Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Afinal, Creatina segura é Creatina efetiva?


Você ficaria surpreso ao saber que as doses seguras dos suplementos de Creatina podem não estar sendo efetivas no seu treinamento? E que produtos, como o Creatine Tabs, alegam propriedades não comprovadas em seus rótulos e propagandas?
“A formulação inovadora com carboidratos garante a melhor captação da creatina pelo músculo aumentando os estoques intramusculares de creatina” e “Este produto é livre de contaminantes e não provoca danos renais”.
Essas informações, divulgadas pelo fabricante, são baseadas em artigos científicos. Mas não correspondem à realidade. Quer saber por quê?

Isso ocorre porque a produção científica tem sido tão extensa que dezenas de artigos são lançados no mundo diariamente, havendo estudos divergentes sobre os mesmos temas. Apesar disso, os rótulos anunciam supostos benefícios de substâncias com base nos resultados de algum pesquisador. O que esquecem de informar é que as verdadeiras descobertas levam anos para ser comprovadas, validadas, discutidas e aceitas pela comunidade científica até se tornarem um consenso. É claro que os artigos tem o seu valor, mas a utilização dessas informações de forma indiscriminada pode criar distorções e falsas verdades sobre um tema, sobretudo quando interpretadas por pessoas de fora da área: eis o fenômeno da desinformação.

A creatina é uma substância que pode ser encontrada em alimentos como carne e peixe, mas também pode ser sintetizada endogenamente a partir de glicina, arginina e metionina, sendo posteriormente fosforilada para formar a Creatina-Fosfato (PCr). Durante o exercício intenso, a PCr doa o fosfato, convertendo ADP em ATP dentro das células musculares e evitando a depleção súbita dos níveis de ATP, o que sustenta a capacidade energética do músculo esquelético por algum tempo.

Os idealizadores da suplementação com creatina acreditavam que sua ingestão levaria ao aumentando da concentração intracelular de PCr e à regeneração mais rápida do ATP, aumentando a performance durante os exercícios. Contudo, o mecanismo de ação do suplemento de creatina ainda é muito controverso.

Na verdade, o assunto só começou a ser estudado recentemente, existindo poucos consensos, visto que os diversos estudos divergem em suas conclusões sobre as ações, a farmacocinética e os efeitos adversos da creatina. Entretanto, vários pesquisadores já aceitam que ela possa aumentar a performance em alguns exercícios de curta duração e alta intensidade, além de promover o aumento da massa muscular.

Assim, as declarações do fabricante do Creatine Tabs supracitadas são coerentes com alguns artigos, mas não representam matéria de consenso entre a comunidade científica, caracterizando a desinformação. Nesse processo, informações aparentemente verdadeiras são utilizadas para criar fatos ou distorcer a verdade. A imprecisão intencional é uma das principais técnicas em publicidade e se dá através da utilização de tabelas, estatísticas, citação de estudos e outros dados que conferem um aspecto técnico-científico à argumentação, mas cujas fontes são obscuras ou cuja validade se aplica apenas a um determinado contexto.

A alegação
“A formulação inovadora com carboidratos garante a melhor captação da creatina pelo músculo aumentando os estoques intramusculares de creatina.”
por exemplo, baseia-se em algumas publicações que relacionam os picos de insulina (causados pelos carboidratos) com o aumento da captação de creatina pelas células musculares. Contudo, esse dado encontra-se removido de seu contexto: os autores relatam que os resultados obtidos precisam ser melhor estudados.

Como explicado anteriormente, nem toda descoberta relatada por um artigo científico se traduz em consenso. Assim, pode-se dizer que a utilização da palavra “garante” produz uma distorção, atribuindo ao produto um suposto diferencial e eficiência que não foram validados. Outras publicações encontradas no MEDLINE (uma base internacional de dados bibliográficos da área de saúde) refutam totalmente essa hipótese. Alguns chegam a dizer que o benefício do pico de insulina poderia ser contra-balanceado pelo retardamento da absorção intestinal da creatina associada aos carboidratos. Mas em um aspecto todos concordam: é preciso estudar melhor o assunto.

