Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Alegações em saúde: Farinha de linhaça – Nu3 Naturals

1. Introdução

1.1. Linhaça

Segundo NOGUEIRA, et al.:1
“A linhaça possui propriedades funcionais. Seus componentes ativos são as lignanas que podem prevenir e controlar câncer como o de mama e pulmão. Ela é considerada a fonte rica de precursores de lignana de mamíferos (THOMPSON et al., 1991). Entre os principais óleos extraídos de sementes, o óleo de linhaça contém o maior conteúdo (57%) do ácido graxo ômega-3, um ácido a-linolênico. As pesquisas atuais, todavia, têm se concentrado mais especificamente nos compostos associados a fibras conhecidos como lignanas. As duas lignanas primárias de mamíferos, enterodiol e seu produto oxidado, enterolactona são formadas no trato intestinal pela ação bacteriana sobre precursores da lignana vegetal (SETCHELL et al., 1981). Vários estudos vêm sendo realizados com base nesta propriedade da linhaça, além disso, também tem se demonstrado que o consumo de linhaça pode reduzir o colesterol total e o LDL (BIERENBAUM et al., 1993; CUNNANE et al., 1993), bem como agregação plaquetária (ALLMAN et al., 1995). A semente de linhaça dourada e a semente de linhaça marrom não diferem muito na sua composição química, pois ambas são ricas em lignanas e fibras dietéticas e contêm mais de 50% de fenólicos (LIMA, 2008; MARQUES, 2008).”1

1.2. Composição química da linhaça

“A linhaça é uma semente oleaginosa, rica em proteínas, lipídeos e fibras dietéticas (ALMEIDA, 2009). Possui três componentes que apresentam ações farmacológicas importantes como ácido a-linolênico , fibras solúveis e lignana, os quais vêm sendo avaliados em pesquisas clínicas e estudos relacionados ao câncer de mama, próstata e cólon, diabetes, lúpus, perda óssea, doenças hepáticas, renais e cardiovasculares, com resultados favoráveis quanto ao efeito benéficos da semente (CARRARA et al., 2009). Segundo Silva et al. (2009) e Oliveira et al.(2007), a semente de linhaça possui em sua composição química cerca de 30 a 40% de lipídio, 20 a 25% de proteína, 20 a 28% de fibra dietética total, 4 a 8% de umidade e 3 a 4% de cinzas, além de vitaminas A, B, D e E, e minerais como potássio, fósforo, magnésio, cálcio e enxofre.” 1

