O Aptamil HA consegue mimetizar o leite materno? Seria ele um bom substituinte? Descrição
A fórmula que iremos
exemplificar se trata do Aptamil ProExpert HA, da marca Danone. Ela é descrita
como uma fórmula infantil para lactentes e de seguimento para lactentes e
crianças de primeira infância, com proteínas lácteas parcialmente hidrolisadas,
com prebióticos, DHA/ARA, nucleotídeos, está descrição é que consta no rótulo
do produto, segundo o fabricante. Esta fórmula vem, então, com a proposta de
substituição ao aleitamento materno, o termo HA significa hipoalergênico, isto
é, as principais proteínas do leite com potencial alergênico estão parcialmente
hidrolisadas, no intuito então de cessar tal problema. Perguntaremos-nos se
esta fórmula atende todas as necessidades do consumidor e se consegue mimetizar ao leite materno, ela tem alguma vantagem sobre as demais fórmulas?
Fundamentos Bromatológicos
De acordo com a OMS é recomendado o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida, e após isso associar com outros alimentos até os 2 anos. As fórmulas infantis surgiram a fim de mimetizar o leito materno, quando o mesmo se encontra indisponível para amamentação. Para cumprir estes requisitos, as grandes marcas vêm adicionando ingredientes a fim de que o resultado final seja que a composição química se equipare ao leite materno. Para realmente comprovar ou não este fundamento, deve-se avaliar a tabela nutricional do mesmo, comparar com os componentes do leite materno, seu teor, valores biológicos de proteínas, entre outros. Ao se observar tabelas nutricionais de fórmulas infantis, das mais variadas marcas, iremos encontrar algumas diferenças, como, por exemplo, fonte de carboidratos, tipos de proteínas, teor de gordura, assim como a adição de ingredientes opcionais, com o objetivo da tal mimetização. Esta inserção de ingredientes vem com a proposta de torná-lo um leite mais "enriquecido".
O Aptamil HA é à base de
proteína do soro do leite parcialmente hidrolisada, e isto irá conferir uma
característica hipoalergênica ao leite, a qual também pode ser usada para
crianças com alergia à proteínas do leite de vaca. Essas proteínas não serão
reconhecidas pelos antígenos do sistema imunológico da criança e isto confere a
hipoalergenicidade ao produto. Ao observar a tabela nutricional do objeto em
questão, veremos que a fonte de carboidratos se assemelha ao do leite materno,
que é composto de lactose, assim como seu teor: estas fórmulas se enquadram
como dito anteriormente. Quanto aos ingredientes opcionais que podem ser
adicionados, podemos destacar a presença de LC-PUFAS, que são ácidos graxos,
inseridos devido ao papel importante que desempenham no desenvolvimento e
funcionamento do sistema nervoso central: o seu teor se diferencia
consideravelmentee do leite materno, sendo o do Aptmail HA menor. Vem com a
proposta também de adição de prebióticos, que tratam-se de ingredientes
nutricionais que estimulam o crescimento de bactérias benéficas no intestino,
para melhorar a saúde do mesmo, apesar de ser um assunto em discussão, quanto à
sua real eficácia.
Legislação
Temos órgãos reguladores
da comercialização de fórmulas infantis desde a nível nacional até
internacional. A nível nacional temos Ministério da Saúde, Conselho Nacional de
Saúde e ANVISA, a nível internacional temos a Organização Mundial de Saúde,
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. O Codex
Alimentarius estabelece regras relacionadas à segurança alimentar com o
objetivo de assegurar boas práticas na indústria de alimentos e proteger a
saúde dos consumidores. Cinco resoluções foram publicadas em 2011 a fim de
regulamentar as fórmulas infantis, nas quais essas publicações substituíram a
Portaria SVS/MS n. 977/1998, alguns pontos já foram atualizados em 2014 e 2018.
De acordo com a RDC n°
45 de 2011, a quantidade de nutrientes relacionados á necessidade dietoterápica
específica deve ser declarada na tabela de informação nutricional. Assim como,
quando forem adicionados os nutrientes DHA, ARA, taurina, nucleotídeos,
L-carnitina e/ou FOS e GOS, suas quantidades devem ser declaradas na informação
nutricional. Os nutrientes DHA, ARA, EPA, devem ser declarados abaixo da
quantidade de gorduras poli-insaturadas, os nutrientes FOS e GOS abaixo das
fibras alimentares e nutrientes taurina, nucleotídeos, L-carnitina devem ser
declarados ao final da tabela. No rótulo do Aptamil HÁ, é declarado que a
fórmula contém estes elementos acima citados, e podemos observar que as
quantidades desses componentes estão na tabela de informação nutricional,
conforme é exigido na resolução.