Quando o fabricante diz que
“Este produto (...) não provoca danos renais.
há novamente, uma imprudência, visto que esse tema também é bastante controverso entre os pesquisadores. Ao acessar o MEDLINE, encontram-se alguns estudos que concluíram tal fato. Mas também encontram-se estudos que verificaram justamente o contrário, além de case reports. Há ainda uma terceira vertente que justifica que a segurança do uso da creatina é inconclusiva, pois nenhum estudo avaliou seus efeitos a longo prazo.

Essa opinião foi acatada pela EFSA (European Food Safe Authority), um dos únicos órgãos que regulamentou o uso de creatina como suplemento em todo o mundo. Em um de seus documentos, declara:
“existem dúvidas sobre a segurança da creatina quanto à função renal; existem poucos estudos sobre os tecidos em que a creatina tende a se concentrar; existem poucos estudos dos efeitos da suspensão da suplementação com creatina sobre a produção endógena. Por esses motivos o Comitê considera que altas doses devem ser evitadas”.
Outra afirmação feita pelo fabricante de Creatine é
“Este produto é livre de contaminantes. (...) As rigorosas técnicas de produção GMP (Good Manufacturing Practices ou Boas Práticas de Fabricação) e freqüentes auditorias asseguram um produto livre de qualquer contaminação ou adulteração. Os laudos de controle de qualidade estão disponíveis no site www.ethikasaude.com.”
Ao conferir o site, verifica-se a existência desse laudo, que utiliza-se da moderna técnica de espectroscopia de massas e isenta um lote de contaminantes. Contudo, o laudo sequer possui data. O que assegura a continuidade da qualidade desses produtos? Os demais laudos de controle de qualidade disponibilizados regularmente tratam apenas dos aspectos microbiológicos, teor, umidade e aspectos organolépticos.

É importante ressaltar que a pureza dos suplementos de creatina vem sendo apontada como uma das principais causas para os possíveis eventos adversos. Entre os contaminantes encontram-se a diciandiamida e a dihidro-1,3,5-triazina, cujas toxicologias são pouco conhecidas. Atribui-se também a hipótese de carcinogenicidade a outros contaminantes que podem estar presentes em menor proporção nesses suplementos.

Em abril de 2010, a ANVISA lançou a RDC nº 18, cujo objetivo era estabelecer a classificação, a designação, os requisitos de composição e de rotulagem dos alimentos para atletas, entre eles a creatina. A norma fixou a pureza desses suplementos em 99,9%. Porém, não há nenhum esclarecimento sobre metodologias de controle de qualidade, muito menos sobre a fiscalização ou auditorias. O interessante é observar que como essa resolução copia o documento da EFSA, a ANVISA também adotou o consumo diário máximo de 3,0g de creatina como o limite seguro e obrigou a presença da seguinte frase no rótulo:
"O consumo de creatina acima de 3 g ao dia pode ser prejudicial à saúde."

O que chama atenção é que a EFSA regulamentou o uso de creatina para o público em geral e fixou 3 g como quantidade máxima recomendada pois é um valor que se encontra próximo do turnover endógeno (1-2 g/dia), além de ser uma quantidade em que as concentrações de possíveis contaminantes representam pouco risco. Entretanto, a dose utilizada pelos atletas em quase todos os estudos do MEDLINE – os mesmos que atestam os benefícios do uso da substância – encotram-se entre 10 e 20 g. Inclusive, o fabricante do produto Creatine Tabs produziu um documento onde se encontram as “recomendações de uso”:
“Usualmente a suplementação com creatina é feita em duas fases: a primeira, denominada super compensação, é caracterizada por um consumo mais elevado de creatina, em torno de 20g/dia, fracionada em quatro horários, por cinco a sete dias. Na segunda fase, sua ingestão é reduzida para 0,03g/kg de peso corporal. Após três meses de suplementação contínua, alguns autores sugerem um mês sem consumo.”


Obviamente, nada disso consta no rótulo por violar a lei. Mas, o agravante é que além de veicular textos promovendo o uso de creatina acima da quantidade admitida como segura, o fabricante não avisa sobre os eventos adversos bem documentados em altas doses: ganho de peso, cãibras musculares, desconforto gastrointestinal, desequílibrio eletrolítico, estiramento muscular, náuseas, vômitos, etc.

