Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 7 de novembro de 2020

Reposição de vitamina C por balas de gelatina Redoxitos

 


Alimento ou medicamento? Desvendando o mistério. 


DESCRIÇÃO DO PRODUTO

Redoxitos® é a Vitamina C da Bayer em forma de gominha que ajuda a complementar as necessidades diárias da Vitamina C das crianças a partir de 4 anos, prometendo como um nutriente essencial para o bom funcionamento do organismo. As Balas de Gelatina Redoxitos são fabricadas à base de gelatina e contém adição de vitamina C, elas possuem o objetivo de auxiliar na reposição de vitamina C para crianças. Em suas propagandas, ela ainda é enaltecida por possuir corante e aroma natural, e não conter glúten


FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS

Como ingredientes presentes no rótulo: sacarose, xarope de glicose, gelatina, ácido ascórbico, água, regulador de acidez ácido cítrico, aromatizante e corante natural carmim. Não contém glúten.

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL

Porção de 1,65 g (1 unidade)

Quantidade por porção

% VD (*)

% VD (**)

% VD (***)

Valor energético

6 Kcal = 25 kj

0

****

****

Carboidratos

1,3 g

0

****

****

Vitamina C

30 mg

67

86

100

“Não contém quantidade significativa de Proteínas, Gorduras totais, Gorduras saturadas, Gorduras trans, Fibra alimentar e Sódio. ’’

 

A vitamina C ou ácido ascórbico (AA), é uma vitamina hidrossolúvel que os seres humanos não capazes de sintetizar. Ela participa dos processos celulares de oxirredução, sendo assim são antioxidantes, como também é importante na biossíntese das catecolaminas. É considerada essencial para a formação das fibras colágenas existentes em quase todos os tecidos do corpo humano, tais como a derme, cartilagem e ossos. As vitaminas podem ser usadas na prevenção e tratamento de carências nutricionais e também na terapia de doenças não relacionadas uma deficiência específica.

Portanto, um produto que apresente níveis consideráveis de Vitamina C e que seja de fácil acesso e consumo pela população infantil, seria então muito importante do ponto de vista bromatológico, uma vez que poderia aumentar o consumo dessa vitamina tão importante para todos, sobretudo por conta dessa facilidade de consumo e por se apresentar de uma forma bem atrativa para grande parte da população de forma geral.

 

LEGISLAÇÃO

De acordo com o Anexo I da RDC 23/2000 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), produtos como balas, bombons e similares são alimentos dispensados da obrigatoriedade de registro. Ao analisar os dados fornecidos na embalagem do produto escolhido por mim, não se encontra nada relacionado a registros, o que é

justificável de acordo com a RDC mencionada. Entretanto, no Anexo II desta mesma RDC, que aborda sobre produtos com registro obrigatório, encontram-se os alimentos com alegação de propriedades funcionais e ou de saúde. Além disso, segundo a ANVISA na RDC 18/99, alimentos de propriedade funcional seriam: aqueles relativos ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano.

Ao analisar este fato, a indicação do produto possuir Vitamina C na sua formulação poderia fazer o produto ser enquadrado nessa categoria. Entretanto, esta alegação é opcional por parte da empresa e assim, caso seja solicitada deverá ser comprovada e dificilmente se conseguiria comprovar se esse produto possui atividade funcional. Além disso tudo, a RDC N° 18, de 30 de Abril de 1999 mencionada acima, ainda define em relação à rotulagem de alimentos funcionais que:

 

a) não se pode apresentar no rótulo atributos de efeitos ou propriedades que não possam

ser demonstrados;

b) é proibida a indicação de que o alimento possui propriedades medicinais ou terapêuticas;

 

