Em boa parte de lojas que vendem, dentre outros produtos para uma vida
saudável, suplementos para atletas, pode-se ver a presença da creatina. Atletas
vêm à procura desta à medida que propagandas anunciam seus benefícios em
atividades físicas. Mas,será
que a creatina que alguns atletas utilizam, que tanto prometem melhorias na
atividade física, é absorvida e alcança o objetivo proposto?Leia mais
1.DESCRIÇÃO
DO PRODUTO:
O produto
Creatina Hardcore Reload® é um suplemento de creatina para atletas, vendido
livremente, e apresenta-se sob a forma monohidratada, em pó branco, com odor
característico. Este produto diz agir no estoque de energia de músculos e
outros tecidos, elevando-o, prevenindo a depleção de ATP, estimulando a síntese
de proteína ou reduzindo sua depleção.
É
sugerido pelo fabricante ingerir uma porção de Creatina (1 dosador conforme
graduação = 3g) diluída em bebida de sua preferência antes do treino ou
conforme orientação profissional.
2.FUNDAMENTOS
CIENTÍFICOS, BROMATOLÓGICOS E FISIOLÓGICOS:
O uso de creatina, como suplemento, ainda desperta
dúvidas quanto ao seu benefício e risco por não haver consenso quanto ao
metabolismo.
Mesmo
que níveis normais de creatina possam ser obtidos através de uma dieta onívora
(nos alimentos, a creatina é encontrada em maior quantidade nas carnes,mas
também é encontrada em outros alimentos, porém, em quantidades muito pequenas) e/ou
sintetizadas pelo fígado, rins e pâncreas (quando sintetizado no homem, este
composto nitrogenado inicia seu ciclo de formação no rim, em uma reação
envolvendo dois aminoácidos: arginina e glicina. Posteriormente, a creatina
completa sua síntese pela adição de um grupo metil fornecido a partir da
metionina, sendo que ocorre no fígado. A creatina assim formada, fora do
músculo, é então distribuída para os diversos tecidos do organismo através do
sangue. A concentração plasmática de creatina é muito pequena, entre 50 e 100
mmol/L.) muitas pessoas, principalmente atletas, vem consmindo este substrato.
O emprego da creatina como ergogênico por atletas é
devido ao fato de que por volta de 90% da creatina do corpo é armazenada no
músculo esquelético, onde representa, juntamente com o ATP e o glicogênio,
reserva energética fundamental para a contração muscular de caráter anaeróbio
alático.
Existem dados da literatura científica que mostram que a
creatina produz alguns benefícios ao desempenho, tanto em homens, quanto em
mulheres, tais como: aumento da massa muscular em praticantes de exercício
resistidos; aumento da potencia muscular durante exercícios intermitentes, bem
como melhora do desempenho físico quanto à potencia anaeróbia no trabalho de
alta intensidade e curta duração.
Existem ainda especulações quanto à absorção desse
substrato pelo organismo quando ingerido comprometendo, assim, o resultado
esperado. Há na literatura dados que mostram diferenças no metabolismo devido
ao modo de administração. Araújo et al
(2012) mostraram que a concentração de creatina hepática é maior quando a
administração do substrato é feita em associação a maltodextrina, um
carboidrato. A absorção do carboidrato estimula a secreção de insulina (que
pode colaborar com a entrada de creatina no tecido muscular) e toda a via desse hormônio, culminando em
uma maior atividade da bomba de sódio-potássio e consequentemente, maior
transporte de creatina para o interior do músculo. Então, vê-se
que a associação com carboidratos otimiza a absorção de creatina.
Outro
fator muito interessante é que estudos mostram também a possibilidade de aumentar
o pool orgânico deste
composto em 10 a 20% ou até em 50% em seus níveis totais, após a suplementação
em indivíduos vegetarianos. Os atletas vegetarianos são os que mais se beneficiam
com a suplementação com creatina. Suas dietas não contêm fontes deste composto,
por isso, apresentam baixos níveis deste elemento no organismo. O consumo de
suplementos desta substância tem mostrado possibilidade de aumento na
concentração de creatina muscular de aproximadamente 60%, quando comparado com
outro grupo alimentado com dieta mista (10 - 20%).
