741-760, nov./dez., 2006.

BRASIL. Resolução - RDC nº 269, de 22 de setembro de 2005 da ANVISA.


2 comentários:

  1. Considerando a deficiência de vitamina D em grande parte da população (principalmente nos adultos) no país, não seria tão ruim enriquecer os alimentos com essa vitamina. Obviamente o enriquecimento visando um resultado positivo no combate ao covid sem comprovação científica não faz sentido e deve ser combatido, até pelo motivo de marketing enganoso. Este problema poderia ser resolvido simplesmente com conscientização da população para obter alimentação mais saudável e também conscientização para a população tomar melhores medidas para enfrentar o covid como distanciamento social e uso de máscaras ao invés de ingerir vitamina D que não irá fornecer a proteção que o indivíduo espera. Portanto o enriquecimento talvez seria bem vindo para tratar a deficiência de vitamina D da população, mas não o covid. Além disso, a implementação de vitaminas e minerais para diminuir a incidência de doenças é difícil de ser realizada por conta da complexidade de diversos fatores que devem ser analisados.

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  2. Acrescentar zinco e vitamina D em alimentos pode ser uma boa saída para melhorar a carência destas em grande parte da população que não tem uma alimentação com altos níveis desses dois nutrientes.
    Mas é preciso ter consciência de que esses alimentos não funcionam como medicamentos. Então, para que seus benefícios sejam alcançados, é preciso consumi-los de maneira regular, incluindo principalmente vegetais, frutas e cereais integrais na alimentação. Também é preciso sempre um acompanhamento médico para saber o grau de quanto você realmente precisa desses nutrientes, e qual seria a melhor maneira de repô-los no organismo. Ainda mais se tratando de uma doença tão nova quanto a COVID-19 onde nenhuma forma de prevenção ainda foi comprovada, e também de tratamento específico.
    Além disso, é preciso ter em mente um detalhe fundamental para o funcionamento eficaz desses alimentos ricos em vitamina D e zinco: eles só funcionam quando combinados com uma dieta equilibrada e balanceada, lembrando também a necessidade de se pegar sol e realizar atividades físicas.

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