DISCUSSÃO

O ácido ascórbico (vitamina C) é uma vitamina hidrossolúvel, essencial para a síntese de colágeno e reparação de tecidos. Desempenha papel significativo no metabolismo dos carboidratos, do ferro, na síntese de lipídeos e proteínas, na resistência às infecções e na respiração celular. Oferece suporte ao sistema imunológico, em virtude da sua propriedade antioxidante, ajudando a neutralizar os radicais livres nas células. A eliminação das vitaminas hidrossolúveis ingeridas em quantidades fisiológicas ocorre por biotransformação e por excreção renal na sua forma ativa, O excesso proporcionado por doses farmacológicas é eliminado pelo rim na forma ativa. Mas como todo tipo de medicação possui seus efeitos adversos e o uso indiscriminado pode trazer problemas. Seu uso requer cautela nas seguintes situações: terapia anticoagulante concomitante; dieta restrita de sódio; diabetes; cálculos renais; doses diárias a partir de 500 mg podem interferir nos testes de glicose na urina; altas doses durante a gravidez podem causar escorbuto no recém-nascido. Principais reações adversas associadas ao ácido ascórbico são: em altas doses (megadoses) destacam-se os seguintes efeitos, diarreia por irritação da mucosa gastrointestinal. Hematológica: sobrecarga de ferro, em virtude do aumento da absorção intestinal de ferro. Renal: nefrolitíase, uretrite inespecífica, hematúria. Vitaminas hidrossolúveis produzem poucos efeitos adversos, pois o excesso de dose é depurado pelo rim. Porém, altas doses de ácido ascórbico, durante 6 dias, aumentaram o risco. O produto se adequa às normas de identidade e qualidade da ANVISA, mas isso pode se tornar um problema. Porque a  forma em que é apresentado o produto é uma via de mão dupla, onde é legal se tornando mais fácil o consumo por se tratar de um atrativo, mas ao mesmo tempo pode ser problemático, pois a criança pode achar que é um doce e ingerir uma embalagem inteira de uma só vez sem a supervisão de um adulto.

 

CONCLUSÃO

Acredito que esse produto deveria ser considerado medicamento e não alimento, uma vez que o mesmo possui um princípio ativo, logo pode possuir efeitos adversos considerados graves por exemplo em pessoas com problemas renais, onde a pessoa não consegue excretar a substância e isso não está sendo indicado na embalagem por se tratar de alimento, não possui bula, não é considerado perigoso por se tratar apenas de Vitamina C, mas como seria se fosse um fármaco com efeitos adversos mais graves, poderia ser apresentado assim, como um alimento? Acredito que a legislação nesses casos deveria ser mudada, para que não ocorram problemas, pois o uso indiscriminado de medicamentos é muito sério, ainda mais se tratando de uma balinha de goma, onde uma criança facilmente consumiria um pacote inteiro em um espaço de tempo muito curto.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

·         Fuchs FD, Wannmacher L. Farmacologia Clínica: Fundamentos da Terapêutica Racional. 4a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010.

·         GUILLAND JC, LEQUEU B. As vitaminas do nutriente ao medicamento. São Paulo: Santos, 1995.

·         RDC Nº 23, DE 15 DE MARÇO DE 2000. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2000/rdc0023_15_03_2000.html Acessado em: 03/11/2020 às 20:42.

RDC N° 18, DE 30 DE ABRIL DE 1999. Disponível em: https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MjI0OQ%2C%2C Acessado em: 03/11/2020 às 20:45.

5 comentários:

  1. Para mim, em um primeiro momento os pais deveriam oferecer vitaminas aos filho através de uma alimentação equilibrada e utilizar esse tipo de recurso somente em último caso, quando a criança não adquire as vitaminas na alimentação e com necessidade clínica e deficiência nutricional COMPROVADAS, o que na maioria das vezes não deve ser o caso.
    A população leiga pode de maneira errônea achar que não há problemas em consumir o produto por ser uma vitamina, mas não entendem que em excesso pode causar muitos problemas como, por exemplo, cálculo renal e distúrbios gastrintestinais. Além disso, também não entendem que o nosso corpo tende a se adaptar quando suplementamos micronutrientes sem necessidade clínica, fazendo com que o organismo precise de doses maiores e em caso de retirada abrupta cause um quadro semelhante a deficiência de vitamina C. Outro ponto muito importante também é o cuidado dos pais para que as crianças não consumam sozinhas como se fosse realmente uma bala, pois o gosto e aparência agradável pode induzir a criança a consumir em excesso e gerar uma hipervitaminose.
    Então, para mim, o Redoxitos também deveria ser classificado como medicamento e não alimento dado ao fato de que seu uso de maneira indevida pode causar problemas para a saúde da criança.

