Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

domingo, 19 de julho de 2015

Drinkfinity - Mais hidratação ou marketing?


Drinkfinity tem como proposta atingir pessoas que não consomem água em quantidade considerada necessária para consumo diário. Através de um sistema diferenciado de aromatização e edulcoração da água, ele busca atrair ao público com suas diferentes cores, sabores, e finalidades. Alguns Pods prometem energia, e estes possuem cafeína em concentrações semelhantes à de refrigerantes. Outros prometem motivação após sua ingestão, e estes possuem zinco e vitamina. Conservantes, estabilizantes, emulsificantes e acidulantes também estão presentes nos Pods. Será que vale apena consumir todos esses componentes, para tornar mais agradável o hábito de beber água?

   APRESENTAÇÃO DO PRODUTO:
Drinkinity apresenta um desing contituído de duas parte: Vessel e Pods. O Vessel contém 1 garrafa plástica reutilizável para bebidas não alcoólicas e frias (com água em temperatura de até 65°C), com capacidade de 700ML=24Oz, que deve ser conservada em local seco, fresco e sem odores fortes. Os Pods são constituídos por ingredientes em pó e elementos líquidos essenciais, que são liberados quando acoplados ao Vessel. São oferecidas várias combinações de sabores e benefícios que permitem que o consumidor personalize sua hidratação de acordo com as suas necessidades.   

    


Revisão bibliográfica e fundamentos bromatológicos: 

Dando um maior enfoque para a categoria ENERGY,os pods de sabor maçã guaraná apresentam os seguintes ingredientes: água, açúcar, maltodextrina, cafeína (41,6 mg/200mL produto preparado), niacinamida, d-pantotenato de cálcio, cloridrato de piridoxina, ácido fólico, cianocobalamina, biotina, acidulante ácido cítrico, aromatizantes, conservadores: benzoato de sódio e sorbato de potássio, reguladores de acidez: ácido málico e citrato de sódio, corante caramelo IV, edulcorantes: acesulfame de potássio e sucralose e corante artificial tartrazina. Os pods de sabores erva mate e romã ameixa apresentam os seguintes ingredientes: água, açúcar, maltodextrina, cafeína (38 mg/200mL produto preparado), niacinamida, d-pantotenato de cálcio, cloridrato de piridoxina, ácido fólico, cianocobalamina, biotina, acidulante ácido cítrico, aromatizantes, conservadores: benzoato de sódio e sorbato de potássio, emulsificante goma arábica, edulcorantes: acesulfame de potássio e sucralose, regulador de acidez citrato de sódio e estabilizante goma éster.




Sendo assim, o objetivo do nosso trabalho foi avaliar se uma hidratação baseada em bebidas, que possuem um sistema de aromatização e edulcoração trazem de fato benefícios à saúde de indivíduos que não consomem água em quantidade considerada necessária para consumo diário, ou se adição destes atrativos se trata apenas uma estratégia de marketing para venda do produto.
A água é a molécula mais abundante do organismo e também é consumida em maior quantidade que qualquer outro nutriente, constituindo cerca de 50% a 70% do peso corporal. A necessidade diária de água varia individualmente. Apesar de essencial à vida, a água é muitas vezes deixada de lado pelo consumo de refrigerantes e sucos industrializados, por exemplo.
No entanto, nas últimas décadas, a preocupação com a saúde está cada vez mais visível no comportamento da população. A busca pela qualidade de vida se estende aos cuidados com a alimentação, caracterizada por uma crescente demanda por produtos saudáveis e com características nutricionais e sensoriais próximas dos alimentos in natura. Baseada nisto, a indústria alimentícia está cada vez mais atenta aos desejos do consumidor e investe na formulação e produção de novos produtos, concentrando seus esforços na área de marketing no apelo à vida saudável.
O consumo de bebidas com adição de componentes estimulantes teve uma aumento muito grande em todo o mundo, sendo desenvolvidas para incrementar a resistência física, prover reações mais velozes a quem as consumia, levar a uma maior concentração nas atividades exercidas, evitar o sono, proporcionar sensação de bem-estar, estimular o metabolismo e ajudar a eliminar substâncias nocivas para o corpo. A fortificação de bebidas isotônicas e energéticas com vitaminas tem sido uma prática adotada pela maioria das indústrias do ramo, sendo as vitaminas do complexo B, vitaminas C e ácido fólico as principais encontradas nos produtos.

