Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

domingo, 17 de junho de 2018

Xylitol, o novo adoçante da moda! Será que apresenta realmente todos esses benefícios mesmo possuindo um sabor e aspecto tão parecido com o açúcar de mesa?

Em vista do crescente número de pessoas que apresentam algum tipo de distúrbio metabólico e necessitam, por isso, diminuir ou mesmo cessar seu consumo de açúcar, vários centros de pesquisa nacionais e estrangeiros têm tentado encontrar um substituto do açúcar que seja, ao mesmo tempo, nutritivo e benéfico para a saúde, atuando na cura ou na prevenção de doenças. Abrindo espaço para o atual queridinho das nutricionistas blogueiras: Xylitol!


Hipótese: Um dos efeitos negativos do açúcar é que ele pode gerar picos nos níveis de glicemia no sangue – e também nos níveis de insulina. Devido à alta quantidade de frutose, isso também pode levar a resistência à insulina e a diversos tipos de problemas metabólicos, quando consumido em excesso. Isso acontece porque o açúcar de mesa é parte glicose (que eleva a secreção de insulina) e parte frutose (que causa resistência à insulina) – o que forma, dessa maneira, uma combinação bem perigosa para a saúde. Nesse contexto, o xilitol contém zero de frutose e tem efeitos insignificantes na glicose sanguínea e na insulina. Ou seja, o xilitol se parece visualmente com o açúcar e tem gosto de açúcar, mas tem menos calorias do que o açúcar e não eleva os níveis de açúcar no sangue.

Descrição: Xylitol – Power One – 200g é um adoçante dietético, de baixa caloria, não cariogênico, possuindo efeito refrescante, além de não possuir adoçantes artificiais, glúten e lactose. Seu uso é recomendado para adoçar bebidas e também para preparar doces em geral, pois suas moléculas não se quebram com o calor como alguns outros adoçantes. O Xylitol pode ser usado na mesma proporção do açúcar 1 para 1, não ultrapassando o consumo diário de 60g por dia. Abaixo segue a informação nutricional do produto:



Fundamentos Bromatológicos: O Xilitol é uma substância que é classificada como um álcool de açúcar (ou um poliól). Álcoois de açúcar são como um híbrido entre uma molécula de álcool e uma de açúcar. Devido a sua estrutura, eles têm a capacidade de estimular os receptores do sabor doce na língua. O xilitol é encontrado em pequenas quantidades em frutas e vegetais e, portanto, é considerado natural. Os seres humanos até mesmo produzem pequenas quantidades dele através do metabolismo normal. É um ingrediente comum em gomas de mascar sem açúcar, doces, balas, alimentos para portadores de diabetes e produtos para a higiene bucal. O xilitol tem uma doçura semelhante ao açúcar regular, mas contém 40% menos calorias. Apesar de álcoois de açúcar serem tecnicamente carboidratos, a maioria deles não elevam os níveis de açúcar no sangue e, portanto, não contam como “consumo líquido” de carboidratos, tornando-os adoçantes populares em produtos voltados para uma dieta low-carb. O xilitol contém zero de frutose e tem efeitos insignificantes na glicose sanguínea e na insulina. Portanto, nenhum dos efeitos nocivos do açúcar se aplicam ao xilitol. O xilitol é geralmente bem tolerado, mas algumas pessoas apresentam efeitos colaterais gastrointestinais quando o consomem em excesso. De toda forma, a longo prazo, o consumo de xilitol parecem ser completamente seguro.

Legislação: - RDC – Nº - 271, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 – REGULAMENTO TÉCNICO PARA AÇUCARES E PRODUTOS PARA ADOÇAR. Que visa fixar a identidade e as características mínimas de qualidade a que devem obedecer os Açúcares e Produtos para Adoçar. Excluem-se, deste Regulamento, os adoçantes dietéticos formulados para dietas com restrição de sacarose, frutose e ou glicose. Descrevendo a composição dos produtos para que possam ser considerados um adoçante de mesa: "Os adoçantes de mesa podem conter os seguintes veículos em sua composição: álcool etílico, amidos, água, amidos modificados; dextrinas; dextrose; fruto-oligossacarídeos; isomalto-oligossacarídeos; frutose e seus xaropes; xarope de glicose; glicerina ou glicerol; isomalte; lactose; maltitol e seu xarope; maltodextrina; manitol; polidextrose; polietileno glicol; propilenoglicol; sacarose; sorbitol; e outros previstos em Regulamentos Técnicos específicos".

