Estudos e Pesquisas dos alunos da disciplina Bromatologia em Saúde oferecida pela Faculdade de Farmácia da UFRJ, que adota um modelo tutorial, onde estudantes exercitam a construção autônoma de conhecimentos, com pesquisa e extensão convergindo para ensino.
Apresentação
Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.
O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Termogênicos: seu coração em risco?
A obesidade é uma doença que acomete pelo menos 10% da população mundial (dados de 2008). Segundo o IBGE, aproximadamente metade da população brasileira acima de 20 anos está acima do peso. Esta doença tornou-se um sério caso de saúde pública, uma vez que o excesso de peso está relacionado com o desenvolvimento de outras doenças crônicas como distúrbios cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2, osteoartrite, além de doenças psicossomáticas como depressão.
Diante dessa realidade, muitos tipos de produtos são lançados com a promessa da redução de peso sem esforço e com saúde. Dentre eles, destacam-se os suplementos termogênicos, que surgiram no mercado com a promessa de "queimar" a gordura através da promoção do aumento da temperatura corporal e alterações metabólicas. Para isso utilizam em sua formulação, por exemplo, fitoterápicos ricos em cafeína e substâncias com ação agonista adrenérgica comprovada. Sabe-se que estas substâncias podem aumentar, dentre outras, o risco de complicações cardiovasculares quando seu uso é indiscriminado, porém os produtos não informam suas concentrações no rótulo.
Diante do fato de que estes suplementos são livremente vendidos em drogarias e websites especializados, surgem alguns questionamentos: seriam os termogênicos seguros e benéficos para o uso, especialmente quando seu público alvo é composto, majoritariamente, de obesos ou sobrepesados? Não seria a hora de um controle mais rigoroso, por parte das agências regulatórias, da venda deste tipo de suplemento?
Com a idéia de que o “natural não faz mal”, os suplementos termogênicos e compostos emagrecedores a base de extratos vegetais têm sido bastante procurados e têm seu uso difundido e indiscriminado, principalmente pela facilidade de acesso. Dentre os produtos que tiveram seu uso mais difundido estão aqueles a base de efedrina (Ephedra sp.).
A efedrina, um alcalóide natural das plantas pertencentes ao gênero Ephedra, faz parte de um grupo de aminas simpatomiméticas de ação estimulante central e periférica, denominados compostos anfetamínicos. Estes compostos atuam na liberação de noradrenalina (NA) a partir de terminais nervosos, que através da ação nos receptores adrenérgicos provoca estimulação do sistema cardiovascular.
No Brasil, as formulações a base de efedrina/efedra não são proibidas, mas têm sua venda regulamentada pela portaria 344/1998 – Lista D1 de substâncias precursoras.
Para contornar essa proibição, a indústria de suplementos emagrecedores lançou os produtos chamados “ephedra-free” que utilizam a sinefrina (p-sinefrina) ou extrato de Citrus aurantium L. (Ca), fonte natural de p-sinefrina, em sua composição. A p-sinefrina é um análogo estrutural da efedrina, que manteria o efeito lipolítico, porém sem os efeitos cardiovasculares e no Sistema Nervoso Central (SNC) já que a p-sinefrina é menos lipofílica que a efedrina, dificultando a sua passagem pela barreira hemato-encefálica (Figura 1).
O uso da p-sinefrina, ou dos extratos de Ca, como emagrecedor está baseado numa suposta ação termogênica originada pela estimulação específica de receptores β3-adrenérgicos, que são encontrados principalmente em adipócitos e no fígado. Esses receptores podem ser responsáveis pelos efeitos lipolíticos e termogênicos, o que ocasionaria um aumento na taxa metabólica e na temperatura corporal a nível central, levando à aceleração do gasto calórico e influenciando na oxidação de gordura.
