Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

terça-feira, 1 de março de 2016



Óleo de Coco como alimento funcional. Mito ou verdade?


 http://www.helenabordon.com/wp-content/uploads/2014/03/oleo-de-coco.jpg

Descrição do produto: 
O óleo de coco é um produto alimentício, cujo consumo vem crescendo bastante nos últimos anos. Por ter em sua composição, ácidos graxos como o ácido láurico, ômega 6 e 9, além de carboidratos e proteínas, o óleo de coco tem sido comercializado como aliado de quem quer emagrecer e busca uma alimentação saudável. Muito tem-se falado a respeito deste produto em blogs, sites, televisão e revistas e muitos dos autores dessas matérias enquadram o óleo de coco como um alimento funcional.  Dentre os benefícios citados estão a ação antioxidante, o poder de diminuição do colesterol e emagrecimento, a melhora do sistema imunológico e regulação da função intestinal.

Produto analisado:  

Óleo de coco da marca Equaliv®. Embalagem de 1000mg contendo 60 cápsulas em gel. Não contém glúten ou açúcar. A recomendação de uso diário é de 4 cápsulas, logo, uma caixa dura 15 dias. O preço varia entre R$ 40,00 e R$ 60,00. Na embalagem está descrito que o produto contém ômega 6, 9 e ácido láurico.
Segundo o fabricante, o produto combina alta tecnologia de nutrientes funcionais e nutracêuticos que atuam na suplementação funcional e contribuem para melhor qualidade de vida.
As quantidades de ômega 6, ômega 9 e ácido láurico não estão expressas. 



http://www.onofre.com.br/oleo-de-coco-equaliv-com-60-capsulas/54129/05

 Fundamentos bromatológicos:
O ácido láurico é um ácido graxo saturado, que é o principal componente do óleo de coco. Estudos mostram que esta molécula possui ação anti-inflamatória, antibiótica e estimula o sistema imunológico.
Os óleos de origem vegetal  também são ricos em ácidos graxos insaturados. A importância  dada aos ácidos graxos poliinsaturados dá-se ao fato do organismo humano não poder sintetizá-los. As duas classes de ácidos poliinsaturados essenciais são o ômega 3 (ω-3) e o ômega 6 (ω-6). O ácido graxo ômega 9 (ω-9) é o único que pode ser produzido pelo próprio organismo, porém, para que isso ocorra, é necessário que os ácidos ômega 3 e ômega 6 já estejam no organismo.
Pesquisas mostram que esses ácidos graxos são capazes de ajudar no controle da lipidemia e conter reações inflamatórias, entre outros benefícios. Dessa forma, podem atuar em conjunto no tratamento de doenças cardiovasculares, artrite, psoríase, etc.

Legislação pertinente:
Segundo a Anvisa, alimento funcional é relativa ao “papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano.” (Anvisa, RDC 18/1999). “O alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais ou de saúde pode, além de funções nutricionais básicas, quando se tratar de nutriente, produzir efeitos metabólicos e ou fisiológicos e ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica. (Anvisa, RDC 18/1999).

De acordo com as diretrizes da ANVISA, um produto pode ser considerado funcional se tiver em seu conteúdo elementos cujo papel no crescimento e desenvolvimento do organismo tenham sua eficácia comprovada, mediante demonstração. Também pode ser considerado funcional um alimento que contém nutrientes com funções reconhecidas de forma plena pela comunidade científica. Dentre os nutrientes listados, está o ômega 3.

O produto escolhido, o Óleo de Coco da marca Equaliv®, apresenta em seu rótulo a indicação da presença do ácido láuríco, ômega 6 e 9 em sua composição, não constando o ômega 3.

Análises e comentários:
De acordo com as diretrizes da ANVISA, o óleo de coco da marca Equaliv® pode ser considerado um alimento funcional?
Conclusão: Não. De acordo com a ANVISA, nem o ômega 6 e 9 nem o ácido láurico são considerados alimentos funcionais, somente o ômega 3, mesmo assim, sendo proveniente de peixes. Na embalagem não consta ômega 3. Logo, isso é um mito!

Referências bibliográficas: 
1. ANVISA - Resolução de Diretoria Colegiada, número 18 de 30 de abril de 1999 – Ementa não      oficial. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/10cff80047458da79717d73fbc4c6735/RDC_18.pdf?MOD=AJPERES 
2. Frank, Cimatu - babaçu, palmiste, macauba, coco da praia, ácido láurico Cientistas filipinos e canadenses em estudos isolados descobriram que princípios químicos encontrados no óleo de cocos (coco da praia, babaçu, palmiste e macaúba) podem auxiliar no tratamento da AIDS, Câncer e doenças do sistema imunológico.
3. 10 motivos para consumir óleo de coco extravirgem – Mundo dos óleos. Disponível em: http://www.mundodosoleos.com/oleodecoco10motivos/
4. Alegações de propriedade funcional aprovadas; disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Alimentos/Assuntos+de+Interesse/Alimentos+Com+Alegacoes+de+Propriedades+Funcionais+e+ou+de+Saude/Alegacoes+de+propriedade+funcional+aprovadas 
5. Imagem óleo de côco. Disponível em: http://www.helenabordon.com/wp-content/uploads/2014/03/oleo-de-coco.jpg

