Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Alimentos enriquecidos, complemento ou substituto?







O consumo e produção de alimentos enriquecidos obtiveram um grande crescimento nas ultima décadas, este fato deve se a ilusão do consumidor que considera este sendo o melhor para sua saúde em relação aos sem enriquecimento. O Ades Nutrikids, que é enriquecido com vitaminas e sais minerais, chega ao mercado e se posiciona como um alimento gostoso, saudável e coadjuvante ideal para a alimentação saudável das crianças. Entretanto não se sabe se seus componentes enriquecidos, como vitaminas e cálcio, que são declarados em seu rotulo como um benefício à saúde ira apresentar a mesma absorção dos alimentos normais, e além disso não se sabe se o consumo excessivo de alimentos enriquecidos pode gerar algum dano a saúde das crianças. Com isso o que deve ser considerado na hora da escolha da compra, um produto enriquecido ou o alimentos em natura?



Introdução

No atual mercado alimentar as informações nutricionais, como alimento enriquecido ou fonte de, tornaram se alvos de publicidade, visto que a população vem buscando por uma melhor qualidade de vida. Uma alimento enriquecido é o qual apresenta um acrescimo de nutrientes. Desta maneira as industrias tentam aumentar em seus produtos os valores de terminar substâncias como ferro, vitaminas, entre outras.A fortificação erradicou a maioria das deficiências de vitaminas e minerais dos países industrializados, mas, infelizmente, o mesmo alimento, veículo para a fortificação de alguns micronutrientes, não pode ser usado em todas as situações. Para que a fortificação de um alimento seja vantajosa, os alimentos usados como transportadores devem reunir certos requisitos como, por exemplo, ser um alimento amplamente consumido pelos grupos que têm risco de deficiência dos micronutrientes. Os alimentos mais usados para serem fortificados são os cereais, os produtos lácteos e, em menor proporção, sal, açúcar e condimentos¹.
A Unilever lança a versão infantil da AdeS, a linha AdeS Nutrikids, enriquecida com vitaminas e minerais. Uma opção nutritiva e saudável para crianças com intolerância à lactose. Este se torna uma alternativa para o lanche de muitas crianças, onde através de uma grande propaganda em cima das funcionalidades dos alimentos enriquecidos, atrai os pais que estão preocupados com que seus filhos tenham uma adequada alimentação.
















Ingredientes:
Extrato de soja, água, açúcar, sal, vitaminas e minerais (A, E, C, Ferro, Zinco e Cálcio), estabilizantes goma gelatina, citrato de sódio e lecitina de soja, corante carmim, aromatizantes (aroma idêntico ao natural de morango), espessante goma xantana, edulcorante sucralose (2mg/100ml).

Legislação

No Brasil, o Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Vigilância Sanitária, baixou a Portaria nº 31, de 13 de janeiro de 1998, com o objetivo de fixação da identidade e das características mínimas de qualidade dos alimentos adicionados de nutrientes essenciais, dentre as ações voltadas para a prevenção e controle da anemia ferropriva. O processo de fortificação/enriquecimento, ou simplesmente de adição, é aquele no qual se acresce ao alimento de acordo com parâmetros legais, um ou mais nutrientes, contidos ou não naturalmente no mesmo, com o objetivo de reforçar seu valor nutritivo, inclusive aquele eventualmente perdido no processamento industrial, e prevenir ou corrigir alguma deficiência em um ou mais nutrientes na alimentação da população em geral ou de seus grupos de risco.
Após este processo, o alimento é dito fortificado/ enriquecido, ou simplesmente adicionado de nutrientes, conforme o teor de nutrientes acrescido. Logo, deve ficar claro que alimento fortificado/enriquecido é diferente de alimento adicionado. O alimento pronto para consumo em 100 mL ou 100 g deve fornecer, em relação à IDR (Ingestão Diária Recomendada), de referência: Mínimo de 15% para alimentos líquidos e 30% no caso de alimentos sólidos é considerado fortificado/enriquecido e podendo ser declarado no rótulo o dizer: "alto teor" ou "rico" (conforme o Regulamento Técnico de Informação Nutricional Complementar).