Conclusão: Desde a sua aprovação, em 1963, o uso de xilitol em dietas alimentares vem sendo adotado por muitas nações. Também a partir daí, tiveram início muitas pesquisas buscando encontrar aplicações clínicas para esse composto. Hoje, com um grande número de trabalhos já concluídos, sabe-se que o xilitol traz benefícios à saúde humana e pode ser utilizado na área médica para tratamento ou prevenção de doenças. Sua maior aplicação até hoje é na saúde bucal, uma vez que já foi comprovada sua eficiência na redução da incidência de cáries, na estabilização das cáries já formadas e na remineralização dos dentes. O xilitol também tem sido empregado com êxito no tratamento de otites médias agudas e infecções respiratórias, devido ao fato de as espécies bacterianas presentes na nasofaringe, assim como as espécies presentes na flora bucal, não possuírem as enzimas responsáveis pelo metabolismo do xilitol-5-fosfato (composto formado pela fosforilação do xilitol dentro da célula). O acúmulo deste composto dentro a célula é tóxico ao microrganismo, afetando seu crescimento e diminuindo seu tempo de sobrevivência. Outra aplicação clínica de grande importância do xilitol é quanto ao seu uso por pessoas diabéticas, o que é possível devido a este não promover aumento significativo na concentração de glicose no sangue. No que se refere aos processos de produção de xilitol, a via química convencional tem o inconveniente de exigir um grande aporte energético, fato esse que encarece o produto, tornando-o, em relação a outros adoçantes, pouco competitivo para aplicação nas indústrias de alimentos e de fármacos. Por essa razão, diversos centros de pesquisa vêm-se dedicando ao desenvolvimento do processo de produção de xilitol por via biotecnológica, que requer um aporte menor de energia e pode, portanto, tornar o processo economicamente mais viável. Assim, espera-se que, em um futuro próximo, o xilitol seja mais amplamente comercializado no mercado, não somente como adoçante de alimentos, mas também como ingrediente de produtos farmacêuticos.

Referências:
ANVISA – Resolução – RDC n°3, de 2 de janeiro de 2001 [on line]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/base/visadoc/res/res[1727-1-0].doc. Acesso em: 15 out. 2002 (a). ANVISA – Resolução n°386 de 5 de agosto de 1999 [on line].Disponível na internet via http://www.anvisa.gov.br/base/visadoc/res/res[1747-1-0].doc. Acesso em: 15 out.2002 (b). DOMINGUEZ, J. M., GONG, C. S., TSAO, G. T.Production of xylitol from D-xylose by Debaryomyces hansenii. Appl. Biochem. Biotechnol., v.63-65, p.117-127, 1997. ERRAMOUSPE, J., HEYNEMAN, C. Treatment and prevention of otitis media. Ann. Pharmacother., v.34, p.1452-1468, 2000. GALES, M. A, NGUYEN, T. Sorbitol compared with xylitol in prevention of dental caries. Ann. Pharmacother., v.34, p.98-100, 2000. HEIKKILÄ, H., NURMI, J., RAKKILA, L., TÖYRYLA, M., KIKKONUMMI. Method for the production of xylitol. Patente US n.5.081.026. 1992. SILVA, S. S., MANCILHA, I. M., QUEIROZ, M. A., FELIPE, M. G. A., ROBERTO, I. C., VITOLO, M. Xylitol Formation by Candida guilliermondii in Media Containing Diferent Nitrogen Sources. J. Bas. Microb. v.34, p.205-208,1994. SILVA, S. S., ROBERTO, I. C., FELIPE, M. G. A., MANCILHA, I. M. Batch fermentation of xylose for xylitol production in stirred tank bioreactor. Proc. Bioch., v.31, n.6, p.549-553, 1996.

5 comentários:

  1. Que grata surpresa descobrir tantos desmembramentos para a utilização de xilitol. Além de toda a aplicação medicamentosa, um adoçante que vem para desmistificar a ideia de que todos os adoçantes dietéticos possuem sabor amargo e completamente diferente do açúcar, deve ser estudado e propagado como um excelente aliado nas dietas de redução de peso, na construção de bons hábitos alimentares e em um uestilo de vida mais saudável.

