Nos últimos meses, surgiram grandes questionamentos sobre a qualidade da carne brasileira gerados por países como Rússia e China. A grande polêmica girou em torno da Ractopamina, uma substância utilizada para o crescimento e engorda de suínos e bovinos. Se por um lado, os países que embargaram a carne brasileira não acham suficientes os estudos e dados de que a substância é segura para consumo humano, por outro, grandes órgãos de regulamentação, como o Codex Alimentarius, permitem o uso da Ractopamina, com restrições quanto ao limite máximo. De que lado você está? Carne com insumo necessariamente significa carne de má qualidade? Faz mal à saúde? Devemos desconfiar dos órgãos regulatórios? Informe-se sobre o assunto.
Descrição do produto
A Ractopamina é um promotor de crescimento, apresentado comercialmente como Ractosuin®, Transuin® e RacTop®. Este produto é amplamente utilizado na suinocultura visto que é capaz de modificar o metabolismo animal, resultando em uma redução do teor de gordura e aumento da carne magra.
Fundamentos Bromatologicos/Toxicologicos
A Ractopamina, assim como outros promotores de crescimento a exemplo do Salbutamol, apresenta estrutura química semelhante a hormônios importantes como a adrenalina e a noradrenalina. Esses aditivos vêm sendo utilizados a fim de aumentar a taxa de ganho de peso dos animais, bem como a deposição de carne magra em sua carcaça.
O promotor de crescimento em questão é um agonista β-adrenérgico que age a nível de receptores presentes nas células musculares, aumentando o diâmetro das fibras e assim, a massa muscular. Nas células adiposas, atua catalisando a quebra de triacilglicerídeos e, consequentemente, reduzindo a deposição de gordura.
Sabe-se que, assim como os outros agonistas β-adrenérgicos, a Ractopamina quando utilizada a longo prazo é capaz de causar tremor muscular, taquicardia, vasodilatação, distúrbios metabólicos, entre outros sintomas em seres humanos. Diversos estudos sobre a possível toxicidade da Ractopamina vêm sendo realizados em animais como macacos, ratos e cães. Apesar disso, os cientistas conseguiram chegar a poucas conclusões sobre seu efeito em parâmetros como genotoxicidade, teratogenicidade, mutagenicidade e implicações cardiovasculares e musculares. Órgãos internacionais, a exemplo da FAO, puderam apenas, com base em alguns estudos que relataram uma possível cardiotoxicidade da Ractopamina, determinar a sua Ingestão Diária Aceitável (IDA) com um amplo Fator de Segurança.
Revisão/análise da legislação pertinente
De acordo com a Instrução Normativa nº 8 do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de 29 de abril de 2010, foram aprovados os Programas de Controle de Resíduos e Contaminantes em Carnes (Bovina, Aves, Suína e Equina), Leite, Mel, Ovos e Pescado para o exercício de 2010. Nela, determina-se o limite de referência de diversas substâncias em diferentes matrizes, como músculo, urina e fígado. A Ractopamina é citada como um analito do grupo dos betagonistas e possui um limite de 20 µg/Kg de músculo de carne suína e de aves, e 5 µg/Kg de músculo de carne bovina. Segundo o MAPA, a Ractopaminaé indicada para uso exclusivo em rações para suínos em fase de terminação, como repartidor de energia, estando entre 5 – 20 g/tonelada de ração.
O CodexAlimentarius não aborda a autorização para o uso de medicamentos veterinários em animais produtores de alimentos, mas estabelece limites máximos de resíduos. Estes servem como recomendações para autoridades nacionais de vigilância sanitária seguirem, com o objetivo de promover a segurança dos alimentos produzidos e comercializados. O consumo diário recomendado através da ingestão de ração é de 0 – 1 µg/Kg de peso corporal do animal. O limite máximo de resíduo em músculo de porcos e bovinos é de 10 µg/Kg. Estes dados referem-se à última reunião da comissão, em julho de 2012. A partir desta decisão, teoricamente, os alimentos que estão dentro destas normas não podem ser proibidas de entrar no país importador do produto.
O FDA também regulamenta a presença de Ractopamina nos alimentos, sendo o consumo diário recomendado através da ingestão de ração pelos animais de 4,5 – 9 gramas/tonelada.
Discussão
Como visto anteriormente, a adição de Ractopamina à dieta de suínos aumenta a massa muscular e reduz a deposição de gordura. Apesar dos efeitos benéficos visíveis para a produção de carne suína, o uso deste promotor de crescimento é controverso, o que foi possível observar nos últimos meses através do embargo imposto à carne contendo traços de Ractopamina por países como Rússia e China. Alguns especialistas dizem que o produto em questão é capaz de causar efeitos colaterais graves como problemas cardíacos e mutagenicidade, entretanto órgãos reguladores afirmam que a sua presença no alimento, dentro de limites estabelecidos, não é capaz de trazer risco à saúde.
