Emagrecer comendo a vontade, resultados rápidos e conseguir manter o peso para a vida toda são fatores que estão fazendo da dieta da proteína adaptada pelo nutrólogo francês Pierre Dukan um sucesso entre os que estão acima do peso, mesmo sendo extremamente restrita. Abominada pelos nutricionistas a dieta Dukan prega uma alimentação desbalanceada do ponto de vista nutricional, podendo acarretar em problemas renais e intestinais. Mesmo com esse ponto incoveniente, o livro da tal famosa dieta escrito por Dukan é o segundo mais vendido no mundo, posicionado no ranking logo atrás do Harry Potter. Várias celebridades como Jennifer Lopez, Penélope Cruz e Kate Middleton já fizeram a dieta com resultado tão inspirador que faz com que fans por todo mundo sigam os passos de suas musas.
Que vantagens tem em fazer uma dieta de consumo basicamente de proteínas?Será que uma dieta restrita como essa realmente traz malefícios a saúde? E quanto aos benefícios, quais são eles? Descubra aqui, os mitos e verdades sobre a dieta e a base bioquímica na qual Dukan se baseia para defender seu ponto de vista.
Uma dieta balanceada se baseia na pirâmide alimentar, onde os alimentos são divididos em categorias e se define quantas porções de cada categoria pode ser consumida em um dia. A descrição detalhada da pirâmide alimentar é a seguinte:
Além disso, para se desenvolver uma dieta, deve-se levar em consideração como cada nutriente é visto por nosso metabolismo. O esquema abaixo mostra como alguns nutrientes entram no nosso metabolismo:
Dietas cujo fim é emagrecer, deve focar no metabolismo de nutrientes que causam o acúmulo de gordura no tecido adiposo, onde ocorrem vários processos bioquímicos importantes no processo de emagrecimento.
Os lipídios são macromoléculas hidrofóbicas que possuem funções estruturais (constituintes de membrana) e de armazenamento (fonte energética). O adipócito contém entre 85 e 90% de lipídios no seu citoplasma, com função de isolante térmico e proteção contra choques mecânicos. É responsável também pela produção de algumas citocinas ou adipocinas como o TNF-a (Fator de Necrose Tumoral-a), IL-6 (interleucina-6), PAI-1 (inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1), VEGF, leptina e adiponectina. São substâncias envolvidas em vários processos do metabolismo celular,e tem papel em regular a síntese/oxidação da gordura, metabolismo de carboidratos, entre outros processos.
Como fonte de armazenamento, os lipídeos encontram-se na forma de triglicerídeos ou triacilgliceróis, que é a junção de uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos graxos armazenados nos adipócitos, células especializadas em armazenar os lipídios. A biossíntese dos triglicerídeos é dependente da enzima glicerol-3-fosfato, de ácido graxo livre e uma coenzima A (coA), provenientes da via glicolítica e de lipoproteínas circulatórias respectivamente. A regulação dos processos de síntese e oxidação dos ácidos graxos ocorre pelos nutrientes, sistema nervoso e pelo sistema endócrino, bem como são afetado por variáveis comportamentais.
O Sistema Nervoso Simpático (SNS) é um mediador da oxidação através da ativação dos receptores β-1 e 2 adrenérgicos e pelas catecolaminas circulantes, especialmente a adrenalina. Estes receptores ativados modulam o AMPcíclico intracelular, responsável por estimular a ativação do hormônio lipase hormônio sensível, ativando a lipólise das macromoléculas de ácidos graxos livres e dos triglicerídeos carreadas pela albumina via sistema linfático e circulatório para o interior da célula.
Para enterdermos melhor sobre a dieta Dukan, vamos aos apectos bioquímicos da dieta da proteína desenvolvida pelo Dr. Atklins, também conhecida como dieta pobre em carboidratos, que é baseada no princípio da ação do hormônio insulina produzido no pâncreas.
A insulina tem como função retirar a glicose do sangue para ser utilizada no metabolismo energético das células ou armazenada no organismo, em forma de glicogênio ou gordura (vide esquema acima). O resultado da quebra do carboidrato no organismo é a glicose. Assim, reduzindo o seu consumo, o corpo liberará menos insulina e haverá a necessidade de utilizar outra fonte de energia que, nesse caso, a gordura.
Portanto, na ausência de carboidratos e com as reservas de glicogênio em níveis reduzidos, o organismo começa a utilizar a gordura como fonte de energia, que, por sua vez, transforma-se em corpos cetônicos. O indivíduo que está fazendo essa dieta elimina esses corpos cetônicos pela urina e também pelo ar expirado, o que provoca o mal hálito característico da dieta da proteína. Então o consequente emagrecimento de pessoas que fazem esse tipo de dieta se baseia nesses aspectos bioquímicos descritos.
Muitos estudos comprovam que a dieta da proteína promove uma rápida perda de peso. No entanto, as condições sob as quais essa perda de peso ocorre ainda são muito questionáveis. Veja os principais argumentos contra essa dieta:
Produção elevada de ccorpos cetônicos
A elevada produção de corpos cetônicos na dieta das proteínas, além de ser responsável por um desagradável mal hálito, eleva a amônia que, em excesso, provoca toxidade.
Provoca tontura, cansaço, fraqueza e prejudica a memória
Um dos pontos mais questionados na dieta é que o cérebro utiliza primordialmente glicose como fonte de energia. Na ausência deste nutriente, o cérebro é obrigado a utilizar proteínas e gorduras, o que implica num processo mais lento e menos eficiente. Com esta manobra o corpo quebra todo o seu ciclo bioquímico, que é a degradação dos alimentos provocando mal estar e desânimo.
