A Coca-Cola é o refrigerante mais popular e mais
vendido da história, tendo também alcançado a marca de produto mais conhecido
no mundo. Com sabor de noz de cola, a Coca-Cola é comercializada pela The
Coca-Cola Company em mais de 200 países. Inventada em 1886 pelo farmacêutico
John S. Pemberton em Atlanta, Georgia, EUA e patenteada no ano seguinte, o
refrigerante só começou a ser vendido nos Estados Unidos em 1895. No Brasil, o
lançamento da Coca-Cola ocorreu em 1942, alcançando o posto de refrigerante mais
consumido no país.
Os ingredientes que compõem a
Coca-Cola são: água gaseificada, açúcar, extrato de noz de cola, cafeína,
corante caramelo IV, acidulante INS 338 e aroma natural.
Por ser um produto mundialmente famoso e consumido, a
Coca-Cola está constantemente envolvida em boatos e rumores, os quais, muitas
vezes, ganham grande divulgação pela mídia e imprensa. Dentre eles, um dos
rumores que envolvem a marca é o de que a Coca-Cola poderia provocar a erosão
dental devido à presença de altos teores de acidulante na bebida. Por este
motivo, o presente trabalho visa esclarecer se, de fato, a Coca-Cola representa
um risco para a saúde bucal.
A partir da década de 60, devido à redução da
prevalência de cáries na população, estas deixaram de ser a principal causa
para a perda dos dentes. Por este motivo, a classe odontológica voltou sua
atenção para outras causas, como, por exemplo, a erosão dental.
A erosão dental é definida como o resultado físico de
uma perda de tecido duro da superfície dental provocada por ácidos e/ou
quelantes, sem o envolvimento de bactérias. Este fenômeno pode resultar em
consequências sérias para a saúde bucal, uma vez que perdas de tecido podem
levar à sensibilidade, dor e má aparência. Além disto, o tratamento para
restaurar o esmalte e/ou dentina perdidos em decorrência da erosão é difícil,
oneroso e requer acompanhamento contínuo.
O fenômeno da erosão dental pode ser causado por
fatores extrínsecos, intrínsecos ou idiopáticos. Os fatores extrínsecos
envolvem ácidos de origem exógena, tais como aqueles contidos em refrigerantes
como a Coca-Cola. Já a erosão intrínseca é o resultado de ácidos produzidos
pelo próprio organismo e presentes em vômitos, regurgitação e refluxos
recorrentes. Os fatores idiopáticos, por sua vez, são ácidos de origem
desconhecida. No presente estudo, apenas a erosão extrínseca será levada em
questão, uma vez que o objetivo é avaliar se os ácidos presentes na Coca-Cola
são capazes de promover a erosão dental.
Uma das primeiras indagações a ser feita e respondida
com relação à Coca-Cola é se o refrigerante em questão realmente possui níveis
elevados de acidulante. O componente que desempenha tal função na bebida é
o acidulante INS 338, ou seja, o ácido fosfórico (H3PO4). De
acordo com a Resolução nº 389, de 5 de agosto de 1999, da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) e o regulamento técnico aprovado pela mesma, o
limite máximo de ácido fosfórico empregado como aditivo alimentar em bebidas
prontas para o consumo é 0,07g/100mL. Por possuir um teor de ácido fosfórico
de, aproximadamente, 0,05g/100mL, conclui-se que a Coca-Cola está em
conformidade com os padrões estabelecidos pela ANVISA. Entretanto, esta
constatação não é suficiente para garantir que a Coca-Cola não representa um
risco para a erosão dental.
Segundo trabalho realizado por
FUSHIDA, C. E. e CURY, J. A. e publicado na Revista de Odontologia da
Universidade de São Paulo, foi comprovado que a ingestão de Coca-Cola pode
resultar em danos para o esmalte-dentina. O estudo foi realizado em humanos, utilizando
dispositivos intra-orais, e foi demonstrado que o refrigerante em questão
provocou redução significativa da dureza tanto do esmalte quanto da dentina. Com
relação à possibilidade de a saliva ser capaz de reverter as alterações
minerais provocadas pela Coca-Cola ao esmalte-dentina, os resultados do
trabalho em questão demonstram que a saliva gerou aumento significativo da
dureza do esmalte e da dentina, porém a eficiência não foi total. Logo, a
saliva é capaz de reparar os danos causados pela Coca-Cola, mas seu efeito é
limitado. O artigo ainda ressalta que a perda de minerais da superfície dental
é decorrente do fato de o pH da Coca-Cola ser inferior a 4,0 (2,29), sendo
extremamente ácida.
Portanto, a partir de todas as
informações já mencionadas, conclui-se que a Coca-Cola promove perda líquida de
minerais da superfície dental, a qual é proporcional à frequência de ingestão
do refrigerante, levando à erosão dental. Ademais, a saliva não se mostrou
capaz de reverter completamente os danos causados pela bebida ao esmalte e à
dentina. Deste modo, em função da natureza do fenômeno de erosão, somente
medidas de promoção de saúde bucal poderiam contribuir para o seu controle.
Assim, orientações para reduzir a frequência de contato dos dentes com
refrigerantes, alimentos ácidos ou medicamentos ajudariam a prevenir a erosão
dental.
Referências Bibliográficas
FUSHIDA, C. E.; CURY, J. A. Estudo in situ do efeito da frequência de
ingestão
de Coca-Cola na erosão do esmalte-dentina e
reversão pela
saliva. Rev Odontol Univ São Paulo, v.
13, n. 2, p. 127-134, abr./jun.
1999.
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de 5 de agosto de 1999. Disponível
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<http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/389_99.htm>. Acesso:
29/06/2012.
THE COCA-COLA COMPANY. História. In: Coca-Cola. 2007. Disponível
em: <http://www.cocacolabrasil.com.br/conteudos.asp?item=3&secao
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Acesso: 29/06/2012.
THE COCA-COLA COMPANY. Product Descriptions. In: Products.
2006 - 2012. Disponível em: <http://www.virtualvender.coca-
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BRANCO, C. A. et al. Erosão dental: diagnóstico e opções de tratamento.
Rev
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De acordo com informações da Coca-Cola é um mito que o refrigerante pode prejudicar a saúde bucal. O diretor da empresa afirma que bebidas como a coca cola são rapidamente engolidas e, portanto, a saliva conseguiria limpar os açúcares e ácidos presentes. No entanto não são essas evidencias que vem sendo apresentadas em estudos.
ResponderExcluirSe uma pessoa ingere mais de 15-20 kg de sacarose por ano, este consumo esta diretamente associado ao aumento da prevalência de caries, particularmente quando consumido entre as refeições. Sabendo que normalmente a sacarose representa 10-12% da bebida, então 375 mL pode conter mais que 40 gramas de sacarose, ou seja, se for tomada 1 lata do refrigerante todo dia por um ano o consumo pode ser de 15 kg por ano.
A Academia Americana de Pediatria ressalta os 3 maiores problemas da alta ingestão de bebidas açucaradas. São estes a obesidade atribuída as calorias adicionais a dieta, substituição do consumo de leite resultando em uma diminuição de cálcio podendo ocasionar problemas como osteoporose e faturas, e caries dentais e erosão do esmalte dentário.
Sendo assim, de fato, é de suma importância manter-se alerta na quantidade em que se consome e mudar alguns hábitos alimentares. Beber utilizando o canudo pode reduzir mas não dissipar todas as preocupações com a saúde dental .
Olá, gostaria de saber onde encontrou a informação que a concentração de ácido fosfórico na coca-cola é aproximadamente 0,05g/100mL, muito obrigado!
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