Assim, os suplementos vendidos conforme as especificações da ANVISA podem ser pouco efetivos para o aumento da performance durante os exercícios - apesar da RDC nº18/10 tratar de alimentos para atletas. Mas será que os consumidores sabem disso? Por que a creatina faria tanto sucesso entre os freqüentadores de academia se não produzisse efeitos? É importante lembrar que esses suplementos já vinham sendo utilizados antes da RDC nº 18/10 na sociedade brasileira. Inclusive, a consulta pública que deu origem a essa norma teve as seguintes participações: 60% de setores que, de alguma forma, lucram com a venda do produto e 20% de consumidores, que provavelmente eram usuários do produto ou interessados em sua regulamentação.



Isso indica que, apesar das recomendações da ANVISA, muitas pessoas podem estar utilizando o produto de forma indiscriminada, conforme orientações duvidosas. O fato de 57% das contribuições apresentadas na consulta pública não serem baseadas em documentos científicos parece confirmar isso.

Para completar, as instruções de uso do Creatine Tabs recomendam
“Mastigar 2 tabletes ao dia, o que corresponderá a ingestão de 3 g de creatina. Consumir, preferencialmente, antes da atividade física.”
mas não há menção ao tipo de atividade física que deve ser praticada. Alguns estudos indicam que algumas atividades, como natação e corrida, talvez não sejam afetadas pelo uso de creatina. Outro aspecto questionável é a instrução de consumo antes da atividade física, que parece não levar em consideração o tempo necessário para a absorção da associação entre creatina e maltodextrina.

Os problemas não terminam por aí. A legislação ainda diz que as expressões "anabolizantes", "hipertrofia muscular", "massa muscular", "queima de gorduras", "fat burners", "aumento da capacidade sexual", "anticatabólico", "anabólico", equivalentes ou similares não podem constar no rótulo, mas de que adianta se são usadas nas propagandas, nos websites e em publicações duvidosas que circulam na internet entre os consumidores?


Assim, o Creatine Tabs parece ser pouco eficaz dentro da margem de segurança imposta pela autoridade sanitária. Mas também pode ser prejudicial nas doses utilizadas por atletas. E, pelos motivos expostos, é impossível, nesse momento, garantir sua inocuidade. O que fazer?

É importante ressaltar que esse produto é apenas um exemplo ilustrativo. Provavelmente, outros encontram-se no mercado sob as mesmas condições. As críticas tendem a se concentrar na ANVISA: “é preciso regulamentar melhor”, “é preciso fiscalizar melhor”. É claro que isso é desejável. Mas, a rigor, o fabricante encontra-se dentro da regulamentação, o que demonstra que sempre pode haver margem para burlar as normas. Assim, não parece ser produtivo, nesse momento, discutir se a comercialização do produto deveria suspensa devido às questões aqui abordadas. A solução do problema não parece residir apenas na proibição, fiscalização ou regulamentação, visto que não existem consensos científicos que justifiquem plenamente essas ações. Então, o combate à desinformação parece ser a melhor alternativa, pois possibilita que os consumidores saibam exatamente o que estão adquirindo e que, através de informações idôneas, sejam capazes de optar entre essa e outras alternativas do mercado.

Anexo - Plotter




Referências

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https://bromatologia-ufrj.googlegroups.com/web/laudo-creatina_.pdf?pli=1&hl=pt-br
https://groups-beta.google.com/group/bromatologia-ufrj/web/Creatina-Consumidor.pdf?hl=pt-br

18 comentários:

  1. po, muitoo maneiro.
    tava usando outro, n era esse,de creatina. 3g todo dia mas ai nem tava funcionando e agora eu vo usar whey protein

    vlw!!!!!

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  2. Muito bom.
    Realmente é preciso dar mais acesso a esses tipo de informações sobre produtos desse tipo, tem muitas pessoas que fazem uso totalmente errado justamente pela falta de informação sobre os efeitos colaterais.
    Muito bom mesmo.

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  3. Interessante gabi, é que me aconselharam usar isso outro dia mesmo. Mas tenho muito receio desses suplementos devido a quase nenhum deles ter provas segurança conclusivas. Trabalho bem estruturado e referenciado.

