Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Importância da interpretação dos rótulos de alimentos integrais


                             


Um dos problemas identificados nas dietas ultimamente é a baixa ingestão de fibras. Por outro lado, observa-se também um crescimento da população que busca alimentação mais adequada para sua saúde. Assim, a indústria alimentícia tem procurado satisfazer as exigências do consumidor, pois coloca no mercado uma grande variedade de alimentos integrais, para que a população possa consumir produtos industrializados, ingerindo a quantidade recomendada de fibra diariamente.

Fundamentos bromatológicos

Atualmente com a grande produção de alimentos industrializados há uma diminuição do consumo de alimentos naturais e assim, uma diminuição da ingestão de fibras pela população. Esse processo vem contribuindo para um aumento ou agravamento de certas patologias, com destaque para constipação intestinal.

Os componentes das fibras da dieta podem ser categorizados como fibra solúvel e fibra insolúvel, baseado nas propriedades físicas e papeis fisiológicos. A maioria das pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses são caracterizadas como fibras solúveis e, entre essas suas principais fontes, destacam-se as frutas, verduras, farelo de aveia, cevada e leguminosas. Já as insolúveis incluem a celulose, lignina e hemicelulose encontradas, principalmente, no farelo de trigo, grãos integrais e verduras.

As fibras insolúveis são consideradas aquelas com o maior efeito sobre o volume fecal, elas aumentam o volume das evacuações, promovem regulação no tempo de trânsito intestinal e diminuem a pressão da luz intestinal. As fibras solúveis, principalmente as viscosas, têm efeitos metabólicos, como atuar no metabolismo dos carboidratos e no controle da glicemia, na redução dos triglicerídeos e colesterol sanguíneo e como substrato pára formação de ácidos graxos de cadeia curta.

O tratamento da constipação constitui o estabelecimento de bons hábitos de saúde, como refeições regulares, dieta adequada fornecendo fibras, tempo regular para a eliminação, descanso, relaxamento, ingestão adequada de líquidos e a prática de exercícios físicos.
Por outro lado, devem-se considerar os efeitos adversos do uso exagerado de fibras, como a diminuição na absorção de minerais como o ferro, magnésio, cálcio e fósforo, decorrentes da redução do tempo intestinal e a formação de complexos insolúveis(ácido oxálico e o ácido fítico) entre os minerais e as substâncias. Por isso, a dieta diária deve conter pelo menos 25g de fibras dietética, que pode ser fornecida por quantidades amplas de frutas, vegetais e grãos integrais.

Legislação

A informação nutricional complementar é a representação que sugere ou destaca que um produto possui propriedades nutricionais particulares relativas ao seu valor energético e/ou seu conteúdo de proteínas, gorduras, carboidratos, fibras alimentares, vitaminas e/ou minerais.

De acordo com a portaria n° 27 de 13/01/1998 que aprova o regulamento técnico referente a informação nutricional complementar e considera, como atributo, “alto teor de fibras” se contiver, no mínimo, 6g de fibra/100g para alimentos sólidos e, no mínimo, 3g de fibras/100g para alimentos líquidos e o atributo “fonte de fibras” de no mínimo, 3g de fibras/100g para alimentos sólidos e mínimo de 1,5g de fibras/100g para alimentos líquidos.
A classificação de rotulagem existe para promover uma uniformidade dos conceitos e principalmente para que haja uma diretriz segura de modo a evitar que as informações incorretas e contraditórias os alcancem.

Discussão

Ao olhar a frente do rótulo do biscoito Club Social integral é possível localizar facilmente o destaque dado às informações: Fonte de fibras. O local e o modo como essas informações foram apresentadas pode ser um fator de decisão para o consumidor no momento da escolha de qual produto comprar.
De acordo com a Anvisa, para que um produto faça essa alegação, precisa ter 3g de fibra a cada 100g de produto. Quando analisamos 100g de Club Social Integral, a quantidade de fibras é exatamente 3 gramas, entretanto, 1 pacotinho que é a quantidade que as pessoas costumam consumir, só tem 26g, e portanto apenas 0,8g de fibras. Ou seja, no final das contas, o indivíduo que consumir somente 1 pacotinho não estará ingerindo uma quantidade significativa de fibras, e dessa forma, os resultados benéficos das fibras no organismo não são aparentes e significativos, qual é o intuito das pessoas que procuram opções integrais, como uma forma de complementar e variar o cardápio de maneira saudável.
Conclusão
A  indústria alimentícia esta cumprindo o que está estabelecido por lei, pois o teor de fibra foi condizente com o descrito no rótulo e também em relação ao uso de termos referentes ao teor de fibra. No entanto, para atingir uma alimentação saudável, além de fornecer informações  corretas sobre alimentação e saúde, deve-se proporcionar condições para que os indivíduos adotem das orientações que recebem e, ao mesmo tempo, evitar que informações incorretas e contraditórias os alcancem para que não ocorra enganos e não gere complicações posteriores devido a uma informação interpretada de forma equivocada.
Assim, permite a população ter maior segurança e usufruir dos avanços da rotulagem nutricional, podendo comparar melhor os alimentos e, dessa forma, adquirir um produto que satisfaça nutricional mente e economicamente.

Bibliografia
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA).
Portaria nº 27 de 13 de janeiro de 1998. Disponibilidade em: http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/27_98.htm>.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA).
RDC nº 360 de 23 de dezembro de 2003. Disponibilidade em:


http://br.mondelezinternational.com/home

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