Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Bebidas Energéticas: Qual vale mais a pena?

 



As bebidas energéticas são consumidas em grande quantidade por pessoas que tem o objetivo de se manterem acordadas durante longos períodos. Entretanto, existem várias marcas disponíveis no mercado, com preços muito variáveis. Vale a pena pagar mais?


As bebidas energéticas foram introduzidas no mercado em 1987, inicialmente voltadas para o consumo por atletas para incrementar resistência física, prover reações mais velozes, mais concentração nas atividades exercidas, evitar o sono, estimular o metabolismo, proporcionar sensação de bem estar, ajudar a eliminar substâncias nocivas para o corpo. Sua composição básica é de água, carboidratos e aminoácidos.


Com o tempo, outras bebidas passam a aparecer, também chamadas de energéticos ou Energy drinks, mas não são voltadas para atletas. E a sua principal função deixa de ser o fornecimento de energia para as atividades físicas e sim a manutenção do estado de alerta. Sua principal atuação portanto é de estimulante do sistema nervoso central.

Segundo a legislação, esses produtos prontos a base de cafeína podem conter no seu rótulo as indicações de "Bebida Energética" ou "Energy drink", mas não podem conter a informação "estimulante", apesar da presença da cafeína, estimulante do sistema nervoso central. Nosso questionamento a respeito da legislação começa aqui. Essas bebidas que são vendidas como energéticas podem ser consideradas energéticas? E por que é proibido o uso de uma palavra que realmente define os efeitos da cafeína no organismo?

A RDC 18/2010 determina que energético deve conter mínimo 75% do Valor Energético Total (VET) em carboidratos e um mínimo de carboidratos 15g/porção. Será que os energéticos contém essas quantidades?

E a RDC 273/2005 determina que o produto líquido pronto para consumo deve ter como ingredientes principais inositol, glucoronalactona, cafeína e taurina. Além disso, determina valores máximos de cada um desses elementos: Cafeína: até 35mg/100mL
Taurina: até 400mg/100mL
Inositol: até 20mg/100mL
Glucoronalactona: até 250mg/100mL
Álcoool: máx 0,5mL/100mL 

Outro aspecto importante na questão da legislação é a rotulagem, que deve conter advertências para crianças, lactentes, gestantes, idosos e portadores de doenças cardíacas. Além de uma indicação de que não devem ser consumidas durante o exercício físico e que não devem ser misturadas a bebidas alcoólicas.

O objetivo desse trabalho foi analisar as diversas marcas de energéticos disponíveis no mercado. Avaliando as quantidades de substâncias energéticas presentes nas composições, os enquadramentos dentro da legislação, o preço e rótulo de cada uma delas.

A tabela a seguir faz um comparativo entre preços de bebidas energéticas e sua composição em termos de substância estimulante (taurina):

Redbull
Night Power
Super Power
TNT
Porção
250 mL
269 mL
269 mL
269 mL
Valor Energético
110 kcal
137,7 kcal
130 kcal
123 kcal
Carboidrato
28g (112kcal)
34,4g (137kcal)
31g (124kcal)
30g (120kcal)
Cafeína
80mg
86,1mg
94,1mg
80mg
Taurina
1000mg
1076mg
1076mg
1000mg



Redbull
Night Power
Super Power
TNT
Taurina (mg/mL)
4
4
4
3,7
Preço/ 250mL (R$)
6
3,25
3,5
4,25

Avaliando-se os dados contidos nos rótulos, percebemos que as bebidas analisadas que são comercializadas, estão dentro das especificações da RDC273 no que diz respeito à sua composição. E segundo a RDC18 também estão dentro do padrão que define energético, pois contém mais de 75% do seu valor energético fornecido por carboidratos e possuem mais de 15g de carboidratos na porção.

Contudo, observamos que o valor do produto líder de mercado é bem mais elevado do que seus concorrentes com menos glamour (propaganda massiva, patrocínio em eventos e esportes). Portanto, em relação ao consumo de taurina, consumir qualquer um dos produtos é equivalente. 

