Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Rotulagem Nutricional: Sucrilhos

       No Brasil, sabemos que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão responsável pela regulação da Rotulagem de Alimentos Industrializados. Desse modo, a ANVISA possui como objetivo garantir produtos de qualidade e em boas condições para toda a população brasileira visando a manutenção da saúde.

     A rotulagem nutricional é toda inscrição destinada a informar ao consumidor sobre as propriedades nutricionais do alimento, na qual deve apresentar informações como: nome do produto, lista de ingredientes que compõe o produto, prazo de validade do produto, dentre outros fatores capazes de identificar toda composição de um determinado produto. 

Descrição do produto: 

         Sucrilhos O orignal! É definido como flocos de milho com açúcar, sendo vendido como a opção ideal para quem quer começar o dia com energia. Composto por 8 vitaminas, 2 minerais e fibras, podemos avaliá-lo como sendo nutritivo, e que, quando ingerido de acordo com as porções recomendadas, auxilia em uma alimentação saudável.

     Seu público alvo é, principalmente, crianças e adolescentes em fase de crescimento e desenvolvimento. Sua propaganda e marketing sugere que a ingestão desse produto resulta em bastante energia para seus filhos, ilustrando crianças que gostam de esportes e atividades físicas.

Fundamentos bromtológicos:  

         O rótulo do Sucrilhos apresenta informações nutricionais na quantidade que podemos consumir, e além disso, mostra quanto determinada porção contribui para o total de nutrientes que devemos ingerir por dia, ou seja, o Percentual de Valor Diário - %VD. 
          A rotulagem nutricional da embalagem de Sucrilhos O original! é bastante extensa e chamativa com a informação de diversos nutrientes não obrigatórios declarados, respaldados pela RDC 360/03 no artigo "3.2. Optativamente podem ser declarados: 3.2.1. As vitaminas e os minerais que constam no Anexo A, sempre e quando estiverem presentes em quantidade igual ou maior a 5% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) por porção indicada no rótulo." Com isso, a mensagem passada pela imagem da tabela de rotulagem nutricional do produto em questão ao consumidor é que o mesmo possui diversas vitaminas e minerais, portanto, apresenta-se como um produto extremamente nutritivo e essencial para o seu público alvo, o que sugestivamente promove sua venda.  A rotulagem de Sucrilhos também respeita a exigência quanto a descrição por ordem decrescente dos ingredientes do produto, segundo a RDC 259/02, artigo "6.2. Lista de ingredientes, 6.2.2. deve constar no rótulo precedida da expressão 'ingredientes:' ou 'ingr.:', de acordo com o especificado abaixo: a) todos os ingredientes devem constar em ordem decrescente, da respectiva proporção; 6.2.4. Declaração de Aditivos Alimentares na Lista de Ingredientes.". Dessa forma, encontra-se em concordância com a legislação vigente de rotulagem nutricional obrigatória.



Legislação pertinente:

          Apenas em 2001 que nós tivemos a implementação de legislações referentes à rotulagem nutricional no Brasil, permitindo que antes dessa data não houvesse fiscalização ou informações obrigatórias para informar aos consumidores. Visto isso, em março de 2001 foi publicada a resolução que estabelece que todos os alimentos e bebidas embalados devem apresentar Informação Nutricional. A partir de 21 de setembro do mesmo ano, além de informações gerais, os fabricantes de alimentos começam a disponibilizar os produtos com as seguintes informações de forma obrigatória: valor calórico, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, colesterol, fibra alimentar, cálcio ferro e sódio. Além disso, os rótulos têm que apresentar informações nutricionais na quantidade que podemos consumir, e além disso, mostrar quanto aquela porção de alimento contribui para o total de nutrientes que devemos ingerir por dia, conhecido como percentual de valor diário. Nesse contexto, outras legislações foram estabelecidas nos anos seguintes a fim de aprimorar a fiscalização e informação exposta ao consumidor, sendo as principais delas: RDC 359/03 que dispõe sobre o regulamento técnico de porções de alimentos embalados para fins de rotulagem nutricional; e RDC 360/03 que dispõe sobre o regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados;

           De uma forma geral, os principais objetivos da criação da Rotulagem Nutricional obrigatória, Segundo o Manual de Orientação às Indústrias de Alimentos (2005), foram: 1) realizar a revisão das normas brasileiras e sua adequação com relação ao avanço deste tema no contexto mundial; 2) elaborar um regulamento único que atendesse aos países integrantes do Mercosul; 3) informar o consumidor sobre a composição do alimento favorecendo escolhas que promovam o consumo de uma dieta mais equilibrada e saudável; 4) orientar o setor produtivo quanto às informações relevantes; 5) possibilitar a revisão das formulações já existentes.

Análises e comentários: 

           Enquanto os consumidores tiverem falta de conhecimento sobre as terminologias e as necessidades nutricionais mínimas, as informações fornecidas pelas rotulagens não vão ter muita utilidade. Desta forma, torna-se imperativa uma adequada educação alimentar e melhoria do conhecimento nutricional da população em geral, inclusive para cumprir um dos objetivos da criação da Rotulagem Nutricional Obrigatória. Além disso, é preciso uma intensa fiscalização regulatória por parte dos órgãos responsáveis para que as indústrias forneçam todas as informações nutricionais relevantes, de forma verídica para o perfeito entendimento de seus respectivos consumidores.

 Referências bibliográficas

1    1.    Manual de orientação às indústrias de Alimentos, 2ª versão atualizada. Brasília, 2005.  Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/5f53be80474583c58ee8de3fbc4c6735/manual_industria.pdf?MOD=AJPERES . Acesso em: 15 Jan 2016. 

