Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 7 de junho de 2014

Coca Cola® Zero mata a sede? Como ocorre a hipernatremia causada pela ingestão de sódio presente nesse produto.


Com certeza vocês já devem ter tomado um refrigerante bem gelado para matar a sede em um dia quente de verão, mas será que essas bebidas realmente saciam a sua sede? A Coca cola® zero, por exemplo, possui uma quantidade bem menor de açúcar (zero açúcar) do que a Coca cola® convencional, o que levam pessoas que visam ter uma dieta mais “light” a optarem pela Coca cola® zero. Porém, muitos não sabem, mas a Coca cola® zero ao invés de matar a sede, pode aumentá-la ainda mais, em consequência da hipernatremia causada pela ingestão do sódio presente neste produto. Será essa a melhor alternativa para saciar a sua sede?

Por: Luna Clara e Thacid Medeiros


Descrição

Desde sua introdução no mercado brasileiro, em 2007, a Coca-Cola® Zero tem ganhado espaço principalmente de pessoas que visam ter uma dieta mais “light”. Com isso, pessoas ao invés de beber água quando estão com sede, passam a tomar refrigerantes, como por exemplo, a Coca-Cola® Zero, pois acham que é uma forma de eliminar a sede com um alimento “light”. Mas será essa a melhor alternativa para saciar a sua sede?
Muitos não sabem, mas a Coca cola® zero apresenta uma quantidade muito grande de sódio (aproximadamente 50mg de sódio em uma lata de 350 ml) e esse componente pode provocar um aumento da tonicidade sanguínea, que consequentemente produz a sensação de sede. Isso acontece por conta da hipernatremia caracterizada pelo excesso de sódio no sangue, que pode ocorrer quando ingerimos muito sal na dieta, aumentando a concentração de sódio sanguínea e, acarretando em uma desidratação intracelular.
Como a concentração do íon sódio no liquido extracelular aumenta muito, cria-se um gradiente osmótico que resulta na movimentação da água para fora das células. A conservação renal de água (pela liberação do hormônio antidiurético – HAD) e a sede constituem os dois mecanismos essenciais no combate da hipernatremia. São os centros nervosos do hipotálamo, os centros da sede, que detectam esse aumento da tonicidade e produzem a sensação de sede.

Fundamentos Bromatológicos

A informação nutricional na embalagem dos produtos alimentícios é obrigatória e geralmente são apresentadas as quantidades por porção e porcentagem referente à recomendação diária daquele nutriente. Outra informação importante presente nos rótulos dos alimentos é a composição dos mesmos, listados na ordem decrescente de concentração.
Como identificar se um alimento é rico em sódio? Se a quantidade de sódio for superior a 400mg em 100g do alimento, este é considerado um alimento rico em sódio, sendo prejudicial à saúde, devendo ser evitado.
A Coca Cola® Zero possui aproximadamente 50mg de sódio em 350ml, portanto, não é considerada um produto rico em sódio, mas ainda pode causar complicações como a hipernatremia e aumento da pressão arterial, se ingerida em excesso.
Uma das maneiras mais práticas de se diminuir o consumo de sal é comparar a quantidade de sódio nos alimentos, observando as informações nutricionais no verso das embalagens. Opte sempre por escolher aquele que possui menos sódio/ sal em sua composição.

Legislação

A Organização Mundial da Saúde recomenda um consumo máximo de 2000mg (2g) de sódio por pessoa ao dia, o que equivale a 5g de sal (lembrando que 40% do sal é composto de sódio), mas os brasileiros atualmente consomem mais do que o dobro desta quantidade. Então, é preciso reduzir drasticamente seu consumo para diminuir os adoecimentos e mortes na população e, mais que isso, melhorar a saúde dos brasileiros.
Em 2010, foi proposta uma nova agenda, relacionada ao sódio, com vistas a contribuir para os esforços de redução do consumo de sódio da população brasileira a menos de 2000mg/pessoa/dia até 2020, que vem sendo intensamente trabalhada em conjunto pelo Ministério da Saúde, Anvisa e entidades representativas das indústrias.
As discussões gerais sobre a redução da quantidade de sódio nos alimentos industrializados vêm sendo realizadas no âmbito da Câmara Setorial de Alimentos da Anvisa e as discussões específicas, por categorias de alimentos e outros assuntos técnicos, no Grupo de Trabalhado, coordenado pela CGAN/MS, do qual participam a Anvisa, a Coordenação-Geral de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis (CGDANT/MS) e representantes do setor produtivo. 

Conclusão

Tudo que modifica a quantidade de sal afeta a retenção de líquidos no corpo, pois o sal ajuda a regular as passagens de líquidos e de substâncias pelas membranas das células, mantendo a pressão osmótica delas. E é exatamente o cloreto de sódio em exagero, juntamente com o dióxido de carbono do gás do refrigerante, que juntos promovem a sensação de refrigeração e ao mesmo tempo dá sede em dobro, o que induz o consumidor a pedir outro refrigerante e aumenta o comércio do produto.
Não é necessário parar de consumir esses alimentos, apenas evitá-los, dando preferência à alimentos mais saudáveis, pobres em sódio.

E não se iluda, nem tudo que é líquido pode matar a sua sede!


         Bibliografia

  • ABREU, C. P. Hipernatremia: uma revisão. Medicina Interna, Vol. 9, N. 2, 2002: 100-110


Um comentário:

  1. Thayssa P. Ribeiro DRE:11008346731 de outubro de 2014 às 09:54

    É interessante notar este como mais um problema relacionado à Coca Cola Zero, visto que a própria marca já está associada à diversos problemas de saúde, por conter também compostos como corantes, acidulantes e conservantes, que podem apresentar sérios riscos à saúde do indivíduo a médio e longo prazo. Sem levar em consideração o alto teor calórico da bebida original.

    A alta concentração de sódio na bebida Zero a determinaria como a ser evitada por indivíduos com problemas renais ou pressão alta, o que muitas vezes não ocorre. Indivíduos diabéticos por exemplo, tomam a versão zero da bebida e, levando em consideração que a diabetes e pressão alta estão entre as principais doenças que acometem Brasil, o indivíduo diabético possivelmente lembra-se de que não pode ter alta ingestão de açúcar mas, por não ser tão óbvio ou por ignorância, esquece-se de verificar o teor de sódio do que consome. O que contribui para a prevalência da doença nos indivíduos.

    Inclusive, vale notar que o adoçante utilizado na Coca Zero no Brasil é o ciclamato de sódio (o que pode estar associado com os altos níveis de sódio presentes no refrigerante), um tipo de adoçante mais barato (que o aspartame por exemplo) mas que tem venda proibida pelo FDA nos Estados Unidos.

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