    ResponderExcluir
  2. O que torna o xilitol uma alternativa mais “atraente” ao açúcar de mesa é exatamente seu reduzido valor energético, que pode ser explicado pelo fato do organismo não ser totalmente capaz de metabolizar o adoçante.
    Como resultado, o xilitol segue praticamente inalterado pelo sistema digestivo, muitas vezes reagindo com outros alimentos presentes no caminho. O resultado é a fermentação do bolo alimentar, que tem como efeito colateral a formação de gases.
    Por esse motivo, muitas pessoas podem apresentar distensão abdominal, náuseas e até mesmo diarreia após o consumo de alimentos adoçados com xilitol. Algumas pessoas parecem ter uma tolerância maior à substância, de maneira que apenas uma grande concentração do produto pode trazer desconfortos gástricos.
    Muitos, no entanto, podem sofrer com os efeitos colaterais do xilitol mesmo após a ingestão de uma pequena quantidade (como por exemplo um único chiclete) do adoçante, ou seja, a sua ingestão e o aparecimento de efeitos colaterais variam de indivíduo para indivíduo. Devemos lembrar também que esse adoçante mesmo apresentando um baixo valor energético não está livre de calorias, ou seja, o seu valor deve ser considerado na hora da elaboração de uma dieta e em sua aplicação ao paciente.

    Nome: João Paulo M. Fernandes
    DRE:113207044

    ResponderExcluir
  3. Pudemos observar que o xilitol tem muitas aplicabilidades tanto na área médica como a odontológica por exemplo, e também na área alimentar, a incorporação do xilitol em dietas alimentares representa benefício tanto para os que necessitam de uma dieta controlada quanto para aqueles que, embora não tendo distúrbios metabólicos, preocupam-se com a saúde e com o bem-estar físico.
    Um fato curioso é que o xilitol é toxico para os cães , ainda que em pequenas doses pode causar problemas como baixo nível de açúcar no sangue e falência hepática. Em maio de 2016 a Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo dos Estados Unidos que tem a função de controlar os alimentos e medicamentos, publicou um comunicado orientando as pessoas que possuem cães de estimação tomem cuidado ao oferecer comidas que contenham xilitol em sua composição.

    ResponderExcluir
  4. Como o texto esclarece o xilitol é uma ótima opção para pessoas com distúrbios metabólicos, principalmente diabetes, na qual o controle da glicemia é essencial. Entretanto é preciso ressaltar que o xilitol, justamente pela característica possuir menor índice glicêmico que demais açucares de mesa, adoça menos ao paladar geral. Sendo assim, o consumidor deve ajustar seu paladar, pois o xilitol pode causar efeito laxativo, quando consumido em excesso. Por isso, é recomendado consumir quantidades menores nos seus primeiros usos, até que o organismo se acostume.

    Nome: Luisa Majerowicz Braga
    DRE: 115182355

    ResponderExcluir
  5. O foco da postagem acima é demonstrar as diversas funções e aplicações do xilitol porém, como indicado na imagem 1 de um produto da marca Power1One, este se diz um adoçante dietético. Para os leigos, é intuitivo pensar que este é um alimento destinado a qualquer pessoa que faz dieta fazendo associação direta com o emagrecimento ou ao não ganho de peso/calorias. Como bem demonstrado no vídeo Alimentos para Dietas... Dietéticas?, disponível em , todo alimento é dietético pois dieta se refere a uma cota habitual de alimentos sólidos e líquidos que uma pessoa ingere. A simples inserção da palavra dietético no rótulo do produto não explica a sua finalidade. Pelo contrário, induz o consumidor a achar que pode fazer uso indiscriminadamente do produto já que, como descrito no rótulo, este possui baixa caloria.
    Segundo a definição da Portaria nº 29, de 13 de janeiro de 1998, alimentos para fins especiais são caracterizados como alimentos especialmente formulados ou processados, nos quais se introduzem modificações no conteúdo de nutrientes, adequados à utilização em dietas, diferenciadas e ou opcionais, atendendo às necessidades de pessoas em condições metabólicas e fisiológicas específicas. Quanto a rotulagem, não é especificado para qual condição metabólica ou fisiológica este alimento é indicado. No vídeo Chocolate para Diabéticos: aprende ANVISA!!!, disponível em:, é demonstrado um exemplo de alimento dietético para indivíduos que apresentam a condição metabólica diabetes. Está claro na embalagem a finalidade deste alimento. No adoçante dietético Power1One não está claro para qual condição fisiológica ou metabólica este alimento é indicado, podendo assim induzir o consumidor a achar que pode fazer uso indiscriminadamente deste adoçante ou que este lhe trará benefícios a mais, além do que é indicado.

    ResponderExcluir