Existe uma diversidade muito grande de leites especiais para alimentação
dos bebês. O Enfamil Soja Premium é um exemplo desses leites. Porém, será que
esses leites possuem nutrientes adequados e suficientes para substituir o leite
materno?
Composição do Enfamil® Soja Premium
Para a primeira fase da vida de uma
criança, a alimentação com o leite materno é muito importante, pois nele
reúnem-se características nutricionais ideais que se encontram em equilíbrio,
além de beneficiar com inúmeras vantagens imunológicas e psicológicas,
importantes na diminuição da morbidade e mortalidade infantil. É composto por
proteínas, carboidratos, minerais e vitaminas.
Os leites especiais para alimentação dos
bebês são chamados de infant-fórmulas e são comercializados com a idéia de
substitutos do leite humano. Os fabricantes desse tipo de alimentação garantem
que a composição desses produtos é preparada para mimetizar o leite humano produzido
cerca de um a três meses após o parto. Essas são classificadas como fórmulas de
partida, seguimento ou destinadas às necessidades nutricionais específicas. A
diferença entres essas fórmulas está de acordo com suas indicações, fontes e teores de proteínas,
carboidratos, lipídios e micronutrientes. No
presente trabalho iremos utilizar como exemplo o Enfamil®
Soja Premium. É uma fórmula Infantil com ferro não láctea, sem lactose, à base
de proteína isolada de soja para lactentes do nascimento ate 12 meses, que
fornece suporte nutricional, sem proteínas do leite. Recomendado para
intolerância dissacarídeo e galactosemia, muitas vezes associada com diarréia e
cólicas. Sua fórmula não contém glúten, contém ácidos graxos de cadeia longa
como DHA (ácido docosahexaenóico) e ARA (ácido araquidônico), são ácidos graxos
essenciais, que também são fornecidos ao bebê pelo leite humano. Esses ácidos
devem ser adquiridos via alimentação, isso porque o organismo humano não
consegue sintetizá-los.
O DHA está comprovadamente relacionado com
o desenvolvimento visual e com a progressão no desenvolvimento de linguagem.
Com a diminuição desse ácido na alimentação pode-se gerar uma redução da função
visual, déficits de aprendizado e alterações no metabolismo de dopamina e
serotonina. O ARA está presente nas membranas celulares e é fundamental para
que o crescimento ocorra normalmente. Possui função de sinalização e divisão
celular, e atua como precursor dos eicosanóides e leucotrienos , que estão
envolvidos na transmissão sináptica.
A tabela abaixo encontra-se no rótulo no Enfamil®
Soja Premium, apresentando os componentes desse leite:
Tabela 1: Composição do rótulo do Enfamil®
Soja Premium.
Os
ingredientes fornecidos no rótulo do leite são: Sólidos de xarope de milho, isolado de proteína de soja,
óleo de palma, óleo de coco, óleo de soja, óleo de girassol, de ácido oleico
elevado, fosfato de cálcio, o ácido araquidónico (ARA) e ácido docosahexanóico
(DHA) óleos células unicelular, de potássio, citrato de potássio, fosfato de
magnésio, a L-metionina, carbonato de cálcio, inositol, ascorbato de sódio,
cloreto de colina, taurina, sulfato ferroso, acetato, dl-alfa tocoferol,
sulfato de zinco, cloreto, L- carnitina, palmitato de vitamina A, niacinamida,
L-ascorbil palmitato (antioxidante), fitonadiona, ácido ascórbico, pantotenato
de cálcio, biotina, cianocobalamina, sulfato de cobre, colecalciferol,
cloridrato de tiamina, riboflavina, cloridrato de piridoxina, iodeto de
potássio , ácido fólico.
Legislação
De
acordo com a Portaria 977/98, que aprova o regulamento técnico referente às
Fórmulas Infantis para Lactentes, na formulação do produto deve haver no
mínimo 1,8g por 100 kcal disponíveis de proteína de qualidade nutricional
equivalente à da caseína. Levando em conta esta exigência, o Enfamil® Soja
Premium está em conformidade (observar tabela 1).
O
produto contém ácido linoléico em quantidade superior a 300 mg por 100 kcal disponíveis
(ou 70 mg por 100 kJ disponíveis), estando em 445mg. Portanto, está em
conformidade com a Portaria 977/98
Outros
nutrientes podem ser adicionados quando necessário para proporcionar aqueles
normalmente encontrados no leite materno e para garantir que a formulação
seja adequada como única fonte de nutrientes para o lactente.
Segundo
a legislação, o produto deve ser isento de grumos e partículas grossas,
passível de escoamento através do bico plástico ou de borracha macia. No
entanto, não fica claro qual a definição de partículas grossas, dificultando a
identificação e adequação deste quesito.
Segundo
a Portaria 977/98, a rotulagem das Fórmulas Infantis para lactentes devem
seguir as regras já estabelecidas para alimentos em geral e além disso, as
específicas para este tipo de produto contidos na Norma Brasileira para
Comercialização de Alimentos para Lactantes. Na rotulagem das Fórmulas
De
acordo com esta Norma, destaca-se os seguintes pontos à respeito da rotulagem do
produto analisado neste trabalho:
Ø No rótulo do produto está explícito e em
tamanho grande a frase "não contém leite ou produtos lácteos"
, pois não possui ou qualquer outro derivado lácteo em sua formulação, estando
de acordo com a legislação.
Ø A fonte protéica do produto está claramente
indicada no rótulo.
Ø O produto contém mais de 1 mg de ferro por 100
kcal, porém em seu rótulo não encontramos a frase "Fórmula Infantil com
Ferro", "Leite Infantil com Ferro" ou "Fórmula Infantil
com Ferro à Base de Leite", estando fora de conformidade do que é
preconizado pela legislação.
