Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Chá de Camomila: Um possível aliado para os diabéticos?

      A Camomila é muito conhecida e utilizada tanto no Brasil quanto em outros países, sendo considerada uma planta medicinal que atua de diversas formas no nosso organismo, contribuindo para a saúde e estética. Ao longo dos anos o seu chá recebeu status de calmante natural, e isso se deve aos constituintes químicos presentes nessa planta, sendo os principais: Sesquiterpenos, cumarinas e flavonóides. 
      Uma notícia vinculada na página do G1, site da globo.com, fala de pesquisas recentes desenvolvidas por cientistas japoneses e ingleses, que tentam elucidar outra propriedade do chá de camomila que pode ser útil no contexto de uma doença muito comum no Brasil, a diabetes. Eles acreditam que certos constituintes químicos encontrados no chá podem prevenir a hiperglicemia, além de melhorar as complicações geradas pela diabetes mellitus. 
      Será que essa pesquisa mencionada no site de notícias da globo, apresenta mesmo um fundamento que prove essa propriedade tão inovadora? Será que depois de anos, o chá de camomila como o comercializado pela marca “Chás Real Multiervas”, será mais conhecido por prevenir a diabetes do que por acalmar os ânimos?

FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS
     
    A glicose se origina de 3 fontes: Da digestão dos polissacarídeos (amido) e dos dissacarídeos (lactose e sacarose); Conversão de ácidos aminados e do glicerol das gorduras em glicose; Hidrólise do glicogênio do fígado. Seu metabolismo ocorre da seguinte forma: Após a degradação dos carboidratos até glicose, esta é absorvida e cai na corrente sanguínea que então a leva até o fígado onde é novamente absorvida. No fígado a glicose é fosforilada dando origem à glicose-6-fosfato (A fosforilação ocorre para que não haja saída de glicose do hepatócito). O destino da glicose-6-fosfato poderá ser a corrente sanguínea para que se mantenha o nível plasmático de glicose (glicemia); a glicogênese se há excesso de consumo de carboidratos, sendo, portanto, uma forma de depósito; a conversão em piruvato (glicólise aeróbica ou anaeróbica) quando está havendo consumo de energia, ou ainda o ciclo das pentoses para que ocorra a produção de NADPH e ribose (nucleotídeos).
     Uma das propriedades do extrato de água quente de camomila (chá) está associada à inibição da enzima alfa glicosidase. A enzima em questão encontra-se no revestimento do intestino delgado, e é uma das principais enzimas que permitem a absorção de glicose no sangue. Quando a mesma está inibida, a glicose é absorvida mais lentamente e parte dela pode nem ser absorvida, mas digerida por bactérias encontradas mais abaixo no intestino. As cumarinas e os sesquiterpenos foram os componentes presentes no extrato responsáveis por essa atividade de inibição.
      Outra propriedade de extrema importância para o contexto da diabetes mellitus tipo II seria a inibição de outra enzima chamada de alfa amilase. Os flavonoides presentes no chá de camomila mostram uma considerável atividade de inibição da enzima falada anteriormente, e com isso temos que a absorção de glicose estaria novamente reduzida. A alfa amilase presente tanto no pâncreas quando na saliva, tem a função de digerir os amidos presentes nos alimentos fontes de carboidratos complexos (arroz, pão, macarrão, biscoitos, etc.), transformando-os em partículas menores que podem ser absorvidas e fornecer calorias para as células.
    Outros componentes presentes no chá de camomila, a luteolina e a quercetina, atuam inibindo as enzimas de degradação do glicogênio, mais especificamente, a glicogênio fosforilase. Sabe-se que a glicose hepática está elevada no tipo II da diabete mellitus, o que contribui significativamente para a hiperglicemia. Uma possível solução para suprimir a produção de glicose hepática e diminuir os níveis de glicose no sangue na diabetes mellitus tipo II, seria a inibição da enzima glicogênio fosforilase (enzima que degrada glicogênio em glicose). 
 