Estudos em ratos, utilizando Ca comprovaram a eficácia deste produto na redução do peso corporal, mas também um aumento na mortalidade destes. Pesquisas têm relatado vários efeitos toxicológicos relacionados ao uso contínuo da sinefrina, como problemas cardiovasculares, isquemia cerebral e em associação com outros produtos estimulantes pode causar taquicardia e arritmia, mesmo em casos nas quais os pacientes não apresentaram nenhuma história prévia de doença cardiovascular, nem outros fatores de riscos.
É possível encontrar relatos na literatura acerca de incidentes envolvendo associações de p-sinefrina com extratos vegetais que contenham cafeína, podendo haver uma potencialização de efeitos pelo sinergismo de ação das substâncias, tanto em termos de atividade estimulante quanto em termos de toxicidade. A combinação de p-sinefrina e cafeína tem sido relacionada aos mesmos efeitos adversos apresentados pela combinação de efedrina e cafeína, tais como indução de arritmias cardíacas, hipertensão, infarto e acidente vascular cerebral.
A cafeína aumenta a ação do Sistema Nervoso Simpático pelo bloqueio dos receptores de adenosina, encontrados em diversos tecidos, incluindo o cérebro, o coração, o músculo esquelético e os adipócitos. A adenosina age na diminuição da atividade celular, logo a cafeína, bloqueando a ação da mesma, acelera estas atividades a nível neural, como mencionado acima. Nos adipócitos, o bloqueio dos receptores de adenosina leva a uma diminuição nos níveis de AMPc e à ativação das lipases sensíveis a hormônios, resultando no aumento da liberação de ácidos graxos livres. Sobre o Sistema Cardiovascular, a cafeína exerce uma estimulação direta sobre o miocárdio, provocando aumento no rendimento cardíaco, na força de contração e freqüência cardíaca.
O Termo Plus, um suplemento termogênico produzido pela Vitafor, traz em sua composição extrato de Ca (fonte de p-sinefrina), Chá Verde e Guaraná, duas fontes ricas em cafeína, associando, então, duas substâncias que podem provocar os efeitos cardiovasculares citados acima.
A única regulamentação da ANVISA a respeito do Ca aparece na Portaria n º 233, de 25 de março de 1998 e da RDC n° 303, de 07 de novembro de 2002, que permite a adição de Ca na concentração máxima de 10% (p/p) em preparações de "Composto erva-mate", para ser consumido em forma de chá preparado com água quente ou fria, porém não apresenta nenhuma restrição para o uso indiscriminado deste produto. A Paullinia cupana (Guaraná) está incluída na Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos que consta na Instrução Normativa n° 5, de 11 de dezembro de 2008, e possui venda sem prescrição médica nas doses diárias de 15-70 mg de cafeína. Não consta nesta Lista, entretanto, a regulamentação para a venda de Chá Verde, devendo esta ser incluída, já que este fitoterápico possui teores de cafeína. O mesmo vale para o Ca, ao qual deve ser atribuído uma dose diária máxima de sinefrina e indicações quanto à necessidade de prescrição médica para a venda. É importante ressaltar que atualmente, no Brasil, não existem fitoterápicos registrados destinados a perda de peso.
Reunindo todas estas informações a respeito dos riscos associados ao uso das substâncias contidas nos extratos presentes na formulação do produto, aliado ao fato de que pacientes de risco para doenças cardiovasculares são potenciais consumidores do mesmo, chegamos a conclusão de é necessário um controle específico por parte das agências regulatórias para os suplementos termogênicos. Apesar de conter todas as informações nutricionais declaradas no rótulo do produto de acordo com a RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003 (Art. 2º: valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio), o rótulo do produto Termo Plus (Figura 2) deveria informar também as concentrações dos extratos fitoterápicos, assim como o teor de substâncias como a cafeína e a p-sinefrina. Adicionalmente, deveria ser obrigatória a inclusão de uma mensagem alertando o consumidor a respeito dos riscos para portadores de doenças cardiovasculares ou síndromes metabólicas.