1.3. Estabilidade oxidativa da semente de linhaça triturada2

Segundo CUPERSMID, et al.: 2
“O processo de rancificação, e a consequente degradação dos lipídeos, depende de diversos fatores, inclusive da forma de preparo e consumo dos alimentos. A trituração da linhaça para obtenção da farinha expõe seus componentes ao calor, luz e ao oxigênio, o que não acontece com a semente inteira protegida pela casca. Esta exposição pode promover a oxidação dos AGPI presentes na linhaça, reduzindo os seus efeitos benéficos. Portanto, este trabalho tem como objetivo investigar se a linhaça marrom, mais consumida e produzida no Brasil, sofre oxidação de seus ácidos graxos quando comercializada na forma de farinha e se a obtenção da farinha de forma caseira também pode levar ao mesmo efeito.” 2
“Os ácidos graxos poliinsaturados como o ALA são muito susceptíveis à oxidação (LIMA; ABDALLA, 2002). A degradação de lipídeos pode ser ocasionada por oxidação, hidrólise, pirólise e absorção de sabores e odores estranhos. (SILVA; BORGES; FERREIRA, 1998). Dentre estes fatores, a oxidação é a principal causa de deterioração, alterando diversas propriedades, como a qualidade sensorial (sabor, aroma, textura e cor); valor nutricional (perda de vitaminas, carotenóides, proteínas e ácidos graxos essenciais); depreciação do produto e toxicidade (grande formação de radicais livres). (MORETTO; FETT, 1998). Segundo Lima (2002) existe basicamente dois tipos de rancidez, a hidrolítica e a oxidativa. A rancidez, seja ela qual for, é a deterioração dos lipídios e constitui-se em um dos problemas técnicos mais importantes na indústria de alimentos. O índice de acidez fornece uma avaliação do estado de conservação dos óleos e gorduras, pois avalia o teor de ácidos graxos provenientes de lipólises. Os ácidos graxos livres decorrem de hidrólise parcial dos glicerídeos, por isso, este índice não é uma constante ou característica, mas sim, uma variável relacionada com a natureza e a Universidade Presbiteriana Mackenzie 3 qualidade da matéria – prima, a qualidade do grau de pureza da gordura, o processamento e principalmente, as condições de conservação da gordura (BEUX; TIRITAN, 2006). Uma das maneiras mais comuns de detectar a rancidez de uma gordura é através do Índice de Peróxido, pois como os peróxidos são os primeiros compostos formados quando uma gordura deteriora, toda gordura oxidada dá resultado positivo neste teste. Este teste é aplicavél em estágios iniciais da oxidação. Durante o processo de oxidação, o valor de peróxido atinge um pico e depois declina. Assim esse não é o melhor parâmetro analítico para ser utilizado em óleos e gorduras (SANIBAL; MANCINI FILHO, 2002).
A oxidação é um processo autocatalítico e desenvolve-se em aceleração crescente, uma vez iniciada (ARAÚJO, 2008). Outra maneira de detectar a rancidez de uma gordura é através do teste de TBA que quantifica o MDA, um dos principais produtos de decomposição dos hidroperóxidos de ácidos graxos poliinsaturados, formados durante o processo oxidativo (OSAWA, et al, 2006). Para prevenir a auto-oxidação de óleos e gorduras, há a necessidade de diminuir a incidência de todos os fatores que a favorecem, mantendo ao mínimo os níveis de energia, temperatura, luz, que são responsáveis pelo desencadeamento do processo de formação de radicais livres, evitando a presença de traços de metais no óleo, evitando ao máximo o contato com o oxigênio e bloqueando a formação de radicais livres por meio de antioxidantes, os quais, em pequenas quantidades, atuam interferindo nos processos de oxidação de lipídeos (JORGE; GONÇALVES, 1998).
A peroxidação lipídica gera uma série de produtos, dentre os quais se pode citar o LOOH (Hidroperóxido). Esses compostos são relativamente estáveis em solução, mas uma vez formados in vivo, podem causar uma série de danos que vão desde uma simples perturbação física na membrana até danos no DNA, que se não reparados podem ser mutagênicos. Além disso, estudos recentes também sugerem o envolvimento do LOOH na modulação de vias de sinalização celular (MIYAMOTO, 2005). Acredita-se que a oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) seja a principal causa de doenças cardiovasculares, e a decomposição de peróxidos formados pela ação da lipoxigenase pode ser o mecanismo inicial da oxidação do LDL (ARAÚJO, 2004).” 2

2.       Farinha de Linhaça - Nu3 Naturals 


2.1. Descrição do produto:3

             “A Farinha de Linhaça, da Nu3 Naturals é 100% natural e bastante nutritiva, já que é composta unicamente por farinha de linhaça, um alimento rico gorduras poli-insaturadas, tais como o ácido alfa-linolênico (ALA), que faz parte da família ômega 3 e seus derivados EPA e DHA, e ácido linoleico, da família ômega 6, que além de serem consideradas gorduras boas ao nosso organismo, são essenciais, já que não podem ser naturalmente produzidas por ele! Além disso, a linhaça oferece também boas quantidades de fibras, substâncias antioxidantes, vitaminas e minerais, sendo então uma excelente opção para complementar nossa alimentação diária!
BENEFÍCIOS DA FARINHA DE LINHAÇA, DA NU3 NATURALS:
•             100% natural;
•             Farinha sem glúten;
•             Livre de conservantes, corantes, aromatizantes e outros aditivos alimentares;
•             É bastante versátil, podendo ser incluída em diversas preparações e receitas;
RECOMENDAÇÃO DE CONSUMO:
Consumir até 2 colheres de sopa ao dia.” 3

3.       Discussão

Segundo estudo de CUPERSMID, et al., foi possível verificar que em relação à rancificação hidrolítica, a trituração caseira e posterior armazenamento sob condições adequadas trouxeram proteção à formação de ácidos graxos livres em relação à farinha comercial, ou seja, este tratamento protege a trituração caseira, da formação de ácidos graxos livres em relação à farinha industrializada. Os valores mais altos de índice de acidez foram observados nas farinhas comerciais.
Isso ocorre pois, quando dentro da semente os princípios ativos são protegidos de luz e oxigênio, porém quando a semente é triturada esse óleo fica exposto à oxidação, por isso na composição deverá conter algum tipo de proteção, senão esse alimento deixa de ser fonte de gorduras de boa qualidade para ser fonte de gorduras oxidadas.
A marca escolhida não possui nenhum tipo de proteção, logo, os óleos benéficos da linhaça estão susceptíveis a oxidação, podendo não ser um produto tão saudável, pois os óleos estão mais expostos a catalisadores de oxidação, como o ar e temperatura.2
Há ainda outro fator agravante, que alguns produtores vendem a farinha de linhaça desengordurada, ou seja, sobram somente as fibras e todos os lipídeos funcionais são extraídos
.
4.       Conclusão

