Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Suplemento vitamínico Centrum na implementação da dieta

 


 Suplementos vitamínicos realmente são a melhor opção para suprir deficiências alimentares? Leia mais...

           Descrição do produto

             O Centrum® é um complexo vitamínico desenvolvido inicialmente para suprir deficiências alimentares relacionadas a ingestão de vitaminas e minerais. Rico em vitamina B12, B2, B6, Zinco, Selênio o produto promete entregar um complexo vitamínico ideal para suprir essas deficiências, ideia reforçada em campanha publicitária “Fórmula Completa de A a Zinco”.

            Fundamentos Bromatológicos

A ingestão adequada de vitaminas e nutrientes é de crucial importância na regulação de várias funções metabólicas no organismo.

            Estudos já consolidados na literatura mostram correlação direta entre a carência nutricional de vitaminas e minerais no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e câncer além de mostrarem que o consumo balanceado de vitaminas antioxidantes previnem o desenvolvimento de aterosclerose e diminuem a mortalidade por doença coronariana.

            Aproximadamente 2 bilhões de pessoas sofrem de deficiência na ingestão de micronutrientes no mundo superando portanto, o percentual de indivíduos submetidos a condição de fome e desnutrição e pessoas com sobrepeso.

            Nesse contexto, é necessário avaliar a eficiência de suplementações vitamínicas, visto que deficiências na ingestão desses micronutrientes representam um problema de saúde pública a nível global.

            Legislação:

Regulada pela Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 243, de 26 de Julho de 2018, a categoria de Suplementos Vitamínicos e de Minerais, de acordo com o artigo 28 parágrafo primeiro, deve se enquadrar às disposições mencionadas, afim de padronizar e supervisionar os parâmetros de composição, qualidade, segurança e rotulagem de suplementos alimentares em geral.  

 Em 1994 a Food and Drug Administration considerou vitaminas como alimentos, a partir daí, a indústria alimentícia se aproveitou dessa publicação, e bilhões de dólares foram investidos na produção e propaganda a respeito dos suplementos vitamínicos. O perigo acerca dessa política seria a indução do consumo exacerbado desses suplementos alimentares, visto que a suplementação de vitaminas pode não ser positiva para pessoas que já tenham uma alimentação balanceada.

Discussão:

Existem diversas interpretações possíveis acerca do modo como a população é submetida a novas abordagens alimentícias, que reguladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária são constantemente metamórficas, sendo um mercado dinâmico, com constantes alterações legislativas, forçando a indústria alimentícia a se adaptar às novas “regras do jogo”. A partir daí, novas abordagens são desenvolvidas, novos mecanismos de alcançar o público são elaborados e o ciclo continua.

Estudo realizado na cidade de Cotia, em São Paulo, indica que a dieta da população estudada apresenta níveis abaixo do padrão para todas as faixas etárias analisadas, demonstrando ainda diferenças no consumo entre os sexos, indicando que indivíduos do sexo masculino apresentam maior ingestão de vitaminas e minerais que pessoas do sexo feminino.

Conclusão:

Acerca de todos os fatos que envolvem a organização estrutural da Indústria Alimentícia, existe uma linha tênue delimitando o que seria certo ou errado. Considerando uma população instruída, não manipulada por campanhas publicitárias, a responsabilidade do consumo saudável seria inteiramente do consumidor, o qual deveria enxergar o suplemento como realmente o que se propõem a fazer, ou seja, suplementar uma dieta deficiente. O “problema” do cenário, é que muitas pessoas são induzidas a consumir frequentemente sem mesmo ter a necessidade fisiológica atrelada ao consumo exacerbado portanto, os efeitos prejudiciais se sobreporiam aos efeitos benéficos atrelados ao uso do multivitamínico. Considerando todos os cenários, conclui-se que a melhor forma de manter uma dieta balanceada, seria através das refeições tradicionais, porém, considerando um mundo real, onde os processos estão cada vez mais dinamizados, acaba sendo inviável manter uma alimentação balanceada por muito tempo e com isso, seria necessário em alguns casos, a administração de suplementos como multivitamínicos.

        Referências Bibliográficas:

                    KEY, T. Micronutrients and cancer aetiology: the epidemiological evidence. Proc. Nutr. Soc., 13:605-14, 1994.

·                                 RIEMERSMA, R. Epidemiology and the role of antioxidants in preventing coronary heart disease: a brief overview. Proc. Nutr. Soc., 53:59-65, 1994

·                                   Food and Agriculture Organization (FAO). Ending malnutrition: from commitment to action Rome: FAO; 2015

·                                    Suplementos vitamínicos não trazem benefícios a pessoas saudáveis, https://www.hospitalmoinhos.org.br/saude-e-voce/suplementos-vitaminicos-nao-trazem-beneficios-a-pessoas-saudaveis/

·                                   Dietary Supplements, https://www.fda.gov/food/dietary-supplements

Gustavo V., Vitamin and mineral intake of adults resident in an area of metropolitan S. Paulo, Brazil, Revista de Saúde Pública, 1996

Um comentário:

  1. Achei um tema relevante, ainda mais em tempos de COVID 19 onde os médicos estão prescrevendo suplementos vitamínicos a fim de fortalecer o sistema imunológico dos pacientes. Contudo, achei a discussão um pouco rasa. O autor cita que poderiam haver “efeitos prejudiciais” mais não discute sobre. Numa breve pesquisa, foi possível encontrar que a superdosagem poderia ser pior que a falta das vitaminas, como por exemplo, a suplementação de cálcio já foi muito defendida para prevenção e tratamento da osteoporose, porém estudos recentes demonstraram que esse uso pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares, formação de cálculos renais e causar problemas gastrointestinais.
    Além disso, também poderia ter falado sobre a possibilidade de interação medicamentosa e ainda, sobre a importância da ingestão com acompanhamento por grupos de risco como gestantes e idosos.

    Fonte:
    http://portal.crfsp.org.br/noticias/3982-suplementos-alimentares.html
    http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00177814

    Aluno: Gabriel Werneck Miglionico
    116015543

    ResponderExcluir