Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

POWER: uma traquinagem da Trakinas?







Um fato marcante da evolução do padrão alimentar nas últimas décadas é a maior participação de alimentos industrializados na dieta familiar brasileira, ricos em açúcares e gorduras, em detrimento dos alimentos básicos, fontes de carboidratos complexos e fibras alimentares. O aumento da oferta desses alimentos influencia principalmente os padrões alimentares da população infantil incluindo maus hábitos alimentares que estão associados a diversos prejuízos à saúde, entre eles a obesidade que juntamente com alterações metabólicas, como a dislipidemia, a hipertensão arterial e a intolerância a glicose podem causar danos irreparáveis, como o desenvolvimento da Diabetes mielito tipo 2.
Vários fatores são importantes na gênese da obesidade, como os genéticos, os fisiológicos, os metabólicos e os ambientais. O aumento de alimentos ricos em açúcares simples e gordura, com alta densidade energética, e a diminuição da prática de exercícios físicos, são os principais fatores associados ao meio ambiente.
Os biscoitos recheados são altamente ricos em açúcares e gordura e o consumo de apenas dois biscoitos significa a ingestão de 10% da dose diária recomendada de gordura saturada. Por ser um alimento voltado para o público infantil, a quantidade é excessiva, porém não deixam de fazer parte da dieta de uma criança.
Os pais preocupados com a alimentação de seus filhos buscam sempre acrescentar fontes de vitaminas e minerais na dieta das crianças. E uma vez sendo muito difícil fazer com que crianças comam verduras e legumes, os alimentos enriquecidos e os suplementos alimentares tornam-se uma ferramenta muito utilizada.
Sendo assim, será que os chamados alimentos enriquecidos, como por exemplo, o biscoito Trakinas, que possui em seu rótulo a alegação: ”energia, vitaminas e cálcio para brincar”, não estimularia o seu consumo, muitas vezes até excessivo?

Produto
Trakinas Power Sabor Chocolate
Informação Nutricional - Porção: 30g (3 biscoitos)
Quantidade por porção
%VD*
Quantidade por porção
%VD*
Valor energético
144Kcal
6
Ferro
0,6mg
4
Carboidratos
20g
5
Sódio
88mg
4
Proteínas
1,6g
3
Vitamina B1
0,13mg
9
Gorduras totais
6,4g
8
Vitamina B2
0,15mg
9
Gorduras saturadas
1,5g
6
Vitamina B3
1,62mg
9
Colesterol
0mg
0
Vitamina B12
0,09µg
9
Fibra alimentar
0g
0
Vitamina A
72µg
9
Cálcio
41mg
4
Vitamina D
0,45µg
9
(*)% Valor diário de referência com base em uma dieta de 2500Kcal calculados para a porção.
Seus valores diários podem ser maiores ou menores, dependendo de suas necessidades energéticas.