Para garantir o aproveitamento dos nutrientes da linhaça a mesma deve ser triturada e consumida imediatamente, como medida para evitar a oxidação dos lipídeos benéficos da contidos na semente.2

Referências bibliográficas:

1-      NOGUEIRA, G. F. et al. A importância da linhaça como alimento funcional e sua utilização por universitários do Centro Universitário Amparense. Centro Universitário Amparense. Disponível em: <http://www.unifia.edu.br/projetorevista/edicoesanteriores/Outubro10/artigos/saude/linhaca.pdf> Acesso em: 2 mar 2016.
2-      CUPERSMID,L. Avaliação da estabilidade oxidativa da semente de linhaça marrom triturada. Disponível em: <http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/Pesquisa/pibic/publicacoes/2011/pdf/far/lilian_cupersmid.pdf> Acesso em: 18 fev. 2016.
3-      NATUE. Farinha de Linhaça - Nu3 Naturals . Disponível em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwiBoL3IisTLAhWIDZAKHTwIBCUQFgg6MAE&url=http%3A%2F%2Fwww.natue.com.br%2Ffarinha-de-linhaca-100g-nu3-naturals-70331.html&usg=AFQjCNGoIAOiHDGaSlRRD-XItttWPT7maA&sig2=Ipp5-dwucdrezsqMI3XL8A&bvm=bv.116954456,d.Y2I> Acesso em: 2 mar. 2016.


Revisão e discussão realizada por Clarice Machado e Thalita Reis.

7 comentários:

  1. No trabalho acima, a farinha de linhaça é tida como objeto de estudo, e demonstra-se que seu preparo (trituração) e utilização devem ocorrer de forma subsequente, a fim de evitar a oxidação lipídica (degradação) e dessa forma manter seu valor nutricional. Partindo deste ponto, atento para a importância do consumo de linhaça, onde estudos “in vivo” em modelos animais têm demonstrado sua importância na melhora dos níveis em lipidograma (HDL, LDL, Colesterol total, VLDL). Tendo-se uma vantagem na utilização da linhaça dourada em relação à marrom na melhora desses marcadores lipídicos promovendo antiaterogênese e cardioproteção. E dessa forma, podendo-se pensar como alternativa ou adjuvante na terapia medicamentosa em prol da melhora dos parâmetros laboratoriais citados, bem como no tratamento crônico de idosos que fazem uso de medicamentos alopáticos para tais desordens.
    Referência bibliográfica: MOLENA-FERNANDES, C. A. et al. Avaliação dos efeitos da suplementação com farinha de linhaça (Linum usitatissimum L.) marrom e dourada sobre o perfil lipídico e a evolução ponderal em ratos Wistar. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 2, p. 201-207, 2010.
    DRE: 112175155

    ResponderExcluir
  2. Kerolayne de Castro Bezerra24 de abril de 2016 às 10:33

    A publicação é de grande relevância, visto que embora a farinha de linhaça possua importantes ações farmacológicas, contendo ácido a-linolênico , fibras solúveis e lignana; ela também pode se tornar fonte de lipídios oxidados e perder sua função farmacológica caso exposta à condições de oxidação.
    Dessa forma, deve-se sempre buscar na embalagem dos produtos contendo farinha de linhaça, componentes anti-oxidantes capazes de evitar a rancidez oxidativa. Caso contrário, a melhor alternativa na inexistência de componentes anti-oxidantes na composição do produto é a produção caseira da farinha de linhaça e seu consumo imediato, promovendo a ingestão de gorduras saudáveis e não oxidadas.

