Emagrecer rápido é um enorme
desejo da maioria da população mundial. Esta é a promessa de produtos como o
Goji Pro, que apresentam como princípio ativo o Goji Berry e prometem
emagrecimento seguro e melhoria da qualidade de vida. Às
propriedades do ilustre fruto tibetano, foram associados emagrecimento, aumento
de energia e regulação dos níveis de colesterol e glicose. Quer descobrir o que
este pequeno fruto utilizado por celebridades como Victoria Beckham e Madonna
pode fazer pela sua saúde?
Descrição do Produto
No Brasil, só é possível obter a
fruta Goji Berry na forma desidratada ou em forma de cápsulas. No caso do Goji
Pro, as cápsulas são compostas de 500 mg de extrato de Goji Berry. Existem
muitos outros suplementos à base de Goji Berry e que pode conter outros
compostos, como picolinato de cromo, zinco, selênio, vitamina A, vitamina C e
outros. Esses compostos suplementares apresentam a função anti-oxidante,
prevenindo a ação deletéria dos radicais livres.
Como o fabricante não esclarece
ao cliente sobre o modo de usar e o período em que os efeitos podem ser
observados, é aconselhável que o mesmo seja orientado por um médico,
nutricionista ou farmacêutico sobre o uso. É notável que a propaganda apresenta
diversos conceitos errôneos e tendenciosos, como informar que o suplemento não
apresenta efeitos adversos e é um produto dispensado de obrigatoriedade de
registro, segundo a RDC 27/2010. De acordo com a presente RDC e o Informe
Técnico 66/2015, o Goji Berry é caracterizado como novo alimento ou novo
ingrediente, portanto as cápsulas apresentam obrigatoriedade de registro na
Anvisa.
Benefícios e Riscos do Goji Berry
O goji (Lycium barbarum L.) é uma planta da família das Solanaceae e é usada tradicionalmente
como alimento e medicamento no leste asiático, principalmente da China e
Tibete, por mais de 2000 anos. No passado, os frutos, na forma de tinturas, pós
ou comprimidos, apresentavam função de enriquecer o Yin no fígado, rins e pulmões, além de melhorar a acuidade visual,
infertilidade, dores abdominais, tosses secas, fatiga e dores de cabeça. Também
se acreditava que as frutas poderiam aumentar a longevidade e evitar o
aparecimento precoce de cabelos grisalhos.
Nos tempos atuais, foram feitos
diversos estudos para avaliação das propriedades antioxidantes,
imunomodulatórias, neuroprotetores e hipolipidêmicos dos frutos e de outras
partes da planta. Verificou-se que essas propriedades poderiam ocorrer devido à presença de polissacarídeos,
flavonóides (miricetina, quercetina e kaempferol), carotenóides (como o
palmitato de zeaxantina), vitamina C, complexo B e aminoacidos não-proteinogênicos (taurina,
betaina). Portanto, de fato o goji berry apresenta efeitos farmacológicos
importantes, mas isso não justifica a irracionalidade do consumo, visto que
também há efeitos adversos.
Há limitações na disponibilidade
de estudos toxicológicos que permitam uma análise crítica da segurança
do uso de Goji a longo prazo, porém os estudos disponíveis apontam para um
baixo risco toxicológico com o consumo do fruto em quantidades moderadas.
Existem relatos de casos de
pacientes que apresentaram reação alérgica após o consumo do fruto tibetano.
Foi descrita um possível relação entre o desencadeamento de alergia após o
consumo de Goji Berry com a existência de um quadro primário de alergia a
alimentos como tomate, que também é uma
planta da família Solanaceae.
Outra fonte de preocupação quanto
ao risco toxicológico do fruto é o potencial de interação com medicamentos
hipertensivos e anticoagulantes. O Goji Berry possui componentes que são
metabolizados por enzimas hepáticas, interferindo na metabolização desses medicamentos
pelo mesmo grupo de enzimas.
Conclusão
O consumo do produto apresenta
baixos riscos para população em geral, porém pessoas que utilizam medicamentos
de uso contínuo ou apresentam alergias alimentares devem consultar seu médico
antes de consumir este produto.
Tanto a ANVISA quanto o FDA
proíbem a comercialização de qualquer produto à base de Goji Berry com
alegações de tratamento, cura ou prevenção de doenças. Estas alegações não
possuem comprovação científica e não devem motivar o consumo deste produto. O
fruto não possui ação comprovada do seu papel emagrecedor e melhora da saúde.
São necessários estudos
científicos adicionais que permitam a verificação da segurança do Goji como
alimento, pois os estudos atuais possuem limitações quanto ao tempo de
utilização do produto e também do amostral de sujeitos utilizados.
Referências Bibliográficas
●
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Resolução n. 27 de 6 de agosto de 2010. Dispõe sobre as categorias de alimentos
e embalagens isentos e com obrigatoriedade de registro sanitário. Disponível em
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/b951e200474592159a81de3fbc4c6735/DIRETORIA_COLEGIADA_27_2010.pdf?MOD=AJPERES Acesso: 28/06/2015
●
Potterat, Olivier. Goji (Lycium barbarum and L.
chinense): Phytochemistry, Pharmacology and Safety in the Perspective of
Traditional Uses and Recent Popularity. Planta Medica, v.76, p. 7–19,
2010.
●
Larramendi, Carlos Hernando et al. Goji Berry (Lycium barbarum) : Risk of Allergic reactions in
individuals with food allerrgies. Journal of Investigational Allergology and
Clinical Immunology, v.22, p.345-350, 2012.
Dupla : Larissa Mendonça
Rafaela
Mendonça
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