O Leite Ninho Zero Lactose é para consumidores com grau severo de intolerância à lactose?
Descrição
O leite e seus
derivados são considerados alimentos ricos em nutrientes e estão presentes na
mesa dos brasileiros e o seu consumo vem aumentando cada vez mais como
consequência do aumento da renda da população. O principal carboidrato presente
no leite e nos seus derivados é a lactose que está presente em todos os leites produzidos
por mamíferos. Dentro deste cenário, é cada vez maior o número de pessoas que
desenvolvem a intolerância à lactose que é a incapacidade do organismo de
digerir a lactose pela diminuição ou ausência de enzimas digestivas. Diante
dessa população com restrição a ingestão de produtos com lactose, as indústrias
atuantes nesse setor iniciaram o processamento de produtos zero lactose. Sendo
assim, é necessário buscar mais informações sobre o processo de produção desses
produtos para que fique claro o quão eficiente eles são e para que a população
fique ciente da composição do alimento que irá consumir.
O Leite Ninho®
Zero Lactose é um composto lácteo fortificado, rico em cálcio, ferro, zinco,
vitaminas A, D C e E destinado ao público que
possui restrição a ingestão de lactose. Vale
ressaltar que este produto é para a população
que precisa de uma dieta com teor zero ou menor de lactose e não para a
população que manifesta processo alérgico devido as proteína presentes no
leite. Este produto não pode ser utilizado por crianças menores de 1 ano de
idade e o Ministério da Saúde informa que o aleitamento materno evita infecções
e alergias e é recomendado até os 2 anos de idade ou mais.
Fundamentos Bromatológicos
O fabricante deste produto garante que o leite é ideal para a população intolerante à lactose. Da quantidade total de carboidratos, 57 gramas, presente na tabela acima, 36 gramas são açúcares, 17 gramas de glicose, 17 gramas de galactose e 0 gramas de lactose. Diante disso, foi possível notar que ao somar as quantidades totais de carboidratos descritas na tabela chegamos ao total de 70 gramas de carboidratos e não de 57 gramas como descrito na tabela. Na lista de ingredientes, é possível observar a presença da enzima lactase para realizar a hidrólise (quebra) da lactose em glicose + galactose. Sendo assim, o método escolhido é o método enzimático.
Legislação
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os produtos que são isentos de lactose devem ser rotulados de acordo com a regulamentação específica para alimentos com fins especiais. Até 2016, não existia a previsão das indústrias colocarem uma chamada especial no rótulo para este tipo de alimento, informando ao consumidor se era um produto isento ou com baixo teor de lactose.
Em 2016, foi sancionada a Lei 13.305 na qual as indústrias precisavam
informar a presença da lactose nos produtos que contém esta substância. E, caso
sofra alguma alteração na quantidade original do teor de lactose, será
necessário informar a quantidade de lactose remanescente no rótulo dos
alimentos.
Já em 2017, foi aprovada a RDC nº 135 que
altera a Portaria SVS/MS nº 29, de 13 de janeiro de 1998, e passa a classificar
os produtos em isentos, com lactose igual ou inferior a 100 mg por 100 ml ou mg
do produto pronto, ou com baixo teor, com quantidade superior a 100 mg por 100
ml ou mg do produto pronto. E, ainda, os produtos isentos de lactose devem
trazer a informação como "zero lactose", "0% lactose",
"isento de lactose", "sem lactose" ou "não contém
lactose" no rótulo do produto, enquanto os produtos com baixo teor devem
trazer no rótulo “baixo teor de lactose” ou “baixo em lactose”. Ainda em 2017,
foi aprovada a RDC nº 136 que passa a estabelecer quais serão os requisitos
para a declaração obrigatória da presença de lactose nos rótulos dos produtos.
Discussão e Conclusão
Ao realizar uma pesquisa no site do Reclame Aqui, foi possível encontrar algumas reclamações de clientes intolerantes à lactose que compraram e consumiram o produto Leite Ninho Zero Lactose e, ainda assim, essas pessoas sentiram os sintomas da intolerância à lactose.
O método utilizado pela empresa
para degradar a lactose é o método enzimático. Este método é capaz de
hidrolisar a lactose e o conteúdo de lactose final é geralmente inferior a 20%
comparado ao leite normal. Ao analisar a RDC nº 135, observamos que os produtos
que contêm lactose igual ou inferior a 100 mg por 100 ml ou 100 mg do produto
pronto são classificados como produtos isentos de lactose. Sendo assim, podemos
chegar à conclusão de que podem existir resquícios de lactose nesse produto o
que pode ter causado o aparecimento dos sintomas de intolerância à lactose em
algumas pessoas. Como a intolerância à lactose é classificada por graus
diferentes no qual a pessoa pode ter uma redução ou, simplesmente, não produzir
nenhuma quantidade de lactose, este produto pode não ser um produto indicado
para pessoas com grau severo, no qual não produzem quantidade alguma da enzima
lactase, visto que este produto pode contem resquícios de lactose devido ao
método utilizado para quebrar a lactose em glicose + galactose.
Referências Bibliográficas
NESTLÉ. Processamento de Produtos Zero Lactose. Disponível em:<http://www.nestle.com.br>. Acesso em 03 out. 2020.
RAMALHO, Maria Eduarda Oliverio et al. INTOLERÂNCIA A LACTOSE E O PROCESSAMENTO DOS PRODUTOS ZERO LACTOSE. Revista Fatectq, [S. l.], p. 119-132, Disponível em: <https://revista.fatectq.edu.br/index.php/interfacetecnologica/article/view/130/113.> Acesso em: 3 out. 2020.
Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br.> Acesso em: 3 out. 2020.
EMBRAPA. Conjuntura do Mercado de Lácteos. Ano 6, n. 46, fev. 2013. Juiz de Fora: Embrapa gado de Leite, 2013.
Disponível em: https://www.reclameaqui.com.br/ Acesso em: 3 out. 2020.
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