Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Health Claims: Até que ponto os fitosteróis reduzem o colesterol?



A Nestle vem veiculando por seu site a seguinte propaganda: “agora baixar o colesterol ficou mais gostoso”. Mas será que basta o consumo do Molico ActiCol para reduzir a taxa de colesterol? Mas todo colesterol é ruim? O rótulo do produto vem com um selo de Aprovado pela Sociedade Brasileira e Cardiologia. Mas o que isso significa? Todas essas representações que fazem, sugerem ou implicam uma relação entre o alimento (ou componente deste) e a saúde são conhecidas como health claims. Porém, até que ponto o consumo desses alimentos auxilia na terapêutica? Será que por si só resolvem o problema?

RESUMO

O Molico Acticol é um composto lácteo com fitoesteróis e óleos vegetais comercializado pela Nestle. A propaganda veiculada no site da Nestle sobre o produto diz “Molico. Sinta-se bem, sinta-se mais. Chegou Molico Acticol. Agora, baixar o colesterol ficou mais gostoso”. Ao ler tal frase o consumidor pode ser influenciado a pensar que o consumo do produto é suficiente para baixar o colesterol (nesse caso o colesterol LDL); porém no rótulo vem escrito “Os fitoesteróis auxiliam na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”; aí sim é abordada a real função dos fitoesteróis, a de auxiliar a absorção. Outro aspecto interessante é o selo de aprovação pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Dentre os alimentos que contém fitoesteróis a fim de reduzir a absorção do colesterol e estão de acordo com as recomendações da Anvisa, aqueles que possuem o selo são melhores? Julgo que se trata mais uma questão de marketing a fim de induzir o consumidor a comprar tais produtos. Ao observar as informações nutricionais verifica-se a presença de 6 mg de colesterol, fato que não ocorre nos outros compostos lácteos da Molico Nestle, fato que se contrata com auxiliar a absorção de colesterol. Em vista dos fatos apresentados o consumidor deve estar atento as informações nutricionais, as propagandas e ao quanto de fitoesteróis é necessário se consumir por dia para se obter o efeito desejado.


IMAGENS DO PRODUTO







LEGISLAÇÃO

As alegações são utilizadas para apresentar os produtos como contendo propriedades benéficas adicionais de nutrição ou de implicações para a saúde. De acordo com o Codex Alimentarius, o termo Health Claims significa qualquer representação que faz, sugere ou implica uma relação entre o alimento ou um componente do alimento e a saúde. Essa definição engloba três categorias: alegação de função de nutriente, alegação de incremento de função e alegação de risco reduzido de doenças.
Já a legislação Brasileira define os termos alegação de propriedade funcional e alegação de propriedade de saúde. A alegação de propriedade funcional é aquela relativa ao papel metabólito ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano. Já a alegação de propriedade de saúde é aquela que afirma, sugere ou implica a existência de relação entre o alimento ou ingrediente com doença ou condição relacionada à saúde. Dentre as diretrizes para a utilização da alegação, vale destacar a necessidade de comprovação científica da segurança de uso dos produtos e eficiência da alegação proposta; produto deve ser seguro para o consumo humano sem a supervisão médica.
De acordo com a legislação brasileira os alimentos com alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde contendo fitosteróis, devem possuir como alegação: “Os fitosteróis auxiliam na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”. Além disso, a Anvisa exige alguns requisitos específicos, dentre eles:

  • A porção do produto pronto para consumo deve fornecer no mínimo 0,8 g de fitosteróis livres. Quantidades inferiores poderão ser utilizadas desde que comprovadas na matriz alimentar.

  • A recomendação diária do produto, que deve estar entre 1 a 3 porções/dia, deve garantir uma ingestão entre 1 a 3 gramas de fitoesteróis livres por dia. Na designação do produto deve ser incluída a informação “... com fitoesteróis”. A quantidade de fitoesteróis, contida na porção do produto pronto para consumo, deve ser declarada no rótulo, próximo à alegação.


FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS ANUNCIADOS


Os fitoesteróis são compostos encontrados nos vegetais e desempenham funções estruturais análogas ao colesterol em tecidos animais. Nas últimas décadas, os esteróis vegetais purificados ou estanóis têm sido adicionados a vários itens de alimentos para a obtenção de alimentos funcionais com atividade hipocolesterolêmica notável.
O beta-sitoesterol é o principal fitoesterol encontrado nos alimentos e é extraído dos óleos vegetais. A esterificação do beta-sistotesterol formando sitoesterol-éster acarreta em melhoria da solubilidade, o que possibilita a sua adição em alimentos.
Quando ingeridos reduzem a absorção do colesterol pelo intestino, devido à sua semelhança estrutural com o colesterol, sendo absorvidos no lugar do deste.
Dessa forma,a ingestão diária de esteróis ou estanóis de 1.6-2g/dia, incorporado em alimentos, é capaz de reduzir a absorção do colesterol pelo intestino por cerca de 30%, e os níveis plasmáticos de LDL-colesterol em 8-10%. Os fitoesteróis, até 3g/dia, são seguros e eficazes agentes redutores de colesterol (MARANGONI & POLI, 2010).


DISCUSSÃO


A Anvisa reconhece a função dos fitoesteróis de auxiliar na redução da absorção do colesterol; porém estabelece uma quantidade mínima de fitoesteróis que deve conter na porção do alimento. Essa quantidade deve estar presente no rótulo do produto, fato que não ocorre no Molico Acticol.
É importante destacar que o consumo superior a 3 g/dia de fitoestereróis não traz benefícios adicionais a saúde. Além disso, o produto não é aconselhável para crianças abaixo de cinco anos e gestantes, uma vez que o colesterol é importante para o desenvolvimento. Além disso, não é indicado para paciente com beta-sitosterolemia, doença pela qual a absorção de fitosteróis encontra-se aumentada.
No site da Nestle recomenda-se o consumo de dois copos de 250 mL pó dia e afirma-se que 200 mL de Molico Acticol contêm 0,59 g de fitoesteróis. Ao analisar as informações nutricionais é possível verificar a presença de 6 mg de colesterol, o que não ocorre nos outro produtos da linha Molico. Porém o produto visa auxiliar na redução do colesterol, fato que contrasta com a presença deste.
Vale destacar, também a presença do selo de aprovada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, fato este que considero uma questão de marketing, uma vez que o consumidor ao ver tal selo aumenta sua credibilidade no produto.



CONCLUSÃO


Conclui-se, portanto que o produto segue a alegação ditada pela Anvisa, porém falta a presença da quantidade de fitoesteróis presentes no rótulo. De acordo com as informações contidas no site da Neste, essa quantidade (0,59 g) é inferior a recomendada pela Anvisa e 0,8 g, porém a Nestle deve ter comprovado a eficiência de tal quantidade.
Quanto a legislação acredito que deveria ter um controle maior em cima do selos de aprovado por uma determinada sociedade, uma vez que tais selos podem induzir o consumidor a pensar que um produto é melhor do que outro. Outra sugestão é a obrigatoriedade da quantidade que deve ser consumidada do produto no rótulo. Por exemplo, se é aconselhável o consumo de 2 copos de 250 mL de Molico Acticol por dia, tal informação deveria constar no rótulo para melhor orientar o consumidor.



ANEXO - PLOTTER





BIBLIOGRAFIA



______. Resolução nº 18, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para Análise e Comprovação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde Alegadas em Rotulagem de Alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília,03 nov. 1999.

______. Resolução nº 19, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de Alimento com Alegação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde em sua Rotulagem. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 10 dez. 1999.

______. Resolução RDC nº 2, de 7 de janeiro de 2002. Aprova o Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 9 jan. 2002.

CODEX. Guidelines for use of nutrition and health claims. Disponível em: <http://www.codexalimentarius.net/download/standards/351/CXG_023e.pdf> . Acesso em 20 ago. 2010.

CORINA, H. Nutrition labels and heath claims: the global regulatory environment. Genebra: World Health Organization, 2004.

COUTINHO, J. G.; RECINE, E. Experiências internacionais de regulamentação das alegações de saúde em rótulos de alimentos. Rev Panam Salud Publica/ Pan Am J Public Health 22(6): 432-437, 2007.