LEGISLAÇÃO
     
    A Portaria n º 519, de 26 de junho de 1998 da ANVISA dispõe sobre regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de chás-plantas destinadas à preparação de infusões ou decocções. Nesta Portaria podemos observar critérios como âmbito de aplicação; definição; referências; designação; classificação; características de composição e qualidade dos chás; aditivos intencionais, ingredientes e coadjuvantes de tecnologia, contaminantes; higiene; acondicionamento; pesos e medidas; rotulagem; amostragem e métodos de ensaio. A camomila encontra-se listada no Anexo I desta Portaria, onde encontramos a listagem das espécies vegetais principais.
    Quando olhamos por outra perspectiva e passamos a considerar a camomila como uma droga vegetal, temos a aplicação nesse contexto da RDC n º 10, de 9 de março de 2010 da ANVISA. Essa resolução dispõe sobre notificação de drogas vegetais junto à ANVISA e dá outras providências, com o objetivo de contribuir para a construção do marco regulatório para produção, distribuição e uso de plantas medicinais, particularmente sob a forma de drogas vegetais, a partir da experiência da sociedade civil nas suas diferentes formas de organização, de modo a garantir e promover a segurança, a eficácia e a qualidade no acesso a esses produtos. Essa resolução pode se aplicar ao contexto do trabalho, porém com devida cautela, visto que ao considerarmos a camomila como droga vegetal nos desviamos um pouco da proposta aplicada ao tema “alimentos”.


DISCUSSÃO

    O chá de camomila é notoriamente conhecido como um calmante natural e seu uso é baseado quase que exclusivamente devido a esta característica sedativa da planta medicinal em questão. A descrição de outras propriedades referentes ao chá de camomila pode ser encontrada na internet, como seu uso para tratamento contra indigestão, casos de problemas no fígado e articulações.
     Uma propriedade até então não muito conhecida pela população seria o fato de que o chá de camomila poderia atuar positivamente no tratamento contra a hiperglicemia e as complicações do diabetes mellitus. Notícias estão sendo vinculadas na internet e com o objetivo de verificar a veracidade de uma delas, em específico, a vinculada no site G1 da globo.com, foi realizada uma pesquisa na literatura acadêmica.
   Pesquisadores ingleses e japoneses comprovaram através de estudo que o chá de camomila pode realmente atuar positivamente no tratamento contra a hiperglicemia e as complicações do diabetes mellitus, e este fato se deve aos componentes presentes neste chá, sendo aos principais: flavonoides, sesquiterpenos, cumarinas, quercetina e luteolina.


CONCLUSÃO

     Conclui-se a veracidade da notícia vinculada no site G1 da globo.com, e podemos dizer, com base na literatura acadêmica, que o chá de camomila apresenta sim uma propriedade de extrema importância no contexto de uma doença muito comum no Brasil, a diabetes mellitus. O seu histórico de uso como calmante natural já está muito implícito na sociedade, porém futuramente pode ser que seu uso por pacientes com diabetes passe a ser mais conhecido e aplicado.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Chá de Camomila protege diabéticos de complicações. Disponível em <http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL762314-5603,00-CHA+DE+CAMOMILA+PROTEGE+DIABETICOS+DE+COMPLICACOES.html> Acesso em: 14/04/2012.

Protective Effects of Dietary Chamomile Tea on Diabetic Complications. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 56, p 8206-8211, 2008.

Portaria n º 519, de 26 de junho de 1998 – Agência de Vigilância Sanitária.

RDC Nº 10, DE 9 DE MARÇO DE 2010 – Agência de Vigilância Sanitária.