Referências Bibliográficas:
http://www.vitafor.com.br/termoplus.html
http://www.who.int/gho/ncd/risk_factors/obesity_text/en/index.html
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/noticias/obesidade.html
http://www.anvisa.gov.br
Portaria n º 233, de 25 de março de 1998 - Aprova o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade para Composto de Erva-Mate.
Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998 - Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
RDC n° 303, de 07 de novembro de 2002 - Aprova o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade do Composto de Erva-Mate.
RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003 - Aprova o Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados.
Altermann, A. M. A INFLUÊNCIA DA CAFEÍNA COMO RECURSO ERGOGÊNICO NO EXERCÍCIO FÍSICO: SUA AÇÃO E EFEITOS COLATERAIS. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo v. 2, n. 10, p. 225-239, Julho/Agosto, 2008. ISSN 1981-9927.
Lorensi, A. L. Avaliação da neurotoxicidade por teste de atividade locomotora espontânea e rota-rod em camundongos tratados com associação de p-sinefrina, efedrina, cafeína e salicina. 2010. 20 f. Trabalho de conclusão (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Farmácia, Porto Alegre, BR-RS, 2010. Orient.: Leal, Mirna Bainy. Co-Orient.: Schmitt, Gabriela Cristina.
Jorge, F. C. et al. SINEFRINA OBTIDA DE PRODUTOS NATURAIS: BENEFÍCIOS NA PERDA DE PESO VERSUS POTÊNCIAL CARDIOTÓXICO. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Farmácia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria no 344, de 12 de maio de 1998. Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos suspeitos a controle especial. D.O.U. – Diário Oficial da União, Brasília DF, 19 de maio de 1998.
ARBO, A. D. Avaliação Toxicologica de p-sinefrina e extrato de Citrus aurantium L (Rutaceae). Porto Alegre, 2008. 101p. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.
A combinação efedrina+cafeína mesmo em doses reduzidas tem eficácia como ergogênico. Um estudo (BELL et al., 2000) comparou uma suplementação com doses de 1mg/Kg de peso de efedrina e 5mg/Kg de peso de cafeína com concentrações de 0,8mg/Kg de peso de efedrina e 4mg/Kg de peso de cafeína, onde foi observado que para as altas doses houve melhora na performance na atividade de alta intensidade aeróbia, porém também houve efeitos colaterais (vômitos e náuseas); já com as concentrações menores foi observado efeito ergogênico similar mas sem efeitos colaterais. A Associação Americana do Coração fez um estudo combinado de erva-de-são-joão (900mg/d), cafeína (528mg/d) e extrato de aurantium (975mg/d) comparado com um grupo placebo (maltodextrina) durante seis semanas e uma dieta de 1800 Kcal/d, o resultado foi uma maior redução na gordura corporal sem alterações no humor, na pressão arterial, no ecocardiograma e nos indicadores metabólicos, onde conclui-se que esta combinação é eficiente para redução de gordura e segura para a saúde (COLKER, 1999). Para obesos que fazem atividade física associada aos suplementos o uso de uma suplementação antioxidante também é interessante, já que a atividade física aumenta o estresse oxidativo com o aumento do metabolismo das gorduras, além disso, esse tipo de suplemento melhora o sistema imunológico (por conter vitamina c, zinco, bioflavonóides, polifenóis, entre outros) e tendo em vista que obesos possuem um déficit de nutrientes o que os exporia mais ainda aos processos oxidativos. A exposição ao frio aumenta o efeito termogênico devido a maior liberação de T3 e T4, aumentando a taxa metabólica de repouso, assim a combinação de efedrina e xantina demonstrou ser o melhor agente farmacológicos para aumentar a termogênese induzida pelo frio e diminuir a hipotermia em humanos (VALLERAND, 1993).