Porém, nenhum dos produtos que foi analisado teve suas advertências quanto ao consumo exaltadas nos rótulos (grávidas, lactentes, crianças, idosos, hipertensos, atletas). Sabe-se que esse não é o público alvo desses produtos, porém o consumo desavisado dos produtos é um grande problema de saúde pública.

Com essa análise, podemos então concluir que as bebidas energéticas possuem características que podem classificá-las como tal, porém essa energia não é para a prática de exercícios, pois esses alimentos contém concentrações altas de substâncias estimulantes que podem causar efeitos colaterais aos participantes. É claro que estamos falando da versão original desses produtos, pois as versões light, diet, zero não foram avaliadas.

O consumo dessas bebidas em momentos de lazer sem mistura com álcool, de fato, não oferece risco para pessoas sem as condições já citadas acima. Escolha a sua preferida!

 
 


7 comentários:

  1. Expandindo a pesquisa para uma bebida enérgica sem açúcar.
    Será que encontramos adequação de um energético sem açúcar às exigências da legislação? A legislação está usando definições adequadas?
    Segundo a RDC 273/2005, que pondera sobre expressões permitidas/proibidas no rótulo desses produtos, temos as seguintes exigências:

    “7.1.3. Não são permitidas expressões tais como "energético", "estimulante", "potencializador", "melhora de desempenho" ou frase(s) equivalente(s), inclusive em outros idiomas.
    7.1.4. Serão permitidas as expressões: "Bebida energética" ou "Energy drink". O uso de qualquer outra expressão pode ser autorizada após avaliação, caso a caso, pela ANVISA”.

    Segundo a RDC nº 18 de 2010, pelo menos 75% do Valor Energético Total (VET) deve ser fornecido pelos carboidratos contidos na fórmula. Além disso, cada porção deve ter um mínimo de 15g/porção.
    No Red Bull Sugar Free, como podemos observar abaixo, temos 2g de carboidratos, o que corresponde a um total de 8 kcal. Com um total de 10 kcal, esse energético cumpre o exigido pela legislação quanto à porcentagem mínima de 75% do Valor Energético Total.
    Mas e quanto aos 15g de carboidrato/porção? Temos apenas 13% da quantidade recomendada. Buscando a definição de energético no dicionário, encontramos: “que transmite ou fornece energia”.
    Já a definição de estimulante, “que estimula, excita” parece mais adequada á composição desses produtos.
    A legislação peca no que diz respeito à nomenclatura desse tipo de bebida, podendo induzir o consumidor ao uso indevido desses produtos.

    Tabela de Informação Nutricional do Red Bull Sugar Free disponível em:
    http://www.comperdelivery.com.br/ch/prod/374948/3687/3696/6602/energetico-red-bull-sugar-free-250ml.aspx

    Ingredientes:
    Água, dióxido de carbono, taurina (1000mg/250ml), glucoronolactona (600 mg/250ml), cafeína (80mg/250ml), inositol (50mg/250ml), vitaminas (B3, B5, B6, B2, B12), regulador de acidez citrato de sódio, aromatizante, corante caramelo, edulcorantes artificiais sugralose e acessulfame K, estabilizante goma xantana, aromatizado artificialmente.
    NÃO CONTÉM GLÚTEN.
    NÃO CONTÉM AÇÚCAR.
    NÃO ALCOÓLICA.
    PASTEURIZADA.



