Figura 3: farinha de maca peruana marca "VivaSalute" |
DESCRIÇÃO
A
Maca Peruana é um tubérculo encontrado nas montanhas dos Andes Centrais do
Peru, há relatos que esta espécie existe nessa região desde aproximadamente
2000 a.C., em altitudes entre 3.500 a 4.800 metros e muito consumida nos Andes
Peruanos, pode ser nas cores vermelha, amarela e negra. Cientificamente, é
conhecida como Lepidium meyenni da
família Brassicaceae. A Maca tem em sua composição um composto único conhecido
como macamida. A família Brassicaceae também está no grupo das 16 famílias
conhecidas por conter glucosinolatos, que são investigados para uma gama de
bioatividades conhecidas como fitotóxicos, antifúngicos, antibacterianos e
efeitos inseticidas. No entanto,
busca-se entender se este tubérculo proporciona benefícios para a saúde e se
seu processamento industrial altera a fitoquímica do tubérculo.
Figura 4: Recorte da bula da cápsula "Seja + mulher" |
Figura 5: Informação nutricional da farinha de Maca Peruana |
A
composição química da maca peruana, segundo a literatura, é composta por
carboidratos, proteínas, fibras, cinzas e lipídios, estes por sua vez se
dividem em 3 tipos de ácidos graxos, 6 vitaminas, 5 açucares, 11 minerais e 17
aminoácidos, e é através destes micro e macro nutrientes que se confirmam seu
alto valor nutricional e seus benefícios para a homeostasia fisiológica do
corpo humano.
LEGISLAÇÃO
A
Maca Peruana é classificada como suplemento alimentar, que de acordo com a RDC
243 de 23 de Julho de 2018 classifica como: produto para ingestão oral,
apresentado em formas farmacêuticas, destinado a suplementar a alimentação de
indivíduos saudáveis com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou
probióticos, isolados ou combinados e apresenta certos constituintes. A RDC nº
28 de 26 de Julho de 2018, Art. 5º define a lista de limites mínimos desses
constituintes fornecidos por suplementos alimentares. Conforme RDC nº 27, de 6 de
Agosto de 2010 o produto que consiste em Maca Peruana é isento de registro
sanitário.
DISCUSSÃO
A
maca apresenta em sua composição apresenta uma elevada quantidade de
nutrientes, metabólitos secundários, glucosinolatos e fitoesteróis, além de
compostos característicos como macamida e alkamidas. Estudos apontam que sim,
este tubérculo apresenta alguns efeitos sobre o organismo, como o
fortalecimento ósseo em mulheres na menopausa, efeito protetor quanto a produção de espermas, porém não foi observado
aumento da libido em homem ou mulher, assim como qualquer alteração nos
sintomas da menopausa. Em homens e mulheres, a maca não parece ter nenhum
mecanismo de ação mediado por hormônio. Foi observado que ocorrendo plantações
deste tubérculo em outros locais e países com diferentes clima e vegetação,
como em Yunnan na China, altera potencialmente sua fitoquímica e composição. Em
estudos realizados foi possível observar a variação da concentração de
macamida, a qual é maior quando o tubérculo é processado em forno para secagem,
enquanto a liofilização e vaporização reduzem a quantidade desse composto.
CONCLUSÃO
A
mudança dos métodos tradicionais de cultivo e fabricação para os modernos em
outras regiões, inevitavelmente alteram a composição do tubérculo. A falta de
protocolos de controle de qualidade padrão em vigor também torna a qualidade,
eficácia e segurança questionáveis e pode representar uma ameaça aos
consumidores. Portanto, conforme exposto neste trabalho, as propriedades
afrodisíacas e benéficas contra os sintomas na menopausa não são evidenciadas
em estudos científicos, mas asseguradas pelo marketing de uma cultura local.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BEHARRY, S., HEINRICH, M. "Is
the hype around the reproductive health claims of maca (Lepidium meyenii Walp.)
justified?", Journal of Ethnopharmacology, v. 211, n. July 2017, p.
126–170, 2018. DOI: 10.1016/j.jep.2017.08.003. .
TELLEZ, M. R., KHAN, I. A., KOBAISY, M., et al.
"Composition of the essential oil of Lepidium meyenii (Walp.)", Phytochemistry,
v. 61, n. 2, p. 149–155, 2002. DOI: 10.1016/S0031-9422(02)00208-X. .
ALIMENTOS, G. D. E. "Agência Nacional de Vigilância Sanitária", 2020. .
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