Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

terça-feira, 23 de junho de 2015

 GH VIT: apenas mais um entre vários suplementos?
                                            

    O consumo de suplementos alimentares entre atletas e praticantes de exercícios físicos vem se tornando cada vez mais frequente. Diante dessa demanda a indústria vem oferencendo uma grande variedade desses produtos alegando os mais variados efeitos sobre o organismo. O foco desse artigo é o GH VIT produzido pela Midway e os efeitos prometidos com o consumo deste.

GH VIT: apenas mais um entre vários suplementos?
                                            
    O consumo de suplementos alimentares entre atletas e praticantes de exercícios físicos vem se tornando cada vez mais frequente. Diante dessa demanda a indústria vem oferencendo uma grande variedade desses produtos alegando os mais variados efeitos sobre o organismo. O foco desse artigo é o GH VIT produzido pela Midway e os efeitos prometidos com o consumo deste.

Comentario do fabricante:

Os produtos GH Pumpmax®, GH Vit® e Gh Bolan® são suplementos que contém aminoácidos importantes para a liberação natural do hormônio de crescimento. O hormônio de crescimento, também conhecido como GH, tem ação anabólica, promovendo o balanço proteico positivo e o aumento da quantidade de massa muscular. Muitos são os efeitos associados a esse hormônio em decorrência da prática de atividade física, dentre eles, a redução do catabolismo proteico e o aumento da mobilização de gordura do tecido adiposo para geração de energia. São produtos que proporcionam uma melhor resposta anabólica e máxima volumização e definição dos diversos grupos musculares”

O fabricante recomenda o consumo de dois tabletes de GH VIT quatro vezes ao dia.

Valor energético
 28kcal = 118kJ
2
Carboidratos
1g
0
Proteínas
6g
8
Gorduras totais
0g
0
Gorduras saturadas
0g
0
Gordura trans
0g
-
Fibra
0g
-
Sódio
34mg
1

Aminograma
mg de AA/8g do produto
L-Alanina
378mg
L-Arginina
460mg
L-Cisteína
225mg
L-Glicina
248mg
L-Ácido Glutâmico
1179mg
L-Histidina
108mg
L-Isoleucina
394mg
L-Leucina
676mg
L-Lisina
679mg
L-Metionina
152mg
L-Fenilalanina
215mg
L-Prolina
471mg
L-Serina
345mg
L-Tirosina
187mg
L-Treonina
429mg
L-Valina
377mg
L-Ácido Aspártico
725mg
L- Triptofano
115mg

    O hormônio do crescimento (GH) é um potente agente anabólico gerado nos somatotrofos hipofisários anteriores. O GH possui atividade promotora do crescimento e hipertrofia muscular através da facilitação do transporte de aminoácidos para o interior das células. Além disso, o GH estimula diretamente o metabolismo de gorduras (lipólise), aumentando a síntese de enzimas envolvidas nesse processo. No indivíduo adulto, o GH também aumenta a síntese proteica.

    A secreção de GH acontece em forma de pulsos ou picos de liberação do GH várias vezes ao dia, sendo que o  maior desses ocorre por volta de duas hora após deitar-se. De qualquer forma, há uma variação ampla de acordo com o dia e o indivíduo. A quantidade e o padrão de secreção do GH varia ao longo de toda a vida. As crianças e os adolescentes sadios têm uma média de 8 picos a cada 24 horas. Os adultos, em média 5 picos, ou seja, os níveis basais, a freqüência e a amplitude dos picos de GH caem ao longo da vida adulta.
    
   A liberação de GH pode ser afetada por diversos fatores inibidores e estimuladores. Como fatores estimuladores, podemos citar o sono, o exercício físico, a hipoglicemia, as proteínas consumidas na dieta e o estradiol. Já os fatores inibidores da liberação do GH incluem os carboidratos consumidos na dieta e os glicocorticóides.
    
   O efeito estimulante dos aminoácidos na secreção de GH é bastante frequente na literatura. Uma refeição rica em proteínas ou a infusão intravenosa (IV) de uma mistura de aminoácidos aumenta o nível plasmático de GH. A infusão de arginina ou sua administração oral apresenta o maior efeito estimulante da secreção de GH frente aos outros aminoácidos. Estudos prévios também apontam que a pratica de exercícios físicos, especialmente o treinamento de força, aumentam os níveis séricos de GH.

    Tendo em vista tais efeitos de estimulação da secreção de GH, atletas e praticantes de atividades físicas tem utilizado suplementos a base de L-arginina como o GH VIT, por exemplo, com a intenção de otimizar seus efeitos ergogênicos.

    Entretanto vale ressaltar que as observações a respeito dos efeitos metabólicos da suplementação para esta finalidade ainda são controversos. Estudos prévios demonstraram um leve aumento na concentração sérica de GH aproximadamente entre 30 e 60 minutos após a administração exógena de L-arginina, seja ela de forma oral ou intravenosa. Por outro lado, estudos mais recentes apontam que a L-arginina estimula a secreção do GH, em curto prazo, uma vez que este estímulo não foi capaz de permanecer após 8h da administração da última dosagem da suplementação, nem mesmo de permanecer após o uso continuado durante uma semana.

    Como o próprio no me diz O GH VIT é apenas uma suplementação proteica não devendo ser utilizado em substituição às principais refeições diárias.