    ResponderExcluir
  2. A vitamina C são conhecidas como antioxidantes, que geralmente ajudam a proteger as células contra os efeitos dos radicais livres e quando o organismo está exposto a qualquer forma de poluição. O homem que é incapaz de produzir vitamina C deve obtê-la através de frutas ou remédios. As balas de gelatina Redoxitos são prescritas em crianças com o objetivo de suprir a deficiência de vitamina C. Esse produto contém sacarose, xarope de glicose, gelatina, ácido ascórbico, água, regulador de acidez ácido cítrico, aromatizante e corante natural carmim portanto por causa desta denominação “bala”, ele é considerado como alimento dispensado da obrigatoriedade de registro. Isso pode ser muito perigoso porque cada componente deste produto em concentrações altas pode causar danos ao organismo. Então se for para considerar essas balas como alimentos, não seria mais sábio trazer essa vitamina para as crianças através da dieta. As balas de gelatina Redoxitos são mais pro medicamento do que alimentos.

    ResponderExcluir
  3. Levando a discussão para o âmbito da segurança e risco de toxicidade associada ao produto, tendo em vista sua proposta alternativa de ser um suplemento na forma de goma e seu público alvo infantil, algumas observações são importantes. Em seu rótulo, o Redoxitos® é descrito como suplemento de vitamina C, logo, não é nem um alimento nem um medicamento. Isso significa que seu uso traz riscos por não se tratar de um simples alimento, porém não tem o objetivo de tratar/ prevenir doenças como um medicamento. Sua finalidade enquanto suplemento é de auxiliar pessoas saudáveis a atingirem as recomendações diárias de determinados nutrientes, neste caso, a vitamina C, em complementação à alimentação. Outra informação importante é a forma como esta vitamina c está sendo veiculada: gomas com diferentes sabores como laranja e morango, e a quantidade diária recomendada, de apenas 1 goma ao dia, que fornece 100% do VD para crianças de 7-10 anos e 86 % do VD para crianças de 4-6 anos. No rótulo também há a informação de que a quantidade presente na embalagem é de 25 gominhas. Considerando o público alvo formado por crianças a partir de 4 anos de idade, qual o risco de uma delas ingerir mais de 1 gominha em um dia caso tenha acesso não supervisionado ao suplemento? Uma criança, ao consumir mais de uma dessas gominhas de uma só vez, teria algum tipo de receio ou as características atrativas do produto a fariam crer que se trata apenas de uma ``balinha`` inofensiva? Até mesmo os pais poderiam, ao serem solicitados pela criança que, numa situação hipotética, gostou muito do sabor da tal gominha e pediu para comer mais algumas, a disponibilizar quantidades acima do recomendado! Logo, os riscos de toxicidade são reais e indiretamente induzidos pelas características atrativas do produto, até mesmo porque muitos alimentos são fontes de vitamina C, aumentando a possibilidade do consumidor atingir mais do que a quantidade diária recomendada do nutriente ao consumir este suplemento junto com determinados alimentos. Essas são questões importantes a serem consideradas no desenvolvimento de suplementos, sobretudo, para o público infantil, para que seu consumo seja benéfico e seguro.
    Adrielle R da Silva.

    ResponderExcluir
  4. Primeiramente acho que devemos avaliar como esse produto é tratado e como ele é comercializado, seu comercial e sua embalagem são extremamente atrativos e voltados para o público infantil, a partir daí já observamos uma situação que só ocorre pela falha de legislação sobre esse tipo de produto que não é enquadrado nem como medicamento nem como alimento. Por ser um suplemento vitamínico o redoxitos só deveria ser utilizado caso seja demonstrada uma deficiência de vitamina C no paciente, até porque a maneira correta de obtenção de vitaminas e minerais é por meio de uma alimentação balanceada, mas caso isso não seja possível aí sim devemos realizar a suplementação necessária, o ideal é realizar esse processo sempre em conjunto com um médico. Infelizmente sabemos que nesse caso em geral isso não ocorre e os pais suplementam seus filhos com vitamina C principalmente para a prevenção de resfriados, por ser um tipo de bala com sabor agradável as crianças geralmente aceitam bem o redoxitos, mas é importante imaginar a possibilidade da criança ter acesso sem supervisão e ingerindo uma quantidade maior do que o recomendado, dependendo da quantidade ingerida e se ocorrer apenas uma vez provavelmente essa criança apenas terá dor de cabeça e náusea, mas caso isso se repita pode apresentar problemas mais graves como problemas renais ou gastrointestinais. Acredito que seja interessante o produto e possa ser um grande aliado para pais com dificuldade de alimentar corretamente seus filhos, mas acho que ele deve ser tratado como ele realmente é, um medicamento, não um alimento.

    ResponderExcluir