Fundamentos bromatológicos

Em seu rótulo o AdeS Nutrikids descreve a importância dos nutrientes para o desenvolvimentos das crianças , declarando que: Vitaminas A, C, E e Zinco – ajudam a manter as defesas naturais do corpo;Cálcio – fundamental para construir e fortalecer os ossos; Ferro – um mineral importante no desenvolvimento mental das crianças.
Sabe-se, no entanto, que fortificar um alimento é muito mais do que adicionar compostos a ele, uma vez que, entre outros fatores, o sucesso da fortificação depende da interação entre os elementos e da biodisponibilidade deles. É muito importante a seleção correta do tipo de composto que vai ser utilizado na fortificação com ferro, assim como o alimento usado para veículo de transporte, já que os alimentos podem interferir na absorção dos elementos, diminuindo sua biodisponibilidade.
A biodisponibilidade do ferro presente no alimento depende dos fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos estão relacionados com as mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo, como idade, sexo, necessidades do individuo, doenças e outros. Os fatores extrínsecos estão relacionados diretamente com a alimentação do indivíduo. Dessa forma, a biodisponibilidade dos minerais pode sofrer influências negativas, pela presença de fitatos, polifenóis, oxalatos, taninos e flavonoides, ou positivas, pela presença de ácido ascórbico, inicialmente citado, ácido cítrico, lactose e frutose, desta maneira aumentando sua absorção. Quanto à escolha da fonte de ferro para fortificar um produto alimentício, esse é um grande desafio, pois o ferro é o micronutriente que possui a maior complexidade técnica, e as formas de ferro de maior biodisponibilidade são altamente reativas e tendem a produzir alterações nas características organolépticas dos alimentos, limitando a quantidade de ferro a ser adicionada na fortificação.
A Vitamina A só apresentara uma boa biodispinibildade somente em produtos que contém gorduras. Com relação ao Cálcio, pesquisas indicam interferência na absorção de ferro, pois os dois competem pelo mesmo mecanismo de absorção no intestino. Não existem estudos conclusivos sobre a diminuição da absorção de zinco em alimentos fortificados com ferro. Em relação a vitamina A, o zinco auxilia na conversão do betacaroteno.
Não é garantido que você esteja realmente absorvendo esses tais nutrientes adicionado. Isso ocorre porque os conservantes e os aditivos químicos como os corantes, geralmente presente nesses alimentos, atrapalham a absorção intestinal, pois são tóxicos ao organismo.


Discussão

É necessário que fique claro que a fortificação dos alimentos não tem objetivo farmacológico ou terapêutico e que não soluciona todos os problemas, visto não ser possível colocar todos os micronutrientes em um único alimento. Existem certos passos que devem ser seguidos, para que um programa de fortificação de alimentos dê bons resultados. Deve-se determinar a prevalência da deficiência do micronutriente, conseguir o suporte da indústria de alimentos e usar compostos de alta biodisponibilidade, além disso, a quantidade de micronutrientes a ser adicionada nos alimentos não deve ultrapassar os valores recomendados, para que não provoque efeitos colaterais nas pessoas e para que não mude as características do produto.
Diante de tantas opções e novidades, o consumidor é levado a acreditar que o produto com maiores teores de algum nutriente será de maior benefício a sua saúde, comprando estes alimentos, impulsionando desta maneira o mercado, levando as industrias a investir ainda mais neste setor. Porem o que deve ser levado em consideração na hora da compra, no entanto, são as necessidades reais de quem irá consumir.
Por mais que essas novidades sejam atrativas, é importante que o consumidor não dispense, e jamais substitua os alimentos naturais por produtos industrializados. Sendo assim não podem ser a principal fonte de vitaminas e minerais ou considerar que esteja bem nutrido por estar consumindo somente estes alimentos.
Os alimentos enriquecidos têm sua importância para ser ingeridos, quando houver algum tipo de deficiência nutricional. Ou seja, se a pessoa possui uma carência de cálcio deve dar preferência aos produtos enriquecidos com este nutriente.
A legislação impõe os limites mínimos para se declarar um alimento enriquecido, fonte e ricos, porem esta não impõe limites para os máximos e nem para o tipo de propaganda que é feita em relação a este.

