Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Redoxon₢: suplemento vitamínico ou jogo de marketing?


O mercado oferece alternativas para complementar as possíveis deficiências da dieta, dentre elas, o déficit de ingestão de vitamina C, suscitando o produto Redoxon₢, indicado como suplemento vitamínico. Mas até que ponto o produto se apresenta como alternativa saudável, em detrimento da inclusão de alimentos ricos em ácido ascórbico como laranja e acerola na dieta dos usuários?
Vídeo Redoxonhttps://www.youtube.com/watch?v=c8d0SBb33ZQ


A vitamina C (ou Ácido Ascórbico) participa de diversos processos metabólicos, dentre eles a formação de colágeno, síntese de epinefrina, corticosteroides e ácidos biliares, inativa radicais livres (antioxidante) e aumenta a absorção de ferro, prevenindo a anemia ferropriva. A recomendação diária de ingestão desta vitamina é de 45mg para adultos e de 25 – 35mg para lactentes e crianças de acordo com a Anvisa, como observado na tabela abaixo.


O Redoxon possui as seguintes formas disponíveis no mercado: Comprimidos efervescentes de 1g e 2g indicado para adultos e crianças acima de 12 anos; e Solução oral de 200mg/mL (frasco de 20mL) indicado para crianças. Considerando que aproximadamente 50% dessa dose será absorvida, observa-se que a dose diária recomendada é alcançada e até ultrapassada com apenas uma dose. Como consequência do consumo excessivo desta vitamina ou em superdosagem de Redoxon, é possível ocorrer quadros de diarreia, pois a vitamina C pode levar ao carreamento de grande quantidade de água para o interior do intestino; náuseas; vômitos e aumento da absorção de ferro, que podem sobrecarregar rins e bexiga, na tentativa de excretar parte dessas substâncias. 
Analisando mais profundamente, há o Redoxon de 2g. Este apresenta corante amarelo de quinolina, um artifício industrial para remeter o usuário à laranja, fruta bastante conhecida por seu moderado teor de vitamina C. O uso deste corante pode favorecer reações alérgicas em usuários, principalmente em subgrupos etários como idosos. Ainda, na mesma formulação, é possível encontrar ciclamato de sódio, um edulcorante cuja ação cancerígena já foi consolidada na literatura.
Na solução oral de uso pediátrico podemos encontrar como conservante os parabenos (metil— e propilparabenos). O subgrupo etário para o qual é direcionado este produto apresenta um sistema de metabolismo menos desenvolvido quando comparado a de um adulto. Este fato, associado a presença de corante caramelo, aumenta o risco associado a reações alérgicas em lactantes e crianças.


O marketing sobre o produto é sedutor à medida que apresenta este como um facilitador do consumo de vitamina C diário, uma vez que é mais simples ingerir um comprimido que preparar um suco de laranja. Entretanto, até que ponto a utilização de vitaminas sintéticas sobrepõe as vitaminas naturais?
O estudo de Vinson & Boose compara a absorção do ácido ascórbico sintético, disponibilizado na forma isolada, com extratos obtidos de frutas cítricas que, além do ácido ascórbico, encontram-se bioflavonóides, proteínas e carboidratos. Os autores observaram que numa dose única de 500 mg de ascorbato nas duas formas, o ácido ascórbico do extrato foi absorvido em maior quantidade e mais lentamente que sua forma pura, sugerindo que possa haver interações entre os compostos do extrato que favorecem a absorção da vitamina C. 
Portanto, vimos que a vitamina C possui diversas funções importantes no organismo, sendo necessária durante toda a vida, entretanto em excesso causa problemas.
Em suma, observamos as diversas funcionalidades da vitamina C no organismo e a importância de manter seus níveis dentro da faixa adequada. Ainda, apontamos como este nutriente pode ser adquirido através de um produto comercial de origem farmacêutica e os potenciais riscos de seu uso. Desta maneira, deixamos a pergunta: até que ponto, o uso da vitamina C sintética apresenta mais benefícios quando comparada ao natural?

Referências

Anvisa, Portaria nº 32, de 13 de Janeiro de 1998
Anvisa, Resolução CNNPA nº44 de 1977
Medical Reference Guide; Medical Center of University of Maryland; Junho, 2013. http://umm.edu/health/medical/altmed/supplement/vitamin-c-ascorbic-acid Acessado em 28 de junho de 2015.
VINSON, J.A., BOSE, P. Comparative Bioavailability of Synthetic and Natural Vitamin C in Guinea Pig; Nutrition Reports International, 27, no.4, 1983.
Cebrim Informa; Uso Racional da Vitamina C (Ácido Ascórbico) http://www.cff.org.br/userfiles/file/cebrim/Cebrim%20Informa/Uso%20Racional%20da%20Vitamina%20C%2018-03-2013.pdf Acessado em 28 de Junho de 2015.
ARANHA, F.Q., et al. O Papel da Vitamina C sobre as Alterações Orgânicas nos Idosos, Revista de Nutrição, vol.13, no.2, Campinas Mai/Ago. 2000.



 Artigo escrito por Fernanda Araújo (111026939) e Raíssa Rocha (111207462)

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