Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 16 de junho de 2018

Desvendando a moda da suplementação proteica: Whey protein x Veggie Protein


Whey e veggie protein são suplementos cada vez mais conhecidos e estão cada vez mais presentes na vida de praticantes de atividades físicas, principalmente de musculação e crossfit. No mercado, cada vez mais produtos prometem grandes resultados para o corpo em menos tempo. Será que existe diferença relevante entre esses dois suplementos? Se sim, quais?



Apresentação:

O trabalho em questão pretende discutir e analisar as diferenças na suplementação com Whey protein e Veggie protein e as curiosidades existentes em ambos os produtos. Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre se a valorização de fatores subjetivos cumpre um papel essencial na formulação do remanejamento dos quadros funcionais.

Descrição do produto:

O whey protein, ou proteína do soro do leite, foi considerado um resíduo pela indústria de laticínios por décadas. Mas felizmente o seu potencial como suplemento está sendo reconhecido nas últimas décadas. O soro de leite contém 15 a 20% de proteínas totais do leite, com alta qualidade nutricional e de rápida absorção. Essa proteína do soro do leite é globular com os seguintes componentes principais: beta-lactoglobulina (35-65%), alfa-lactoglobulina (12-25%), imunoglobulinas (8%), albumina (5%) e a lactoferrina (1%).
O whey protein é, também, uma fonte rica de aminoácidos de cadeia ramificada: leucina, isoleucina e valina (BCAA) e outros aminoácidos essenciais como a cisteína (o precurssor da glutationa um potente antioxidante). A leucina é, também, um dos aminoácidos mais abundantes do whey protein e desempenha um papel fundamental na regulação da síntese de proteínas musculares como mostra estudo de Chen e colaboradores de 2014.
Nos últimos anos houve um enorme crescimento na venda e no consumo dos suplementos a base de proteínas de origem vegetal (veggie protein). Até pouco tempo, escassas evidências científicas demonstravam que a ingesta regular desses suplementos poderia ter um benefício semelhante ao consumo do whey protein. No entanto, recentemente novos ensaios clínicos mostram que os suplementos proteicos vegetais parecem possuir qualidades equivalentes a proteína do soro do leite.





Fundamentos Bromatológicos:

A proteína é o macronutriente mais importante para o corpo humano e uma alimentação rica em proteínas é capaz de exercer efeitos benéficos sobre a composição corporal e, principalmente, sobre o nosso metabolismo. No entanto, atualmente, nossa alimentação é rica em carboidratos, e um número crescente de estudos mostra que o consumo de proteína na nossa dieta é cada vez menor. No Brasil, por exemplo, esse cenário parece ser ainda pior, como cita o estudo de Gomes e colaboradores de 2009, onde a deficiência nutricional de proteína deveria ser uma preocupação de saúde pública.
Estudos recentes mostram que ter uma alimentação rica em proteínas está relacionado com a redução do estresse oxidativo, com a manutenção da massa muscular, a diminuição da prevalência da obesidade, a melhora da resistência à insulina, a diminuição da hemoglobina glicada, a diminuição do risco cardiovascular e até com a melhora imunológica.
Face ao esgotamento dos recursos naturais e do crescimento populacional novas estratégias para uma dieta rica em proteínas têm sido propostas, uma vez que, a sustentabilidade do consumo de carnes de origem animal pela população é extremamente onerosa para o meio ambiente. Por esse motivo, diversos produtos agroindustriais ricos em proteínas têm tido grande crescimento em todo o mundo.

Legislação:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em abril de 2010 redefiniu a portaria sobre “Regulamento Técnico sobre Alimentos para Atletas”, com descrição da finalidade, composição e rotulagem dos alimentos para Atletas. Para cada suplemento, a ANVISA determinou a composição nutricional, além de doses máximas e mínimas que cada um deveria conter. Segue a descrição de suplementos proteicos:
Em relação aos suplementos proteicos para atletas, devem atender aos seguintes requisitos:
I - o produto pronto para consumo deve conter, no mínimo, 10g de proteína na porção;
II - o produto pronto para consumo deve conter, no mínimo, 50% do valor energético total proveniente das proteínas;
III - este produto pode ser adicionado de vitaminas e minerais, conforme Regulamento Técnico específico sobre adição de nutrientes essenciais;
IV - este produto não pode ser adicionado de fibras alimentares e de não nutrientes.