FDA. Qualified Health Claims: General Information. Disponível em: <http://www.fda.gov/food/labelingnutrition/labelclaims/qualifiedhealthclaims/default.htm> . Acesso em 21 ago. 2010.

FOOD STANDARDS. Nutrition, Health and Related Claims. Disponível em: <http://www.foodstandards.gov.au/consumerinformation/labellingoffood/nutritionhealthandrelatedclaims/> . Acesso em 21 ago. 2010.

LERMAN, R.H. et al. Subjects with elevated LDL cholesterol and metabolic syndrome benefit from supplementation with soy protein, phytosterols, hops rho iso-alpha acids, and Acacia nilotica proanthocyanidins. J Clin. Lipidol. 4(1): 59-68, 2010.

LIN, X. et al. The effects of phytosterols present in natural food matrices on cholesterol metabolism and LDL-cholesterol: a controlled feeding trial. Eur. J. Clin. Nutr. 64 (12): 1481-7, 2010

MALINOWSKI, J.M.; GEHRET, M.M. Phytosterols for dyslipidemia. Am. J. Health Syst. Pharm. 67(14): 1165-73, 2010.

MARANGONI, F.; POLI, A. Phytosterols and cardiovascular health. Pharmacol Res. 61(3), 2010.

STRINGHETA, P.C. et al. Políticas de saúde e alegações de propriedades funcionais e de saúde para alimentos no Brasil. RBCF 43(2): 181-194, 2007.

13 comentários:

  1. Nathalia,

    Você tocou num ponto muito interessante que é a utilização desses selos de Associações. Eu não sei como isso pode ser permitido. Me parece tão anti-ético.

    Possíveis deslizes a serem corrigidos:

    "No site da Nestle recomenda-se o consumo de dois copos de 250 mL pó dia"

    No site, ele diz que 25 g (2 colheres de sopa)são suficientes para preparar 200 ml.
    Se 25 g do pó tem 0,59 gramas de fitoesteróis
    e para 500 ml de leite precisaria de 62,5 g, então nos 2 copos recomendados seriam 1,478 g de fitoesteróis por dia, o que está dentro do limite que você citou de 3g/dia.

    Abraços!

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  2. Nathália, achei muito legal você ter comentado sobre o selo da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Estes selos funcionam como uma ótima propaganda do produto, passando uma maior credibilidade. O consumidor pensa: " Se o médico aprova é porque deve ser bom!". Eu só me pergunto: que testes os cardiologistas realizaram para aprovar o produto? Como isso é feito?

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  3. Sem dúvidas os consumidores obtêm informações a respeito dos alimentos principalmente a partir da leitura dos rótulos. Alegações em saúde desse tipo têm sido utilizadas como uma ferramenta importante de marketing pelas empresas alimentícias com a finalidade de aumentar as vendas e assim, incrementar seus lucros. O emprego do Selo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aumenta a credibilidade do produto, estimulando ainda mais o seu consumo. Assim como a Gabi disse, a meu ver, isso é anti-ético!

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  4. De acordo com este estudo, Phytosterols: physiologic and metabolic aspects related to cholesterol-lowering properties.Brufau G, Canela MA, Rafecas M.Nutr Res. 2008.; Doses de 0,8 a 4,0 g por dia de fitosteróis foram usados para reduzir a concentração de colesterol das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) de 10% para 15%, embora a maioria dos estudos descritos utilizaram 2 g por dia de fitoesterol para alcançar uma redução de 10% das concentrações de colesterol. Embora alguns estudos apontam para a possibilidade de que concentrações elevadas de fitoesterol plasma poderia contribuir para o desenvolvimento prematuro de doenças da artéria coronária, estudos de avaliação extensa de segurança têm sido realizados para estes compostos, e eles foram considerados seguros.
    Desta forma, pode-se observar que os níveis de diminuiçäo do colesterol säo de 10 à 15%, muitas pessoas necessitam reduzir os níveis de colesterol acima de 80%. Desta forma,as propagandas acerca dos alimentos enriquecidos com fitoesteróis devem ser claros acerca deste problema, uma vez que estes alimentos näo substituem o tratamento medicamentoso, caso necessário. Vale adicionar que a Sociedade Brasileira de Cardiologia näo deveria promover este tipo de propaganda, mas sim procurar esclarecer estes fatores de confundimento aos consumidores.

