O flúor está presente em nossas vidas diariamente,
desde ao beber um copo de água, ao escovar os dentes, ao fazer uso de um
enxaguante bucal, e até mesmo quando fazemos um tratamento no dentista. O que
muitos não sabem é o risco do uso em excesso deste elemento. O fluoreto tem
sido amplamente utilizado como um agente terapêutico para a cárie dentária em
diversos países devido à sua capacidade de diminuir o processo de
desmineralização. Entretanto, a ingestão excessiva de fluoreto pode causar
efeitos colaterais, sendo que a fluorose dentária é a mais comum. Além disso,
pelo fato do flúor ser um elemento tóxico, quando encontrado em concentrações
elevadas também pode causar distúrbios no sistema nervoso central, como:
déficit de atenção, concentração e memória.
Afinal, quais são os efeitos do flúor na saúde?
Deve-se fazer uso de diversos produtos contendo flúor ao mesmo tempo? Qual o
limite diário de consumo de flúor permitido para diferentes faixas etárias
segundo a legislação? Quais as possíveis consequências do uso excessivo de
flúor?
Por: Julia de Andrade e Nathany Prado
INTRODUÇÃO
No Brasil, ao contrário de vários outros países, a
fluoretação da água é obrigatória em todas as cidades. Esse requisito foi
promulgado através da lei nº 6050, de 24 de maio de 1974.
Após a observação de que comunidades com água
naturalmente fluoretada tinham menor incidência de cárie dentária, muitos
países desenvolvidos iniciaram programas de fluoretação artificial de água,
onde o fluoreto é adicionado à água de abastecimento. (LUDLOW et al., 2007).
O fluoreto tem sido amplamente utilizado como um
agente terapêutico para a cárie dentária devido à sua capacidade de diminuir o
processo de desmineralização. Dentre os métodos de utilização do fluoreto no
controle da cárie, a fluoretação da água e a escovação com dentifrícios
fluoretados são os mais comumente empregados. Entretanto, a ingestão excessiva
de fluoreto pode causar efeitos colaterais, sendo que a fluorose dentária é a
mais comum. Isto implica que a ingestão de fluoreto precisa ser controlada.
O
flúor é uma substância tóxica que pode causar distúrbios no sistema nervoso
central como déficit de atenção, concentração e memória, mas somente quando
encontrado em concentrações elevadas. Entretanto, a concentração de flúor nas
águas da maioria dos estados brasileiros está em torno de 0,7 mg F/la, o que não representa risco para a saúde
humana, segundo a literatura. Sabemos que a fluoretação da água pode reduzir a
incidência de cárie em até 60%.
As principais dúvidas relacionadas ao uso do
fluoreto dizem respeito a seus efeitos sistêmicos (em outros tecidos diferentes
dos tecidos bucais) o que implica na necessidade do conhecimento de uma dose
segura que possa ser ingerida sem problemas. Esses dados são relevantes, uma
vez que o fluoreto é adicionado na água de abastecimento de muitas cidades
brasileiras e nos produtos odontológicos (principalmente dentifrícios) no
Brasil e em outros países (BUZALAF et al.; 2001, 2002, 2004).
A ingestão excessiva de fluoreto por um longo
período de tempo pode resultar na fluorose, caracterizada por manchas nos
dentes e manifestações esqueléticas como deformidades, osteoporose, esclerose
óssea. A fluorose endêmica é observada mundialmente, ocorrendo em todos os continentes
e afetando milhões de pessoas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006).
Alguns tipos celulares especialmente sensíveis ao
fluoreto são as células ósseas (osteoblastos e osteoclastos), podendo levas ao
desenvolvimento de fluorose esquelética em humanos. Hoje é conhecido que o
fluoreto também afeta células em tecidos moles, como células renais,
endoteliais, das gônadas e neuronais (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2006).
Há ainda relatos e estudos que comprovam que a
exposição excessiva ao fluoreto aumenta o processo de estresse oxidativo em
tecidos moles, como fígado, rim, cérebro, pulmão, testículos. A fluorose ainda
inibe a atividade de enzimas antioxidantes dentre elas a glutationa peroxidase,
alterando os níveis de glutationa.
O flúor não é um elemento essencial para a saúde
humana, mas tem um papel preventivo indiscutível na prevenção e no aparecimento
da cárie. Por outro lado, trabalhos recentes demonstraram que, nos países onde
a fluoretação foi abolida como Canadá, Alemanha, Cuba e Finlândia, o índice de
aparecimento de cárie dental não sofreu nenhuma alteração.