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  2. A ingestão de bebidas energéticas apresenta riscos potenciais para a saúde principalmente devido ao conteúdo estimulante. Elas são contraindicadas durante a atividade física, grupos populacionais, sob o risco de ocorrências cardiovasculares, gastrite, desidratação e dependência.
    O energético misturado a um simples comprimido de paracetamol para a dor de cabeça, pode levar a óbito repentino por insuficiência hepática. E seu consumo junto com a direção pode provocar acidentes automobilísticos por reduzir o reflexo e a coordenação motora.
    Além dos casos acima citados, um que se tornou muito comum principalmente entre os jovens, é a mistura da bebida energética com a bebida alcoólica. O consumo de álcool em geral leva à fase estimulante e, depois, à depressora, de sono. Com energético, o efeito estimulante é potencializado e a sonolência, reduzida. Portanto, além das duas bebidas apresentarem efeitos antagônicos, isso faz com que o indivíduo continue consumindo a mistura por mais tempo, levando ao excesso que pode causar futuros problemas, como: sono muito leve, formigamento nas extremidades e agitação.

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    1. Os energy drink dão disposição e ajudam na vasodilatação.
      O que atrapalha mesmo é o excesso de comida e sedentarismo.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Em relação ao custo-efetividade necessário para avaliar qual a melhor marca no mercado e que realmente vale à pena gastar dinheiro para adquirir deve-se levar em consideração que o preço deve estar atrelado a quantidade de componentes adequados presentes na fórmula do produto, responsáveis pelo efeito procurado pelo consumidor da bebida.
    Abaixo segue uma relação das principais marcas de energéticos no mercado e ao lado: o volume do produto entre parênteses, a quantidade de cafeína e taurina presentes no rótulo de cada bebida, assim como o preço da mesma:
    Burn (260 ml) 38 mg 156 mg R$ 3,99
    Flying Horse (310 ml) 100 mg 1240 mg R$ 4,59
    Fusion (250 ml) 87,5 mg 1000 mg R$ 4,87
    Monavie (269 ml) 94 mg 1076 mg R$ 8,00
    Monster (500 ml) 162,5 mg 2000 mg R$ 5,49
    Organique (269 ml) 88 mg - R$ 7,99
    RedBull (250 ml) 80 mg 1000 mg R$ 5,49
    TNT (269 ml) 80 mg 1076 mg R$ 4,49
    Abaixo seguem alguns resultados obtidos mediante análise da tabela acima:
    •Quantidade média de volume de energético no mercado = 297 ml
    •Quantidade média de cafeína por energético = a cada 3,26 ml de energético tenho 1 mg de cafeína em média
    •Quantidade média de taurina por energético a cada 0,27 ml de energético tenho 1 mg de taurina em média
    •Preço médio do energético no mercado = cada 53 ml de energético custa R$ 1,00 em média
    De acordo com o valor de cafeína por energético (3,26ml/1mg de cafeína) é possível deduzir o valor de cafeína “ideal” por energético de acordo com a média obtida. Abaixo é possível visualizar esses valores:
    - BURN = 260/3,26 = 80 mg .............no rótulo: 38 mg (X)
    - FLYING HORSE = 310/3,26 = 95 mg......no rótulo: 100 mg (V)
    - FUSION = 250/3,26 = 77 mg............no rótulo: 87,5 mg (V)
    - MONAVIE = 269/3,26 = 82 mg...........no rótulo: 94 mg (V)
    - MONSTER = 500/3,26 = 153 mg..........no rótulo: 162,5 mg (V)
    - ORGANIQUE = 269/3,26 = 82 mg.........no rótulo: 88 mg (V)
    - REDBULL = 250/3,26 = 77 mg...........no rótulo: 80 mg (V)
    - TNT = 269/3,26 = 82 mg...............no rótulo: 80 mg (X)
    A mesma lógica acima pode ser realizada para encontrar o valor “ideal” de taurina por energético:
    - BURN = 260/0,27 = 963 mg..............no rótulo: 156 mg (X)
    - FLYING HORSE = 310/0,27 = 1148 mg.....no rótulo: 1240 mg (V)
    - FUSION = 250/0,27 = 926 mg............no rótulo: 1000 mg (V)
    - MONAVIE = 269/0,27 = 996 mg...........no rótulo: 1076 mg (V)
    - MONSTER = 500/0,27 = 1852 mg..........no rótulo: 2000 mg (V)
    - ORGANIQUE = 269/0,27 = 996 mg.........no rótulo: -
    - REDBULL = 250/0,27 = 926 mg...........no rótulo: 1000 mg (V)
    - TNT = 269/0,27 = 996 mg...............no rótulo: 1076 mg (V)
    Em relação a quantidade de cafeína e taurina, a maioria dos energéticos encontram-se no perfil adequado, porém os energéticos Flying Horse e Monster apresentam um maior volume em relação aos outros no mercado, portanto estão em vantagem em relação a qualidade, mas um outro ponto a ser analisado é o custo ideal de cada energético, evidenciado pelo valor médio de cada ml da bebida: 53 ml – R$ 1,00:
    - BURN = 260/53 = R$ 4,90..............no mercado: R$ 3,99 (V)
    - FLYING HORSE = 310/53 = R$ 5,85......no mercado: R$ 4,59 (V)
    - FUSION = 250/53 = R$ 4,72............no mercado: R$ 4,87 (X)
    - MONAVIE = 269/53 = R$ 5,07..........no mercado: R$ 8,00 (X)
    - MONSTER = 500/53 = R$ 9,43...........no mercado: R$ 5,49 (V)
    - ORGANIQUE = 269/53 = R$ 5,07.........no mercado: R$ 7,99 (X)
    - REDBULL = 250/53 = R$ 4,72...........no mercado: R$ 5,49 (X)
    - TNT = 269/53 = R$ 5,07...............no mercado: R$ 4,49 (V)
    Em suma, de acordo com todos os dados analisados acima os únicos energéticos que apresentaram aspectos positivos em todos os parâmetros foram: Flying Horse e Monster. Além deles possuírem maior volume em relação aos demais energéticos no mercado, possuem também um teor de cafeína e taurina acima da media do mercado e um custo que é abaixo do valor esperado, logo valem mais a pena de serem adquiridos do que os outros.