    Kerolayne de Castro Bezerra DRE: 112019820

    ResponderExcluir
  3. Sabe-se que muitas plantas eram consumidas antigamente pela população sem nenhuma informação científica sobre os benefícios a saúde, sendo prevenção ou com efeito terapêutico e muito dessas plantas de uso popular foi visto, através de experimentos, que existia efeitos como os relatados pela população.
    Após estudos, isolamentos de substâncias e partes das plantas que realmente tinham propriedades terapêuticas, foram fabricados os alimentos, como por exemplo a farinha de linhaça. Com, isso é necessário saber as substâncias que atuam, por exemplo, na menopausa (segundo um site popular www.tuasaude.com/linhaça).
    Além da importância de saber os componentes que atuam no organismo, é necessário verificar a alteração da concentração ou degradação dos componentes quando se há processamento industrial ou caseiro. Nesse trabalho, foi avaliado que a trituração das sementes de linhaça causa exposição de alguns componentes levando a alteração dos efeitos, neste caso é interessante, pois a população no geral não tem informações relacionadas a isso e acabam fazendo processos caseiros, causando por exemplo oxidação de lipídeos, formação de radicais livres e intoxicação. É importante também avaliar os produtos industrializados para certificar que os mesmos estão protegidos contra a degradação dos compostos benéficos para o organismo.

    Angela Silveira da Silva. DRE:112109170

    ResponderExcluir
  4. Sabe-se que muitas plantas eram consumidas antigamente pela população sem nenhuma informação científica sobre os benefícios a saúde, sendo prevenção ou com efeito terapêutico e muito dessas plantas de uso popular foi visto, através de experimentos, que existia efeitos como os relatados pela população.
    Após estudos, isolamentos de substâncias e partes das plantas que realmente tinham propriedades terapêuticas, foram fabricados os alimentos, como por exemplo a farinha de linhaça. Com, isso é necessário saber as substâncias que atuam, por exemplo, na menopausa (segundo um site popular www.tuasaude.com/linhaça).
    Além da importância de saber os componentes que atuam no organismo, é necessário verificar a alteração da concentração ou degradação dos componentes quando se há processamento industrial ou caseiro. Nesse trabalho, foi avaliado que a trituração das sementes de linhaça causa exposição de alguns componentes levando a alteração dos efeitos, neste caso é interessante, pois a população no geral não tem informações relacionadas a isso e acabam fazendo processos caseiros, causando por exemplo oxidação de lipídeos, formação de radicais livres e intoxicação. É importante também avaliar os produtos industrializados para certificar que os mesmos estão protegidos contra a degradação dos compostos benéficos para o organismo.

    Angela Silveira da Silva. DRE:112109170

    ResponderExcluir
  5. O consumo de cerais e sementes por parte da população deve ser acompanhado da divulgação sobre a melhor forma de consumir tais alimentos. As pessoas por vezes optam em consumir tais alimentos no intuito de diversificar a dieta e obter mais nutrientes, sendo assim torna-se muito importante informar a maneira mais adequada de se consumir os diversos tipos de alimentos para que se aproveite ao máximo dos benefícios de seu consumo.

    ResponderExcluir
  6. Como mostra a publicação, a farinha de linhaça é fonte de vitaminas, minerais, proteína vegetal, gordura poli-insaturada, fibras e ômega 3, nutriente essencial que não é produzido pelo organismo. As gorduras insaturadas têm poder anti-inflamatório e, por isso, são fundamentais para o corpo, pois o sobrepeso e a obesidade geram processos inflamatórios no organismo, fazendo da linhaça um auxiliar no emagrecimento. Ela ainda auxilia nos sintomas da menopausa e na prevenção do processo de envelhecimento precoce das células, além de proteger o sistema imunológico.
    Dessa forma, é de grande relevância trabalhos que mostrem os benefícios de alimentos como este.

    Aluna: Iasmin Lima Dias
    DRE: 111304905

    ResponderExcluir
  7. A farinha de linhaça apresenta diversos benefícios, como já citado no trabalho acima. A linhaça é considerada um alimento funcional, pois contém em sua composição proteínas, fibras alimentares e ácido graxos pollinsaturados. Além disso, diminui o risco do aparecimento de algumas doenças e reduz o ritmo de envelhecimento celular. Segundo um estudo realizado por Couto et al, o consumo de linhaça se mostrou eficaz na redução das medidas antropoméricas em mulheres e reduziu os níveis de triglicerídeos e colesterol. Sendo assim, a farinha de linhaça é um alimento que gera muitos benefícios para a saúde e por esse motivo, é importante que cada vez mais estudos sejam feitos para o conhecimento desse alimento e incentivo ao seu consumo.

    Referência: COUTO, A. N.; WICHMANN, F. M. A. Flaxseed fl our
    effects on lipid profi le and women’s anthropometric. Alim.
    Nutr., Araraquara, v. 22, n. 4, p. 601-608, out./dez. 2011.

    Camilla Oliveira de Souza
    DRE: 110179789

    ResponderExcluir