LEGISLAÇÃO
Como dito anteriormente, no Brasil, a fluoretação
da água é obrigatória em todas as cidades, a partir da promulgação da lei nº
6050, de 24 de maio de 1974. Porém nem todos os países possuem leis que
estabeleçam essa obrigatoriedade, e alguns exemplos de países que não possuem o
fluoreto adicionado à água são: Bélgica, Finlândia e Itália.
Informações para todas as faixas etárias (adultos,
lactentes e crianças, e gestantes e lactantes) quanto à ingestão diária
recomendada (IDR) de flúor está disponível na RDC 269, de 22 de setembro de
2005, publicada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
referente ao "REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE A INGESTÃO DIÁRIA RECOMENDADA
(IDR) DE PROTEÍNA, VITAMINAS E MINERAIS". Estes valores foram agregados
conforme na tabela abaixo.
Tabela 1 - Ingestão Diária Recomendada de Flúor –
Legislação Nacional
(c) mg alfa-TE/dia; 1,49 UI = 1mg d-alfa-tocoferol (1).
De acordo com a legislação internacional, Food and Nutrition
Board, Institute of Medicine, National Academies, os valores da ingestão diária
recomendada do flúor (IDR), levando em consideração as faixas etárias, podem
ser observados na tabela abaixo.
Tabela 2 -
Ingestão Diária Recomendada de Flúor – Legislação Internacional
FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS E DISCUSSÃO
O flúor é um elemento amplamente conhecido por seus
efeitos como agente terapêutico no tratamento da cárie dentária. Além da água,
que no Brasil é obrigatoriamente fluoretada, diversos produtos contém flúor,
como: cremes dentais, enxaguantes bucais, produto de aplicação tópica por
profissional treinado, e até em alguns alimentos. Dois exemplos de cremes
dentais, evidenciando sua concentração de flúor, usando como referência produtos
da Colgate, são: o Creme Dental Colgate Total 12 Clean Mint, que contém em sua composição o Fluoreto de
Sódio (1450 ppm de Flúor), e o Creme Dental Colgate Smiles Barbie 6+ Anos
(desenvolvido para crianças acima de 6 anos) contém em sua composição Fluoreto de Sódio (1100 ppm de flúor). Já em relação a composição de enxaguantes bucais, levando como
exemplo o Antisséptico Bucal Plax Fresh Mint, este contém 225ppm de Flúor em sua composição, enquanto o Antisséptico
Bucal Plax Kids contém a mesma concentração.
Com tudo que foi dito anteriormente, é
necessário haver muito cuidado com relação ao uso excessivo de produtos que
contenham flúor, levando em consideração que a água que consumimos no Brasil já
é fluoretada. Este cuidado deve ser tomado para evitar problemas futuros como
fluorose, osteoporose,distúrbios
no sistema nervoso central, devido ao caráter tóxico do flúor.
Sabendo
que no Brasil há ingestão do flúor, é importante saber algumas das maneiras
pelas quais ele age quando administrado desta maneira. O flúor ingerido é rapidamente absorvido pela mucosa do
estômago e do intestino delgado. Já a sua via de eliminação são os rins, responsáveis por
eliminarem 50% do flúor diariamente ingerido, e o restante acaba buscando um
refúgio em alguma parte do corpo, que geralmente é junto ao cálcio de algum dos
tecidos conjuntivos. Como os dentes e os
ossos são os maiores reservatórios de cálcio, é para lá que o excesso de flúor
tende a se dirigir, passando a deformá-los e a provocar o que cientificamente
se conhece como fluorose, citada diversar vezes anteriormente. Em casos
de pessoas com disfunções renais, ao não haver a
perfeita eliminação do excesso de flúor, levam a um aumento dos riscos da
fluorose. No caso dos ossos, dentes e glândula pineal, acrescenta-se ainda a
facilidade com que os íons de flúor substituem os da hidroxila OH- e se
incorporam à estrutura dos cristais de apatita. Por isso, diante do excesso de
flúor, esses tecidos perdem a flexibilidade e se tornam extremamente rígidos e
quebradiços.
