Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Óleo de coco e emagrecimento


Óleo de coco realmente emagrece ?? mito ou verdade ?

Descrição do produto

O óleo de coco é classificado como gordura saturada e apresenta em sua composição a predominância de ácidos graxos de cadeia média, sendo o principal deles o ácido láurico. O óleo de coco é composto por 64% de ácidos graxos ou triglicerídeos de cadeia média como: ácido láurico (47%), ácido caprílico (9%) e o ácido cáprico (7%).

 Fundamentos Bromatológicos

O fato do óleo de coco possuir maior quantidade de ácidos graxos de cadeia média, diferentemente de outras gorduras saturadas, faz com que ele tenha um comportamento metabólico distinto em virtude de suas características estruturais. Estes ácidos graxos são rapidamente oxidados gerando energia, não participam do ciclo de colesterol e não são estocados em depósitos de gorduras. Eles parecem não se acoplar a lipoproteínas e não circular na corrente sanguínea como outras gorduras, assim são metabolizados diretamente no fígado e convertidos em energia. Portanto, a gordura vinda do óleo não seria armazenada dentro dos adipócitos, sendo gasta como forma de energia para as funções do corpo 

Legislação

Segundo a RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999 da ANVISA, o óleo ou gordura de coco é o óleo comestível obtido do fruto de Cocos nucifera através de processos tecnológicos adequados. Este pode ser obtido pelos processos de extração e refino ou obtido pelo processo de extração. Para o consumo humano, este último deve ser submetido ao processo de refino. Como requisitos, o óleo ou gordura de coco deve ser límpido e isento de impurezas a 40ºC, possuindo cor, odor e sabor característicos. 


Discussão

Nos tempos atuais, a busca pelo corpo perfeito se tornou o sonho para muitas pessoas. Muitos alimentos foram classificados como milagrosos para o emagrecimento e que auxiliasse na chegada do corpo perfeito. Um desses alimentos é o óleo de coco. O óleo de coco pode ser uma opção viável quando comparamos com outros óleos que utilizamos na alimentação, como o óleo de cozinha. O óleo de coco comparado a esse óleo possui majoritariamente ácidos graxos de cadeia saturados de cadeia média, não sendo assim, estocados em gordura no corpo. Esses ácidos possuem como vantagens: melhora o sistema imunológico, atua como protetor cardiovascular, tem ação antioxidante, reduz os níveis de LDL e aumenta níveis de HDL. As vantagens listadas pelo óleo de coco são inegáveis, portanto, é importante destacar, que estudos mostram que esses ácidos graxos saturados são maiores em quantidade comparados a outros alimentos como o azeite e a manteiga. Devido a esse alto perfil lipídico, o óleo de coco, já é recomendado por médicos e outros profissionais de saúde, que seja utilizado com cautela. Apesar das vantagens comparado ao óleo de cozinha, o óleo de coco continua sendo um óleo, e com isso apresenta uma quantidade significativa de caloria.

O óleo de coco é realmente um alimento cheio de benefícios, mas pode facilmente se transformar no vilão se for ingerido em excesso. Por mais que ele seja um tipo de gordura benéfica para o nosso corpo, o fígado só consegue metabolizar até uma determinada quantidade. O restante acaba indo parar na corrente sanguínea e se acumulando nas paredes dos vasos sanguíneos ou então parando dentro dos adipócitos, prejudicando o emagrecimento.  

Conclusão

Há muitos anos se estuda o Óleo de Coco e os resultados destas pesquisas sempre foram inconclusivos e até mesmo controversos. Há claros sinais de que seu consumo pode sim ser prejudicial à saúde, mais ou menos como qualquer outro tipo de óleo e consequentemente trazendo riscos aumentados de formação de placas de ateroma, aumentando as chances de infarto. Entretanto, o verdadeiro risco do óleo de coco não está nos seus efeitos no organismo, mas sim a falsa "propaganda" de sua utilidade quase milagrosa em diversos tipos de comorbidades, como a diabetes, a obesidade e até mesmo o Alzheimer. Isso impulsiona, principalmente o público mais leigo e que age por impulso baseado em tudo o que lê e ouve, mesmo sem consultar as fontes e os detalhes, a consumir indiscriminadamente este produto.

Conclui-se, então, que o óleo de coco tem sim propriedades vantajosas para o organismo e se usado de maneira correta, como auxiliar na alimentação, pode sim auxiliar no emagrecimento. Todavia, caso usado de maneira errada, pode se obter o efeito contrário, pois apesar de tudo, ele ainda continua sendo um óleo.

 

Referências

·         DAUBER, R.A. Óleo de Coco: Uma revisão sistemática. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Medicina, Curso de Nutrição, Porto Alegre, BR – RS, 2015

·         KUMAR, S.N. Variability in Coconut (cocos nuciferal.) Germplasm and Hybrids for fatty acid profile of oil. Journal of Agricultural Food Chemistry. vol.59, pag 13050 – 13058, 2011

·         LAW, K.S et al. The effects of virgin coconut oil (VCO) as supplementation on quality of life (QOL) among breast cancer patients. Lipids in Health and Disease. vol.13: 139; 2014

·         RODRIGUES, A. Óleo de Coco – Milagre para emagrecer ou mais um modismo? ABESO. Abril,2012, 56 – 7.

·          Resolução 482 de 23 de setembro de 1999

·         http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2016/02/oleo-de-coco-e-aliado-para-perda-de-peso-e-no-combate-ao-colesterol-ruim.html


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