Conclusão

Os alimentos fortificados são melhores que em relação aos sem alteração. Porem não pode ser somente a base de uma dieta, e sim um aliado. O correto é que o consumidor não dispense e sequer substitua a alimentação tradicional, realmente saudável, pelos milagres anunciados.




















Referência
http://www.ades.com.br/sabores/ades_nutrikids
CAMARA, Maria Clara Coelho; MARINHO, Carmem Luisa Cabral; GUILAM, Maria Cristina and BRAGA, Ana Maria Cheble Bahia. A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Rev Panam Salud Publica [online]. 2008, vol.23, n.1, pp. 52-58. ISSN 1020-4989.
CARVALHO, Patrícia Borges de and ARAUJO, Wilma Maria Coelho. Rotulagem de suplementos vitamínicos e minerais: uma revisão das normas federais. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2008, vol.13, suppl., pp. 779-791. ISSN 1413-8123.
VELLOZO, Eliana P. and FISBERG, Mauro. O impacto da fortificação de alimentos na prevenção da deficiência de ferro. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. [online]. 2010, vol.32, suppl.2, pp. 134-139. Epub June 18, 2010. ISSN 1516-8484.
PAIXAO, José A. da and STAMFORD, Tânia L. M.. Vitaminas lipossolúveis em alimentos : uma abordagem analítica. Quím. Nova [online]. 2004, vol.27, n.1, pp. 96-105. ISSN 0100-4042.
CASE, Fabiana; DELIZA, Rosires and ROSENTHAL, Amauri. Produção de 'leite' de soja enriquecido com cálcio. Ciênc. Tecnol. Aliment. [online]. 2005, vol.25, n.1, pp. 86-91. ISSN 0101-2061.
Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 31, de 13 de janeiro de 1998. Aprova o Regulamento Técnico referente a Alimentos Adicionados de Nutrientes Essenciais. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília (DF); 1998.

10 comentários:

  1. O trabalho ficou bem interessante, discute vários aspectos importantes. Mas acho que seria bem ilustrativo se você tivesse comparado as quantidades de micronutrientes obtidas através da fortificação e as quantidades presentes em um alimento in natura. Aí caracterizaria melhor a resposta para a pergunta da introdução: Com isso o que deve ser considerado na hora da escolha da compra, um produto enriquecido ou o alimentos em natura?

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  2. Segundo a portaria 31/98 no ponto 10.2. É proibida toda e qualquer expressão de natureza terapêutica. Nos rótulos dos alimentos enriquecidos. Mas e as propagandas? É importante ressaltar este ponto, como foi feito por este trabalho, uma vez que nas propagandas destes alimentos há expressäo de natureza terapêutica. Diante do exposto, uma legislaçäo sobre propaganda de alimentos com alegaçöes terapêuticas deve ser incisiva e as propagandas melhor fiscalizadas e delimitadas pela ANVISA.

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  3. O aspecto levantado pela Bianca é muito interessante, pois algumas vezes os rótulos encontram-se de acordo com o recomendado de não haver expressões de natureza terapêutica mas as propagandas não.

    A Tatiane levantou uma questão interessante sobre "A legislação (...) não impõe limites para os máximos", uma vez que o consumo excessivo de alguns micronutrientes podem ocasionar prejuízos a saúde, porém, por outro lado, adicionar quantidades excessivas de um micronutriente exige uma maior dispesa na fabricação. Mas acredito que deveria haver uma regulamentação a respeito desses valores máximos.

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  4. O trabalho ficou ótimo Tati, mas o que me chamou a atenção é o fato de este produto conter "extrato de soja" e ser enriquecido com ferro e zinco, que segundo (Norka e Barrueto, 2007), a soja possui altos teores destes minerais. Então não seria melhor somente aumentar a quantidade de extrato utilizada ou não adicionar ferro e zinco, pois já estão presentes na soja? Não seria demais adicionar o que já poderia estar alto? Qual é o limite máximo que se pode ter dos minerais e onde encontrar essas informações, já que a legislação brasileira não determina isso?