Discussão e Conclusão:

Os benefícios dos suplementos de proteína são comprovados por diversos estudos para ganho de massa muscular, no auxílio ao tratamento do diabetes 2, no tratamento da obesidade e da síndrome metabólica e na prevenção da perda muscular excessiva relacionada ao envelhecimento. Mas vale ressaltar que a suplementação não deve substituir alimentos e as doses devem ser sempre individualizadas. Por isso a avaliação e o acompanhamento com o nutricionista é fundamental para indicar as melhores opções do mercado e para se obter apenas os benefícios nutricionais da suplementação. O acompanhamento com o médico também é essencial, principalmente, para indivíduos diabéticos, hipertensos, idosos, atletas de alta performance e indivíduos que estão em um programa de emagrecimento. Tenha sempre equilíbrio e coerência nas suas escolhas.

Referências:

1 - Akhavan T, Luhovyy BL, Panahi S, et al (2014) Mechanism of action of pre-meal consumption of whey protein on glycemic control in young adults. J Nutr Biochem 25:36–43. doi:10.1016/j.jnutbio. 2013.08.012
2 – Antonio J (2014) The effects of consuming a high protein diet (4.4 g/kg/d) on body composition in resistance-trained individuals. J Int Soc Sports Nutr. 2014 May 12;11:19. doi: 10.1186/1550-2783- 11-19
3 - Antonio J (2015) A high protein diet (3.4 g/kg/d) combined with a heavy resistance training program improves body composition in healthy trained men and women-- a follow-up investigation. J Int Soc Sports Nutr. 2015 Oct 20;12:39. doi: 10.1186/s12970-015- 0100-0
4 - Jakubowicz D, Froy O (2013) Biochemical and metabolic mechanisms by which dietary whey protein may combat obesity and type 2 diabetes. J Nutr Biochem 24:1–5. doi:10.1016/j.jnutbio.2012.07. 008
5 - Chen W-C, Huang W-C, Chiu C-C, et al (2014) Whey protein improves exercise performance and biochemical profiles in trained mice. Med Sci Sports Exerc 46:1517–1524. doi:10.1249/MSS. 0000000000000272
6 - Jakubowicz D (2016) Whey Protein Induces Greater Reduction of Postprandial Glycemia and HbA1c, Weight Loss and Satiety Compared to Other Protein Sources in Type 2 Diabetes. Endocrine Society's 98th Annual Meeting and Expo, April 1–4, 2016.
7 - Kramer IF (2015) Impact of the Macronutrient Composition of a Nutritional Supplement on Muscle Protein Synthesis Rates in Older Men: A Randomized, Double Blind, Controlled Trial. J Clin Endocrinol Metab. 2015 Nov;100(11):4124-32. doi: 10.1210/jc.2015-2352.
8 – Nunes R (2013) Effects of resistance training associated with whey protein supplementation on liver and kidney biomarkers in rats. Appl Physiol Nutr Metab. 2013 Nov;38(11):1166-9. doi: 10.1139/apnm-2013- 0004
9 - Van Vliet S (2015) The Skeletal Muscle Anabolic Response to Plant- versus Animal-Based Protein Consumption. J Nutr. 2015 Sep;145(9):1981-91. doi:10.3945/jn.114.204305
10 - Babault N (2015) Pea proteins oral supplementation promotes muscle thickness gains during resistance training: a double-blind, randomized, Placebo-controlled clinical trial vs. Whey protein. J Int Soc Sports Nutr. 2015 Jan 21;12(1):3. doi: 10.1186/s12970-014- 0064-5.

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