No artigo 38 desta resolução,
o rótulo das fórmulas infantis destinadas às necessidades dietoterápicas
específicas deve conter informações como: as fontes de proteína do produto de
forma clara; a frase “não contém leite ou produtos lácteos” ou frase
equivalente, quando o produto não contiver leite ou qualquer outro derivado do
leite; No Aptamil HÁ, em seu rótulo exemplifica que contém proteínas lácteas e
que as mesmas estão parcialmente hidrolisadas. O HA significa hipoalergênica,
ou seja, por conter parcialmente suas proteínas do soro hidrolisadas, são
indicadas para aquele público que tenha alergia às proteínas do leite de vaca.
Discussão
Sabemos que para as grandes marcas conseguirem mimetizar o leite materno, que é produzido biologicamente e atende a todas as necessidades fisiológicas do bebê, é uma grande tarefa, exatamente pela alta complexidade do que se objetiva. No Aptamil HA, temos mesma fonte de carboidratos, que é a lactose.
Em relação a nível protéico, que é a principal diferença entre as outras fórmulas infantis disponíveis no mercado, ele tem as proteínas hidrolisadas, gerando pequenos peptídeos e aminoácidos, e, por essa razão, trata-se de uma fórmula hipoalergênica. Muitos bebês sofrem com alergia à proteína do leite de vaca, devido à alta concentração de caseína, o que não ocorre no leite materno: a baixa concentração de caseína no leite humano favorece uma melhor digestão. No leite bovino tem também a presença de beta-lactoglobulina, da qual não temos enzima para digeri-la sendo assim potencialmente alergênica..
A adição de prebióticos é uma pauta ainda controversa no meio científico, já que ainda se tem a dúvida de se a adição desses nutrientes tem um poder benéfico e se é semelhante ao que se tem presente no leite materno. A falta de embasamento científico sobre a adição desses compostos é o que gera a discussão acerca deste tema: como podemos afirmar se realmente prebióticos melhoram o funcionamento intestinal ou trata-se apenas das marcas buscarem um diferencial nas suas fórmulas, no intuito de fornecer um leite mais ‘enriquecido’? Quanto à inserção dos ácidos graxos, ao observar o conteúdo no rótulo, veremos que estão em uma proporção menor do que no leite materno, desta forma, nos indagamos se assim irão cumprir sua funcionalidade igual ao que se tem no leite materno.
Conclusão
As diferenças entre
fórmulas infantis e o leite materno são observadas e exemplificadas, bem como
entre às diferentes marcas presentes no mercado quando comparados uma com as
outras. Esta fórmula em questão consegue também atender a um público mais
específico, os que apresentam alergia à proteína do leite de vaca e, assim,
vale como uma vantagem sobre as demais fórmulas. O aleitamento materno é a
melhor opção para bebês visto que consegue atender todas as necessidades
fisiológicas. No entanto, na sua falta, a substituição é necessária, e deve ser
feita pelo um médico, criteriosamente, dentre todas as opções a melhor que
convém ao bebê. Mesmo com a adição de muitos ingredientes, as fórmulas infantis
não têm a mesma qualidade do leite materno. Porém, o aptamil HA tem seus
benefícios, por ter proteínas hidrolisadas, ter como fonte de carboidrato a
lactose, mas ressaltamos que é um produto que tenta mimetizar o leite materno e
é inferior a este. Devendo ser usado, é forçoso ressaltar, apenas quando
prescritos por um profissional da saúde qualificado.
Referências Bibliográficas
Resolução RDC Nº 45. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2011. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/rdc0045_19_09_2011.html>. Acesso em: 22/09/2020
DE CARVALHO, L.E.R., DIAS,M., Identidade e Legislação de Alimentos Infantis. Disponível em: <http://www.aleitamento.com/amamentacao/conteudo.asp?cod=1531>. Acesso em: 01/10/2020
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BRASIL. Ministério da Saúde. Aleitamento
Materno, Distribuição de Leites e Fórmulas Infantis em Estabelecimentos de
Saúde e a Legislação. Disponível em: <http://www.ibfan.org.br/legislacao/pdf/doc-750.pdf>. Acesso
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AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITÁRIA. Perguntas & Respostas
sobre Fórmulas Infantis. 2ª edição, 19 de junho de 2018. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/2810640/Formulas+infantis/b6174467-e510-4098-9d9a-becd70216afa > Acesso
em: 10/10/2020
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