Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Micotoxinas: estamos consumindo, de fato, o limite permitido?

 

Ao menos uma vez por ano vemos na mídia o recolhimento de paçoquitas por causa de substâncias cancerígenas. Saiba mais sobre os limites permitidos destas substâncias



Descrição

A agricultura é a arte do cultivo de alimentos para a população, no entanto, esta arte tem sido amplamente industrializada de tal modo que o mascaramento de sabores e até mesmo de características clássicas de um determinado alimento, podem ser perdidas com estas novas técnicas. O plantio é feitos através de safras e são estas que são de extrema importância para a alimentação e economia do país. O uso indiscriminado de agrotóxicos gera um ambiente livre de pragas para o desenvolvimento daquela safra, no entanto, sabe-se que existem espécies de fungos que conseguem driblar os mecanismos de ação destas substâncias e conseguem desenvolver-se uma vez desenvolvidos na planta, podem produzir micotoxinas. De acordo com Diaz, as micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos filamentosos capazes de causar uma série de doenças e grandes perdas econômicas  e gerando uma crise alimentar. 


De acordo com Paster e Bullerman, a presença de fungos no plantio pode ocorrer durante todas as fases de crescimento daquela planta, desde a germinação até a fase de estocagem. A contaminação de fungos na safra é sinônimo de perda da plantação e inutilização do alimento para humanos e animais. Ao menos uma vez por ano, ouvimos ecoar na mídia que um determinado lote de amendoim foi retirado do mercado pela presença de micotoxina. 


Abaixo, podemos analisar as micotoxinas mais comuns nas silagens de milho.


Legislação


Na RDC n 7° de janeiro de 2011 dispõe uma relação de micotoxinas e seus limites máximos permitidos para a presença na safra e que pode ser encontrada na íntegra clicando aqui

No entanto, como pode ser visto no documento, a RDC informa os limites tolerados, de acordo com outras instituições, como o Codex Alimentarius, mas não informa quem deve ser o responsável por fazer essa análise. 

Uma das principais preocupações em relação a quantidade de micotoxinas presente em alimentos é devido ao elevado potencial carcinogênico, previamente comprovado,  destas substâncias. A ingestão diária de alimentos com a presença de micotoxinas pode ser um potencial risco para a saúde da população e para o sistema único de saúde, que terá que absorver uma elevação de doenças complexas que poderiam ser evitadas. No curso da produção do alimento, que vai do plantio até a entrega ao consumidor, o agricultor pode lavar com jatos de água as sementes, de modo que o bolor desaparece. A semente então pode ser vendida como limpa, mas e a quantidade real de micotoxinas que podem estar presentes nos grão e que não podem ser removidas através de água. 


Conclusão:


A agricultura é de extrema importância para a sobrevivência da população e da economia. Sabe-se que o plantio incorreto pode propiciar o crescimento de fungos que são capazes de produzir micotoxinas. Por sua vez, as micotoxinas são altamente carcinogênicas e o consumo contínuo e desenfreado destes alimentos podem desenvolver doenças de média e alta complexidade. A legislação vigente determina a quantidade de micotoxinas permitida nas safras, no entanto, são necessários infinitos mais estudos para conseguir determinar uma taxa que seja segura para a população. Além disso, se faz necessária uma ampliação das micotoxinas presentes na legislação, visto que com as mudanças climáticas novas espécies de fungos estão conseguindo se desenvolver em solo brasileiro, gerando mais uma preocupação para esse limite de micotoxinas presentes nos alimentos. 

Referências:

1 - NOVINSKI, Charles Ortiz. Composição de micotoxinas e bramatologia de silagens de milho em silos de grande porte utilizando imagens em infravermelho. 2013.

2 - ZORZETE, Patricia. Fungos, micotoxinas e fitoalexina em variedades de amendoim do plantio ao armazenamento. 2010. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

3 - DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. RDC n7 de 9 de Março de 2011. Disponível em:<http://envirologix.com.br/wp-content/uploads/2019/03/RDC-07-2011-LMT-micotoxinas-DOU.pdf> Acesso em 01 de Outubro de 2020

4 - GONÇALEZ, Edlayne. Distribuição de fungos e de micotoxinas em amostras de amendoim do plantio à colheita. 2008. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

5- DÍAZ-ROYÓN, F.; GARCÍA, A.; KALSCHEUR, K. F.; et al. Occurrence and concentration of mycotoxins, molds and yeasts on corn co-products from South Dakota and Minnesota dairy farms. Journal of Dairy Science.


Um comentário:

  1. Quando se trata de alimentos, temos uma tendência a achar que apenas as calorias em excesso são as "vilãs" da alimentação saudável. As micotoxinas também precisam nós despertar um alerta, uma vez que são moléculas de baixíssimo peso molecular e afetam órgãos como rins, fígado e, por regra, prejudicam o sistema nervoso, imune e endócrino. Como foi mencionado no texto, na RDC 7/2011 foi estabelecido o limite de concentração dessas toxinas nos alimentos, entretanto a fiscalização não consegue verificar cada alimento e assegurar que esteja sendo cumprido o que foi estabelecido na resolução. Cabe a nós, consumidores, buscarmos a informação e cuidar da nossa saúde e da nossa família.

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