Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Nanotecnologia em cosméticos vira propaganda, já em alimentos...


     Nanotecnologia é a pesquisa e produção em escala nano que vai de 1 a 100 nm. A nanotecnologia, ciência já consagrada em áreas como computação, medicina e cosméticos, surge como novo viés para a engenharia de alimentos. Ela pode ser aplicada tanto na embalagem quanto no próprio produto, visando melhoras no aspecto, na validade, no teor nutritivo, na liberação e na biodisponibilidade do mesmo. Porém, apesar de ser uma área que traz perspectivas animadoras, o uso de nanotecnologia na área de alimentos não é assumido pelas indústrias e é omitido nos rótulos. Daí surge o questionamento: por que as indústrias do ramo de alimentos não confirmam o uso de nanotecnologia, se no ramo da cosmética ela funciona até como atrativo para o consumidor?



A nanotecnologia se baseia na caracterização, fabricação, e manipulação de estruturas biológicas e não biológicas de tamanhos menores que 100 nm, que podem apresentar propriedades funcionais novas e únicas. Conseqüentemente, o interesse nesta área de pesquisa tem aumentado bastante ao longo dos últimos anos. Os benefícios potenciais da nanotecnologia têm sido utilizados por muitas indústrias, como as indústrias aeroespacial, eletrônica e farmacêutica (Jochen Weiss et al, 2006). E graças aos seus efeitos satisfatórios nessas áreas, a nanotecnologia é destacada nas embalagens, nos comerciais ou fazendo parte do nome do produto.
Atualmente, a aplicação de nanotecnologia na área de alimentos tem apresentado um grande potencial de inovação, como a promoção do aumento da biodisponibilidade através da liberação lenta de alimentos, o revestimento de aditivos com nanoparticulas, a produção de  antimicrobiano e antifúngico em escala nano, produção de embalagens mais resistentes, com melhores características térmicas ou que promovam o aumento do tempo de prateleira do produto. Porém, as aplicações da nanotecnologia na indústria alimentícia ainda são bastante limitadas, já que lida com aspectos importantes como a segurança alimentar, e por isso muitas indústrias não declaram o uso dessa tecnologia em seus produtos. Então nos perguntamos: Por que as indústrias do ramo de alimentos não confirmam o uso de nanotecnologia, se no ramo da cosmética ela funciona até como atrativo para o consumidor?
 Muitas Indústrias alimentícias vêm incorporando o uso dessa tecnologia na fabricação de seus produtos, como por exemplo garrafas de cerveja que utilizam plásticos permeados com nanopartículas, que as tornam menos propensas a quebrar e aumentam a durabilidade da cerveja durante o armazenamento. Assim como vários itens de cozinha, que empregam nanopartículas de prata como antimicrobianos. Entretanto, de acordo com o grupo ambiental Friends of Earth (FoE), nenhum desses produtos alimentícios ou relacionados, que apresentam nanopartículas,  possuem um aviso no rótulo alertando aos consumidores da presença dessa tecnologia. Além disso, nenhum desses produtos passaram por algum tipo de teste de segurança (David Biello, 2008). Da mesma forma, o rótulo exposto acima não relata a presença de nanotecnologia neste produto, sendo esta citada em um pequeno texto descritivo do produto, e no penúltimo tópico:


Estudos realizados têm mostrado que as nanopartículas podem causar certos danos à saúde, por exemplo as nanoparticulas de óxido de zinco foram identificadas como tóxicas para células de pulmão humanas, assim como partículas de prata foram tóxicas em células do fígado e cérebro de ratos. Uma explicação para este fato é devido ao reduzido tamanho das nanoparticulas que lhes permitem penetrar com mais facilidade nos órgãos e células.  (Environmental Science & Technology, 2005). Além disso, a nanotecnologia aumenta a absorção e diminui a eliminação dos produtos pelo intestino, o que aumenta a biodisponibilidade destes no organismo.
            Toda essa discussão a respeito da nanotecnologia gira em torno da falta de estudos que possam suficientemente comprovar seus efeitos. Não há comprovações de que nanoparticulas sejam nocivas, porém também não há de que elas sejam seguras. Além do mais, a utilização de nanopartículas no mercado alimentício já ocorre há anos, o que mudou é que antes ninguém se atentava para a presença delas. Portanto o caminho para esse impasse é a pesquisa.
Pelo FDA, a aprovação de alimentos com nanopartículas não exige a comprovação de sua segurança e, sim, que o produto que as contenham não apresentem riscos à sociedade. A agência pediu para que as empresas que trabalham com essas partículas fornecessem voluntariamente resultados de pesquisas a respeito das mesmas. Outras organizações defendem a idéia de que o fornecimento desses relatórios deve ser obrigatório visto os riscos potenciais.
O interesse por esta área cresce cada vez mais e os investimentos em estudos também, tanto por parte das indústrias, quanto por parte do governo. Os principais questionamentos são quanto ao impacto do uso desta tecnologia no meio ambiente, na saúde e na aceitação do consumidor, que ainda não possui informações suficientes sobre nanotecnologia e por isso ficam com medo de consumi-la. Dessa forma, é fundamental  que se crie uma regulamentação maior desses produtos, exigindo esclarecimentos quanto a segurança, e também a exposição do uso dessa tecnologia nos rótulos, para que o consumidor possa optar em utilizar esse produto ou não.