O produto Creatina Hardcore Reload® não apresenta em sua
formulação a presença de carboidratos. Será que o uso deste suplemento é
efetivo? O consumidor ao ler o rótulo, e o próprio nome do produto é levado a
pensar que este suplemento é bastante eficiente em elevar a concentração de
creatina, garantindo a regeneração do ATP e demais consequências benéficas.
3.LEGISLAÇÃO:
A RDC n°18 de 27 de abril de 2010 dispõe sobre alimentos
para atletas e a creatina está dentro desta legislação. Esta RDC tem o objetivo
de estabelecer a classificação, a designação, os requisitos de composição e de
rotulagem dos alimentos para atletas.
Este regulamento se aplica aos alimentos especialmente formulados para
auxiliar os atletas a atender suas necessidades nutricionais específicas e
auxiliar no desempenho do exercício.
No Art 4, definição VI, diz-se que suplemento de creatina
para atletas é um produto destinado a complementar os estoques endógenos de
creatina.
No capítulo III, no Art 10, diz-se que os suplementos de
creatina para atletas devem atender aos seguintes requisitos a seguir:
I - o produto pronto
para consumo deve conter de 1,5 a 3 g de creatina na porção;
II - deve ser utilizada
na formulação do produto creatina monoidratada com grau de pureza mínima de
99,9%;
III - este produto pode
ser adicionado de carboidratos;
IV - este produto não
pode ser adicionado de fibras alimentares.
Já no capítulo V, discute-se sobre rotulagem. No Art. 20,
diz-se sobre o tamanho da fonte utilizada para designação do produto que deve
ser no mínimo 1/3 do tamanho da fonte utilizada na marca.
No Art. 21diz-se que nos rótulos de todos os produtos
previstos neste regulamento deve constar a seguinte frase em destaque e
negrito: “Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo
deve ser orientado por nutricionista ou médico”. Adicionalmente ao disposto no
art. 21, nos rótulos de suplementos de creatina para atletas devem constar as
seguintes advertências em destaque e negrito:
I - “O consumo de
creatina acima de 3g ao dia pode ser prejudicial à saúde”;
II - “Este produto não
deve ser consumido por crianças,
gestantes, idosos e portadores de
enfermidades”.
Além disso, a
quantidade de creatina na porção deve ser declarada no rótulo do produto.
No rótulo dos produtos comercializados devem constar
outras coisas, como:
I - a designação de
cada produto, conforme as classificações individuais previstas no art. 4º, de
acordo com os produtos
que os compõem;
II - a lista de
ingredientes de cada produto;
III - o número de
registro de cada produto;
IV - o prazo de
validade correspondente ao do produto com menor prazo;
V - a informação
nutricional de cada produto.
Esta RDC tabém diz o que não deve cosntar nos rótulos,
como:
I - imagens e
ou expressões que induzam o consumidor a engano quanto a propriedades e
ou efeitos que não possuam ou não possam ser demonstrados referentes a perda de
peso, ganho ou definição de massa muscular e similares;
II - imagens e ou expressões que façam referências
a hormônios e outras substâncias farmacológicas e ou do metabolismo;
III - as expressões: "anabolizantes",
"hipertrofia muscular", “massa muscular”, "queima de
gorduras", "fat burners", "aumento da capacidade
sexual", “anticatabólico”, “anabólico”, equivalentes ou similares.
4.DISCUSSÃO:
Através da análise do rótulo do produto e da legislação
vigente à cima, discute-se o seguinte: O produto em questão possue uma porção
dentro das especificações e não possui fibras alimentares, o que também está de
acordo com a legislação.
Com relação aos Art 20 e 21, no que diz sobre tamanho de
fonte e frases que devem estar presentes no rótulo do produto, este produto
também está de acordo com a legislação vigente.
A quantidade de creatina na porção é declarada no rótulo
do produto.
Além disso, a lista de ingredientes de cada produto; o
número de registro de cada produto; o prazo de validade correspondente ao do
produto com menor prazo e a informação nutricional do produto também estão de
acordo. As expressões que não devem ser vistas no rótulo não se encontram no
rótulo do produto em questão.