 2.      Kellogg’s ® Sucrilhos® Original. Disponível em:  http://www.kelloggs.com.br/pt_BR/sucrilhos-original-300g-product.html . Acesso em: 15 Jan 2016.

3. ANVISA. Rotulagem Nutricional Obrigatória. Disponível em:  http://www.anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/manual_rotulagem.PDF. Acesso em: 15 Jan 2016.

4.    ANVISA. Rotulagem Nutricional Obrigatória. Manual de Orientação as Indústrias de Alimentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/5f53be80474583c58ee8de3fbc4c6735/manual_industria.pdf?MOD=AJPERES . Acesso em: 15 Jan 2016.



1 6.  ANVISA. RDC 359 de 23 de dezembro de 2003. Disponível em : http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d12c9e804745947f9bf0df3fbc4c6735/RDC_359.pdf?MOD=AJPERES


     Alunas: Nathália Ferreira - DRE: 111027309
                  Thaís Villar - DRE: 110184213












5 comentários:

  1. O trabalho desenvolvido e retratado no texto fornece uma visão concisa e explicativa sobre a finalidade, o histórico da implementação e os requisitos exigidos em lei para rotulagem de um produto alimentar.

    Diante da necessidade de indicar, no rótulo, os tipos e quantidades dos principais nutrientes presentes no alimento (segundo consta na RDC nº 360/2003), observa-se a importância da seleção e utilização de metodologias analíticas adequadas para determinar qualitativamente e quantitativamente os nutrientes existentes no produto alimentar. Portanto, a avaliação de legislações pertinentes e acesso a compêndios oficiais de métodos analíticos, seguido de uma execução da metodologia analítica preconizada são de extrema importância em etapas que antecedem a rotulagem. A adequada realização destas técnicas serão responsáveis pela indicação e transmissão fidedigna dos componentes presentes no alimento. Desta forma, verifica-se a importância de uma compreensão ampla, integrada e técnica sobre os aspectos que antecedem a rotulagem e participam da elaboração do conteúdo apresentado nos rótulos de alimentos.

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  2. A importância da rotulagem nutricional dos alimentos para a promoção da alimentação saudável é destacada em grande parte dos estudos e pesquisas que envolvem a área da nutrição e sua relação com estratégias para a redução dos riscos de doenças crônicas. A Política Nacional de Alimentos e Nutrição definiu a rotulagem nutricional como uma das estratégias para a redução dos índices de sobrepeso, obesidade e doenças crônico-degenerativas associadas aos hábitos alimentares da população.
    Todavia, muitas vezes, a rotulagem nutricional é utilizada pelo produtor como uma auto-promoção implícita, ou seja, uma singela, porém bastante efetiva ferramenta de marketing. E, em paralelo, algumas das informações descritas, no objetivo único de atender às legislações vigentes, desconsideram algumas propriedades singulares do produto em questão.
    No caso do Sucrilhos, pode-se ter a própria tabela nutricional como um mecanismo de auto-promoção implícita, conforme excelentemente descrito pelo grupo. Mas além disso, não podemos desconsiderar que a imagem de uma criança brincando ou praticando exercícios físicos na embalagem do produto traz consigo uma informação importante....acerca do uso deste produto preferencialmente por crianças. O produtor tenta, assim, associar seu produto ao consumo infantil, porém desconsidera este perfil de consumidor naquela mesma Tabela de Informações Nutricionais, no sentido em que uma dieta de 2000kcal é indicada no caso de uma alimentação balanceada voltada para indivíduos adultos.
    Além disso, na própria embalagem é sugestivo o consumo deste alimento acompanhado de leite...todavia o produtor não apresenta qualquer informação nutricional que considere este consumo associado. Seria interessante por parte do mesmo uma complementação à Tabela de Informações Nutricionais, no sentido de considerar a adição de leite e os benefícios reais desta associação.

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  3. Levando-se em consideração o tempo em que a industrialização de produtos comercializados encontra-se estabelecido no mundo, é de se convir que uma implementação obrigatória de especificidade do rótulo nutricional ser implementado apenas em 2001 é tardio.
    Deve-se levar em conta que a obrigatoriedade da rotulagem é de grande valia ao consumidor, que pode por sua vez, estar inserido e de acordo com seu próprio consumo calórico, bem como estar a par do que a porção do alimento ingerido agrega em sua alimentação
    O brasileiro nos últimos tempos tem adotado a prática de ler o rótulo dos alimentos , estando mais interado em como o produto agrega valor nutricional a sua alimentação. No entanto uma ressalva ao produto em questão, é o fato de ser um produto majoritariamente consumido por crianças e que possui um caráter apelativo e atrativo ao público alvo em sua embalagem , tal jogada de marketing estaria influenciando na opinião sobre o consumo final ? Estando o caráter visual, sendo levado com mais consideração na hora da compra , por insistência por parte dos pequenos, nesse contexto a visualização da tabela nutricional destes tipos de alimentos estaria sendo posta de lado por parte do público consumidor.

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  5. Alessandra Lyra Guedes3 de março de 2016 às 14:58

    Rotulagem é um tema crítico no que diz respeito aos limites preconizados nas tabelas. Isto por que, surgem muitas dúvidas, como por exemplo, qual seria a porção que uma pessoa ingere daquele alimento durante suas refeições? Ou até mesmo, qual é o Percentual de Valor Diário a ser calculado, se as pessoas são tão distintas umas das outras? Ao meu ver esses dados que são declarados no rótulos são sugestões de consumo e como o próprio trabalho esclarece falta conhecimento por parte dos consumidores para poder compreender o que de fato esses dados representam e como interpreta-los.

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