Ingredientes: Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, açúcar, gordura vegetal hidrogenada, açúcar invertido ,amido, cacau, sal, leite em pó desnatado, vitaminas: niacina (vitamina B3), riboflavina (vitamina B2), tiamina (vitamina B1), A, D e B12, corante caramelo III, fermentos químicos: bicarbonato de sódio e amônio e fosfato monocálcico, estabilizantes: lecitina de soja e éster decácido diacetil tartárico com mono e diglicerídios e aromatizante. CONTÉM GLÚTEN.
Legislação
Segundo a Resolução – CNNPA (Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos) nº 12, de 1978, da ANVISA, biscoito ou bolacha é o produto obtido pelo amassamento e cozimento conveniente de massa preparada com farinhas, féculas fermentadas, amidos, ou não, e outras substâncias alimentícias.
Eles podem ser rejeitados caso estejam mal cozidos, queimados, e com caracteres organoléticos anormais. Não é tolerado o emprego de substâncias corantes na confecção dos biscoitos ou bolachas, excetuando-as tão somente nos revestimentos e recheios açucarados (glacês). Os corantes amarelos não são tolerados mesmo nos recheios e revestimentos açucarados.
O rótulo deve constar a denominação "biscoito" ou "bolacha" seguido de sua classificação ou simplesmente a denominação consagrada.
O FDA também regulamenta o consumo de biscoitos e bolachas, porém o foco principal deste órgão é o consumo diário da população. Através de pesquisas de consumo adequado de alimentos, são calculados os valores de referência para as pessoas de 4 anos de idade ou mais e isso reflete a quantidade de alimentos habitualmente consumidos por ocasião, baseados em porções.
A FDA determina o consumo diário de apenas 3 biscoitos recheados para garantir que sejam consumidas apenas as quantidades nutricionais determinadas no rótulo. O consumo maior que 3 deles, aumenta, e muito, os valores nutricionais.
Fundamentos bromatológicos
As vitaminas são nutrientes importantes para o funcionamento do organismo, e protegem-no contra diversas doenças. A maior parte das vitaminas não são sintetizadas pelo organismo humano, embora o seu metabolismo normal dependa da presença de 13 vitaminas diferentes. A deficiência de vitaminas contribui para o mau funcionamento do organismo, crescimento e desenvolvimento deficientes e facilita o aparecimento de doenças – avitaminoses.
Estas podem ser hidrossolúveis e lipossolúveis. As hidrossolúveis (B1, B2, B5, B6, B12) são solúveis em água e são absorvidas pelo intestino e transportadas pelo sistema circulatório para os tecidos onde são utilizadas e é excretada através da urina.
As vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) são solúveis em gorduras e são absorvidas pelo intestino humano através da ação dos sais biliares segregados pelo fígado, e são transportadas pelo sistema linfático para diferentes partes do corpo. O organismo humano tem capacidade para armazenar maior quantidade de vitaminas lipossolúveis, do que hidrossolúveis.
A capacidade de armazenamento de vitamina K é reduzida. Já as vitaminas A e D são armazenadas, sobretudo no fígado, e a vitamina E nos tecidos gordos e órgãos reprodutores. Em função das baixas reservas ao nascer, rápido crescimento, diferenciação celular em relação aos dos adultos, as crianças e jovens são extremamente sensíveis às variações dos teores de vitaminas A e D.
O Cálcio é um mineral fundamental presente no corpo humano, envolvido em diversos processos metabólicos; de coagulação sanguínea, excitabilidade muscular e transmissão dos impulsos nervosos, contração muscular, ativação enzimática e secreção hormonal, tendo como característica principal a mineralização de ossos e dentes. Se as quantidades adequadas de cálcio não forem fornecidas pela dieta, o cálcio será mobilizado dos ossos para a corrente sanguínea, reduzindo assim, seu conteúdo nos ossos e aumentando a fragilidade deles.
A biodisponibilidade, a estabilidade e a interação com alimentos são fatores que podem e vão influenciar na utilização dos nutrientes, e principalmente das vitaminas, no nosso organismo, permitindo ou não que estes executem sua função.
A quantidade de cálcio absorvida é determinada pela ingesta e pela capacidade de absorção intestinal. Se a ingesta é baixa, a absorção é alta, enquanto na ingesta alta a absorção é menor. Sua absorção é dependente do pH ácido, ocorre de 20 a 40% pela ingestão oral, principalmente no duodeno e jejuno, por processo ativo, dependente da presença da vitamina D e da proteína de ligação do cálcio.