ResponderExcluirEu vi que vocês focaram principalmente nos termogenicos com sinefrina e associações destes com cafeína, então comentar brevemente sobre efeitos adversos dos demais para complementar, mas o melhor que encontrei a respeito foi numa matéria da revista veja (em demais locais, eles costumam falar que esses produtos são muito seguros, que tem poucos efeitos adversos e etc), interessante, apesar de não ser científica:
ResponderExcluir"Alguns componentes ativos, suas ações e efeitos adversos: a quitosana reduz a absorção de gordura, e a evidência disponível na literatura indica que existem consideráveis dúvidas sobre a sua eficiência na redução de peso em humanos. Efeitos adversos afetam o sistema gastrintestinal causando flatulência e obstipação. Estudos mostram que a efedrina promove uma modesta perda de peso, porém seu uso é associado com sintomas psicológicos, autonômicos, gastrintestinais e palpitações. O citrus aurantium é um extrato da laranja usado com alternativa segura em produtos para perda de peso, mas pode ter efeitos adversos sobre a saúde: contém sinefrina, que possui estrutura semelhante à epinefrina, podendo aumentar a pressão arterial. Existem poucas evidências na sua eficiência no auxílio da perda de peso, pois seu efeito só acontece com altas doses. Estudos mostram que o consumo de cafeína pode promover um aumento nas taxas metabólicas em indivíduos, aumentar a lipólise (quebra de gordura), oxidação de gordura e reduzir a quebra de glicogênio (estoque de glicose no músculo). Porém, é necessário consultar um profissional, pois o consumo de cafeína pode aumentar a pressão arterial, causar insônia e outros efeitos adversos no sistema gastrointestinal."
Os efeitos colaterais mais sérios da efedrina estão relacionados ao abuso dessa droga ou devido a pré-disposição a algumas doenças do coração(CHAIT LD, 1994)
ResponderExcluirOs maiores consumidores são os obesos e alguns dos fatores que aumentam com proporcionalmente com a obesidade são factor de risco coronário
factor de risco para a hipertensão arterial.
Fato que é muito pergioso pois pessoas com problemas cardíacos ou principalmente que não sabem se tem algum problema cardíaco ou de pressão arterial devem ficar longe da efedrina, especialmente da combinação efedrina + cafeína a não ser que estejam sob supervisão médica. Uma dica importante para qualquer pessoa que já esteja usando é medir sua pressão regularmente.
A rotulagem destes alimentos deveria ser melhor revisada visando a melhor informação ao consumidor.
Algumas pessoas com o tempo param de sentir os efeitos da Efedrina e pensam que ela não está mais agindo e acabam aumentando a dose, as vezes levando um círculo vicioso muito perigoso. Lembrando que como todo estimulante, a efedrina vicia, pessoas com a mente fraca podem sofrer de dependência. É muito comum pessoas não conseguirem mais treinar do mesmo jeito sem o uso de efedrina, acham que não vão ter o mesmo desempenho e recorrem ao seu uso contínuo.
O uso da efedrina pode aumentar a pressão arterial e gerar palpitações. Os efeitos podem ser desastrosos com o abuso dessa substância.
A efedrina é largamente consumida com propositos de aumentar a performace atletica e o emagrecimento. Já é sabido dos riscos a saúde provocados por essa substancia, como a hipertensão. Apesar disso, nos rotulos dos suplementos alimentares que contem a efedrina não há informações sobre os riscos a saúde promovido. Portanto, devem ser geradas regulamentações a fim de promover a obrigatoriedade de frases nos rotulos orientando os consumidores do risco real ao consumirem tais produtos.
ResponderExcluirEu não enxergo custo/benefício em tal tipo de produto. Ainda mais, como muito bem citado no trabalho, sobre o espectro de que "natural não faz mal" e adicionando que tal categoria de alimento não vem acompanhado de bula ou qualquer outro tipo de informação ao usuário, tal produto tem tudo para causar mais malefícios do que benefício. Será esse tipo de produto uma "necessidade do mercado" ? Seria interessante saber o perfil dos usuários, dos prescritores e seus resultados. Propagandear tal produto é fácil, principalmente para as classes de profissionais ligados à saúde. A literatura é rica o suficiente para se montar uma base científica sobre os benefícios e, automaticamente, ignorar àquelas que demonstram o contrário.