Sendo assim, depois desta análise geral do rótulo,
percebe-se que o referido produto encontra-se dentro das especificações
vigentes do Brasil.
Informações Nutricionais
Porção: 3g (1dosador)
Peso líquido: 375g
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Quantidade
por porção
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% IDR *
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Valor Energético
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0 Kcal
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/ 0 KJ
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0
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Carboidratos
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0
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g
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0
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Proteínas
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0
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g
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0
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Gorduras Totais
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0
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g
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0
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Gorduras Saturadas
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0
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g
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0
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Gorduras Trans
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0
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g
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-
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Fibra Alimentar
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0
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g
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0
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Sódio
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0
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mg
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0
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* Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000Kcal ou
8.400kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas
necessidades energéticas.
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Sugestão de Uso: Diluir a porção
de CREATINA (1 dosador conforme graduação) em bebida de sua preferência
e consumir antes do treino, ou conforme orientação profissional.
Orientações: Ingerir pelo menos 8 copos de água diariamente; O
consumo de carboidratos com CREATINA pode melhorar sua
absorção e eficácia.
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Recomendação: Este produto não substitui
uma refeição equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista
e/ou médico. Crianças, gestantes, idosos e portadores de qualquer
enfermidade, não devem consumir este produto. O consumo de CREATINA acima
de 3g ao dia pode ser prejudicial a saúde. Este produto é indicado para
atletas de alta performance.
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5.CONCLUSÕES:
Através das discussões acima, vê-se que o produto tem
eficácia, mas quando administrado juntamente com um carboidrato, ou se o
indivíduo for vegetariano, a eficácia da creatina é bem maior.
Além disso, este produto encontra-se de acordo com a RDC 18
sobre alimentos para atletas.
6.REFERÊNCIAS:
BRASIL. RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA Nº.
18, DE 27 DE ABRIL DE 2010 –Dispõe sobre alimentos para atletas.
ARAÚJO, M.B., MOURA,
L.P., et al. O METABOLISMO DE CREATINA É ALTERADO DEVIDO AO MODO COMO É ADMINISTRADA,
Revista Brasileira de
Nutrição Esportiva, São Paulo. v. 6. n. 34. p. 315-324. Jul/Ago. 2012. ISSN
1981-9927.
PERALTA, J. , AMANCIO, O. M. S. A CREATINA COMO SUPLEMENTO ERGOGÊNICO PARA ATLETAS, Rev. Nutr.,
Campinas, 15(1):83-93, jan./abr., 2002.
A creatina vem sendo muito pesquisada devido ao seu potencial efeito no rendimento físico de atletas envolvidos em exercícios de alta intensidade e curta duração. No meio esportivo, esta substância foi popularizada nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, quando um corredor britânico, ganhador da medalha de ouro nos 100 m rasos, creditou sua vitória ao consumo da creatina. De um modo geral, ainda não há um consenso sobre os reais efeitos colaterais resultantes do consumo de creatina por tempo prolongado, portanto, qualquer discussão sobre possíveis efeitos negativos da suplementação merece ser analisada com cuidado. Alguns autores propõem que a suplementação pode promover tensão muscular; quando consumida durante treinos, em clima quente, pode ocasionar câimbras musculares; e consumo de creatina aumenta o risco de problemas da função renal e de distúrbios gastrintestinais, entretanto, não foram encontrados estudos mostrando dados clinicamente significativos em relação aos efeitos abordados. Em relação à eliminação da substancia, o organismo tem uma capacidade muito grande para eliminar uma quantidade extra de creatina (da suplementação), sem nenhum tipo de dificuldade podendo esta ser eliminada na forma de creatina ou creatinina. A supressão da síntese endógena de creatina (mecanismo de feedback) pelo consumo oral deste composto é conhecida há algum tempo, mas esta situação pode ser revertida quando a suplementação é suspensa. Vale ressaltar que, por um lado, não são poucos os trabalhos bem controlados que apresentam demonstração de benefício significativo com o consumo de creatina, porém, ainda não há evidências conclusivas sobre os possíveis efeitos colaterais do uso de tal substância.
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