Leite Ninho Fases 1+: Saber tudo que tem, faz bem
Com a campanha "Saber tudo
que tem" , a Nestlé convidou seus consumidores a navegar em vídeos que
demonstram o processo fabril de seus produtos. Convidamos você a analisar mais
profundo e criticamente a composição nutricional do Leite Ninho Fases 1+.
Afinal, faz bem ou não?
Descrição do Produto
Pensando na fase inicial de vida
das crianças, a Nestlé desenvolveu o produto NINHO FASES 1+, com PREBIO 1. Este
tem como objetivo contribuir para a ingestão diária do leite para crianças de
até 1 ano de idade. É composto de proteínas e ácidos graxos, carboidratos,
fonte de biotina, cálcio, zinco e vitaminas, além de fibras prebióticas, que
são importantes para o desenvolvimento intestinal.
Ingredientes: Leite
parcialmente desnatado, xarope de milho, lactose, óleo de milho, óleo de
canola, oleína de palma, frutooligossacarídeos, sais minerais, vitaminas e
emulsificante lecitina de soja. NÃO CONTÉM GLÚTEN.
Composição nutricional:
Fundamentos Bromatológicos e Legislação
O leite materno é fundamental
para o saudável desenvolvimento das crianças, principalmente nos primeiros seis
meses de vida, pois fornece nutrientes em quantidades e composições adequadas,
além de fortalecer o sistema imunológico.
As infant fórmulas, segundo
definição do Codex Alimentarius, deverão ser substitutos do leite materno,
satisfazendo as exigências nutricionais dos lactentes durante os primeiros
meses de vida até a introdução adequada à alimentação.
A ANVISA estabelece alguns
limites mínimos e máximos dos nutrientes nas fórmulas infantis, na Portaria nº
977, de 05 de dezembro de 1998:
Proteínas:
Deve conter no mínimo 1,8g por
100 kcal disponíveis (ou 0,43g por 100 kJ disponíveis) de proteína de qualidade
nutricional equivalente à da caseína ou maior quantidade de outra proteína em
proporção inversa ao seu valor biológico. A qualidade da proteína não deve ser
inferior a 85% da caseína. A quantidade total de proteína não deve exceder a 4
g por 100 Kcal disponíveis ( ou 0.96 g por 100 kJ disponíveis). Podem ser
adicionados aminoácidos isolados somente para melhorar o valor nutricional da
fórmula para lactentes.
Lipídeos:
O produto deve conter ácido
linoléico ( em forma de triglicerídios ) em quantidade não inferior a 300 mg
por 100 kcal disponíveis ( ou 70 mg por 100 kJ disponíveis) e gordura em
quantidade não inferior a 3,3 g e nem superior a 6,0g por 100 kcal disponíveis
( ou não inferior a 0,8g nem superior a 1,5 g por 100 kJ disponíveis).
Vitaminas, Minerais e Colina:
O produto deverá conter os teores
mínimos e máximos de vitaminas, minerais biodisponíveis e colina por 100 kcal disponíveis
(ou por 100 kJ disponíveis) conforme Anexo A, disposto no documento.
Discussão
Primeiramente, analisando os carboidratos
presentes no leite, temos o principal componente a lactose, que é majoritário
no leite materno também. Entretanto, temos mais três tipos de açúcares
adicionados, como o xarope de milho, inulina e frutooligosacarídeos. Assim, a
cada copo de 200 mL, há um consumo médio de 15 g de açúcar (incluindo a
lactose), podendo chegar próximo de 50 g diários, caso a criança beba três
vezes ao dia, muito próximo da IDR recomendada para a faixa etária até seis
meses (60 g) e até 1 ano (95 g).