ResponderExcluirÉ interessante notar a quantidade de produtos similares à esse... isso caracteriza a aceitação do mercado. De tanto engordar com guloseimas, o mercado de alimentos proporciona também diversas maneira de emagrecer. Muito prático, concorda?
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ResponderExcluirGostaria de fazer um breve comentário sobre alguns dos outros componentes da formulação.
ResponderExcluirO cromo GTF (fator de tolerância glicose) tem participação metabólica no aumento da sensibilidade à insulina, por meio da ligação de quatro átomos de cromo a uma proteína intracelular específica denominada apocromodulina, que, por sua vez, liga-se ao receptor de insulina de células de tecidos periféricos concomitantemente à insulina, porém em outro sítio localizado no domínio intracelular. Essa ligação amplifica a cascata de sinais intracelulares responsáveis pelo estímulo da translocação de GLUT4 e, conseqüentemente, aumenta a captação de glicose e aminoácidos. O cromo também inibe a enzima-chave da síntese de colesterol, melhorando o perfil lipídico de indivíduos com dislipidemias. Não são significativas as alterações de composição corporal em esportistas, mas, por outro lado, a suplementação com cromo pode, em alguns casos relatados, melhorar o perfil lipídico e o quadro de diabetes tipo 2 de indivíduos que sofrem destes desequilíbrios metabólicos. (Rev Bras Med Esporte _ Vol. 11, Nº 5 – Set/Out, 2005)
O ácido nicotínico ou niacina é uma vitamina solúvel com ação não totalmente conhecida. Existe evidência que atue sobre receptores específicos diminuindo a liberação de ácidos graxos do tecido adiposo. A niacina reduz os níveis de triglicérides (20-50%) e de LDL colesterol (5-25%). É uma das drogas hipolipemiantes que mais aumenta o HDL colesterol (15-35%). (Arq. Bras. Cardiol. vol.85 suppl.5 São Paulo Oct. 2005)
Inulina é utilizada para enriquecer com fibras produtos alimentares, não têm sabor adicional, sem alterar muito a viscosidade, aparência e sabor das formulações. Estudos têm indicado que a inulina apresenta características de prebiótico, por não ser digerida e desenvolver o efeito bifidogênico (estimulam o crescimento intestinal das bifidobactérias que suprimem a atividade de outras bactérias putrefativas), melhorando a microbiota intestinal. (Hauly, M. C. de O. et al).
Outro fator que me chamou a atenção é a cafeína. Por ser estimulante e causar insônia (como já citado), ela não poderia levar a pessoa a um quadro de ansiedade? Muitas pessoas quando ficam ansiosas tendem a comer mais e praticarem os famosos “assaltos a geladeira”. Não sei se isso acontece com essa formulação, mas fiquei curiosa pra saber.
Utilizados de maneira corriqueira em academias, para se obter melhor performance, e/ou perda de gordura localizada, os termogênicos naturais, produzem no organismo dos usuários efeitos análogos aos dos anabolizantes, devem ser, ou ao menos deveriam ser impróprios para o consumo deste para qualquer tipo de finalidade.
ResponderExcluirMas o que deveria ir além disto, não seria só discutir como o mesmo gera os seus malefícios, mas sim, o porquê que este tipo de produto passa ser comercializado com a permissão da agência reguladora. Ainda assim que seja viável a tal comercialização, por que não se exigir que venha acompanhado ao rótulo os possíveis problemas inerentes ao produto? sem contar do uso do mesmo como indiscriminado, tendo em vista que ao se comprar tal tipo de produto, não se exige receita, o que favorece, e muito, os possíveis riscos para tais patologias, já supracitadas.
Até aonde vai o limite entre beleza e saúde? Não sabemos mais, já que hoje em dia uma das coisas mais fáceis do mundo é ter acesso a esses produtos, a cafeína então é umas das mais utilizadas no momento.
