Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

domingo, 12 de julho de 2015

BARRA PROTEICA PRO30VIT: Boa para pós-treino?




A barra é perfeita para antes ou depois do treino, com 30 tipos de vitaminas e minerais, além de carga extra de proteínas que ajudam principalmente no desenvolvimento de massa muscular”, é o que diz no site do fabricante. Você concorda?

As barras de proteína tem se tornado febre entre os esportistas, e estão cada vez mais presentes na dieta de quem está em busca do corpo perfeito. As barras de whey, como são conhecidas, se dizem barras de proteína com baixíssima quantidade de carboidrato, ideais para quem busca uma dieta mais saudável e pretende diminuir ou manter seu peso atual. Elas são compostas por diferentes proteínas, com destaque da Whey Protein, já conhecida e aclamada pelo seu público alvo. Além das proteínas, essas barras também contêm vitaminas e sais minerais.

PROTEÍNAS USADAS NA FORMAÇÃO DOS MÚSCULOS

A síntese de proteína muscular é regulada por dois principais estímulos anabólicos: Ingestão de alimentos e atividade física. A ingestão de alimentos, ou melhor, a ingestão proteica, aumenta diretamente as taxas de síntese de proteína muscular. Os aminoácidos derivados da proteína dietética têm papel chave na síntese de proteínas, ativando vias anabólicas no tecido do músculo esquelético e oferece os blocos construtores para síntese da proteína muscular. 

Outro principal estímulo anabólico é a atividade física. Durante a atividade física a síntese de proteínas do corpo é interrompida. No entanto, nas horas de recuperação após o exercício, a síntese proteica acelera-se além dos níveis normais de repouso, caracterizando esse momento como o principal para a ingestão de proteína, visando a formação dos músculos. A atividade física diretamente estimula a síntese de proteína do músculo esquelético, sendo um efeito que se provou persistir por até 24 h após o término do exercício (Burd et al., 2011).

Todas as pessoas ativas, especialmente os atletas, provavelmente precisam de mais proteínas do que as pessoas sedentárias, levando em consideração que um dos fatores que aumenta o consumo de proteína é o próprio treinamento.

QUANTO DE PROTEÍNA UMA PESSOA ATIVA DEVE CONSUMIR?

Embora o Comitê das DRIs (Ingestão Diária Recomendada) não recomende uma ingestão de proteínas maior que o normal para os atletas, outras autoridades recomendam. Essas recomendações especificam valores diferentes de ingestão de proteínas para atletas que praticam atividades diferentes, como mostrados na tabela a seguir:

Ingestão Recomendada de Proteína para Atletas

Recomendações
(g/Kg/dia)
Ingestão de Proteínas
(g/dia)

Homens
(70 kg)
Mulheres
(55 kg)
RDA para adultos
0,8
56
44
Ingestão recomendada para atletas de atividades de potência (força)
1,6 – 1,7
112 - 119
88 - 94
Ingestão recomendada para atletas de atividades de potência (velocidade)
1,2 – 1,6
84 - 112
66 - 88
Ingestão média dos EUA
95
65
---
Obs: RDA = Ingestão Dietética Recomendada


WHEY PROTEIN E SEUS FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS


A embalagem nos mostra que a barra de proteína em questão é composta por whey protein, albumina, proteína de soja, além de trinta vitaminas e minerais.

Figura 1: Informações nutricionais


Whey Protein é a proteína do soro do leite extraída durante o processo de transformação do leite em queijo, e fornece aminoácidos essenciais para o corpo, sem a adição de colesterol e gordura. Promove maior retenção de nitrogênio (fator de crescimento muscular) e também possui ação antioxidante, fortalece o sistema imunológico e reduz sintomas de overtraining.

Outro fator que é essencial na Whey Protein é sua rápida absorção. Como visto anteriormente, logo após o treino, o músculo está mais receptivo a nutrientes, proporcionando um alto grau de absorção de proteína, aminoácidos, etc. Garantindo com isso um perfeito ambiente anabólico (aumento da função celular), já que ela por si só, já aumenta a síntese proteica, e ainda mais depois de um treino intenso.

