A presença de aditivos em papinhas pode oferecer riscos à saúde?

      A partir dos seis meses de idade, o leite materno não supre mais todas as necessidades nutricionais das crianças, sendo fundamental a introdução de alimentos complementares com segurança para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança. Tomando em conta as considerações levantadas, fica a seguinte questão: Será se as papinhas industrializadas seguem todas as exigências nutricionais em relação a composição e os tipos de nutrientes?

DESCRIÇÃO DO PRODUTO:
A papinha de Banana com Aveia da Nestlé é composta por água, banana, suco de maçã, farinha de aveia, amido, ácido l-ascórbico (vitamina c), ácido cítrico e glúten. Além disso, contém alérgicos que são derivados de aveia e pode conter trigo. Esse alimento é homogêneo de aspecto uniforme, apresenta uma textura cremosa e cor amarelada característica da presença de banana. É delimitada por um embalagem de vidro fechada e contém 120g.

Informações nutricionais (1 unidades - 120g)

Valor energético	73 kcal=307 kJ
Carboidratos	16 g
Açúcares	11 g
Proteínas	1,1 g
Gorduras totais	0 g
Gorduras saturadas	0 g
Gorduras trans	Não contém
Fibra Alimentar	0,6 g
Sódio	6,1 mg

FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS:

Um dos ingredientes que compõem a papinha de banana e aveia da Nestlé é o aditivo ácido cítrico, também conhecido como citrato de hidrogênio. Na indústria alimentícia é muito utilizado como acidulante e antioxidante na fabricação de alimentos em geral. Esse aditivo previne turbidez, potencializa conservantes, confere sabor frutal característico, prolonga a estabilidade da vitamina C, reduz alterações de cor, realça os aromas e tampona o meio. Contudo, dependendo da quantidade de ácido cítrico, o mesmo pode gerar efeitos maléficos ao organismo, sendo os bebês e crianças mais propensos a desenvolver os seguintes quadros: irritações estomacais, diarréia, desenvolvimento de erupção cutânea e a maior incidência de cáries, já que é um dos principais responsáveis pela corrosão do esmalte dos dentes.

Já a farinha de aveia é comumente utilizada na indústria de alimento como espessante, assim como as farinhas de milho e o amido. Entre as funções do mesmo encontra-se: aumentar a viscosidade do alimento, melhor a textura e a consistência dos alimentos processado.  Esses espessantes também são utilizados como estabilizantes. No entanto, a sua utilização como engrossante pode ser visto como problema, já que as farinhas fornecem calorias muito acima do recomendado, pois são metabolizadas em açúcares, o que aumenta o risco de obesidade infantil. Além disso, possui a chance de causar constipação devido ao ressecamento das fezes.

O glúten é uma proteína encontrada em grãos e sua adição nos alimentos ocorre a fim de conferir mastigabilidade, textura, podendo atuar como espessante e também suplemento protéico. Estudo com pessoas cuja dieta inclui o glúten em maiores quantidade tem uma taxa menor de doenças cardíacas, infarto e diabetes tipo 2 do que àqueles que consomem menores quantidades,indicando dessa forma, que o glúten possui benefícios. Além disso, esse ingrediente pode atuar também como prebiótico de bactérias residentes no intestino, cujo desbalanço pode levar a problemas inflamatórios e síndrome do cólon irritável. Mesmo apresentando determinadas vantagens, o seu uso deve ser suspenso em caso de doença celíaca ou hipersensibilidade, pois o quadro pode ser agravado.

LEGISLAÇÃO:

A quinta norma (RDC 46) trata do uso de aditivos e coadjuvantes nas fórmulas infantis. A resolução traz uma lista dos aditivos que podem ser utilizados em fórmulas infantis por apresentarem segurança comprovada para este tipo de público. Os aditivos e coadjuvantes de tecnologia são necessários para a elaboração de alguns produtos, de acordo com o processo de fabricação.

O emprego de aditivos em alimentos no Brasil é regulamentado pelo Decreto no 55.871 de 26/03/1965.

Para alimentos infantis, a Anvisa determinou que a quantidade do acidulante ácido cítrico e do antioxidante ácido ascórbico devem ser 0,5g/100mL. Já a lei nº  10.674, de 16 de maio de 2003, obriga que produtos alimentícios informem sobre a presença ou a ausência de glúten em sua composição.

CONCLUSÃO:

As papinhas industrializadas quando seguem as normas e possuem quantidades de nutrientes balanceados, incluindo os aditivos pela legislação é uma boa alternativa alimentar e não traz riscos à saúde. Porém, o seu uso deve ser só em casos de necessidade e não para substituir de maneira contínua uma papinha feita de forma caseira, pois além de possuírem pouca variedade de nutrientes, a consistência é sempre a mesma, o que faz grande diferença em termos de desenvolvimento da musculatura oral. Vale ressaltar que esse tipo de alimentação só deve ser introduzido na alimentação da criança após completar seis meses de vida.

REFERÊNCIAS:

1. Papinha de banana com aveia, Nestlé. Disponível em: <https://www.nestlecomecarsaudavel.com.br/nossas-marcas/papinhas/etapa-2/banana-com-aveia#> Acessado em: 01 de dezembro de 2017.
2. Aplicações do ácido cítrico na indústria de alimentos, Food Ingredients Brasil, nº 30, p. 96-103, 2014.
3. Espessantes, Food Ingredientes Brasil, nº 40, p. 20-44, 2017.
4. Obesidade infantil e o início da alimentação complementar, 2014. Alimentação e Saúde Infantil. Disponível em: <https://alimentosaudeinfantil.wordpress.com/category/farinhas-nas-papinhas/> Acessado em: 01 de dezembro de 2017.
5. Gluten: A Benefit or Harm to the Body?, 2017. Harvard School of Public Health. Disponível em: <https://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/gluten/> Acessado em: 01 de dezembro de 2017.
6. SIPAHI, A, M; FREITAS, I, N; LORDELLO, M, L, L; DAMIÃO, A, O, M, C. Doença celíaca no adulto. Revista Brasileira de Medicina (RBM) 2000 Nov; 57 (11):1254-64.

Alunas: Gabriela Lopes Gama e Silva e Maria Luiza da S. Gonçalves