A absorção de vitaminas A é favorecida por alimentos gordurosos (3 a 5g de gordura seriam suficiente) e pela ingestão conjunta com a vitamina E. Mas é prejudicada pela ingestão com fibras, principalmente a pectina.
Há poucos estudos sobre a biodisponibilidade de vitamina D, mas sabe-se que sua absorção é aumentada pela ingesta de ácidos graxos de cadeia longa provenientes do amendoim, mas sua biodisponibilidade é diminuída com a ingestão de fibras e etanol.
Já a vitamina E tem melhor absorção com a ingestão de ácidos graxos de cadeia média, porém a ingestão de altos níveis de vitamina A, fibras e alguns produtos dietéticos influenciam negativamente sua biodisponibilidade.
Aditivos químicos, corantes e conservantes também podem prejudicar a biodisponibilidade dos nutrientes.
Então será que todos esses nutrientes adicionados no Trakinas são realmente absorvidos, exercendo suas funções?
Discussão
Com o intuito de assegurar ao público infantil o suprimento de micronutrientes essenciais ao crescimento, desenvolvimento e outras funções biológicas, as vitaminas lipossolúveis (principalmente A, D e E) e o cálcio têm sido amplamente utilizados no desenvolvimento de produtos enriquecidos e vitaminados.
Inicialmente, verificando os nutrientes, chamou-nos à atenção a presença de gorduras saturadas em um produto que predominantemente tem como público-alvo as crianças. Com relação à ingestão desse tipo de gordura, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que ela forneça 10% das calorias diárias recomendadas. O interessante é que tal porcentagem não é o valor considerado ideal, mas a quantidade máxima permitida; logo, na prática, a OMS não recomenda o consumo desse nutriente. A longo prazo, as conseqüências do consumo excessivo e continuo podem ser desastrosas, uma vez que as gorduras saturadas favorecem o acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos, com risco de aumento da pressão arterial e futuras doenças cardíacas. Logo, não é improvável que o consumo constante dessas “bolachinhas” possa levar à obesidade e a todas as doenças relacionadas a ela que tão bem conhecemos como diabetes mellitus e aumento nos níveis sanguíneos de colesterol e triglicerídeos. Esse processo pode ser ainda mais acelerado se a criança não praticar atividade física.
Quanto à quantidade de sódio, os dados são alarmantes. Se nos basearmos na rotulagem nutricional obrigatória recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para crianças de 7 a 10 anos, a ingestão de todo o pacote fornecerá 96% da quantidade recomendada para sódio. Isso nos permite concluir que, junto com outros alimentos que a criança ingerirá ao longo do dia, a recomendação desse mineral certamente será ultrapassada. O sódio em excesso na dieta a longo prazo comprovadamente amplia as chances de seu consumidor desenvolver a hipertensão arterial.
Agora quanto ao enriquecimento de biscoitos recheados devemos ficar atentos, pois a adição de nutrientes pode não representar uma efetiva ação destes no organismo. Isso ocorre pois os próprios componentes do alimento (conservantes, corantes, gordura, fibras, entre outros) podem interferir na absorção dos nutrientes adicionados. Um exemplo que podemos citar é a alta ingestão de gordura juntamente com o cálcio, que provoca uma reação, formando um tipo de sabão, que reduz o cálcio disponível para absorção. Assim, os alimentos gordurosos devem ser evitados para que haja uma diminuição nas calorias das dietas e prevenir o colesterol, além de ajudar na absorção do cálcio no organismo.
Devemos levar em consideração que o enriquecimento de biscoitos pode levar ao aumento indevido do consumo destes por parte das crianças e sem a devida preocupação e limitação por parte dos pais. O que favorece ao estabelecimento dos maus hábitos alimentares influenciando diretamente no aumento da obesidade infantil, que vem crescendo aceleradamente nos últimos anos.
Conclusão
Os alimentos enriquecidos podem ser uma ótima ferramenta para o controle de deficiências nutricionais, mas devemos analisar melhor quais os alimentos devem ser enriquecidos, visto que alguns como os biscoitos recheados, podem prejudicar mais que auxiliar a saúde da população, principalmente no caso das crianças.
Referências bibliográficas
Sites:
Trakinas: www.trakinas.com.br - Acesso em:29/05/11
Legislação:
Anvisa: www.anvisa.gov.br Acesso em:06/06/11
FDA: www.accessdata.fda.gov - Acesso em: 06/06/11
BRASIL. Resolução CNNPA nº 12 DE 1978 – Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos ;
Artigos:
PAIXAO, José A. da and STAMFORD, Tânia L. M.. Vitaminas lipossolúveis em alimentos : uma abordagem analítica. Quím. Nova [online]. 2004, vol.27, n.1, pp. 96-105. ISSN 0100-4042