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  4. Erick, na minha opinião, o principal problema não é só a segurança, mas a falta de garantia da eficácia. Você usa um produto que não sabe se vai funcionar e que pode trazer riscos pela questão da pureza e da própria toxicologia mesmo...

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  5. Minha preocupação maior mesmo gabi é trazer danos a saúde, pois imagine você pode tomar alguma coisa que não funcione mas ela pode ser indiferente ao organismo no tocante a malefícios. Agora imagina, mesmo que funcione você vai ter problemas como esteróides, funcionar funcionam mas ........

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  6. Ao analisar alguns estudos realizados acerca da suplementaçäo de creatinina encontrei que não há evidência forte de ligação a suplementação de creatina e a deterioração das funções do coraçäo, fígado, rins, trato gastrointestinal e músculos. Na verdade, a maioria dos relatos sobre os efeitos colaterais, como dores musculares, sintomas gastrointestinais, alterações nos valores laboratoriais renal e hepático, permanecem anedótico, porque os estudos dos casos não representam ensaios bem controlados. Dessa forma, nenhuma relação causal entre a suplementação de creatina e estes efeitos colaterais ainda foram estabelecidos. O único efeito colateral documentado é um aumento da massa corporal. (Is the use of oral creatine supplementation safe? Bizzarini E, De Angelis L. J Sports Med Phys Fitness. 2004 e Adverse effects of creatine supplementation: fact or fiction? Poortmans JR, Francaux M. Sports Med. 2000)
    Diante do exposto, concordo com o artigo apresentado acerca de estudos inconclusivos sobre a utilizaçäo da suplementaçäo de creatinina e adicionalmente acredito que regulamentos legais sanitários devam ser incisivos quanto às alegaçöes em saúde destes tipos de produtos, cujos os efeitos colaterais näo säo expostos aos consumidores, assim como apresentarem em propaganda uma garantia a qual näo é cinentificamente conclusiva.

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  7. Gabriela, você utilizou uma frase que resume praticamente todos os produtos relacionados ao produtos presentes no blog: "'é preciso regulamentar melhor', 'é preciso fiscalizar melhor'".
    Esse é o ponto chave. Apesar dos últimos avanços na legislação, há ainda muitas brechas e falta de fiscalização.
    O consumidor acaba por acreditar nas informações presentes nos rótulos, o que muitas vezes não reflete a senso da comunidade científica como um todo.
    Mas acredito que os consumidores também devam se informar melhor antes de comprar esses produtos e evitando dessa forma alguns maléficos a saúde, como dito pelo Erick.

    Seu trabalho está muito bem fundamentado.

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  8. Gaby vc relatou muito bem q o grande problema destes produtos são a não adequada regulamentação e falta de informação, mas como nos profissionais da saúde podemos esclarecer a população se nem nos sabemos quais são os resultados do uso continuo destes produtos.

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  9. Nathalia,

    por mais que isso seja quase óbvio para nós que fizemos essa disciplina...

    se você pegar quase todos os trabalhos aqui apresentados, verá que, a rigor, os fabricantes estão dentro da lei.

    Infelizmente, a lei brasileira é muito interpretativa. O poder dessas grandes coorporações é imenso. Eles acabam dando um jeito de fazer uma gambiarra aqui, outra ali. O marketing sempre vence.

    Por isso, seria interessante difundir essas informações. E talvez seja esse um dos objetivos do Professor ao colocar os nossos trabalhos na Internet...

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  10. Tatiane,

    por outro lado, penso em professores de Educação Física, que atuam nas academias e dão suporte à utilização desses produtos.

    Quantas vezes não são eles mesmos que estão vendendo para os alunos?

    É claro que não são todos. Há vários profissionais sérios e bem informados. Mas pelo menos umas três vezes meu irmão já foi abordado por ofertas desse tipo de produto.

    Talvez essa formação de alimentos focada em suplementos fosse importante para esse público também...

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  11. Lembrando que, em tese, Educação Física faz parte das profissões de saúde.

