Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 31 de outubro de 2020

Cápsulas de óleo de coco e sua ação antifúngica

Rótulo da embalagem de cápsulas de óleo de coco 


É possível reduzir os riscos de infecções causadas pela C. Albicans, através da suplementação com cápsulas de óleo de coco?  Leia mais


·      DESCRIÇÃO: O óleo de coco é um tipo de óleo vegetal que é extraído da polpa dos cocos pelo processo de prensagem. É essencialmente composto por gorduras e em sua maior parte as saturadas, que são formadas basicamente por ácidos graxos, além de vitamina E e antioxidantes. A presença desses componentes é o fator responsável pelos seus inúmeros benefícios, sendo eles: redução dos níveis de colesterol, promoção da saciedade, aceleração do metabolismo, redução da prisão de ventre e fortalecimento do sistema imunológico. Este produto pode ser encontrado na forma líquida ou em cápsulas. 

        Apesar dos benefícios do óleo de coco serem múltiplos, ainda em alguns casos seu uso pode ser controverso. Deste modo, o presente trabalho visa elucidar as suas propriedades antifúngicas com o objetivo de responder a seguinte indagação: O uso de cápsulas de óleo de coco na forma de suplemento alimentar reduz as chances de desenvolvimento de Candidíase?

 

·  FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS: É importante analisarmos primariamente as informações nutricionais presente no rótulo do produto. A suplementação com óleo de coco costuma ser entre 2 a 4 cápsulas de 1g por dia, que devem ser tomadas antes das refeições principais O componente de maior concentração incluso na porção de 4g são as gorduras saturadas, do tipo TCM (Triglicerídeos de cadeia média), composto principalmente pelo ácido láurico, caprílico e cáprico. Estas substâncias apresentem ação antifúngica especialmente em cepas de Candida Albicans, gerando a ruptura da parede celular, desintegração da membrana plasmática e inibição do crescimento da célula de levedura.

 

Informações nutricionais presente no verso da embalagem 
de cápsulas de óleo de coco. (Fonte: www.copraalimentos.com.br)


·   LEGISLAÇÃO: O óleo de coco em cápsulas é considerado um suplemento alimentar. É composto por uma fonte natural de vitaminas e ou minerais, legalmente regulamentados por Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ). Este produto segue as recomendações da PORTARIA Nº 32, DE 13 DE JANEIRO DE 1998, ANVISA. 

       Dentre várias resoluções, destaca-se a permissão do  uso de aditivos, coadjuvantes de tecnologia excipientes constantes na legislação de alimentos e outros reconhecidos pela Farmacopeias e Compêndios oficialmente aceitos, desde que justificadas as necessidades tecnológicas e observados seus limites de segurança. Neste caso, está presente na lista de ingredientes: a gelatina para a formação de cápsulas e glicerina na forma de umectante da formulação. O produto cumpre também a determinação que proíbe toda e qualquer expressão que se refira ao uso do suplemento para prevenir, aliviar, tratar uma enfermidade ou alteração do estado fisiológico. 

        Já a legislação internacional é pautada nas diretrizes do CODEX ALIMENTARIUS - CAC/GL 55 – 2005. Apresenta definição similar da ANVISA com características muito semelhantes nos tópicos de composição, embalagem e rotulagem. As vitaminas e minerais, assim como seu grau de pureza e os valores mínimo e máximo de consumo seguem os padrões da FAO/OMS. 

 

·   DISCUSSÃO: C. albicans, um patógeno fúngico comum, faz parte da flora normal do trato gastrointestinal e é bem regulado pelo sistema imunológico. Quando esse está comprometido, entretanto, o fungo pode se espalhar além do trato gastrointestinal e causar doenças. Nas mulheres, a candidíase vaginal é comum e em muitos casos pode se tornar crônica. O tratamento utilizado normalmente é composto por antifúngicos bem estabelecidos no mercado, como fluconazol na forma de comprimidos ou cremes vaginais. Contudo, o uso repetido de drogas antifúngicas pode levar a formação de cepas resistentes.

       Assim, o uso de óleo de coco em cápsulas como alternativa farmacológica, vem sendo abordada em diversos estudos científicos. Em um estudo de laboratório de 2007, a Trust Source, descobriu que o óleo de coco ajudou a matar uma espécie de levedura. Os pesquisadores descobriram que a cepa de Candida albicans foi a mais suscetível ao óleo de coco concentrado. Já em 2015, um estudo liderado pela microbiologista Carol Kumamoto e pela cientista de nutrição Alice H. Lichtenstein, constatou que uma dieta rica em óleo de coco em ratos, reduziu drasticamente o número de cepas de C. albicans no intestino em comparação com uma dieta rica em óleo de soja ou sebo bovino.

         No caso de pacientes com candidíase crônica, é recomendado a chamada “The Candida diet”. Esta foi projetada para melhorar a saúde intestinal, reduzir a inflamação e aumentar a imunidade. Os princípios da dieta incluem remover açúcares adicionados, consumir alimentos fermentados e evitar gatilhos pró-inflamatórios, como glúten e alimentos processados. O consumo de cápsulas de óleo de coco como suplemento nutricional é recomendado e amplamente utilizado por pacientes que fazem uso deste tipo de dieta.

 

·   CONCLUSÃO: Fica nítido que o uso do óleo de coco é capaz de reduzir infecções fúngicas em indivíduos suscetíveis, apesar de não ser um método profilático comprovado. Contudo, mais pesquisas são necessárias para determinar os possíveis efeitos do uso em curto e longo prazo em abordagens terapêuticas. Ainda, é importante salientar que o óleo de coco em cápsulas não pode ser considerado um medicamento pela legislação brasileira. Como qualquer produto alimentício, possui vantagens e desvantagens no seu consumo diário. Logo, o seu uso deve ser avaliado por um profissional de saúde qualificado, de acordo com o quadro fisiopatológico de cada paciente.

 

·        REFERÊNCIAS:

- Copra Alimentos – Disponível em: http://www.copraalimentos.com.br/nossosprodutos/oleo-de-coco-extravirgem-capsula/

- Tufts University, Health Sciences Campus. "Coconut oil can control overgrowth of a fungal pathogen in GI tract, study in mice suggests." ScienceDaily, 18 November 2015.

- Health Line – Disponível em: https://www.healthline.com/health/womens-health/coconut-oil-for-yeast-infection

- The Candida Diet – Disponível em: https://www.thecandidadiet.com/coconutoil/#How_Does_Coconut_Oil_Work

- Review Box – Disponível em:  https://www.reviewbox.com.br/oleo-de-coco/














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