Autores: Meryellen Morato e Thais Sardella

12 comentários:

  1. Tássia Cavalcanti Reis15 de julho de 2011 às 20:02

    Segundo a Resolução - CNNPA nº 12, de 1978 D.O de 24/07/1978. “Não é tolerado o emprego de substâncias corantes na confecção dos biscoitos ou bolachas, excetuando-as tão somente nos revestimentos e recheios açucarados (glacês). Os corantes amarelos não são tolerados mesmo nos recheios e revestimentos açucarados.”
    Primeiramente não fui capaz de entender essa resolução, para mim o biscoito é formado de revestimento e recheio não conheço outra parte do biscoito. Sendo assim segundo a resolução os biscoitos podem sim conter corantes.
    Se isso é verdade, ou seja, que os biscoitos podem ter corantes, sendo formado apenas de recheio e revestimento. O próprio biscoito Trakinas não foi contra a resolução quando lançou o Trakinas de limão (verde), de frutas vermelhas (rosa) e de banana (amarelo). Embora o amarelo nunca poderia ter sido lançado, já que segundo a resolução não é permitido o emprego de corantes amarelos inclusive nos recheios e revestimentos.
    Mas se o biscoito for formado de coisas além do revestimento e recheios o TraKinas nunca poderia ter lançado nenhum desses biscoitos, afinal para a obtenção da cor verde, rosa e amarelo foi necessário a adição de corantes nas “outras partes” do biscoito além do recheio e do revestimento .
    É lamentável o apelo feito pelas industrias de alimentos, onde há adição absurda de corantes (independente se esta permitido na lei ou não) e ainda nesse mesmo rótulo ser capaz de escrever que o tal alimento é rico em vitaminas e cálcio sugerindo, então, que este faz bem a saúde.

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  2. Mais uma discrepância encontra-se na tabela nutricional, uma vez que ela apresenta informações coerentes com a dieta de um adulto. Porém, apesar de este produto ser ingerido por adultos, seu principal público-alvo são as crianças. Isto faz com que a porção máxima recomendada pela FDA já possua valores nutricionais acima das necessidades diárias das crianças. Além disso, o valor energético diário que ele fornece através de gorduras saturadas, que já estaria no limite máximo para um adulto, estará acima do limite para uma criança (uma vez que ao invés de 10% estaria sendo fornecido uma parcela maior da dieta recomendada para o público infantil) e já seria um fator que contribuiria para o aumento de peso. Desta forma, mesmo que a ingestão diária das crianças fosse de apenas 3 biscoitos, a sua dieta já estaria comprometida e o risco de desenvolvimento de obesidade já estaria presente.

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  3. É importante notar que os valores de porção dos alimentos que constam na informação nutricional, no Brasil, são determinados pela RDC 359/03 da ANVISA, que divide os alimentos de acordo com seus valores energéticos e sua importância nutricional. Os biscoitos recheados são classificados como alimentos de consumo ocasional,tendo como porção para base de cálculo nutricional o valor de 30g. Vale salientar que é obrigatório a conversão desses valores para medidas caseiras e que os mesmos podem ser arrendodados. Por fim, nota-se a discrepância entre as porções recomendadas e a quantidade de produto oferecido em uma embalagem, no caso do Trakinas a embalagem possui mais de cinco vezes o valor desta porção. Com isso torna-se importante o estudo do perfil de consumo de cada alimento ao invés da simples comparação de valores nutricionais baseados em porções que muitas vezes não traduzem a realidade de consumo.