Ø Não há nenhum tipo de imagem ou ilustração de
bebês no rótulo, estando em conformidade com a legislação.
Fundamentos
Bromatológiocos
A fonte protéica
principal no caso deste produto é a proteína de soja. Ela vem em forma de
xarope de milho, isolado da proteína de soja.
O isolado proteico de
soja é o produto mais sofisticado produzido a partir do farelo, ele é
constituído por 85 a 90% de proteína de soja. Contém isoflavonas da soja, e
possui baixos teores de óleos, gorduras e carboidratos. As principais
isoflavonas da soja são a genisteína e a daidzeína, e seus respectivos
glicosídeos, genistina e daidzina. Em menores quantidades ainda é encontrada a
gliciteína e seu glicosídeo, glicitina.
A
solubilidade das proteínas pode ser observada a partir da quantidade de
nitrogênio protéico que é solubilizado ou do índice de dispersabilidade. A
Solubilidade das proteínas de soja está diretamente relacionada com o pH sendo
que é menor próxima a seu ponto isoelétrico e máxima próxima a pH 7. Sais
afetam negativamente a capacidade de solubilização da proteínas.
Proteínas
normalmente são boas retentoras de água. O grau de retenção de água de uma
proteina vai depender principalmente da sua capacidade de hidratação que é
dependente fortemente do pH. As proteínas tem a menor capacidade de retenção de
água no seu ponto isoelétrico, logo, uma proteína estabilizada em seu pH
isoelétrico terá uma baixa capacidade de retenção de água.
Conclusão
Pode-se concluir que o leite
analisado nesse trabalho tem a possibilidade de ser utilizado como substituto
do leite materno, quando a mãe possui algum problema que a impeça de amamentar
ou o lactente possui alguma restrição. Não se pode deixar de enfatizar que o
leite materno/ humano é de grande importância para a saúde e desenvolvimento do
recém-nascido, por isso ele é prioridade na alimentação desse. Não existe a
necessidade de trocar o leite materno por uma infant-fórmula não se observe
algum desses problemas.
Referências
- Bentes, Deila et al .A
importância dos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa na gestação e lactação. Rev. Bras. Saude
Mater. Infant. vol.7 no.2 Recife Apr./June 2007
- TINOCO, Sandra et al. Importância dos ácidos graxos essenciais e os efeitos dos ácidos graxos
trans do leite materno para o desenvolvimento fetal e neonatal. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, 23(3):525-534, mar, 2007.
- Codex Alimentarius
Commission. JOINT FAO/WHO Food Standards Programme. Codex Standard for Infant
Formula - Codex STAN 72 -1981 (amended 1983, 1985, 1987), vol 4, 2nd ed., Rome.
1994.
O leite materno possui: proteínas, lipídios, carboidratos, vitamina A, D, E, K e C, niacina, piridoxina, cálcio, fósforo, ferro, zinco, água, sódio, cloro, potássio, folato, riboflavina, tiamina, vitamina B12 além de todos os compostos bioquímicos imunológicos que agem como uma vacina contra diversas doenças e auxiliam na maturação de todo o trato gastrointestinal do bebê. Apesar destas formulações estarem avançando com o tempo possuem produção industrial, armazenamento, transporte e diversos outros fatores que podem contribuir com sua qualidade, enquanto que as mulheres evoluíram por milhares de anos para fazer algo perfeito e apenas precisam estar saudáveis para amamentar. Trabalhos e outras coisas tomam o tempo, uma ama-de-leite ou complementação com estas formulações seria ate mesmo válida mas não a privação total do leite materno.
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ResponderExcluirO leite de soja Enfamil, analisado pelo estudo, está em conformidade com os requisitos de qualidade estabelecidos pela Portaria 977/98, uma vez que sua composição está condizente com o teor de minerais e vitaminas estabelecidos no rótulo do produto. Contudo, esse fato não assegura ao consumidor que este produto está apto para substituir o aleitamento materno. O leite da mãe além de conter os minerais e vitaminas essenciais contidos no Enfamil, contém anticorpos e glóbulos brancos, responsáveis por estimular o sistema imune da criança prevenindo assim doenças, como por exemplo meningite e pneumonia. É válido que o produto seja uma fonte alimentar complementar para a criança mas não é recomendado que este produto substitua o processo de amamentação.
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ResponderExcluirO leite materno não deveria ter competidores, mas infelizmente muitas vezes é necessário a substituição do mesmo por algum leite que não prejudique a alimentação do bebê. Após ler esse texto, constatei algumas referências interessantes sobre o leite de cabra, muito parecido quimicamente com o leite materno. Em suma, esse pode ser um alimento melhor que o leite de vaca.
ResponderExcluirBeber leite de cabra cru é mais fácil de digerir do que o leite de vaca, e existe uma diferença real na estrutura das moléculas. Muitas pessoas são intolerantes ao leite de vaca sem que saibam e a mudança para leite de cabra pode ser um benefício para a sua digestão. Em muitos países, especialmente em regiões agrárias, é comum a utilização de leite de cabra para a alimentação de bebês, em substituição ao leite materno e à amamentação. No entanto, o auxílio medico e nutricional é de extrema importância na troca de qualquer leite para uma criança. O leite de cabra por exemplo, embora traga muitos benefícios, pode causar anemia megaloblástica quando utilizado sem suplementação de ácido fólico. No caso de ''Enfamil'' à base de soja, o mesmo deve ser constatado com o auxílio nutricional para cada criança baseado em exames prévios quandoo leite materno não puder ser o principal suplemento até os seis meses de idade.