  DISCUSSÃO :

As bebidas com finalidade energética apresentam normalmente carboidratos e cafeína como seus principais ingredientes. O carboidrato tem a função de prover o nutriente energético e a cafeína de estimular o sistema nervoso central, além destes eles também pode conter uma ampla variedade de outros ingredientes como aminoácidos e vitamina. Principalmente vitaminas do complexo B usadas pelo corpo como cofatores auxiliares que permitem que a energia seja fornecida a partir dos nutrientes energéticos.
Segundo a legislação o limite máximo é de 35 mg/100mL de cafeína em bebidas energéticas. O produto analisado não extrapola esse valor considerando que será usado um pod por 400mL de água no vessel. O consumidor pode querer potencializar a bebida usando mais de um pod ou até mesmo colocar menos água já que o produto será preparado por ele, com isso a quantidade ingerida pode ser bem maior que o permitido, isso não só para a cafeína, mas também pode haver o aumento de carboidrato, vitamina do complexo B, sódio mais também conservante e edulcorante e aromatizante.
O grande problema é que o consumo dessa bebida é altamente estimulado em propagandas para ser consumido como substituto do consumo diário de água, podendo em excesso causar danos ao consumidor.
Concentrações elevadas de açúcar diminuem a absorção de água pelo corpo, fazendo com que estas bebidas não cumpram a função de hidratar, especialmente durante exercícios prolongados e vigorosos. Além disso, o excesso poderá ser armazenado no corpo na forma de gordura. A cafeína em excesso pode leva a ansiedade, agitação, dificuldades de conciliar o sono, diarréia, tensão muscular e palpitações cardíacas. O consumo exagerado de sódio leva a problemas cardiovasculares como o aumento da pressão.  O uso exagerado de acido fólico pode gerar convulsões em pessoas predispostas. Se houver hipervitaminose de complexo B pode causar sensibilidade dos olhos a luz e dores na extremidade (vitamina B6), rubor, aumento de glicose, distúrbio do fígado e aumento dos níveis de ácido úrico (Niacina B3), diarréia (ácido pantatênico), reações alérgicas e alterações esplênicas (vitamina B12).
O uso desse produto em diabéticos e hipertensivos não é recomendado pela presença de açúcar e sódio respectivamente. Se consumidos pode agravar o quadro do paciente principalmente se usado com freqüência como é induzido pelas propagandas. Em grávidas também não é recomendado pela presença da cafeína o mesmo ocorre para crianças.

            Conclusão:

O objetivo do produto que é aumentar o consumo de água na população é um ponto considerado positivo, mas os componentes que vão aumentar a palatabilidade não devem ser consumidos exageradamente, tornando o produto inadequado para consumo diário para substituição da água potável. O produto pode ser utilizado como uma bebida da classificação energy drink que é determinada na legislação. Outro ponto negativo é a procedência da água que não é incluída no produto, sendo responsabilidade exclusiva do próprio consumidor. O aviso de que o produto não deve ser consumido por hipertensos, diabético, grávidas e crianças deve vir incluso na embalagem do produto e ser mencionado nas campanhas publicitárias.



      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


CARVALHO, Joelia Marques de; MAIA, Geraldo Arraes; SOUSA, Paulo H.M. dee  RODRIGUES, Sueli. Perfil dos principais componentes em bebidas energéticascafeína, taurina, guaraná e glucoronolactona. Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.). 2006, vol.65, n.2, pp. 78-85. ISSN 0073-9855.
ENDO, Érika et al. Caracterização do mercado consumidor de "água aromatizada": hábitos e motivações para o consumo. Ciênc. Tecnol. Aliment.. 2009, vol.29, n.2, pp. 365-370. ISSN 1678-457X.
CASTRO, Fernanda J. de; SCHERER, Rodrigo  and  GODOY, Helena T.. Avaliação do teor e da estabilidade de vitaminas do complexo B e vitamina C em bebidas isotônicas e energéticas. Quím. Nova. 2006, vol.29, n.4, pp. 719-723. ISSN 1678-7064.


Autoras: Sara Monteiro e Thaís Oliveira




3 comentários:

  1. De fato, o consumo de água deve ser incentivado uma vez que ela é de vital importância para o bom funcionamento do organismo. O produto apresentado deve ser inserido nesse contexto apenas como uma forma temporária de aumentar a ingesta de água ou em casos de qualquer deficiência de um ou mais componentes. Preço a parte, me pergunto qual seria o efeito de consumir durante anos a bebida só pra ter um motivo para aumentar a ingesta de água chamando a atenção da presença de cafeína e de corantes que podem ser prejudiciais a saúde. A água está presente em diversos alimentos em quantidades razoáveis e sua quantidade diária pode ser facilmente alcançada. É praticamente desnecessário o consumo desse produto apenas por esse motivo, além do dinheiro envolvido.

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  2. Sou consumidora do Drinkfinity faz um ano e não creio que o produto em si substitua a ingestão de água pura. Inclusive a própria marca incentiva consumir água com frutas dentro do recipiente/garrafa, não só o consumo da cápsula. Eu não consigo consumir várias cápsulas por dia como substituo da água, uma é o suficiente. Seria interessante avaliar a frequência de uso dos usuários e ver se existe o consumo diário e se bebem água pura.

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  3. Na verdade quando eu comprei Drinkfinity ninguém me falou de substituir a agua por ele, e sim substituir refrigerante por ele e não consumir mais que 2 pods por dia

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