Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Leite Ninho® Zero Lactose é zero lactose?



O Leite Ninho Zero Lactose é para consumidores com grau severo de intolerância à lactose? 

        Descrição

           O leite e seus derivados são considerados alimentos ricos em nutrientes e estão presentes na mesa dos brasileiros e o seu consumo vem aumentando cada vez mais como consequência do aumento da renda da população. O principal carboidrato presente no leite e nos seus derivados é a lactose que está presente em todos os leites produzidos por mamíferos. Dentro deste cenário, é cada vez maior o número de pessoas que desenvolvem a intolerância à lactose que é a incapacidade do organismo de digerir a lactose pela diminuição ou ausência de enzimas digestivas. Diante dessa população com restrição a ingestão de produtos com lactose, as indústrias atuantes nesse setor iniciaram o processamento de produtos zero lactose. Sendo assim, é necessário buscar mais informações sobre o processo de produção desses produtos para que fique claro o quão eficiente eles são e para que a população fique ciente da composição do alimento que irá consumir.

            O Leite Ninho® Zero Lactose é um composto lácteo fortificado, rico em cálcio, ferro, zinco, vitaminas A, D C e E destinado ao público que possui restrição a ingestão de lactose. Vale ressaltar que este produto é para a população que precisa de uma dieta com teor zero ou menor de lactose e não para a população que manifesta processo alérgico devido as proteína presentes no leite. Este produto não pode ser utilizado por crianças menores de 1 ano de idade e o Ministério da Saúde informa que o aleitamento materno evita infecções e alergias e é recomendado até os 2 anos de idade ou mais.

Fundamentos Bromatológicos


          O fabricante deste produto garante que o leite é ideal para a população intolerante à lactose. Da quantidade total de carboidratos, 57 gramas, presente na tabela acima, 36 gramas são açúcares, 17 gramas de glicose, 17 gramas de galactose e 0 gramas de lactose. Diante disso, foi possível notar que ao somar as quantidades totais de carboidratos descritas na tabela chegamos ao total de 70 gramas de carboidratos e não de 57 gramas como descrito na tabela. Na lista de ingredientes, é possível observar a presença da enzima lactase para realizar a hidrólise (quebra) da lactose em glicose + galactose. Sendo assim, o método escolhido é o método enzimático.

Legislação

           De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os produtos que são isentos de lactose devem ser rotulados de acordo com a regulamentação específica para alimentos com fins especiais. Até 2016, não existia a previsão das indústrias colocarem uma chamada especial no rótulo para este tipo de alimento, informando ao consumidor se era um produto isento ou com baixo teor de lactose. 

         Em 2016, foi sancionada a Lei 13.305 na qual as indústrias precisavam informar a presença da lactose nos produtos que contém esta substância. E, caso sofra alguma alteração na quantidade original do teor de lactose, será necessário informar a quantidade de lactose remanescente no rótulo dos alimentos.

             Já em 2017, foi aprovada a RDC nº 135 que altera a Portaria SVS/MS nº 29, de 13 de janeiro de 1998, e passa a classificar os produtos em isentos, com lactose igual ou inferior a 100 mg por 100 ml ou mg do produto pronto, ou com baixo teor, com quantidade superior a 100 mg por 100 ml ou mg do produto pronto. E, ainda, os produtos isentos de lactose devem trazer a informação como "zero lactose", "0% lactose", "isento de lactose", "sem lactose" ou "não contém lactose" no rótulo do produto, enquanto os produtos com baixo teor devem trazer no rótulo “baixo teor de lactose” ou “baixo em lactose”. Ainda em 2017, foi aprovada a RDC nº 136 que passa a estabelecer quais serão os requisitos para a declaração obrigatória da presença de lactose nos rótulos dos produtos.

Discussão e Conclusão

            Ao realizar uma pesquisa no site do Reclame Aqui, foi possível encontrar algumas reclamações de clientes intolerantes à lactose que compraram e consumiram o produto Leite Ninho Zero Lactose e, ainda assim, essas pessoas sentiram os sintomas da intolerância à lactose.

            O método utilizado pela empresa para degradar a lactose é o método enzimático. Este método é capaz de hidrolisar a lactose e o conteúdo de lactose final é geralmente inferior a 20% comparado ao leite normal. Ao analisar a RDC nº 135, observamos que os produtos que contêm lactose igual ou inferior a 100 mg por 100 ml ou 100 mg do produto pronto são classificados como produtos isentos de lactose. Sendo assim, podemos chegar à conclusão de que podem existir resquícios de lactose nesse produto o que pode ter causado o aparecimento dos sintomas de intolerância à lactose em algumas pessoas. Como a intolerância à lactose é classificada por graus diferentes no qual a pessoa pode ter uma redução ou, simplesmente, não produzir nenhuma quantidade de lactose, este produto pode não ser um produto indicado para pessoas com grau severo, no qual não produzem quantidade alguma da enzima lactase, visto que este produto pode contem resquícios de lactose devido ao método utilizado para quebrar a lactose em glicose + galactose.

Referências Bibliográficas

NESTLÉ. Processamento de Produtos Zero Lactose. Disponível em:<http://www.nestle.com.br>. Acesso em 03 out. 2020.

RAMALHO, Maria Eduarda Oliverio et al. INTOLERÂNCIA A LACTOSE E O PROCESSAMENTO DOS PRODUTOS ZERO LACTOSE. Revista Fatectq, [S. l.], p. 119-132, Disponível em: <https://revista.fatectq.edu.br/index.php/interfacetecnologica/article/view/130/113.> Acesso em: 3 out. 2020.

Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br.> Acesso em: 3 out. 2020.

EMBRAPA. Conjuntura do Mercado de Lácteos. Ano 6, n. 46, fev. 2013. Juiz de Fora: Embrapa gado de Leite, 2013.

Disponível em: https://www.reclameaqui.com.br/ Acesso em: 3 out. 2020.

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