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  5. Achei muito bem colocado os pontos do selo da sociedade brasileira de cardiologia, visto que na verdade isso é uma troca de favores, a sociedade brasileira não faria isso de graça, mas não tem como comprovar nada...

    Mas um ponto que poderia ser adicionado ao trabalho para enriquece-lo, seria a questão do consumo superior a 3g/dia de fitoesteróis, mostrando quais são os problemas, ou insegurança acarretada por esse consumo.

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  6. Gabriela, a porção diária está dentro do recomendado, o que não está é a quantidade na porção, uma vez que a Anvisa determina que a porção do produto pronto para consumo deve fornecer no mínimo 0,8g de fitoesteróis livres, o que não ocorre.

    "De acordo com as informações contidas no site da Neste, essa quantidade (0,59 g) é inferior a recomendada pela Anvisa de 0,8 g"

    Mas realmente eu deveria ter colocado explícita a conta do que a Nestle sugere de consumo diário do produto em quantidade de fitoesteróis.

    Hudson, quanto ao consumo superior a 3g/dia, não traz benefícios adicionais. Porém pouco se encontra a literatura se traz efeitos adversos.
    O que mais se veicula a respeito de tal fato é um caso específico onde uma mutação rara da excreção de esteróis vegetais nos seres humanos resulta no acúmulo de esteróis de plantas, particularmente sitosterol, no plasma e tecidos. Sitosterol difere de colesterol apenas em um grupo etila adicional na cadeia lateral dos esteróis. Significativamente, sitosterolemia está associada a infarto do miocárdio. Um processo importante que promove a aterotrombose é a morte dos macrófagos avançada lesional, levando à necrose de placa. Uma das causas de morte de macrófagos aterosclerótica é a citotoxicidade esterol-induzida. (Tabas I., 2007)

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  7. Nathalia,

    Entendi o que você quer dizer. Mas acredito que a definição da porção na tabela nutricional não seja sinônimo de "porção diária recomendada". Normalmente essa definição da porção é arbitrária. O fabricante define a porção que ele quer (e muitas vezes faz isso para tentar mascarar alguns valores na tabela nutricional).

    No site, ele recomenda 2 copos de molico. Considerando que um copo americano tem 250 ml, então vale aquela continha que eu disse acima:

    "500 ml de leite precisaria de 62,5 g, então nos 2 copos recomendados seriam 1,478 g de fitoesteróis/dia"

    Abraços!

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  8. Veja esse exemplo (dava um trabalho, né? Porque eu não pensei nisso antes... hehehe)

    http://img573.imageshack.us/img573/7824/maggico.jpg

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  9. "2.9. Porção: é a quantidade média do alimento que deveria ser consumida por pessoas sadias, maiores de 36 meses, em cada ocasião de consumo, com a finalidade de promover uma alimentação saudável."

    Mas como a ANVISA não diz se cada ocasião é uma, duas, três ou quinhentas vezes por dia...

    A rigor, todos estão na lei.

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  10. Como a porção é a quantidade média do alimento que deveria ser consumida em cada ocasião do consumo, esta equivale a 250 mL do leite que contem 0,6875 g de fitoesteróis de acordo com o valor declarado no site.
    Mas de qualquer forma, tal fato não condena o produto uma vez que de acordo com a Anvisa "Quantidades inferiores poderão ser utilizadas desde que comprovadas na matriz alimentar".

    Gostaria de destacar um fato interessante. Ontem estava no mercado e verifiquei que houve alterações no rótulo do produto. Agora consta a seguinte informação: "200 mL de Molico Acticol contém 0,49g de Fitosteróis"
    Porém tal informação diverge da publicada no site do produto, onde é consta que 200 mL de Molico Acticol contém 0,59 g de Fitosteróis".

