A sucralose é um adoçante comercializado como oriundo de origem natural, adequado ao uso em diversos alimentos, como: chás, cafés, bolos, tortas e dentre outros. Ela é recomendada como uma alternativa ao uso de outros adoçantes disponíveis no mercado tais como: estévia, sacarina, aspartame, ciclamato e acessulfame–K. Recomendado para diabéticos e pessoas que desejam um adoçante de origem natural, indaga-se como seu uso contínuo pode impactar na saúde de seus consumidores? Supõe-se que a ingestão frequente deste adoçante represente um potencial tóxico e carcinogênico para seu público-alvo.
A molécula foi descoberta em 1976 por pesquisadores da companhia britânica de açúcar Tate & Lyle em conjunto com a Universidade de Londres, de uma maneira inusitada, enquanto pesquisavam de que forma aplicar a sacarose como intermediário em processos produtivos frente a síntese de outros produtos (TORLONI
et al, 2007).
Pode ser usada como adoçante de mesa, em formulações secas (como refrescos e sobremesas instantâneas), em aromatizantes, conservantes, temperos, molhos prontos, compotas, etc. (TORLONI
et al, 2007).
FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS
Figura 2- Moléculas de sacarose e sucralose.
A sucralose é sintetizada
a partir da substituição seletiva de grupos hidroxilas por cloro nos carbonos 4
e 6 da sacarose. O consumo de sucralose não afeta o controle glicêmico de
pacientes diabéticos. Seu potencial adoçante é 600 vezes maior do que o açúcar,
é isento de calorias. A maior parte do edulcorante ingerido não é metabolizada.
A pequena quantidade absorvida é excretada por meio de urina e fezes. Assim
como o aspartame, a sucralose também pode provocar crises de enxaqueca (TORLONI
et al, 2007).
Estudos recentes demonstram que a sucralose submetida a temperaturas maiores que 98ºC é decomposta em subprodutos extremamente tóxicos e com possível potencial cancerígeno (OLIVEIRA; MENEZES; CATHARINO, 2015).
Em todos os rótulos verificados NENHUM deles informam que a sucralose pode ser prejudicial sob aquecimento, e tão pouco, é de natureza sintética conforme figuras abaixo:
Figuras 3,4,5,6,7,8 e 9 - Adoçantes com sucralose disponíveis no mercado na cidade do Rio de Janeiro.
Nenhum dos rótulos verificados apresentou uma mensagem de alerta sobre o uso desses adoçantes sob essas condições de análise. O que induz o consumidor ao erro, acreditando na aquisição de um produto de origem natural, sendo que o mesmo é obtido através de uma modificação molecular da sacarose.
Essa modificação molecular, torna a molécula mais reativa e suscetível a hidrólises, originando produtos tóxicos e com potencial carcinogênico.
LEGISLAÇÃO
Figura 10 - Recomendação diária em mg/Kg da ingestão de sucralose. - Fonte: adaptado de RDC 18/2008 da ANVISA.
Aditivo:
|
Alimento:
|
Limite Máximo
g/100g g/100 mL:
|
Sucralose
|
Alimentos para controle de peso
|
0,04
|
Bebidas não alcóolicas gaseificadas e não
gaseificadas para controle de peso
|
0,025
|
Alimentos para dietas com ingestão controlada
de açúcares
|
0,04
|
Bebidas não alcoólicas gaseificadas e não
gaseificadas para dietas com ingestão controlada de açúcares
|
0,025
|
Alimentos para dietas com restrição de
açúcares
|
0,04
|
Bebidas não alcoólicas gaseificadas e não
gaseificadas para dietas com restrição de açúcares
|
0,025
|
Alimentos com informação nutricional
complementar
|
Com substituição total de açúcares
|
0,04
|
Com substituição parcial de açúcares
|
0,03
|
Bebidas não alcoólicas gaseificadas e não
gaseificadas com informação nutricional complementar
|
Com substituição total de açúcares
|
0,025
|
Com substituição parcial de açúcares
|
0,02
|
Tabela 1 - Atribuição de aditivos edulcorantes para alimentos e seus respectivos limites máximos de uso. Fonte: adaptado de RDC 18/2008 da ANVISA.
Esses valores são preconizados pela RDC 18 de 2008 da ANVISA que foram importados da JECFA e FDA.
DISCUSSÃO
Estudos revelam que a sucralose sob aquecimento (acima de 98°C) é decomposta quando hidrolisada originando alguns hidrocarbonetos aromáticos policlorados, que são tóxicos pois pertencem a mesma classe de alguns agrotóxicos, e possivelmente cancerígena devido a substituição das hidroxilas por átomos de cloro, que tornam a molécula mais reativa devido ao aumento no comprimento de ligação (BANNACH et al, 2009).
Outros estudos demonstram que o uso contínuo de sucralose em alimentos aquecidos podem provocar uma série de patologias como: Redução de 50% da microbiota intestinal, aumento do pH intestinal retardando a digestão, contribui para o aumento de peso corporal, mostrou-se hepatotóxica e nefrotóxica. (SCHIFFMANN; ROTHER, 2013).
CONCLUSÃO
Embora a sucralose seja veiculada como um produto natural, sem riscos, completamente estável a elevadas temperaturas, os recentes experimentos demonstram que tais informações são inverídicas. Considerando os preceitos de substituição química, é possível identificar que a molécula modificada da sacarose, se torna mais reativa, decompondo-se, o que culmina nos malefícios de toxicidade dos subprodutos formados, e ainda, a formação de compostos com alto potencial cancerígeno.
O arcabouço legal deve considerar esses achados, e consequentemente os dispositivos legais devem
conter parâmetros restritivos de uso desse edulcorante de acordo com as faixas
de temperatura e o alerta para os possíveis riscos supracitados.
Como proposição para estudos futuros recomenda-se avaliar os impactos da instabilidade da molécula de sucralose oriunda das variações de temperatura em gestantes, lactantes, pacientes com disfunção hepática e renal crônica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANVISA, Resolução RDC nº 18, de 24 de março de 2008. Dispõe sobre o "Regulamento Técnico que autoriza o uso de aditivos edulcorantes em alimentos, com seus respectivos limites máximos". Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 25 de março de 2008.
BANNACH, G.; ALMEIDA, R. R.; LACERDA, L. G.; SCHINITZLER, E.; IONASHIRO, M. Thermal stability and thermal decomposition of sucralose. Eclética Química. 34, 21–26, 2009.
OLIVEIRA, D. N.; MENEZES, M.; CATHARINO, R. R. Thermal degradation of sucralose: a combination of analytical methods to determine stability and chlorinated byproducts. Sci. Rep. 5, 9598, 2015.
SCHIFFMANN, S. S.; ROTHER, K. I. Sucralose, A Synthetic Organochlorine Sweetener: Overview Of Biological Issues. Journal of Toxicology and Environmental Health, Part B, 16:7, 399-451, 2013.
TORLONI, M. R. et al . O
uso de adoçantes na gravidez: uma análise dos produtos disponíveis no Brasil. Rev.
Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 29, n. 5, p. 267-275, maio 2007.