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  5. A obrigatoriedade da apresentação da tabela nutricional foi sem duvida uma vitória mas será que os valores apresentados por elas realmente condizem com a real necessidade nutricional? No caso do ades nutrikids não.
    A tabela nutricional utilizada, que pode ser encontrada no site da marca, se refere a uma dieta diária de 2.000 Kcal2 o que não condiz com a necessidade calórica da faixa etária alvo do produto que segundo a Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids (Macronutrients). Food and Nutrition Board – FNB, 2005 seria em uma faixa de 4-6 anos de 1450 Kcal2 e de 7-10 anos 1750 Kcal2, ou seja, os valores diários calculados que são guias para a escolha de uma nutrição saudável induzem os responsáveis dos “pequenos consumidores” a fazerem em muitos casos um consumo calórico diário maior que o recomendado.
    O consumidor é livre para decidir o que comer. No entanto, a verdadeira liberdade de escolha só acontece quando ele tem acesso às informações daquele alimento, conhece os riscos para a sua saúde e não é induzido por meio informações errôneas.

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  6. Túlio de Lima Elisiario20 de abril de 2011 às 20:10

    Interessante trabalho, mas ao me deparar com a frase: "Para que a fortificação de um alimento seja vantajosa, os alimentos usados como transportadores devem reunir certos requisitos como, por exemplo, ser um alimento amplamente consumido pelos grupos que têm risco de deficiência dos micronutrientes". Esse fragmento de texto remete que, somente quem estiver no grupo dos carentes em determinados nutrientes poderiam/deveriam/necessitariam fazer uso de tal alimento...pode até ser verdade, mas careceu de referência. Mas logo depois surge a afirmação: "O processo de fortificação/enriquecimento, ou simplesmente de adição, é aquele no qual se acresce ao alimento de acordo com parâmetros legais, um ou mais nutrientes, contidos ou não naturalmente no mesmo, com o objetivo de reforçar seu valor nutritivo, inclusive aquele eventualmente perdido no processamento industrial, e prevenir ou corrigir alguma deficiência em um ou mais nutrientes na alimentação da população em geral ou de seus grupos de risco". Então o enriquecimento (que pode estar fora da faixa para se anunciar que é enriquecido - no caso, em valores inferiores) parece ser realmente necessário devido à técnica de produção, seja para o enriquecido seja para o não enriquecido. Aposto que se os fabricantes enriquecessem alimentos em taxas somente para desfazer as perdas de processo, a discussão aqui seria outra!
    Suponhamos também que uma criança diagnosticada com anemia ferropriva, e provavelmente tratada medicamentosamente para tal condição, partisse da premissa do primeiro argumento exposto por mim, fizesse uso além do medicamento mas também do alimento enriquecido?? Possivelmente um excesso de suplementação ocorreria, e a criança poderia sair de um extremo e chegar ao outro. Não é só o Ades NutriKids que é enriquecido com Ferro... Então o alimento enriquecido pode até possuir o intuito de suprir carências...mas é difícil conhecer uma carência nutricional sem procurar determinado profissional de saúde. Então pode ser que o alimento enriquecido surja com uma identidade-promessa de evitar e não de corrigir. Acredito que a promessa de evitar é quem realmente alavanca as vendas dos alimentos enriquecidos e afins.

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  7. Camile Mascarenhas1 de maio de 2011 às 22:50