"Efeito sanfona":
Uma das conseqüências negativas da rápida perda de peso provocada pela dieta das proteínas é o "efeito sanfona". Por ser uma dieta imediatista com rápida perda de peso, o corpo tende a recuperar toda a gordura depois que pessoa abandona a dieta. Além disso, o "efeito sanfona" traz um risco maior à saúde do que se manter sempre num peso estável. É uma agressão muito grande ao organismo.
Alto consumo de gordura saturada:
O consumo elevado de gordura (que é permitida nesta dieta), sobretudo a saturada, favorece o aumento das concentrações de colesterol e pode provocar problemas coronarianos e até diabetes. As artérias também estão em perigo pois podem diminuir de calibre e acumular gordura.
Perda de peso magro:
Quando se tira o carboidrato da dieta por um período prolongado, a atividade do pâncreas fica reduzida. Este é o órgão que produz a insulina, essencial para aproveitar a energia de alimentos como os carboidratos. Quando esse hormônio fica muito tempo no sangue, ele bloqueia a capacidade do corpo de queimar gorduras. Com isso a perda de peso das pessoas que fazem esta dieta é enganosa: perde-se apenas líquido e massa magra e preserva-se a gordura do corpo.
Não favorece a perda de peso a longo prazo:
Esta dieta, embora promova rápida perda de peso naqueles que conseguem segui-la, não tem demonstrado promover uma perda de peso em longo prazo.
A proposta da dieta Dukan é baseada nessa dieta, mas pode ser considerada uma versão adaptada. Ela é baseada no consumo de 2 grupos de alimentos: os ricos em proteínas animais e os legumes diferente da dieta Atklins. Esta última foi muito famosa na década de 70 nos EUA e foi muito criticada por permitir consumo de alimento gordurosos como bacon e carnes gordas a vontade. A dieta Dukan foi criada pelo neurologista e nutrologo Pierre Dukan. Ele defende que sua dieta é bem estruturada pois há a inclusão de atividade física, não permite o consumo de alimentos ricos em gordura, incentiva a diminuição do consumo de sal e aumento do de água, consumo de farelo de aveia e indica uma avaliação médica antes do inicio da dieta. A dieta é dividida em em 4 fases. As duas primeiras estão relacionadas à fase de emagrecimento propriamente dita enquanto que as seguintes servem para consolidar e estabilizar o peso.
1. Fase de Ataque ou dieta das proteina puras: proporciona uma perda de peso intensa e estimulante. Ela dura entre um a dez dias dependendo do caso e só é permitido o consumo de alimentos ricos em proteína animal como aves sem pele, peixes, carnes magras, laticínios desnatados entre outros.
2. Fase de Cruzeiro ou dieta de alternância de proteínas: nesta etapa alternamos entre um dia de dieta das proteínas puras e no outras proteínas autorizadas na primeira fase e legumes e verduras cozidas ou cruas. Esta etapa dura até a obtenção do peso desejado.
3. Consolidação: Consiste em introduzir aos poucos os demais alimentos a fim de evitar o efeito sanfona. Enquanto que as duas primeiras etapas podia-se comer os alimentos permitidos a vontade, nesta nova etapa, nos começamos a introduzir alimentos com porções controladas como duas fatias de pão e uma porção de frutas por dia, duas porções de cereais por semana e duas refeições ‘de gala’ por semana. A fase da consolidação tem duração de dez dias para cada quilo perdido. Assim, uma pessoa que eliminou 5kg deve permanecer nesta fase por 50 dias.
4. Estabilização definitiva: Nesta ultima que tem como característica ser vitalícia, três medidas devem ser seguidas: um dia por semana de proteína pura, abandono do uso de elevadores e ingestão de três colheres de farelo de aveia por dia
O alto consumo de alimentos proteicos pode gerar o acúmulo de detritos, como o ácido úrico, caso não seja eliminado adequadamente no organismo. Para pessoas sensíveis ou predispostas, isso pode gerar problemas de saúde como a gota. Por isso, o Dukan recomenda o consumo de alta quantidade de água para eliminação destes metabólitos pelos rins. Outro ponto crítico da dieta Dukan é o baixo consumo de fibras que pode levar a problemas como a constipação. Para contornar esse problema o método indica o consumo diário de 1,5 a 2 colheres de farelo de aveia a fim de fornecer parte da fibra necessária no dia.
A dieta do Dukan está no mundo inteiro, inclusive ele deu uma entrevista para o jornal O Globo falando sobre sua dieta: http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/pierre-dukan-defende-dieta-da-proteina-diz-acucar-o-perigo-11973855
Referências:
, acesso em 28/05/2014.
, acesso em 28/05/2014.
, acesso em 28/05/2014
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA. Promovendo a Alimentação Saudável. Disponível em , acesso em 28/05/2014
Emma Farnsworth, Natalie D Luscombe, et al. Effect of a high-protein, energy-restricted diet on body composition, glycemic control, and lipid concentrations in overweight and obese hyperinsulinemic men and women. American Society for Clinical Nutrition, 2003. Disponível em , acesso em 30/05/14.
David S Weigle, Patricia A Breen, et al. A high-protein diet induces sustained reductions in appetite, ad libitum caloric intake, and body weight despite compensatory changes in diurnal plasma leptin and ghrelin concentrations. American Society for Clinical Nutrition. 2005. Disponível em: , acesso em 30/05/14.
DUKAN, PIERRE. Eu não consigo emagrecer. 3 ed. Rio de Janeiro.2012. 303p.
Por: Flora Oliveira e Joana Pais
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