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  4. Muito interessante os comentários já postados aqui. É de grande preocupação constatar tantas irregularidades num produto de consumo tão comum entre as crianças. É verdade que ao se acrescentar nutrientes no biscoito e usar isto como estratégia de marketing seu consumo se torna ainda mais pronunciado, trazendo talvez, certo conforto para as mães, que ao permitirem a ingestão por seus filhos imaginam que ao menos algum benefício este deve ter (havendo mesmo um benefício real ou não, como já foi dito aqui).
    Ao ler o trabalho sobre a Coca-Cola Light Plus percebi um tema semelhante com o abordado aqui. Se o alimento em questão é de “função” recreativa, então deveria ele ter aditivos que induzissem ao Health Claims? Sua posição perante a lei não deveria ser diferenciada? Acredito que estas questões deveriam ser vistas com ainda mais rigor para alimentos cujo público alvo são as crianças, já que afetam diretamente sua saúde.

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  5. Segundo a Resolução nº 18/99, que dita as Diretrizes Básicas para Análise e Comprovação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde Alegadas em Rotulagem de Alimentos alegações que possam levar o consumidor ao erro e de alegação funcional como ”energia, vitaminas e cálcio para brincar” não são permitidas. Portanto encontram-se no produtos diversas alegações irregulares como a denominação do produto ser “power” incitando consumidor a pensar que o produto seria uma fonte energética ou que "daria força" às crianças.

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  6. Esse trabalho entra no grupo dos alimentos classificados como ‘snacks’ que passaram por uma reformulação para atender ao gosto mais exigente dos consumidores (neste caso, mais especificamente dos pais deles). Tendo em conta que este biscoito é propagandeado tendo como público alvo o infantil, realmente é incoerente ter como base de valor diário o consumo de um adulto. Pegando como exemplo a faixa etária de 7 a 10 anos, cujo consumo médio de carboidratos seria de 262 g de acordo com a ANVISA, o consumo de 3 biscoitos equivaleria a cerca de 8% do valor diário. E quantas crianças se limitam a três biscoitos? Três viram seis e rapidamente viram nove , o que representa 24% do máximo que estas crianças deveriam estar consumido. E quase um terço do que deveriam estar consumindo de gorduras saturadas. Uma versão mais nova do biscoito apresentado modificou outro aspecto da receita: a farinha agora é integral, o que pode dificultar a absorção das vitaminas, o mesmo valendo pro ferro.
    No site do produto, há uma seção voltada para os pais sobre a importância de hábitos saudáveis mal construída que embora contenha informações válidas, deveria estar presente também no rótulo do produto.
    http://www.trakinas.com.br/trakinas30/public/popup/informacoes.htm
    http://www.anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/crianca.htm
    http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_78_alim_enriquecido.htm

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  7. Frente a tantos comentários construtivos postados anteriormente, me resta pouco a dizer a não ser corroborar o já dito. O perigo mora justamente no veículo que é utilizado para inserir esses micronutrientes na dieta da criança. Quando os pais leem que a energia, as vitaminas e o cálcio são PARA BRINCAR, certamente não se importam com o uso irracional do biscoito, nem levam em consideração resoluções que regulamentam a quantidade limite de ingesta de gordura saturada, por exemplo. Onde está a preocupação com a saúde sem essas estratégicas mercadológicas pra ganhar consumidor? Cadê os estudos científicos, por trás dessas alegações, embasando o uso correto do alimento? Não podemos deixar o marketing esclarecer dúvidas técnicas, porque o consumidor é levado ao erro dessa maneira. Mas não importa, não é? Seu filho vai crescer fortinho.