Além
disso, em relação à questão da fluoretação da água, é importante ressaltar que é
algo muito controverso, por diversas razões. A primeira é referente à OMS (Organização
Mundial de Saúde), que considera o flúor um medicamento, mas ainda assim,
incentiva não só: os auto-cuidados de higiene bucal (escovação adequada), aplicação tópica
de flúor feita por profissionais treinados e fluoretação de cremes dentais (dentifrícios),
como também a fluoretação da água de consumo público. A única razão para tal
atitude é a prevenção e busca ao combate de cáries. Porém, em momento algum a
OMS cita os problemas que o
consumo de flúor em excesso pode causar ao ser humano. Outra razão para essa
contradição, é que apesar de o flúor desempenhar um papel importante na
prevenção e no aparecimento da cárie, ele não é um elemento essencial
para a saúde humana, não devendo ser de consumo obrigatório à população. Mais
uma razão para esta controvérsia é o fato do benefício gerado pelo uso do flúor
é principalmente relacionado a sua aplicação tópica e não sistêmica, não sendo
coerente a população ser obrigada a beber o flúor através da água. Uma última
razão a ser explicada é a existência de pesquisas realizadas pela própria
Organização Mundial de Saúde, e também pelos centros para Controle e Prevenção de
Doenças dos Estados Unidos, nas quais revelam que não houve diferenças
relevantes no declínio da taxa de dentes cariados em países onde não há a
fluoretação das águas de abastecimento público, em comparação com países em que
há adição de fluoreto à água. Logo, o uso de produtos contendo flúor podem ser
importantes na prevenção da cárie, porém o consumo de água fluoretada com este
mesmo objetivo, parece cada vez mais desnecessário.
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
De acordo com todas as
informações evidenciadas acima, o uso do flúor tópico traz benefícios indiscutíveis
na prevenção e no aparecimento da cárie. Porém, não deve ser feito uso excessivo
deste elemento, pois ele é tóxico, podendo gerar muitas consequências ruins,
como a fluorose ou distúrbios no sistema nervoso central, por exemplo. Além
disso, a fluoretação da água, obrigatória em determinados países, como o
Brasil, é bastante controverso, pois a ação do flúor é tópica, não sendo
necessário beber água fluoretada para alcançar o mesmo objetivo. E além disso,
países que não possuem a água fluoretada, não apresentam um índice de dentes
cariados maior que o dos países que tornaram a fluoretação da água obrigatória.
Portanto, seria interessante realizar possíveis estudos específicos, buscando
obter uma definição em relação à necessidade da água ser fluoretada, e caso
seja comprovado que a adição deste elemento à água é desnecessária, deve haver
uma modificação na legislação atual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CA, de Ornelas F. Fluoride
content f infant formulas prepared with deionized, bottled mineral and
fluoridated drinking water. ASDC J Dent Child. 2001; 68(1):37-41, 10.
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MA, Granjeiro JM, Duarte JL, Taga ML. Fluoride contento f infants foods in Brazil
and risk of dental flourosis. ASDC J Dent Child. 2002; 69(2):196-200.
Buzalaf MA, Carroselli EE, Cardoso de Oliveira R,
Granjeiro JM, Whitford GM. Nail
and boné surface as biomarkers for acute floride exposure in rats. J Anal
Toxicol. 2004; 28(4):249-52.
Burt
BA. The changing patters os systemic fluoride intake. J Dent Res. 1992;
71(5):1228-37.
Institute of Medicine. Food and Nutrition Board.Dietary Reference
Intakes.National Academic Press, Washington D.C., 1999-2001.
Ludlow
M, Luxton G, Mathew T. Effects of fluoridation of community water supplies for
people with chronic kidney disease. Nephrol Dial Transplant. 2007;
22(10):2763-7.
BRASIL. RDC 269, de 22 de setembro de 2005.
REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE A INGESTÃO DIÁRIA RECOMENDADA (IDR) DE PROTEÍNA,
VITAMINAS E MINERAIS.
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ResponderExcluirMas se já foi comprovado que não há necessidade do flúor na água, porque o benefício é o mesmo nos países que foi abolido. E porque estão insistindo em manter o flúor na água? Assim com mentes fracas, falta de concentração e de memória, será fácil para eles enganarem o povo e roubarem cada vez mais. O povo precisa acordar urgentemente, antes que tudo se perca.
ResponderExcluirMas se já foi comprovado que não há necessidade do flúor na água, porque o benefício é o mesmo nos países que foi abolido. E porque estão insistindo em manter o flúor na água? Assim com mentes fracas, falta de concentração e de memória, será fácil para eles enganarem o povo e roubarem cada vez mais. O povo precisa acordar urgentemente, antes que tudo se perca.
ResponderExcluirFor89
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