Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Consumo de bebidas isotônicas, como o Gatorade, pelo público infantil e não atleta.


O suor faz mágica? Decifrando o que existe por trás do rótulo.



DESCRIÇÃO

O Gatorade, uma marca de bebidas isotônicas que encontra-se a cerca de mais de 50 anos no mercado é considerado um dos isotônicos mais populares e sua venda é livre, podendo encontrar em estabelecimentos como supermercados, padarias, restaurantes, até farmácias e drogarias. 

Segundo o fabricante, o Gatorade é uma bebida esportiva isotônica desenvolvida cientificamente, para repor rapidamente os líquidos e sais minerais perdidos com o suor. Indicado para consumo antes, durante e/ou depois dos exercícios. São chamados isotônicos por apresentarem osmoralidade semelhante à do sangue, o que facilita a absorção.

O consumo voluntário dessas bebidas chega a ser maior do que o de água, por causa de sua palatabilidade e pela presença de características como temperatura da bebida, "doçura", sabor e intensidade do gosto na boca e acidez influenciam a aceitabilidade do produto e estimulando seu consumo.

Portanto, o presente trabalho visa trazer informações em relação a composição nutricional e a relação de ingredientes na formulação que nos permita concluir os riscos e benefícios que o consumo possa oferecer. Tendo como foco o público infantil e não atleta, visto que é um produto de fácil acesso e por ter um gosto atrativo (palatabilidade atraente) estimula ainda mais seu consumo. Buscamos responder se esse consumo exagerado pode trazer malefícios para o público em questão?

FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS

 


           

  Numa garrafa de 500mL (comumente encontrada nos estabelecimentos) chegamos a ter a concentração de 230mg de sódio e além disso a presença de alto teor de açúcar e baixo nível de pH (o que nos remete a um pH ácido), informações essas que nos permitem associar a um aumento no risco de cáries, desgaste do esmalte dos dentes e aumento na incidência de obesidade. 

LEGISLAÇÃO

As bebidas isotônicas estão classificadas como “alimentos para atletas” segundo a RDC n° 18, de 27 de abril de 2010 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, que tem como objetivo estabelecer a classificação, a designação, os requisitos de composição e de rotulagem dos alimentos para atletas. Essa RDC apresenta requisitos importantes frente a informações sobre concentração de sódio, osmolalidade, carboidratos, potássio, presença de vitaminas e nutrientes, presentes em seu art 6º.

Ainda em seu art 4º, Inciso II temos a definição para esse produto como: Suplemento hidroeletrolítico para atletas: produto destinado a auxiliar a hidratação;

Ainda sobre bebidas isotônicas ou hidroeletrolítica, de acordo com a Portaria nº 222, de 24 de março de 1998 do Ministério da Saúde, são bebidas especialmente formuladas para praticantes de atividades físicas, com o objetivo de reposição hídrica e eletrolítica.

DISCUSSÃO

 Considerando suas propriedades hidroeletrolíticas, podemos notar que podem apresentar efeito danoso sobre os dentes, devido ao seu baixo pH e presença de ácido cítrico em sua composição. Essas características fazem com que apresentem elevado potencial erosivo aos dentes, especialmente quando consumidas de forma excessiva e/ou por períodos prolongados.

Com o nível calórico médio, ele apenas fica atrás de outros na porcentagem de potássio. Com alto teor de sódio, ele deve ser evitado por quem não pratica exercícios, sofre de insuficiência cardíaca, hipertensão arterial ou doenças renais e principalmente por crianças. Principalmente levando em consideração as orientações da OMS que indicam a ingestão de menos de 2 gramas de sódio por dia, sendo esse o valor máximo. Esse limite também é válido para as crianças acima de dois anos, mas pede reajustes para valores ainda menores conforme idade, peso e necessidades calóricas de cada uma.

E ainda segundo a organização, a pressão alta na infância pode se estender para a vida adulta, aumentando o risco de males como hipertensão e doenças cardiovasculares.

CONCLUSÃO

 Face ao exposto, diante do elevado consumo de bebidas esportivas por crianças e adolescentes não atletas, esse artigo objetiva trazer melhores informações e estudos acerca da hipótese tratada.

E confirmando a hipótese de que seu consumo excessivo e sem indicação pode sim trazer alguns malefícios como: dificuldade de perda de peso, sobrecarrega dos rins e podem contribuir para o aumento da pressão sanguínea.

A ANVISA recomenda que bebidas isotônicas sejam consumidas apenas por atletas, depois de uma atividade física pesada ou indicada por um especialista. Ou seja, não ser consumidas como uma alternativa para matar a sede ou para hidratação, substituindo sucos, chás e, principalmente, a água.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 RDC nº 18, de 27 de abril de 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/res0018_27_04_2010.html> Acessado em: 20/09/2020 às 23:33

CAVALCANTI, Alessandro Leite et al. Avaliação in vitro do potencial erosivo de bebidas isotônicas. Rev Bras Med Esporte, Niterói, v. 16, n. 6, p. 455-458, Dez. 2010.

Portaria nº 222, de 24 de março de 1998. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs1/1998/prt222_24_03_1998.html> Acessado em: 03/10/2020 às 09:03

Committee on Nutrition and the Council on Sports Medicine and Fitness Pediatrics. Sports Drinks and Energy Drinks for Children and Adolescents: Are They Appropriate? Jun 2011, 127 (6) 1182-1189.

 


Um comentário:

  1. Considerando que os reidratantes orais são soluções para prevenção da desidratação e manutenção da hidratação, estes devem ser consumidos principalmente por indivíduos que praticam esportes. Sendo assim, tenho que concordar que, analisando o alto teor de componentes como sódio, ácido cítrico e açúcares, seria danoso a crianças e adolescentes em fase de crescimento. O consumo excessivo ou sem que haja recomendação médica pode levar a quadros precoces.

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