Niquitin adesivos: Dobra suas chances de parar de fumar,
afirma a empresa GSK.
Considerando o mercado de medicamentos isentos
de prescrição, o Niquitin é o mais recomendado pelos médicos para parar de
fumar. Será ele o medicamento mágico contra o tabagismo?
A
nicotina é uma substância que constitui o princípio ativo do tabaco. Quando o
fumante inala a fumaça do cigarro, uma grande quantidade de componentes como a
nicotina chega aos pulmões caindo na circulação arterial, possibilitando a
chegada ao sistema nervoso central em poucos segundos. No cérebro, a nicotina
tem capacidade de se ligar aos receptores colinérgicos nicotínicos, ativando o
sistema de recompensa que favorece a liberação de neurotransmissores como a
adrenalina, dopamina e serotonina. Esses neurotransmissores induzem a sensação
de prazer e relaxamento, a redução do estresse e o aumento do estado de vigília.
Quando um indivíduo fuma por tempo prolongado, ocorre o aumento da expressão de
receptores nicotínicos no cérebro, devido à presença constante de grande aporte
de nicotina. Quando o indivíduo tenta parar de fumar há falta de nicotina para
se ligar aos receptores, levando à síndrome de abstinência o que dificulta a
suspensão de tal hábito.
Figura 1: Estrutura molecular da Nicotina
Essa é uma razão pela qual a Terapia
de Reposição da Nicotina (TRN) auxilia no tratamento dos fumantes para
abandonar o vício. Nesse tipo de tratamento há a substituição da nicotina dos
cigarros pela Nicotina Terapêutica.
O produto Niquitin desenvolvido
pela empresa GSK é indicado para essa terapia auxiliando no tratamento do
tabagismo. A principal substância presente no produto é a nicotina, a mesma
substância presente no cigarro responsável por induzir a dependência.
Entretanto no cigarro estão presentes outras 4720 substâncias potencialmente
tóxicas ao organismo.
Esse tratamento consiste na
administração de doses cada vez menores de nicotina, a fim de propiciar a
retirada progressiva da substância, diminuindo a dependência ao fumo e
reduzindo os sintomas de abstinência como cefaléias, dificuldade de
concentração e irritação; não causando ao indivíduo os efeitos prejudiciais
causados pelos demais componentes do cigarro.
No mercado existem duas formas farmacêuticas
distintas para o Niquitin: a forma de pastilha ou adesivo. As pastilhas
apresentam as concentrações de 2 e 4 mg de nicotina, e até a sexta semana de tratamento devem ser tomadas a cada
hora ou com um intervalo de 2 horas. Enquanto o Niquitin adeviso apresenta a
capacidade de liberar continuamente nicotina durante 24 horas de forma
controlada. Desse modo o adesivo mostra-se mais vantajoso quanto à adesão ao
tratamento, pois aumenta o intervalo de administração quando comparado às
pastilhas.
Segundo a consulta pública n. 50
de 28/05/07 publicada pela Anvisa, adesivos transdérmicos são sistemas
destinados à aplicação na pele, produzindo um efeito sistêmico pela difusão
do(s) princípio(s) ativo(s) através da mesma numa velocidade constante por um
período de tempo prolongado.
Em conformidade com a legislação, o Niquitin
adeviso transdérmico possui a Tecnologia
Smart Control ™, sendo um adesivo disposto em quatro camadas. A camada mais
profunda permite a liberação rápida da nicotina terapêutica para o controle da
fissura, a segunda camada é uma membrana de liberação controlada, a terceira
funciona como um reservatório de nicotina terapêutica que permite sua liberação
constante durante todo o dia e a última camada é a proterora.
Figura 2: Esquema estrutural do adesivo transdérmico Niquitin
Estão disponíveis no mercado três concentrações do adesivo Niquitin: 7,
14 e 21 mg. A escolha da concentração a ser utilizada e do tempo de tratamento
depende do nível de dependência do indíviduo e é estimado a partir do número de
cigarros fumados por dia.
Alguns cuidados que devem ser tomados pelo indivíduo
quanto ao uso do Niquitin:
Após o início do tratamento com Niquitin,
não é recomendado fumar. Caso volte a fumar, suspenda o tratamento e volte no
futuro em uma nova tentativa.
Se o indivíduo estiver hospitalizado
devido à ocorrência de um infarto ou AVC não é recomendado o uso de Niquitin,
ou seja, deve parar de fumar sem ajuda de TRN.
Se possuir diabetes deve haver
maior vigilância quanto ao nível de glicose no sangue, ao iniciar o tratamento
com Niquitin, pois a necessidade de insulina e de outros fármacos pode mudar.
Reações Adversas
As reações adversas podem ser classificadas quanto à
intensidade de ocorrência, em:
Reações mais
frequentes: Náuseas, vômitos, dor de cabeça, tontura, reações no local de
aplicação, distúrbios de sono incluindo sonhos incomuns e insônia.
Reações comuns : Tremores, palpitações, falta de ar,
faringite, tosse, nervosismo, desconforto digestivo, dor abdominal alta,
diarréia, boca seca, prisão de ventre, aumento da transpiração, dores nas
articulações e musculares, dor torácica, dor nos membros, astenia e fadiga.
Reações incomuns: Taquicardia, mal estar, sintomas
semelhantes aos da gripe e hipersensibilidade (alergia).