    Alimentos não podem ter propriedades ou indicações terapêuticas e ou  medicamentosas, conforme estabelece o artigo 56 do Decreto-Lei n. 986/1969.  Portanto, propagandas e rótulos que indicam produtos para prevenção ou tratamento de doenças ou sintomas, emagrecimento, redução de gordura, ganho de massa muscular, aceleração do metabolismo ou melhora do desempenho sexual são ilegais e não são autorizadas para alimentos. Além disso, a legislação sanitária brasileira não prevê a categoria “suplemento alimentar”. Assim, os produtos apresentados em formatos farmacêuticos fabricados no país ou importados devem ser regularizados como medicamentos ou alimentos de acordo com sua composição e finalidade de uso. Quando comercializados como alimentos, esses produtos geralmente têm obrigatoriedade de registro junto à Anvisa, conforme determina a Resolução-RDC n. 27/2010, e podem ser enquadrados nas categorias de novos alimentos, alimentos com alegações de propriedade funcional ou substâncias bioativas isoladas, conforme o caso.

     Os suplementos vitamínicos e minerais são produtos compostos exclusivamente desses nutrientes e visam complementar a alimentação habitual de indivíduos saudáveis. Esses produtos são regulamentados pela Portaria SVS/MS n. 32/1998. Os alimentos para atletas são considerados alimentos para fins especiais, destinados a atender as necessidades nutricionais específicas e auxiliar no desempenho de atletas, isto é, praticantes de exercício físico com especialização e desempenho máximos com o objetivo de participação em esporte com esforço muscular intenso. Esses produtos não podem apresentar substâncias estimulantes, hormônios ou outras consideradas como "doping" pela Agência Mundial Antidoping (WADA).

    Os alimentos para atletas são regulamentados pela Resolução-RDC n. 18/2010 e classificados como: suplemento hidroeletrolítico para atletas; suplemento energético para atletas; suplemento protéico para atletas; suplemento para substituição parcial de refeições de atletas; suplemento de creatina para atletas; suplemento de cafeína para atletas. Essa denominação deve constar do painel principal da rotulagem e no caso de produto importado, deve estar traduzida na etiqueta junto às demais informações obrigatórias.
       
    “Pílula natural para emagrecimento”, “Quer perder peso agora?”, “Produto anticatabólico”, “Promove o ganho de massa muscular”, “Combate o envelhecimento da
pele”, são mensagens cada vez mais comuns em produtos comercializados como “suplementos alimentares” e chamam a atenção de consumidores que procuram uma maneira rápida e fácil para perder peso, ganhar massa muscular, melhorar a aparência ou mesmo obter outros benefícios à saúde. No entanto, esses produtos não cumprem com os benefícios anunciados e podem causar danos graves à saúde por conterem ingredientes que não são seguros para serem consumidos como alimentos ou, ainda, conter substâncias com propriedades terapêuticas, que não podem ser consumidas sem acompanhamento médico. A comercialização desses produtos como “naturais” e seguros, além do forte apelo publicitário, contribuem para seu uso indiscriminado por pessoas que desconhecem seus riscos, principalmente por praticantes de atividade física em academias. É comum que esses produtos contenham ingredientes que não passaram por avaliação de segurança de uma autoridade sanitária.  Para serem comercializados regularmente no Brasil, alimentos apresentados em formatos farmacêuticos (cápsulas, tabletes ou outros formatos destinados a serem ingeridos em dose) devem ser previamente avaliados quanto à segurança de uso e registrados pela Anvisa. Este procedimento é adotado pela Agência com o intuito de proteger a saúde da população em virtude do surgimento de produtos inovadores contendo substâncias que não possuem comprovação da segurança ou que apresentam substâncias já consumidas, mas que são utilizadas em quantidades superiores às atualmente observadas nos alimentos que compõe uma dieta regular. Da mesma forma, qualquer benefício associado a esses produtos só pode ser declarado após demonstração científica de sua veracidade e atendimento aos regulamentos específicos que tratam de alegações de propriedades funcionais e ou de saúde. O fato de um “suplemento alimentar” ser importado não significa que tenha passado por controles de segurança, qualidade e eficácia mais rigorosos do que um produto nacional.

      Portanto, os consumidores devem estar atentos a esses produtos, pois como podem ser legalmente importados para consumo próprio, é preciso certificar se foram avaliados por uma autoridade sanitária e mesmo se não foram submetidos a um recolhimento. Cada país controla esses produtos de maneira específica e, em muitos, não são realizadas avaliações de segurança, qualidade ou eficácia antes da entrada do produto no  mercado. As ações de controle são geralmente efetuadas depois que os produtos já estão sendo comercializados e buscam recolhê-los do mercado ao menor sinal de dano à saúde ou ação fraudulenta. O problema é que essa retirada do mercado nem sempre se estende aos produtos que foram importados diretamente ou que estão sendo comercializados clandestinamente.

Referencias Bibliográficas

Mauras N, Haymond MW. Are the metabolic effects of GH and IGF-I separable? Growth Horm IGF Res 2005;15:19-27.    

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/b2bad2004670f908ba58be99223cd76e/1-Semin%C3%A1rio+do+Setor+Regulado+-+Suplementos+Alimentares+-+21.10.14.pdf?MOD=AJPERES
Acesso em 170415 às 17:35h

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/3091b2804beca59091d0d9bc0f9d5b29/Alerta+aos+Consumidores_Suplementos_pos+Infosan.pdf?MOD=AJPERES
 Acesso em  17/04/2015 as 18:17h
       
 http://www.scielo.br/pdf/abem/v51n4/a13v51n4.pdf
Acesso em  17/04/2015 as 21:17h

Trabalho de: Ingrid de Jesus Magdalena  DRE:111318645
                      Pâmela Gomes

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