A composição protéica se baseia
em leite de vaca desnatado, onde há maior quantidade de caseína. Segundo muitos
estudos, o alto consumo do leite de vaca pode desencadear doenças como a
intolerância à lactose e alergia à proteína do leite, ocorrência de diarréia,
anemia, entre outras doenças. A caseína forma uma
coagulação mais “pesada”, o que contribui para uma pior digestibilidade dessas
fórmulas infantis. Seria interessante uma composição protéica com predominância
de lactoalbumina e lactoglobulina, que estão presentes no leite materno.
Em relação às quantidades de
vitaminas e sais minerias temos algumas quantidades elevadas. Visto a IDR
recomendada até 1 ano ( 270 mg de Cálcio e 370 mg de Sódio), em apenas um copo
de 200 mL, já temos 241 e 73 mg de Cálcio e Sódio, respectivamente. Os valores
tabelados no rótulo levam em consideração uma necessidade energética de 2000
kcal, um valor irreal para recém nascidos até 1 ano. De qualquer forma, há uma
boa variedade de eletrólitos e vitaminas na composição, importantes para as
crianças.
A adição de prebióticos pode ser
interessante do ponto de vista de estímulo a um bom crescimento da flora
intestinal e funcionamento do intestino. Entretanto, faltam no leite
substâncias como ácido araquidônico (ARA) e ácido docosahexaenóico (DHA),
importantes no desenvolvimento visual e cerebral.
Conclusões
As infant
fórmulas são usadas em substituição ao leite materno por crianças de até
um ano de idade, que não podem ser amamentadas pela mãe. Elas devem mimetizar o
melhor possível o leite materno, mas devido à complexidade deste último, até
hoje não se conseguiu alcançar a fórmula “perfeita”. É de suma importância que
haja amamentação , sendo esses leites infantis uma escolha bem pensada e
orientada por médicos e nutricionistas.
O
produto analisado apresenta uma interessante composição nutricional, todavia
com algumas quantidades aumentadas ou faltantes de nutrientes. A adição de
prebióticos, vitaminas e eletrólitos enriquece a formulação, mas o excesso
desses componentes podem causar malefícios. Além disso a adição de outros
açúcares alem da lactose e a composição protéica não estão dentro do que se
considera ideal.
È
importante também verificar que as propagandas em cima desse tipo de alimento é
forte, e isso não deve influenciar na escolha do produto ou na substituição do
aleitamento por infant fórmulas.
Referências
ANVISA, PORTARIA
Nº 977, DE 5 DE DEZEMBRO DE 1998. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/fac129804aaa96309eedde4600696f00/Portaria_n_977_de_05_de_dezembro_de_1998.pdf?MOD=AJPERES>
ANVISA,
RDC Nº 43, DE 19 DE SETEMBRO DE 2011. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d8361b804aaa96d79ef6de4600696f00/Resolucao_RDC_n_43_de_19_de_setembro_de_2011.pdf?MOD=AJPERES>
CODEX ALIMENTARIUS - STANDARD FOR INFANT
FORMULA AND FORMULAS FOR SPECIAL MEDICAL PURPOSES INTENDED FOR INFANTS; CODEX
STAN 72 – 1981, pp 1-21.
http://ervasespeciarias.com.br/ingestao-diaria-recomendadas-recomendacoes-nutricionais-necessidades-referencia-de-ingestao-diarias/
http://propaganut.wordpress.com/2013/05/09/leite-ninho-1-bom-ou-nao-para-as-criancas/
Alunos: Guilherme Silva Cruz e Leonardo Moreira Schulz
Muito interessante o post, mas vale lembrar que o Ninho Fases 1+ é voltado para crianças acima de 1 ano e as IDR utilizadas para análise e comparação são para crianças de até 1 ano, logo elas provavelmente não se adequam ao leite. Talvez por isso o leite busque mimetizar o leite de vaca e não o materno, visto que, para as crianças para qual o leite é direcionado, elas já teriam o sistema digestório mais apto a tolerar o leite de vaca. A criança menor de 1 um ano deve consumir fórmulas (como o Aptamil) e não Ninho Fases 1+, porque esse produto é apenas suplementação alimentar.
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