Mesmo com pesquisas científicas realizadas pelo Comitê Conjunto de Especialistas sobre Aditivos Alimentícios da FAO/OMS (Jecfa) que a utilização da Ractopamina não tem impacto sobre a saúde dos consumidores e a determinação do limite máximo desta substância na carne de animais, ainda é grande a desconfiança sobre seus efeitos a longo prazo.
Com a determinação e publicação no Codex Alimentarius, um país importador não pode proibir a entrada da carne que contenha a substância dentro dos padrões autorizados, porém, não foi isso que se observou nos últimos meses, quando alguns países embargaram a carne brasileira. No Brasil, assim como nos Estados Unidos, é permitida a mistura de Ractopamina na ração dos suínos e bovinos, mas na União Européia e na China, grandes importadores de carne, ela é proibida. O impacto gerado por este tipo de restrição à carne pode causar grandes problemas na economia dos diversos países que utilizam este insumo.
Conclusão
O uso do promotor de crescimento Ractopamina vem gerando muita discussão entre produtores e importadores de carne suína. Se por um lado, os produtores são suportados por documentos oficiais e decisões de órgãos internacionais, por outro, os importadores ainda desconfiam do uso à longo prazo desta substância e quais conseqüências elas trazem para o organismo humano. Estudos toxicológicos em diversos modelos animais vêm demonstrando a capacidade da Ractopamina em causar efeitos adversos, mas ainda não são capazes de afirmar tal hipótese visto que também existem estudos que apontam para a sua não toxicidade tanto em animais, quanto em humanos. Desse modo, cria-se um impasse entre alguns importadores que exigem mais dados científicos e as agências regulatórias que os acham suficientes. Já que eles não chegam consenso cabe à nós, consumidores, avaliar criticamente se queremos ou não consumir a carne suína com Ractopamina.
Bibliografia citada
ROSA, R. A. Ractopamina para suínos em terminação. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2009
Evaluation of certain food additives and contaminants: Sixty-second report of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives. WHO Food Additives Series, No. 53, 2005.
Evaluation of certain veterinary drug residues in food: Seventy-fifth report of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives. WHO technical report series, no. 969, 2012.
Tabela de aditivos autorizados para uso em produtos destinados à alimentação animal – geral com exceção dos antimicrobianos, anticoccidianos e agonistas. 2011. Disponível em: Acesso em: 06/01/2013.
Discussion on Ractopamine in Codex and in Joint FAO/WHO Expert Committee on Food (JECFA). Codex and JECFA Secretariats. 2012. Disponível em: <http://typo3.fao.org/fileadmin/user_upload/agns/pdf/Ractopamine_info_sheet_CodexJECFA_rev_26April2012__2_.pdf>. Acesso em: 06/01/2013.
Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 8, DE 29 DE ABRIL DE 2010.
Não só a Rússia, União Européia, China e outros países devem pribir o uso desta FRAUDE criada pelo homem, como principalmente o Brasil,país que se propõe a ser o "Fazendão do Mundo". Esse produto deve ser banido do Brasil imediatamente antes que algum pesquisador indepentente descubra os reais malefícios dessa substância para os seres humanos.
ResponderExcluirMuito pertinente este assunto, prefiro a carne natural.
ResponderExcluirSabendo que no Brasil fiscalização não funciona, quem garante que os produtores respeitarão os limites de substâncias adicionadas.
ResponderExcluirA Rússia embargou a carne brasileira porque constatou que o "SELO" de garantia brasileiro era uma fraude. Se nem para importar a carne os produtores respeitam as normas, imagine para vender no mercado interno.
De onde vc tirou essa informação??????????
ExcluirDeve dar um ótimo resultado para que pratica musculação, uma colher de sobremesa batido no liquidificador com leite e uma banana!!!
ResponderExcluirKKKKKKKK, eu pensei a mesma coisa, maromba é f....kkkkkkk
Excluirtudo que comemos tem hormônios, nada é natural, em toda a parte há indícios de hormônios. os russos reclamam de nossa carne, mas o alcoolismo lá mata mais que qualquer outra coisa, na china a poluição é imensa e é exportada pelas correntes de ventos que dá a volta ao mundo e ninguém reclama. na russia, creio que algum importador irá ganhar muito dinheiro, pois irá cair a oferta, consequência aumento de preço ao consumidor. e sabemos que o mundo tem fome, melhor comer carne com algum hormônio que morrer de fome, vide alguns países africanos. reflitam.
ResponderExcluirQue tem a ver importar carne com ractopamina(que provoca cardiotoxicidade), com problemas já existentes em um país...
Excluir"Já tá campado então chuta o balde??". Dããã...
Teoria desequilibrada a de achar que é melhor comer veneno do que morrer de fome
ExcluirMelhor mesmo seria que os órgãos reguladores do Brasil criassem vergonha e fiscalizassem de verdade essas falcatruas criadas para aumentar os lucros desses empresários inescrupulosos . É uma vergonha o Brasileiro não ter certeza do que ele consome fazer bem ou mal à saúde Mais uma desse país sem dono repleto de empresários, políticos, fiscais, etc desonestos.