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  5. As bebidas energéticas são, geralmente, a união de carboidratos e outros componentes como taurina, glucoronolactona, cafeína, inositol e vitaminas, resultando em uma bebida agradável ao paladar e que proporciona energia e ausência de sono para diversas atividades. Uma única latinha é capaz de garantir esses efeitos por até três horas, dependendo do organismo da pessoa. Assim, não é difícil compreender o porquê de seu consumo, entre 2006 e 2010, ter aumentado mais de 300%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (ABIR).
    Apesar desses efeitos, os energéticos devem ser consumidos esporadicamente e com moderação, já que mascaram a fadiga do indivíduo, provocam insônia e podem aumentar significantemente a frequência cardíaca. Além disso, níveis muito elevados de cafeína podem desencadear em crises epilépticas, derrame cerebral e até mesmo morte. A bebida também é capaz de acelerar a perda de cálcio e magnésio pelo organismo, resultando em câimbras e, em longo prazo, osteoporose; e tem alto poder de provocar dependência, o que pode vir a ser um problema significativo.
    Ingeridas ou misturadas juntamente com bebidas alcoólicas, essas bebidas podem provocar a desidratação, já que a cafeína e o álcool são substâncias diuréticas. Essa mistura também pode intensificar os efeitos do álcool, mas mascarando seu estado de embriaguez, já que a pessoa se sente bem menos sonolenta do que usualmente aconteceria. Isso permite com que a pessoa não tenha dificuldade em beber muito além da conta, criando uma maior tendência a comportamentos de risco.
    Mulheres grávidas jamais devem usar energéticos, já que tal ato pode provocar aborto espontâneo ou nascimento de bebê de baixo peso.
    As bebidas energéticas não cumprem o mesmo objetivo que as bebidas esportivas, também chamadas de isotônicos. Estas bebidas à base de água, sais minerais e carboidratos têm a função de repor líquidos, eletrólitos e carboidratos que costumam ser perdidos, principalmente, através do suor, durante atividades físicas intensas, como corridas competitivas.

    Marina de Almeida Ferreira.

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