Por: Maria Clara Canellas e Rafaella Rodrigues

6 comentários:

  1. Claudia Cristina de Lima Dantas1 de março de 2016 às 16:04

    Os alimentos funcionais são definidos como alimentos capazes por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas. Porém é importante ressaltar, que esses alimentos não são milagrosos, eles funcionam somente quando fazem parte de uma dieta equilibrada, balanceada. Dessa forma, mesmo a pessoa consumindo um alimento rico em ômega 3 proveniente de peixe, esse alimento só será capaz de ajudar no controle da lipidemia, por exemplo, se a ingestão deste estiver associada a uma dieta pobre em gordura saturada e colesterol, ou seja, é necessário uma dieta equilibrada.

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  2. As cápsulas de óleo de coco vendidas pela marca Equaliv devem ser tomadas com precaução, principalmente pelo fato de não descrever a quantidade de cada ácido graxo contido, podendo levar a uma ingesta muito maior do que a recomendada. Deve ser avaliado qual a ingestão diária recomendada dos respectivos óleos para saber ao certo se o descrito na embalagem é aceitável. Lembrando que esses dados variam de acordo com a idade. Outra observação está relacionada à combinação do uso de alimentos funcionais com uma dieta balanceada. Não haverá nenhum benefício, por exemplo, na diminuição do colesterol, se as cápsulas não forem associadas a uma dieta pobre em gordura saturada e colesterol. Essa informação geralmente não é passada ao consumidor nas embalagens desses produtos.

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  3. Muita gente se ilude com esse tipo de suplementação e nem ao menos faz um uso controlado, muitas vezes é por indicação de terceiros e sem posologia adequada. O consumo de gorduras como a gordura saturada presente nestas cápsulas, apesar de ser de origem vegetal, pode contribuir para elevar os níveis de colesterol o que vai totalmente contra a alegação de alimento funcional.

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  4. Ao falar de alimentos funcionais, um detalhe muito importante a ser comentado é a dose oferecida pela porção indicada pelo fabricante de determinado alimento por dia. É comum observar que muitos fabricantes estimulam o uso de seus produtos em uma dosagem incompatível com a necessária para a obtenção dos efeitos desejados, desse modo seria fundamental que o fabricante do produto descrito, cápsulas de óleo de coco, descrevesse a dosagem presente em seu produto. Mas, antes disso devemos nos atentar ao fato de o fabricante descrever o seu produto como alimento funcional sem mesmo que ele apresente em sua composição qualquer ingrediente que o caracterize como alimento funcional de acordo com a legislação.

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  5. Segundo a definição encontrada na RDC 18/1999 da ANVISA de alimentos funcionais, como sendo um "alimento ou ingrediente que, além das funções nutritivas básicas, quando consumido como parte da dieta usual, produza efeitos metabólicos e ou fisiológicos e ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica“, poderíamos julgar o óleo de coco apresentado como tal, por apresentar ácidos graxos saturados e insaturados essenciais. Apesar disso, os ácidos graxos encontrados no produto - ômega 6, ômega 9 e ácido láurico - não são reconhecidos pela própria ANVISA quanto à sua eficácia, não podendo então serem comercializados como "alimentos funcionais".
    Deve-se haver um cuidado no consumo desse produto, visto que podem não trazer os benefícios esperados; atentando-se também na quantidade ingerida, visto que o recomendado pelo fabricante pode não servir a todos consumidores da mesma forma. Além disso, o consumo do óleo de coco só poderá vir a trazer benefícios se associado à uma dieta equilibrada, respeitando as necessidades nutricionais de cada indivíduo.

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  6. Segundo as informações do produto, o Óleo de Coco extravirgem da marca citada é um suplemento 100% natural. Extraído por prensagem a frio diretamente da polpa do coco in natura, é triplamente filtrado, mantendo seu nível de pureza e assim a concentração e propriedades de ação dos nutrientes. A Anvisa diz que o óleo de coco pode ser rico em ácidos graxos de cadeia média, apresenta rápida metabolização e baixa capacidade de oxidação mas, seu maior benefício e que o trouxe de volta a mídia é sua capacidade de normalizar os lipídios corporais, sendo atualmente promovido a alimento funcional e classificado como nutracêutico por proporcionar, benefícios a saúde do consumidor, auxiliando na redução de gordura abdominal. A conclusão deste trabalho é fatídica ao relatar que nem o ômega 6 e 9 nem o ácido láurico presentes na composição do produto são considerados alimentos funcionais, porém acredito que existam várias vertentes que precisam ser analisadas junto aos órgãos reguladores.

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