Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

domingo, 17 de junho de 2018

Potencial emagrecedor das balas de algas marinhas



As balas de algas marinhas estão conquistando o mercado pela promessa de emagrecimento rápido e significativo. Porém, até onde isso é realmente verdade? Sua própria composição nutricional apresenta controvérsias.



Apresentação: Atualmente, vem crescendo a busca pelo corpo ideal, bem como o consumo de produtos inovadores que prometem a obtenção rápida desse resultado. Entretanto, essas promessas frequentemente são enviesadas, devendo, portanto, ser questionadas. Dessa forma, sendo as balas de algas marinhas utilizadas para emagrecimento rápido, é necessário analisar sua composição e iniciar um estudo bromatológico que confirme ou não essa função. Portanto, seriam as balas de algas marinhas realmente adjuvantes na corrida contra o peso?

Descrição do produto: As balas de algas marinhas da marca Sweet Jelly são feitas com ágar-ágar, extrato natural de algas marinhas, rico em sais minerais e fibras vegetais, sendo, portanto, um produto 100% natural. Por sua composição, essas balas vêm auxiliando em dietas para perda de peso.

Fundamentos Bromatológicos
- Informações nutricionais: As balas de algas marinhas contêm 5,2g de carboidratos, correspondentes à porção de 7g (uma bala), onde cada porção contém 2% dos valores diários recomendados de carboidratos. Seu valor calórico é de 21kcal, onde cada porção contém 1% dos valores diários recomendados.



Ingredientes: Ágar-ágar, glucose de milho, açúcar orgânico, aroma idêntico ao natural, corante natural de caroteno, clorofila, urucum e antocianina.

Legislação: De acordo com o Anexo I da Resolução RDC nº 278/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), balas, bombons e similares são alimentos dispensados da obrigatoriedade de  registro, o que justifica a ausência de dados sobre registro em sua embalagem. Entretanto, isso não justifica a dispensa da empresa de estar adequada quanto ao uso de aditivos, para minimização de riscos a saúde, ou outro procedimento como notificação ou comunicado de fabricação. Quanto ao uso de aditivos, a Resolução N°387, de 5 de agosto de 1999, na categoria 5.1.4 – balas de goma e balas de gelatina, implica que as balas de algas marinhas – Sweet Jelly encontram-se dentro das normas quanto ao uso de corantes (caroteno, clorofila, urucum e antocianina), assumindo seus respectivos valores máximos dentro do padrão. 
Obs. Não foi encontrada norma que mencionasse o uso de glucose de milho e açúcar orgânico em balas de gelatina. 

Discussão e conclusão: As balas de algas marinhas – Sweet Jelly buscam manter a promessa de um produto 100% natural, onde nota-se o uso de corantes naturais e até a substituição do açúcar comumente utilizado pela indústria ao açúcar orgânico, sendo esse livre de agrotóxicos e de produtos químicos durante sua produção, o faz com que retenha os nutrientes da cana, como vitaminas e minerais. Porém, o uso de glucose de milho como aditivo, gerado a partir do processo químico com amido de milho, inviabiliza seu conceito “natural”.
Quanto ao questionamento inicial, seriam as balas de algas marinhas capazes de auxiliar na perda de peso? Acredito que há controvérsias. A partir da composição mencionada anteriormente, é possível determinar que a presença do ágar-ágar pode contribuir para a redução do peso, visto que sua composição consiste em fibras, que demoram a ser digeridas pelo estômago e que, por isso, aumentam a saciedade e enganam a fome. Entretanto, o uso do próprio açúcar orgânico é questionável, visto que a composição química é igual ao dos açúcares convencionais, o que indica que o açúcar será metabolizado da mesma forma, gerando os mesmos efeitos. Além disso, o uso de xarope de milho, rico em frutose, sinaliza para um possível risco a saúde dos consumidores, visto que diversos estudos recentes apontam uma possível correlação entre seu consumo recorrente e a obesidade, bem como a incidência de doenças cardiovasculares, uma vez que a frutose funciona ativando a produção dos triacilgliceróis, podendo ser capazes de impedir que o hormônio leptina, responsável pela sensação de saciedade, chegue ao cérebro, o que justifica quadros de obesidade
Sendo assim, acredito que, para sua ação emagrecedora, seja necessário o controle da quantidade no consumo, evitando o excesso de açúcar, delimitando a porção indicada por dia, bem como sua complementariedade com uma dieta específica e acompanhamento com o nutricionista.