ResponderExcluirUm fato interessante observado num estudo científico(Bassini,2005) que a cafeína, leva a hipernatremia durante a atividade fisica por aumento da atividade da aldosterona.
Esse fato não é favorável, pois como já foi citado no trabalho acima o uso indiscriminado desse suplemento pode levar a problemas no sistema cardiovascular que aliado a um aumento da natremia pode levar até um taque cardíaco, por um aumento exagerado da pressão arterial.
Referência:
Bassini, A.; MACHADO, M.; SWEET, E.; BOTTINO,A.; BITTAR, C.; VEIGA,C,; CAMERON,C.; CAMERON,L.C. Elevação da natremia induzida pela cafeína durante o exercício físico. Fitness & Performance Journal,v.4, n.2, p.117-122,2005
Concordo plenamente com a necessidade de um controle específico por parte das agências regulatórias para os suplementos termogênicos. Acabei de encontrar em um noticiario o relato sobre a morte de um jogador de beisebol de 23 anos da equipe Baltimore Orioles, na qual um exame médico realizado na Flórida, determinou que um produto a base de efedrina provavelmente contribuiu para a morte desse jogador (por Stephens Smith). Fiquei muito assustada com essa declaração porque logo lembrei da minha prima que está tomando um termogênico a base de efedrina, que diz ela ter comprado ilegalmente com o professor da academia. Já havia alertado a ela quanto aos riscos de substancias que estimulam o sistema adrenérgico, que causam os mesmos efeitos adversos que diversos anorexigenos a base de anfetaminas causam, porém não tinha idéia de que já haviam relatos de casos de morte como este que citei. Enfim, o que quero dizer é que pessoas proximas a gente estão tomando esse tipo de substancia e nós, sabendo de todos os efeitos que estas podem causar, devemos alerta-las e exigir uma maior regulação dessas substancias, disseminando propagandas que orientem os cidadãos sobre isto.
ResponderExcluirEstou me sentindo lesada. Comprei esse produto achando que era natural." Laranja amarga" é usada com o objetivo de ludibriar o consumidor. Procurei aqui a dosagem desta substancia e não tem. Tem pressão alta e comprei o produto achando que estava consumido algo seguro. Ledo engano,
ResponderExcluirOlá. Fiz uso do Sineflex, o composto possui p-sinefrina e cafeína anidra, durante 3 dias, o produto me causou hipertensão, isso que nunca tive sintomas relacionados a este quadro, e não sou obeso. A venda indiscriminada é um absurdo visto que os efeitos colaterais não constam no rótulo. Isso é uma absurdo, as pessoas correm sérios riscos a saúde, sobretudo os obesos.
ResponderExcluirQual a quantidade de mg em cada sache da termo plus ?????
ResponderExcluirComo no artigo referenciado pelo autor, a neurotoxicidade também é uma questão que deve ser avaliada no uso desse tipo de suplementação de "energia termogênica". Em estudos com camundongos foi comprovada a interferência no SNC causando neurotoxicidade e déficit cognitivo no indivíduo, mostrando os potenciais efeitos no corpo humano. Como dito anteriormente, na literatura não é difícil encontrar casos de reação exacerbada aos componentes da fórmula, causando algum evento cardiovascular, mas é importante também ter em mente as questões neurológicas desse uso prolongado. Essa superestimulação dos receptores adrenérgicos é responsável pelos efeitos tóxicos causados pela efedrina no SNC, como cefaléia, ansiedade, insônia, agitação, psicose e crises convulsivas, isso ainda associado ao estímulo do SNC pela ação dos compostos ricos em cafeína.
ResponderExcluirReferência
Lorensi, A. L. Avaliação da neurotoxicidade por teste de atividade locomotora espontânea e rota-rod em camundongos tratados com associação de p-sinefrina, efedrina, cafeína e salicina. 2010. 20 f. Trabalho de conclusão (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Farmácia, Porto Alegre, BR-RS, 2010. Orient.: Leal, Mirna Bainy. Co-Orient.: Schmitt, Gabriela Cristina.