Na era da preocupação
com a melhor forma corporal, está cada vez mais comum as pessoas procurarem
nutricionistas em busca da dieta perfeita, que prometa o corpo ideal no menor
tempo possível. Na maioria dos casos, as restrições calóricas impostas nesses
tratamentos envolvem o corte de certos alimentos, em especial os que possuem
grande teor de carboidratos. Por tal motivo, um dos principais alvos das dietas
é a famosa mistura brasileirinha do feijão com arroz. Ricos em carboidratos, a
mistura desses alimentos no prato representa um ganho calórico imenso. Porém,
se levarmos em conta outros nutrientes, tal combinação se faz necessária, uma
vez que as proteínas contidas em um são complementares às existentes no outro.
Por Magno Maciel Magalhães e Thamara de Carvalho Mendes
Essa complementaridade
ocorre porque os grãos de arroz contêm o aminoácido Metionina, enquanto os de
feijão, Lisina. Esses aminoácidos são, digamos assim, “pedacinhos de
proteínas”, e são chamados de “essenciais” porque nosso corpo não consegue
produzi-los, ou seja, devemos obtê-los através da alimentação. Além disso, no
feijão também temos um teor muito baixo de Cisteína, aminoácido que nosso corpo
consegue produzir, mas que em certos casos, a produção é muito baixa, como em crianças
prematuras, por exemplo.
Fisiologicamente, a
importância desses aminoácidos se dá porque nosso corpo utiliza esses
nutrientes para poder sintetizar nossas proteínas. Quando ingerimos os dois
juntos, temos um aumento na eficiência da produção protéica e, consequentemente,
uma melhor regeneração de tecidos no organismo inteiro. Essa mistura tão
completa de nutrientes geralmente está presente apenas em carnes, o que não é
tão vantajoso assim, pois uma parcela grande da população atual não consome alimentos
de origem animal, seja por opção, estilo de vida ou por condições médicas.
Por esses motivos
expostos acima, e pensando nas pessoas que querem ou precisam evitar a mistura
brasileirinha, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais,
desenvolveram dois métodos para tentar solucionar o problema. O primeiro se
trata do recobrimento de grãos de feijão com uma cera de carnaúba, que é
natural e comestível, contendo os nutrientes do arroz. O segundo é uma
“embalagem”, capaz de conter os nutrientes do feijão e liberá-las no arroz,
durante seu preparo. Essa embalagem é um filme biodegradável de celulose,
contendo as proteínas no feijão. O arroz se encontra dentro do saquinho, que
deve ser cozido juntamente com o arroz. Dessa forma, os nutrientes contidos
nele passam para o arroz durante o cozimento. Dessa forma, a pessoa pode
escolher entre comer apenas arroz ou somente feijão, sem ter muitas perdas
nutricionais em relação às proteínas de um ou outro.
Os revestimentos
utilizados não podem oferecer nenhum risco à saúde do consumidor, e devem ser
aprovados pela legislação vigente. Geralmente são utilizados com a função de
proteção do alimento, mas o seu uso como fortificante tem crescido nos últimos
anos. A cera de carnaúba, por exemplo, tem sido utilizada como protetora contra
o crescimento de fungos em frutos, aumentando assim o tempo de prateleira
desses. Ela se encontra no Inventário de Substâncias Utilizadas como
Coadjuvantes de Tecnologia, elaborado pelo Comitê Codex Alimentarius de Aditivos
Alimentares (CCFA). Como a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
não possui legislação específica para revestimentos comestíveis, estes são
considerados ingredientes, quando incrementam o valor nutritivo do alimento, ou
como aditivos, quando não o fazem. Nesse caso, à Portaria nº540/97 que trata
sobre o uso de aditivos e coadjuvantes de tecnologia. Já a embalagem de
celulose do arroz obedece a Portaria nº177/99, que trata de embalagens e
equipamentos celulósicos em contato com alimentos.
Apesar destes alimentos
enriquecidos serem muito promissores, ainda estão em estudo e não se encontram disponíveis
para o consumo até o presente momento. Porém, muito em breve teremos essa
excelente opção para quem deseja eliminar parte dos carboidratos da dieta, sem
perder o valor nutritivo da mistura do feijão com arroz. Em relação às
legislações, acreditamos que com o aumento da produção de alimentos revestidos,
a ANVISA deveria buscar lançar uma norma sobre o assunto, para que as
indústrias não tenham que se valer de decretos e portarias antigas, que não
tratam a fundo desse assunto.
Referências:
SOUZA, S. – Revestimento ativo enriquecido com
aminoácidos em feijão-comum. Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais;
2010.
LUVIELMO, M.M., LAMAS,
S.V. – Revestimentos comestíveis em
frutas. Estudos tecnológicos em engenharia, 8(1); 8-15 - Unisinos; 2012
SVS/MS - Ministério da
Saúde. – Portaria nº 177, de 04 de março
de 1999: Disposições Gerais Para Embalagens e Equipamentos Celulósicos em
Contato com Alimentos - Secretaria de Vigilância Sanitária, 1999.
ANVISA - Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - Resolução
nº 27 de 26 de maio de 2009: Cera de Carnaúba - Extensão do Uso, 2009.
SVS/MS - Ministério da
Saúde. – Portaria nº 540, de 27 de
outubro de 1997: Aditivos Alimentares – Secretaria de Vigilância Sanitária,
1997.
O tema abordado é muito interessante, visto a busca pelo emagrecimento com diminuição dos carboidratos da dieta. Achei o texto esclarecedor e conciso, englobando o assunto de forma eficiente.
ResponderExcluirMariana Pedrollo Dantas
DRE: 110084015
Arroz e feijão são, de fato, uma dupla inseparável devido à riqueza de nutrientes. Historicamente, uma das hipóteses da origem do prato no cardápio brasileiro se deu por meio da miscigenação.
ResponderExcluirO consumo desses alimentos juntos traz mais benefícios à saúde que quando os ingerimos separadamente. Apesar de ser uma rica fonte proteica, o feijão guarda certa desvantagem isoladamente, pois o organismo não consegue digerir todas as proteínas que ele oferece. Porém, quando o alimento é consumido com outro cereal, como o arroz, o organismo consegue fazer a digestão de todas as vitaminas e proteínas.
O consumo diário desses alimentos também ajuda a prevenir doenças. A fibra do arroz e a do feijão reduz o risco de distúrbios cardiovasculares, diabetes, câncer de cólon, entre outros. Além do mais, contribuem para um melhor funcionamento do intestino.
A solução proposta, para quem não quer optar por essa mistura de arroz com feijão, parece uma excelente saída para manter o valor nutritivo do prato eliminando parte dos carboidratos da dieta.
Por: Thacid Kaderah C. Medeiros