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  12. victor gomes pereira25 de abril de 2011 às 14:03

    Ao ler o trabalho notei que a autora durante o texto, acusa o fabricante pela disseminação de “falsas verdades” a respeito de seu produto e cria uma argumentação objetivando responsabilizar o fabricante, apesar da própria autora admitir que as informações divulgadas têm fundamento científico: “Essas informações, divulgadas pelo fabricante, são baseadas em artigos científicos. “. Este tipo de argumentação carece de uma visão mais crítica e realista de todo esse processo. O senso comum, que nos leva a culpar as indústrias, elegendo-as como as grande vilãs soa, algumas vezes, como uma alternativa simplista para se ausentar do trabalho de realizar uma análise mais profunda de todas as partes envolvidas nesse fenômeno, que eu dividido em três grupos principais, com interesses distintos e com suas parcelas de culpa: o fabricante, o consumidor e a agência reguladora.
    Primeiro temos a empresa, que vive do lucro da venda de seu produto e está sujeita às leis regulatórias. Não se pode cobrar desta nada além do que o comprimento das normas dispostas em lei. Na conclusão do trabalho, podemos ver que “ a rigor, o fabricante encontra-se dentro da regulamentação”. Essa constatação enfraquece toda tentativa anterior de responsabilização da empresa, uma vez que seus atos não constituem nenhum tipo de infração. Aliás, discordo da frase “o que demonstra que sempre pode haver margem para burlar as normas”. Pois, nesse caso, a empresa não burlou nenhuma lei, apenas aproveitou-se de suas brechas. Todavia, mesmo não burlando nenhuma lei, nota-se que o fabricante utilizou-se de valores éticos reprováveis ao lidar com seu público alvo, incitou o uso indiscriminado do suplemento e omitiu informações relevantes ao consumidor.
    Depois temos o consumidor, a quem deve ser assegurado o direito à informação do produto e à segurança do mesmo. O consumidor deve ter acesso a toda informação do produto, tanto através de bulas e informativos da ANVISA, quanto dos profissionais de Educação Física nas academias e/ou nutricionistas. Contudo, é importante que o consumidor seja visto como agente ativo em toda a história. Afinal, ele toma doses maiores mesmo quando não recomendado, compra o suplemento de forma ilícita quando este é proibido, indica o produto para outras pessoas, divulga informações através do chamado “boca-a-boca” contribuindo para um uso indiscriminado do produto, entre outras atitudes que não podem ser reguladas. Será que o caminho é penalizar o consumidor que pratique tais ações? Oferecer toda informação disponível e permitir o uso indiscriminado para atender os ansejos dos consumidores? Proibir o uso? Essa é uma discussão que deve ser aprofundada e que é pouco valorizada uma vez que a culpa sempre recai sobre o fabricante e a ANVISA. Porém, é importante reconhecer a parcela de culpa do consumidor e não olhá-lo como uma vítima “ad eternum”.
    Por fim, existe a agência regulatória, ANVISA, a quem cabe a função de normatizar as relações entre o vendedor e o comprador. No caso específico da Creatine Tabs, notamos que há uma falta de regulamentação, uma certa permissividade no que concerne às informações divulgadas no site da empresa e uma certa indecisão na elaboração de informativos técnicos quanto à segurança do produto devido às divergências dos artigos científicos a respeito do tema. Além disso, outro problema é a fragilidade de algumas normas que são incapazes de proteger o consumidor do propagandismo, muitas vezes enganoso da indústria alimentícia.
    Com isso, percebe-se que os problemas de uso incorreto e/ou indiscriminado de suplementos como a Creatine Tab e outros produtos é um problema complexo que envolve consumidor, ANVISA e fabricante e que para soluciona-los precisamos não só aumentar a eficiência da ANVISA para impedir os abusos legalmente cometidos pelas indústrias, como também termos maior responsabilidade como consumidores.