ExcluirNão sou a favor de utilização de medicamentos ou hormônios para aumentar produção de carne, mas se formos analisar com calma tudo o que temos disponível nas gôndolas e prateleiras de mercado acabaríamos voltando ao tempo da economia de subsistência. Produtos industrializados como salgadinhos e refrigerantes contém muitos aditivos e corantes químicos provavelmente cancerígenos. Mas tudo é uma questão de $$$valores$$$: nunca um país conseguiria embargar o consumo de produtos de empresas mundiais como a Coca-Cola, Pepsi ou Elma Chips. Além disso a vodka dos russos matam aos montes, mas geram lucros por lá mesmo, portanto...
ResponderExcluirO problema é que cada um tenta resolver seus problemas, sem importar os dos outros. Agora aqui...nosso país é passagem livre. Não tem porta, entra tudo de lícito e inlícito.
ExcluirDesde o leita de Chernobil, passando por drogas, armas, até os Médicos de Cuba. O mundo aqui, faz o que quer. E agente procura criticar os outros em vez de mudar a nós mesmos. Só barramos a entrada de algum produto quando tentamos retaliar por terem barrado um nosso. Isso é Brasil...!
Em casos controversos como esses e que podem implicar em malefícios desconhecidos e irreversíveis, me parece que a prudência deve ficar em primeiro lugar. Ou seja: se existe uma possibilidade de risco, deveríamos evitar até termos conclusões definitivas. E não o contrário.
ResponderExcluirOra, dizer que é inevitável o uso de hormônios e aditivos na alimentação é um argumento muito fraco para justificar o uso da ractopamina.
ResponderExcluirO agronegócio é viciado em lucros altíssimos e vive choramingando aos pés dos governantes por mais e mais incentivos e benesses.
Esta via de aditivos, agrotóxicos e anabolizantes não é a única nem a melhor opção para a produção de alimentos. Há todo um contexto cultural e econômico que deve mudar para que tenhamos consumo responsável aliado à produção e distribuição adequada de alimentos saudáveis.
Somos o maior país do mundo em terras aptas à produção, clima perfeito com o maior manancial de água doce do planeta e, se os ecochatos não perturbarem seguindo os modismos dos gringos que querem nos manter na era da pedra lascada, temos o maior potencial de energia elétrica limpa através das hidrelétricas. Só nos falta votarmos melhor e elegermos políticos comprometidos em implantar as necessárias rodovias e hidrovias, modais necessários à redução do custo Brasil.
ResponderExcluirAnte estas verdades, expostas no texto anterior, porque não apostarmos no viés da qualidade e não na quantidade? O mundo está ávido a procura de alimentos naturais, livres de agrotóxicos e hormônios. Porque não sermos a maior nação produtora de alimentos naturais para o mundo, que remunera bem por isto, e de quebra seríamos a nação com maior saúde à mesa. Se somos o que comemos, façamos as contas da enorme economia que teríamos com a redução dos casos de câncer, Alzheimer e outras tantas doenças que veríamos banidas da população que, saudável, seria produtiva até avançada idade, reduzindo os custos da saúde pública e previdenciária - Pensemos nisso!
ResponderExcluirMuito bom! Adorei Donizete Santos! Uma ideia bem vegetariana! :)
ResponderExcluirSóóóóóóó!...
ResponderExcluirBrasil, um ´País de salafrarios, vagabundos, tranqueiras e ralés em tudo que fazem. Paizinho de werda tem mais é que ser ridicularizado por todo o mundo. Que venham os americanos, atropelem e disceminem o governo brasileiro, tomem tudo e cuidem de nós !! E VENHAM LOGO POR FAVOR!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirTodos nós Brasileiros, somos usados como cobaias humanas todos os dias. Seja na alimentação, nos medicamentos, em novos tratamentos que ninguém sabe ainda o resultado. Ractopamina, Sulbutanol. e outro Agonista é apenas mais um. A questão que estas substancias causa; tremor muscular, taquicardia, distúrbios metabólicos, isso é besteira. O que importa mesmo é o lucro que eles tem. Quanto a nós, Deus nos Proteja.
ResponderExcluirSó parar de comer carne! Nada disso vai te afetar. Claro que não estou fechando os olhos pra o fato de o Brasil ser o maior consumidor de pesticidas agrotóxicos do mundo! Mas isso ainda tem solução. Produtos orgânicos não seriam mais caros se houvesse demanda por eles! Pensem nisso.
ResponderExcluirA solução é comer menos carne. Uma vez por semana e olhe lá.
ExcluirOutro problema grave da ractopamina é a diminuição do sabor da carne em até 50%, desta maneira somos passados para tras, esta maldita carne deveria ser vendida pela metade do preço. Quando for comprar carne observe se ela está com pouca gordura, se tiver é melhor não comprar.
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