Licopeno: um poderoso aliado contra o câncer?

A utilização de Licopeno como suplementação, permite a redução da possibilidade de desenvolvimento de células cancerígenas?

 

O produto em questão trata-se de um comprimido gelatinoso que apresenta 500mg de licopeno em sua composição, sendo destinado a justamente suplementação de pacientes que desejam inclinar o componente em sua alimentação. Será que o consumo diário e recorrente deste tipo de produto está associado a uma menor incidência de desenvolvimento de tumores e células cancerígenas nos pacientes? 

Licopeno é um carotenóide encontrado em algumas espécies vegetais, como por exemplo, goiaba, pitanga, melancia e principalmente tomate. Apresenta uma alta atividade antioxidante contra radicais livres, agentes estes que podem favorecer o aparecimento de células cancerígenas. Com o avanço das pesquisas, aumentou a fabricação de tal carotenóide ser consumido sob via suplementação com o objetivo de reduzir tal enfermidade.

Fundamentos Bromatológicos:

O licopeno é considerado um fitoquímico, sendo uma substância encontrado em vegetais que é responsável pela coloração, aroma ou sabor aos alimentos, podendo ter características benéficas ao corpo humano.

O transporte e absorção deste nutriente ocorre de forma passiva, mas pouco se sabe sobre o aproveitamento do mesmo no interior da mucosa. BOILEAU et al. Sugerem que o licopeno é transportado entre células por proteínas específicas ou até mesmo agregado a gotas lipídicas.

A biodisponibilidade dos componentes de um alimento é bastante complexa de se analisar, devido a série de processos que o mesmo sofre, seja de digestão, captação, absorção, distribuição, sendo os carotenoides influenciados diretamente pela estrutura química, forma isomérica, matriz alimentar e presença de fibra alimentar. (BRAMLEY, 2000)

De acordo com SILVA et al. (2009) alimentos como Goiaba, mamão, melancia, pitanga, tomate apresentam licopeno em sua composição em níveis diferentes de concentração em sua forma trans sendo menos absorvido por nossas células, onde parecem que a forma cis apresenta maior absorção no organismo. A disponibilidade foi verificada que teve um aumento com o aquecimento, ingestão de gorduras (SHAMI & MOREIRA, 2004)

Legislação:

A RDC 243/2018 criou a categoria de suplementos alimentares e dispôs sobre os requisitos alimentares para a comercialização dos mesmos. Além disso Instituição normativa 28/2018 estabeleceu a lista de constituintes autorizados para usa em suplementos alimentares, estando entre eles, o Licopeno. Apesar de mencionado, não é especificado a quantidade necessária ou mínima por indivíduo em ambos os documentos. A RDC 27/2010, estabelece que tal categoria se enquadra como alimento com obrigatoriedade de registro sanitário frente a ANVISA.

As legislações devem ser implementadas a caráter de definir a segurança e o a quantidade máxima de produto que o usuário pode realizar seu consumo. O produto apresenta totalmente a sua especificação de acordo com a lei definida pela ANVISA, com as quantidades presentes de acordo com o definido no rótulo do mesmo.

 

Discussão:

A propriedade antioxidante do licopeno tem sido muito investigada, sendo uma das principais causas da utilização da suplementação. O licopeno vindo por meio da dieta aumenta o licopeno sérico, contribuindo para a redução nos riscos e da incidência de câncer gástrico, pulmão, cólon, dentre muitos outros. (CLINTON, 1998; GIOVANNUCCI, 1999).

Estudos realizados em camundongos analisou-se o efeito protetor do licopeno na mutagenicidade induzida pela cisplatina, sendo que pré tratamento subagudo com o carotenoide foi eficiente no efeito protetor dos danos induzidos, reproduzindo todos os informes e recomendações indicadas de consumo pós preparo. É importante verificar que todos os tratamentos utilizados não geraram aberrações cromossômicas em comparação com o controle negativo adotado.

Ensaios utilizando humanos ainda estão em fase inicial, sendo assim não plenamente comprovadas que gera tal atividade no organismo humano.

Conclusão:

Como conclusão, podemos verificar que a utilização de carotenoides, mais especificamente o licopeno, é capaz de gerar efeito mutagênico protetor para células cancerígenas em alguns animais, com estudos muito iniciais em humanos. Comprovações científicas devem ser levadas adiante para se estabelecer parâmetros e de fato serem adotadas de forma segura pela legislação como um possível redutor de carcinogêneos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

·       1) RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 239, DE 26 DE JULHO DE 2018

·       2) INSTRUÇÃO NORMATIVA - IN Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2018

·       3) SILVA, A.; SCHINEIDER, V.; PEREIRA. C. – PROPRIEDADES QUÍMICAS E FARMACOLÓGICAS DO LICOPENO – REVISTA ELETRÔNICA DE FARMÁCIA – 2009

·       4) RESOLUÇÃO RDC Nº 27, DE 6 DE AGOSTO DE 2010

·       5) SENSÃO, M. – EFEITO DO LICOPENO NA MUTAGENICIDADE INDUZIDA PELA CISPLATINA EM RATOS – ARARAQUARA - 2004

·       6) RENA, REGINALDO – RADICAIS LIVRES PODEM FAVORER DOENÇAS COMO CÂNCER E ALZHEIMER - MINHA VIDA, 8 DE NOVEMBRO DE 2016