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  13. Conforme eu já disse em comentários anteriores sobre produtos com "health claim": é uma questão muito maior de estilo de vida do que de saúde. A suplementação com creatina cai no mesmo problema da suplementação vitamínica, do uso de shakes de emagracimento e tantos outros produtos que são vendidos como agentes miraculosos de melhora ou promoção de saúde. Como a cultura do bem estar está profundamente enraizada na sociedade atual, então há exploração dos elementos legais. Recentemente, passando por uma farmácia eu vi um destes potes contendo os chamados BCAA´s (aminoácidos de cadeia ramificada) que, em tese, são utilizados para reconstrução da musculatura lesionada depois de exercícios físicos (depreende-se que seja musculação, embora não seja afirmado pelo fabricante qual exercício seria o indicado para levarmos a reconstrução). Se aliarmos o fato de que Ciência vende, então aí que o negócio desanda de vez, porquê não há nada que imponha regulamentações sobre a propaganda. Considerando que a maioria das pessoas que consomem estes produtos são cientificamente leigas, então tudo aquilo que é posto por "comprovado cientificamente" é bem aceito. Em suma, para mim, é um mal que é explorado habilmente pelos fabricantes, mas que é em grande medida culpa da desinformação gerada sobre comprovação científica, sobre conscientização dos riscos do uso destes produtos e etc.

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  14. Sou nutricionista e trabalho com suplementos há anos. Trabalho com MMA e patrocino atletas do meio.
    Ao meu ver é uma questão de estilo de vida. O cidadão não vai comer o que foi planejado e você acaba por prescrever um suplemento.
    O que eu vejo que acontece demais é que: nós, que vendemos suplementos com ética profissional e responsabilidade, damos mais resultados que muitas nutricionistas por aí só com indicações de produtos na loja. Quem tiver interesse em comprovar, tenho certeza que nossos clientes estarão a disposição para participar de um estudo(para aqueles que se dizem cientistas e querem comprovar algo) e isso gera uma dor de cotovelo tremenda.
    Eu sou a favor da suplementação. Obviamente que cada caso é um caso. Quem não é, paciência. É preciso ter respeito e mais união na classe.

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  15. Realmente o mecanismo de ação do suplemento de creatina ainda é muito controverso. Como pode ser visto no artigo " a creatina como suplemento ergogênico para atletas" - http://www.scielo.br/pdf/rn/v15n1/a09v15n1.pdf - diz que a creatina como suplemento parece não aumentar a concentração de ATP muscular de repouso, mas sim de ajudar a manter os níveis de ATP durante um esforço físico máximo, ou seja, bem diferente do que foi postado. Além disso, neste artigo diz sobre a quantidade armazenada de creatina durante a suplementação.Diz que esta é bem variável entre as pessoas. Também fala que essas variações sugerem que a captação desta substância é dependente de diferenças na
    composição da dieta,sexo como também de composição de fibras musculares.Um outro ponto bem interessante, é que parece que os individuos vegetarianos sao os que mais se beneficiam com a suplementação com creatina. Por isso que doses seguras dos suplementos de creatina podem não estar sendo efetivas no treinamento.

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  16. A creatina (ácido α-metil guanidino acético) é uma amina de ocorrência
    natural encontrada primariamente no músculo esquelético e
    sintetizada endogenamente pelo fígado, rins e pâncreas a partir dos
    aminoácidos glicina e arginina. Também pode ser obtida via alimentação,
    especialmente pelo consumo de carne vermelha e peixes. Os efeitos da suplementação de creatina sobre a função renal são
    debatidos intensamente na literatura científica.
    Apesar da existência de inúmeros relatos de
    caso na literatura indicando que a creatina possa prejudicar a função
    renal, não há evidências sustentáveis de que essa substância possa
    apresentar riscos a homens saudáveis. Pesquisas bem controladas, no
    entanto, devem investigar sujeitos com doenças renais pré-existentes e
    com propensão à nefropatia. Recomenda-se a monitoração sistemática
    nesses consumidores, até que se ateste a segurança da suplementação
    nesses casos. Aos sujeitos saudáveis que consomem regularmente esse
    suplemento, sugere-se que não ultrapassem a quantidade de 5g/dia,
    pois não há evidências científicas suficientes que garantam a segurança
    da ingestão acima dessa dosagem, em longo prazo (para detalhes, ver
    Shao e Hathcock(32)). Fornecer essas orientações aos consumidores
    pode ser uma alternativa prudente e interessante à mera proibição da
    comercialização do produto, sem respaldo científico adequado.

    Referência:
    http://www.scielo.br/pdf/rbme/v14n1/a13v14n1.pdf

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