3 comentários:

  1. A Matricaria recutita é uma das poucas plantas medicinais cujos constituintes químicos foram exaustivamente avaliados farmacologicamente, inclusive em testes clínicos. A atividade antiinflamatória da droga deve-se à presença de óleos essenciais, ricos em azuleno, matricina e alfa-(-)-bisabolol. Já, como foi citado no texto acima, os flavonoides, sesquiterpenos, cumarinas, quercetina e luteolina são encontrados no extrato utilizado para fazer o chá. Apesar dos seus efeitos benéficos, o chá de camomila não deve ser considerada como um tratamento para diabetes e nem substituir os atuais medicamentos utilizados para esta finalidade. Uma vez que estudos de eficácia e segurança ainda não foram realizados e seus mecanismos de ação não foi completamente elucidado. Além disso, mesmo com a Camomila presente na lista do FDA de substâncias GRAS (generally recognized as safe), ainda são descritas algumas reações alérgicas a mistura de lactonas sesquiterpênicas presentes nela. Outro ponto importante de ser abordado, é que a alimentos como esses sofrem com a falta de padronização e qualidade das amostras brasileiras, especialmente daquelas comercializadas pelas farmácias. Elas comprometem a importância que esta e outras plantas medicinais possam representar na saúde pública brasileira. Isso é mostrado por um estudo realizado com 3 amostras de camomila comercializada em forma de chá, mostrou que apenas 1 estava dentro dos padrões de qualidade exigidos pelos códigos oficiais e pela literatura. Assim, para assegurar que o chá de camomila seja um possível aliado aos diabéticos, é necessário primeiramente padronizar e assegurar suas qualidades e características químicas.

    Referências:
    Ghavimi,H, Shayanfar, Ali , Hamedeyazdan,S, et al.” Review Chamomile: An ancient pain remedy and a modern gout relief - A hypothesis” African Journal of Pharmacy and Pharmacology Vol. 6(8), pp. 508-511, 29 February, 2012

    Janmejai K Srivastava, Eswar Shankar, and Sanjay GuptaChamomile.” A herbal medicine of the past with bright future” Mol Med Report. 2010 November 1; 3(6): 895–901.

    Paulsen E, Andersen KE, Hausen BM. “Compositae dermatitis in a Danish dermatology department in one year (I). Results of routine patch testing with the sesquiterpene lactone mix supplemented with aimed patch testing with extracts and sesquiterpene lactones of Compositae plants.” Contact Dermatitis. 1993;29:6–10.

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  2. No mundo todo, existem pessoas que sofrem do diabetes, o número de pessoas que se submetem ao tratamento é muito preocupante mas o número de pessoas que nem sequer imaginam estar com diabetes é maior ainda. Muitos só descobrem que sofrem de diabetes quando os sintomas se salientam, ou seja, quando a glicose já está muito elevada é que descobrem que precisam seguir uma linha de tratamento para o controle da doença. O controlo não é apenas medicamentoso, envolve uma reeducação alimentar com dieta rígida para que não se consuma alimentos que contenham açúcar.
    Uma das informações que tem circulado pelo meio científico, é que o chá de camomila reduz a taxa de glicose e que o mesmo pode ajudar no combate das complicações da doença, foram realizados testes em laboratório que dão esperança para que o tratamento possa ser feito e controlado com produtos naturais.
    O chá de camomila sempre foi utilizado para gases, cólicas abdominais em crianças e adultos, enxaquecas, ou apenas para saborear. As propriedades desse chá, são benéficas no auxílio e no alívio desses incômodos citados, mas recentemente, foi comprovado que ele pode levar à redução da taxa de glicose no sangue, porém, nunca se deve abandonar o tratamento e os cuidados com a diabetes, seguindo a risca a prescrição médica e, mesmo havendo redução da diabetes, não se deve descuidar da escolha dos alimentos. O chá de camomila deve ser visto com um tratamento auxiliar e não o principal, assim mesmo sem fazer uso em excesso, a melhor forma de se aproveitar um chá é não deixa-lo oxidar, beber logo após sua infusão, com a temperatura quente para morno e não ultrapassar o limite de três xícaras ao dia.

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