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  8. Quando li esse trabalho, não consegui não me questionar acerca da novidade "Trakinas": farinha integral. Os biscoitos trakinas agora são todos produzidos com farinha integral. Uma tentativa de fazer "barra de cereal em forma de bolachas"? E, se a farinha é integral, devemos supor que o teor de fibras no biscoito é alto? Por definição sim. Neste caso, então, o consumidor deve saber da necessidade da ingesta de água, o que não é informado. Afinal, a alta ingesta de fibras sem água podem causar desconfortos intestinais grandes, como dificultar a evacuação. Achei a troca da farinha pela farinha integral muito curiosa. Penso que ou o fabricante tentou diminuir a "bomba calórica em forma de biscoito" que vende ou tentou atrair mais consumidores com a adição de um produto que nos remete a pensar que aquilo é mais saudável. No entanto, em uma busca rápida no google, me pareceu que os consumidores, em geral, não gostaram muito do sabor novo... Existem fóruns só para reclamar da farinha integral. Mas, se o fabricante insiste nessa novidade, mesmo não agradando a muitos, deve haver um bom motivo para TODOS os biscoitos terem tido sua farinha substituída... Se a novidade continua calórica e com uma série de problemas, a fórmula antiga devia ser mesmo uma "bomba".

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  9. A minha pergunta para a propaganda do Trakinas ser "Power" por querer dizer trazer mais energia, sendo que a inclsuão foi a adição de vitaminas e minerais na composição. Seriam vitaminas e minerais a parte que trás energia para a criança? Claro que não, pois sabemos que esse micronutrientes não carregam "energia", ou seja, não são "queimados" e não possuem conversão para Kcal, ou seja, o que estaria sendo considerado energia? Infelizmente a propaganda para o mundo dos alimentos infantis é precariamente controlada, mas o que diz na propaganda pode até ser verdade devido o trakinas ser um alimento de alto teor calórico, sendo assim, mais energia, porém não devido ao enriquecimento de vitaminas e minerais. Que no caso é só um 'bait' para o público leigo achar que Trakinas tem mais vitaminas, é mais saudável e trás mais energia para meu filho, sendo que na verdade o teor de carboidratos e gorduras, não compensa essa fonte de vitaminas e minerais.

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  12. Boa tarde, primeiramente queria dizer que achei o título muito criativo e foi ele que chamou a minha atenção para ler o trabalho, que aliás está muito informativo, trazendo a importância dos micronutrientes na alimentação diária e mostrando o risco que a grande quantidade de sódio presente no produto trás para as crianças, além demostrar que o mesmo possui uma quantidade considerável de gordura saturada. Isso é realmente muito preocupante, pois sabemos que muitas crianças comem mais de um pacote de biscoito por dia (eu mesma já fui uma dessas crianças) e a OMS já alertou que os hábitos alimentares que são praticados na infância impactam o padrão de consumo alimentar dessas crianças quando adultos. E como bem exposto no trabalho o alto consumo de sal, mesmo durante a infância, tem a capacidade de alterar a pressão arterial e aumentar a predisposição dessa criança a doenças como a hipertensão, vale ressaltar que a hipertensão não é o único problema que o alto consumo de sódio trás , estudos já vêm demonstrando que o alto consumo de sódio está ligado ao agravamento da osteoporose, visto que o mesmo está relacionado à formação e dissolução óssea, além disso, o alto consumo de sódio pode acarretar em problemas renais visto que os rins têm uma capacidade limitada para excretar e filtrar o sal, então o consumo exacerbado desse produto poderia causar danos sérios à saúde desta criança. Outra coisa que me chamou a atenção foi a presença de gorduras saturadas em um produto destinado ao público infantil, visto que esse tipo de gordura é classicamente associada com o aumento do LDL plasmático e a elevação do risco de doenças cardiovasculares, além disso pesquisas realizadas pelo centro de pesquisa em obesidade e comorbidades apontaram a correlação entre o consumo excessivo de gordura saturada e a perda neuronal, que acaba por interromper as vias de sinalização da saciedade, logo a presença deste tipo de gordura em um alimento direcionado ao público infantil é preocupante. Ademais, queria novamente parabenizar pelo trabalho que foi bastante esclarecedor e dizer que é muito importante que as mães tenham acesso a esse tipo de análise e busquem mais sobre a composição dos produtos que compram aos seus filhos para ver se realmente são benéficos para eles.

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