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  11. Comentário 1/2

    Bem, não se pode negar que este é um tema que atrai a atenção das pessoas, porém se conhece pouco sobre ele. Complementando o que já foi dito aqui até agora, gostaria de acrescentar umas informações que encontrei em um artigo.
    Primeiramente, ao ler o artigo percebi certo desvio na forma como denominamos os compostos em questão. Quando no rótulo de um produto vem a informação de que o mesmo é rico em fitosteróis, ele está se referindo, não só a uma classe de compostos químicos, estruturalmente semelhantes ao colesterol, mas sim duas. Os fitosteróis são compostos esteróis oriundos dos óleos vegetais, eles apresentam 28 ou 29 carbonos em sua estrutura, diferindo do colesterol (27 carbonos) pela presença de um radical metila ou etila adicional na cadeia carbônica. Os fitosteróis mais estudados: ?-sitosterol e campesterol apresentam uma insaturação em sua estrutura, similar ao colesterol. Quando essa dupla ligação não está presente ou é desfeita artificialmente, temos os análogos ?-sitostanol e campestanol. Os estanóis são os esteróis saturados e podem ser extraídos dos alimentos ou produzidos artificialmente por meio de hidrogenação, sendo menos abundantes nos alimentos in natura do que os esteróis. Desta forma, alimentos ricos em fitosteróis também contêm fitostanóis.
    O artigo indica que já se testou o efeito dose dependente das concentrações ingeridas de ésteres de estanol sobre os níveis de LDL. Neste estudo percebeu-se que o aumento da dose diária não resultou em efeito adicional clínicamente importante, indicando a existência de saturação do efeito do estanol sobre o colesterol sanguíneo a partir de certa dose diária (2,4g/dia). A influência da forma de administração e posologia sobre os efeitos terapêuticos destes compostos, também foram avaliadas nestes estudos. Observou-se uma diminuição similar de LDL tanto em população que ingeriu 3 porções de fitosterol fitostanol por dia quanto em outra que ingeriu apenas 1 porção. Isto mostra que não é necessário ingerir o fitostanol junto com colesterol dos alimentos. Os autores especulam quanto à existência de outras ações do fitosterol, além da solubilidade micelar do colesterol, no lumen intestinal ou na interação com os enterócitos.
    Um fator que otimizou a ação dos fitostanóis foi sua ligação com a lecitina de soja. Neste outro estudo é sugerido que a lecitina de soja pode promover maior solubilização do fitostanol na fase micelar da digestão, indicando um efeito sinérgico, potencializando a ação hipocolesterolêmica. Além disso, os fitosteróis também podem colaborar com a ação das estatinas, drogas inibidoras da hidroximetilglutaril-coenzima A (HMG-CoA) redutase, acelerando a redução no colesterol sérico e do LDL.

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  12. comentário 2/2

    Com relação à aterogenicidade destes compostos, estudos mostram que eles são potencialmente tão aterogênicos quanto o colesterol, mas a aterogênese dificilmente ocorre devido à menor absorção dos fitosteróis, mantendo os níveis séricos entre 0,3 e 1,7 mg/dL. A aterogênese secundária à absorção maciça destes compostos só ocorre na presença de fitosterolemia, uma desordem rara cujos valores séricos de fitosteróis excedem os níveis de normalidade. O acúmulo sangüíneo de fitosteróis, favorece o aparecimento de aterosclerose coronariana e aórtica, assim como de artrite, hemólise e infarto.
    O efeito adverso atribuído à suplementação de fitosteróis e fitostanóis, refere-se a discreta diminuição da absorção de vitaminas lipossolúveis, especialmente vitaminas A e E, o que poderia ser compensado com o aumento no consumo de frutas e hortaliças
    Quanto a dose adequada a ser ingerida, o FDA determina que esses alimentos devam conter no mínimo 1,7g de fitostanol-éster em cada porção, devendo ser administrados duas vezes ao dia, somando 3,4g/dia. O fitosterol-éster deve estar presente na quantidade de 0,65g por porção, totalizando 1,3g/dia.
    Uma coisa que julgo importante destacar é que nota-se que poucos estudos têm sido do publicados enfatizando os efeitos dos fitosteróis e fitostanóis, quando naturalmente presentes nos alimentos, no controle do colesterol sanguíneo.
    Bibliografia
    http://www.scielo.org.ve/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-06222004000300001&lng=en&nrm=iso&ignore=.html

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  13. Você compra esse leite e dai fica sem grana pra comprar comida, logo, emagrece e reduz colesterol!

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