Reações muito raras: Reações anafiláticas, dermatite
alérgica, dermatite de contato e fotossensibilidade.
Superdosagem
Nessa situação, os sinais e sintomas são
semelhantes à superdosagem de qualquer medicamento à base de nicotina ou em
intoxicação aguda por nicotina. São eles: Palidez, suor frio, salivação,
vômitos, dor abdominal, diarréia, dor de cabeça, tontura, distúrbios de audição
e visão, tremores, confusão mental, fraqueza, prostração, pressão baixa, insuficiência
respiratória e convulsões. Em qualquer um desses sintomas, o uso do adesivo
deve ser interrompido e deve procurar um médico. O local da aplicação na pele
pode ser lavado com água corrente, mas não com sabão, pois este pode aumentar a
absorção da nicotina.
O
Tabagismo é um grave problema de saúde pública
É considerado como causa de quase 50 diferentes tipos de
doenças que incapacitam o ser humano, podendo levar à sua morte. Responsável
por 45% de infarto do miocárdio, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva
crônica (enfisema), 25% das mortes por doença cérebro-vascular (derrames) e 30%
das mortes por câncer. E 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes.
Pode dar início ou agravar doenças como hipertensão e
diabetes. Eleva o risco de o indivíduo desenvolver e até chegar ao óbito com
tuberculose.
Mata cinco milhões de pessoas por ano no
mundo. No Brasil são 200 mil mortes anuais. É considerada como doença crônica,
ou seja, seu tratamento é de interesse público. De acordo com a Portaria 2.982 de 26/11/2009,
o Ministério da Saúde é responsável por disponibilizar adesivos transdérmicos
de nicotina. Este produto faz parte do programa de saúde estratégica oferecida
à comunidade: o Programa Nacional de Controle do Tabagismo no Sistema Único de
Saúde (SUS) que oferece tratamentos gratuitos em mais de três mil unidades
públicas de saúde.
A nicotina do tabaco causa dependência química similar à
dependência de drogas como heroína ou cocaína. O tabagismo é considerado uma
doença pediátrica, pois a idade média que o indivíduo inicia essa prática é 15
anos. Por isso, tem que haver um cuidado redobrado com os adolescentes e as
estratégias que esses recebem como a propaganda e promoção com imagens
positivas ao produto e ao ato de fumar; baixo preço dos produtos; facilitação
do acesso aos produtos devido ao grande número de pontos de venda, a colocação
dos produtos em prateleiras de supermercados e lojas de conveniência, a venda
de cigarros em máquinas automáticas de venda, que facilitam o acesso e
dificultam o controle de venda aos menores de idade.
A globalização dessas estratégias faz com que o consumo de
cigarro continue a aumentar no mundo inteiro, principalmente em países pobres.
Com tudo isso, percebe-se a
necessidade de medidas para controle do tabagismo como: Proteção da população
contra a exposição à fumaça em ambientes fechados; proibir a promoção,
publicidade e patrocínio do cigarro; desenvolver programas de educação e
conscientização sobre os malefícios do tabagismo e de tratamento da dependência
da nicotina; impedir o acesso dos produtos aos jovens.
Discussão
Ainda é muito contraditória a ideia de
que somente medicamentos, assim como o Niquitin são suficientes para a cura do
tabagismo. Sabe-se
que esta patologia causa dependência química devido à presença da nicotina, mas há
discussões que dizem que o cigarro também causa dependência psicológica. Em uma
matéria publicada no Jornal O Dia em 12/01/2014, Stella Martins,
da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira, afirma que a
dependência e o tratamento envolvem aspectos comportamentais e psicológicos
também. Ela relata que, na maioria das vezes, o cigarro é visto como “refúgio”
para esquecer as dificuldades e que o ideal é que paciente aprenda a lidar com
as situações difíceis sem o fumo.
Então quando um indivíduo decide
largar o cigarro, este tem que ter a noção de que além da dependência química,
a psicológica também tem que ser tratada. Faz-se necessário um acompanhamento
psicoterápico em grupo ou individual para que o fumante perceba o verdadeiro
lugar do cigarro e que ele pode viver sem fumar.
E é nesse contexto que a terapia medicamentosa auxilia ao tratamento. Segundo
associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar, no
documento de diretrizes clínicas na saúde suplementar, para todo fumante acima de 18 anos, que consome mais de 10 cigarros/dia,
interessado em parar de fumar o uso de fármacos aumenta de 2 a 3 vezes a chance
de sucesso de acordo com a medicação prescrita, conforme visto na tabela a
seguir:
Desse modo, o adesivo transdérmico Niquitin, assim como outras terapias
medicamentosas podem auxiliar no tratamento do tabagismo desde que o uso seja
concomitante com terapias de suporte psicológico e o uso seja realizado
conforme prescrição médica e orientação farmacêutica.
Autoras: Marina da Silva Boni (DRE: 111026832) e Michele de Vasconcelos Macena (111220842)
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ASSOCIAÇÃO
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Consulta Pública n. 50 de 28 de maio de 2007. D.O.U de 30/05/2007.
GLAXOSMITHKLINE BRASIL. Niquitin adesivo(nicotina).
Disponível em: <http://www.gskpacientes.com.br/medicamento/nome/niquitin-adesivo-nicotina/159>
Acesso em: 19/07/2015 às 15h39min.
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