Referências: Bruszkowska, M; Sadowska, J. Comparing the effects of sucrose and high-fructose corn syrup on lipid metabolism and the risk of cardiovascular disease in male rats. 2017 Apr-Jun;16(2):231-240https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28703963

Ibarra-Reynoso LDR, López-Lemus HL, Garay-Sevilla ME,Malacar JM.      Effect of Restriction of Foods with High Fructose Corn Syrup Content on Metabolic Indices and Fatty Liver in Obese Children. 2017;10(4):332-340.


Mock,K, Lateef S, Benedito VA, Tou JC.  High-fructose corn syrup-55 consumption alters hepatic lipid metabolism and promotes triglyceride accumulation. 2017 Jan;39:32-39.


Resolução RDC nº 278, de 22 de setembro de 2005. Disponível em: https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MjI1Mg%2C%2C


Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Acesso em 10/06/2018



5 comentários:

  1. É conhecido no mundo de hoje os malefícios causados pelos carboidratos inseridos na nossa alimentação. O artigo foi bem esclarecedor no sentido de enfatizar a presença de açúcar no produto, ainda que orgânico. A única diferença que existe é no sentido do açúcar ser natural, ou seja, menos aditivado e menos refinado. Porém, no caso de uma dieta cujo objetivo é a perda de peso, essa troca e ajuste não são significativos. Essas informações são de grande utilidade para o consumidor final.

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  2. Atualmente, devido aos padrões de beleza impostos pela sociedade, espera-se que uma bala de gelatina como a apresentada nessa pesquisa, seja a solução dos problemas daqueles que buscam a perda de peso. Porém, em nenhum momento a marca Sweet Jelly associa a ingestão das balas de algas marinhas com o emagrecimento. Provavelmente, tal fato foi disseminado por pessoas que fizeram uso da bala com esse objetivo. E como bem evidenciado na pesquisa, a bala de algas marinhas da Sweet Jelly, assim como outras balas de goma que adquiriram essa mesma proposta, devem ser ingeridas com cautela, uma vez que apresentam uma alta porcentagem de carboidratos na composição. Acredito que a verdadeira utilidade para esta bala se dá para as pessoas compulsivas por doce, que no momento de desejo de açúcar, recomenda-se a ingestão desse tipo de bala de gelatina em detrimento daquelas mais açucaradas e refinadas. Contudo, há outros métodos recomendados por nutricionistas para satisfazer a vontade de consumir doces, como bem descritos na programa Bem Estar (http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/11/entenda-como-identificar-e-controlar-compulsao-por-doces.html), tendo em vista que o saco de 500 g das balas de algas marinhas da Sweet Jelly pode alcançar valor superior à R$ 30,00.

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  3. Uma coisa não relatada no estudo é a importância do produto ter a antocianina como corante, que além de ser uma substância natural facilmente encontrada em Vitaceae (uva), Rosaceae (cereja, ameixa, framboesa, morango, amora, maçã,pêssego, etc.), Solanaceae (tamarindo, batata), Saxifragaceae (groselha preta e vermelha),Ericaceae (mirtilo, oxicoco), Cruciferae (repolho roxo, rabanete), Leguminoseae (vagem) e Gramineae (sementes de cereais), também é importante para a saúde por atuar com fins terapêuticos em doenças cardiovasculares, degenerativas e câncer. Sua ação se dá prioritariamente pela capacidade de interagir com os radicais livres no organismo e dessa maneira inibir a ação maléfica dos mesmos.(Castañeda, 2009)

    http://www.ufrgs.br/agronomia/materiais/userfiles/Leticia.pdf

    Stephanie Almeida
    111240876

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. As balas de algas marinhas possuem muitas vantagens, principalmente por se tratar de um produto 100% natural, como diz a publicação. Dentre as vantagens das balas de algas marinhas, a maioria se deve ao principal ingrediente da fórmula, o ágar-ágar. O mesmo fornece benefícios como fonte de nutrientes (fibras, potássio, carboidratos, cálcio, ferro, iodo, selênio e magnésio), combate à prisão de ventre devido ao seu efeito laxativo, contribui para o fortalecimento de unhas e cabelos devido a ser uma fonte de colágeno e efeito detox, auxiliando o corpo a eliminar toxinas por meio das fezes e da urina. A questão do emagrecimento, principal tema abordado pela postagem, as balas de algas marinhas promovem a sensação de saciedade no organismo. Isso acontece pois o ágar-ágar é rico em fibras que demoram a ser digeridas pelo estômago, aumentando a sensação de saciedade , além de auxiliar na eliminação do excesso de líquidos no corpo, eliminando o inchaço. Porém, vale lembrar que essas balas devem ser consumidas com cautela, uma vez que o ágar-ágar possui composições químicas complexas e que necessitam de um ajuste de dose a cada paciente, mediante a consulta a um médico ou nutricionista.

    Sylvia Figueiredo Lagden
    DRE: 115052055

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