    O enriquecimento alimentar é uma importante medida de promoção e prevenção de saúde e é utilizada há muitos anos como, por exemplo, o iodo no sal de cozinha. Porém nem sempre a adição de novas substâncias estará trazendo benefícios concretos e nem sempre o objetivo do enriquecimento é válido.
    A cultura de alimentação pouco saudável e à base de produtos industrializados vem prejudicando a saúde da população. Várias doenças são sabidas como provenientes da má alimentação e, com a veiculação dessas informações, a nova tendência é de que produtos de origem natural e mais saudáveis sejam mais valorizados pelos consumidores. Esse fator faz com que as indústrias alimentícias tenham que encontrar maneiras alternativas de vender, para não perder lugar no mercado. Assim, elas do enriquecimento dos alimentos para fornecerem a saúde que as pessoas precisam de forma muito mais apetitosa e fácil.
    O investimento nessa área tem sido muito grande, porém o interesse, como em toda indústria, não é no bem-estar da clientela, mas sim no lucro que o novo e com maior valor agregado alimento irá render. Estas se valem das necessidades da população e se utilizam das propagandas as quais iludem, ludibriam e incitam o consumidor.
    Não se pode refutar a existência destes ou negar que existem benefícios associados, visto que como complementos são relevantes, mas deve-se cuidar para que a população não utilize inadequada e inadvertidamente como substituto alimentar. A maior crítica é, então, que a falta de informação e o excesso de propaganda pode induzir o consumidor a deixar de seguir uma dieta regular ou até substituir algum tipo de terapia como a medicamentosa.
    Sendo assim, o controle rígido dessa prática é de responsabilidade dos profissionais que visam saúde e bem-estar e das agências regulatórias. É necessário haver limites máximos para adição dos elementos e regulação dos rótulos e propagandas. Cabe aos profissionais da saúde, farmacêuticos, orientar e informar, ter posicionamento crítico, ir de encontro aos interesses comerciais e exercer pressão acerca desse e de muitos outros temas que nos competem, visto que esses alimentos, como são utilizados, não são a solução para os problemas atuais.
    Concluindo, a crítica ao trabalho, como deve ter sido percebida é a ausência da reflexão de como se encaixa e qual deve ser o papel do profissional que trabalha com essa prática para priorizar e promover a saúde e que encontra seus limites nos interesses comerciais.

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  8. Analisando mais a fundo a portaria nº 31de 1998 da ANVISA é determinado que a adição do nutriente deve considerar a probabilidade de ocorrência de interações negativas com nutrientes e outros componentes presentes no alimento.
    Como foi comentado anteriormente, há competição do ferro com o cálcio pelo mesmo mecanismo de absorção intestinal. O produto em questão é enriquecido com esse 2 micronutrientes e o mecanismo de absorção pelo transportador é saturável. Esses fatos nos levam a pensar que neste caso a adição concomitante dos micronutrientes passa a ser mais em função de agregar valor ao produto do que em relação à complementação da dieta.

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  9. Camilla Sant'Anna Pimenta7 de maio de 2011 às 22:38

    De acordo com a Portaria nº 31 de 1998, que diz respeito a alimentos adicionados de nutrientes nutricionais, “O nutriente deve estar presente em concentrações que não levem a ingestão excessiva ou insignificante ao nutriente adicionado, considerando as quantidades derivadas de outros alimentos da dieta e as necessidades do consumidor a que se destina.” No caso deste produto, seus consumidores alvo são as crianças. Porém, a tabela nutricional mostrada no rótulo está baseada em uma dieta de 2000kcal, referente a um adulto. Desta forma, os valores diários apresentados na tabela, não condizem com a dieta calórica de uma criança. Assim, estes dados podem levar à ingestão de porções que acabem gerando uma dieta com excesso dos nutrientes que uma criança necessita, indo contra o que está previsto pela legislação.

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  10. Sabemos que o enriquecimento de alimentos é um método que atualmente é utilizado para reforçar o valor nutritivo dos alimentos, contribuindo para manutenção ou recuperação da saúde e para prevenir as carências nutricionais. O enriquecimento é fundamental no caso da deficiência ser endêmica ou quando se destina a populações de alto risco, sendo um método eficaz por atingir vários extratos populacionais. Como o custo do enriquecimento de nutrientes não é tão caro, isso o torna mais acessível e disponível para boa parte da população. O nutriente utilizado deve possuir boa absorção pelo organismo, deve possuir características que não mudem a cor e o sabor do alimento fortificado e além do mais deve ser o tipo de alimento que pertence à alimentação habitual da população e de boa aceitação. Entretanto, no Brasil há uma escassez as pesquisas que evidenciam os riscos causados pelo excesso de consumo de alimentos fortificados. Neste sentido é importante que haja um incentivo à essas pesquisas e a implementação de sistemas de fiscalização dos produtos enriquecidos durante sua produção.

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