A proteína isolada do leite está na oitava posição na lista dos ingredientes da barra proteica pro30vit (figura 1). Além disso, o produto apresenta maior quantidade de proteína de soja e albumina do que o próprio whey protein.


PROTEÍNA DE SOJA E ALBUMINA

A proteína de soja apesar de não ser de origem animal, é “completa” e de alta qualidade e digestibilidade. Segundo a ANVISA, o consumo de 25g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol. Além disso, possui efeitos antioxidantes no organismo. Porém, não se sabe ao certo o quanto de proteína de soja está presente no produto.

Percebe-se que a albumina salientada na embalagem do produto se refere à ovoalbumina, proteína presente na clara do ovo. A albumina fornece todos os aminoácidos essenciais de que o corpo precisa, inclusive, para a construção muscular.

Encontram-se listados, somando-se vitaminas e minerais, 30 micronutrientes adicionados ao produto. Vale lembrar que a adição de micronutrientes tornou-se comum na indústria alimentícia. Entretanto, os nutrientes e minerais encontrados não cumprem a quantidade necessária diária determinada pela a ANVISA, não podendo assim substituir qualquer outra fonte nutricional.

INGESTÃO PROTEICA: QUANDO?

Além da quantidade e do tipo de proteína ingerida durante a recuperação após o exercício, o momento em que esse consumo acontece é identificado como outro fator chave na modulação do anabolismo da proteína muscular pós-exercício. Essa questão nos ajuda a desvendar se a barra de proteína analisada é indicada para pré-treino, pós-treino, ou ambos os momentos.

Não há dúvidas na literatura de que o consumo de proteína pós-treino aumenta a taxa anabólica muscular. No entanto, estudos mais recentes estão sendo feitos com a intenção de esclarecer se esse mesmo consumo no pré-treino e durante o treino, também ajudam na formação muscular.

Recentemente, a American Journal of Physiology divulgou estudo sobre o consumo de proteína antes e durante exercícios de resistência física. A resposta anabólica (equilíbrio da proteína muscular) aumentou em ambos os grupos, constatando que a proteína ingerida nessas situações também gera resultado positivo para a construção muscular.

CONCLUSÃO

A ingestão de proteínas pós-treino estimula a síntese de proteína muscular. Estudos recentes mostram que a ingestão de proteínas antes e/ou durante o exercício já estimulam a síntese de proteína muscular antes que a sessão de exercícios seja concluída.

A ingestão de proteínas antes e/ou durante treinos prolongados podem inibir a quebra da proteína muscular, estimular a síntese de proteína muscular e acentuar ainda mais a resposta adaptativa do músculo esquelético aos exercícios. A coingestão de proteínas durante o exercício não promove a melhora aguda da capacidade de desempenho, mas pode melhorar a eficiência dos treinos.

Porém, para ter um resultado satisfatório durante os treinos no que se refere a ganho de massa muscular, é necessário que se faça uso de 20g a 25g de proteína imediatamente após exercício, e, no entanto a BARRA PROTEICA PRO30VIT possui apenas 11g em sua composição, o que nos leva a concluir que apenas o consumo da barra proteica analisada não é suficiente para estimular o aumento da síntese muscular.

REFERÊNCIAS

1. Burd, N.A., D.W. West, D.R. Moore, P.J. Atherton, A.W. Staples, T. Prior, J.E. Tang, M.J. Rennie, S.K. Baker, and S.M. Phillips (2011). Enhanced amino acid sensitivity of myofibrillar protein synthesis persists for up to 24 h after resistance exercise in young men. J. Nutr. 141: 568-573.
2. Consumo de proteínas e ganho de massa muscular, MARAGON, A.F.C., MELO, R.A., Universitas Ciências da Saúde – vol.02 n.02 – pp. 281 - 290


Alunas:
Juliana dos Santos Carmo DRE: 110179917
Nathalia Meireles Ribeiro DRE: 110180235

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