Referências Bibliográficas:

  • BIELLO, David. Nanopartículas na comida representam um risco à saúde? Scientific American Brasil. Maio, 2008.
  • WEISS, Jochen,  TAKHISTOV, Paul, MCCLEMENTS, D. Julian. Functional Materials in Food Nanotechnology. Journal of Food Science. Vol. 71, Nr. 9, 2006.

 

8 comentários:

  1. Patricia Garcia Ferreira14 de julho de 2011 às 14:10

    Como dito no trabalho, não há comprovações de que nanoparticulas sejam nocivas, porém também não há de que elas sejam seguras. Encontrei um estudo e achei interessante sobre os benefícios da nanotecnologia em alimentos, o principal é que os alimentos terão maior vida útil e assim poderão ser transportados a longa distância com redução de desperdício, dando destaque que os fabricantes irão reduzir custos ao introzuzir esse tipo de tecnologia.

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    1. Se tivessem colocado isso na carne não teria essa operação"carne fraca"

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  2. Aluno: Thiago de Paiva Garcia DRE: 107354100

    O trabalho postado é bastante interessante sobre a ausência de pesquisas quanto a riscos relacionados a nanotecnologia, mas ao invés de focar no mesmo caminho, fiquei interessado na primeira frase do trabalho que é 'Nanotecnologia é a pesquisa e produção em escala nano que vai de 1 a 100 nm'.
    Com base no que encontrei na literatura, esse conceito de nanotecnologia ainda não é bem definido, alguns considerando apenas a escala citada, outros considerando de 1-1000nm, enquanto alguns englobam até algumas substâncias em escala micro. Outros pesquisadores preferem focar justamente nas propriedades diferenciadas dessas substâncias, que são: alterações de cores, propriedades farmacodinâmicas, condutividade elétrica, movimento browniano e mais.
    Uma definição adequada desses novos compostos é um primeiro passo para uma regulamentação efetiva, que ainda é muito incipiente a nível mundial, e principalmente no Brasil, o que junto com a avaliação de riscos é altamente necessário para o consumo adequado e a incorporação no mercado.

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  3. Estudos demonstram a crescente aplicação das nanotecnologias na produção de alimentos, por meio de nanopartículas, nanoemulsões e nanocápsulas no processamento e embalagens dos alimentos, sem a devida regulação. Se por um lado, as nanotecnologias podem proporcionar melhorias no desempenho industrial, na qualidade nutricional e na eficiência das embalagens dos alimentos, podem também trazer maiores riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Tais preocupações decorrem do fato de que o “pequeno” tamanho das partículas implica novas propriedades das nanopartículas, tais como a de intensificar as reações químicas e as atividades biológicas, além da maior capacidade de acessar as células. Outros riscos detectados por experiências in vitro compreendem o aumento da oxidação de células de tecido humano, produção de proteínas responsáveis por inflamações, mutações no DNA, prejuízos da estrutura nuclear de células e interferência na atividade celular.
    Estudos realizados por pesquisadores da área defendem uma moratória no desenvolvimento de produtos alimentícios, embalagens e agroquímicos até que a segurança específica das nanotecnologias seja discutida e regulamentada sob os seguintes aspectos: a) nanomateriais devem ser regulados como novas substâncias; b) ampliação da definição de nanomateriais; c) transparência na avaliação quanto à segurança dos nanomateriais; d) rotulagem dos produtos; e) maior envolvimento da sociedade nas discussões, tanto do ponto de vista da segurança, quanto para a sustentabilidade da produção agrícola e de alimentos.
    O fato de não haver, normas de regulamentação para avaliar novos produtos em escala nanométrica na cadeia alimentar representa um descaso dos órgão competentes. Devem ser tomadas medidas para restaurar a confiança nos sistemas alimentares e para se ter certeza dessa nova tecnologia, seja feita sobre rigorosos padrões de saúde e segurança.

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  4. Cientistas afirmam que alguns investigadores mais controversos estudam possíveis aplicações de nanopartículas persistentes nos alimentos e em embalagens que podem apresentar riscos. A utilização de nanopartículas de metal, em particular de prata, poderão provocar uma redução significativa no ritmo da deterioração do material da embalagem, e até mutar da embalagem do alimento para o próprio alimento.
    Nanopartículas de óxido metálico podem avançar até os núcleos das células. Estas são aplicações mais controversas sobre a utilização da nanotecnologia nos alimentos, sendo assim, não há duvidas do quanto a tecnologia nano pode ser benéfica, porém também maléfica à saúde, se fazendo essenciais pesquisas profundas neste tema. A falha está na liberação para produção e consumo da nanotecnologia em alimentos sem estas informações de pesquisa.

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  5. O estudo da nanotecnologia vem crescendo em uma velocidade espantosa. No entanto, ainda não é possível conhecer seus benefícios e malefícios a longo prazo. Seu uso é recente e, assim, só podem ser citadas as consequências imediatistas.
    Assim como outras tecnologias recentes, a nanotecnologia é passível de muitas críticas. No entanto, somente através de estudos é que podemos realmente comprovar possíveis efeitos. Em um projeto desenvolvido por estudantes estudantes graduados, Jessica Koehne da Universidade da Califórnia e Kristina Kriegel da Universidade de Massachusetts, estuda-se uma forma para que os nutrientes atuem de forma mais eficaz no corpo humano, enquanto impedem a passagem de outros elementos prejudiciais e menos desejáveis.
    Somente assim, através de projetos sérios de pesquisa, será possível utilizar a nanotecnologia de maneira benéfica, avaliando seus possíveis riscos e tentando eliminá-los. Obviamente os riscos existem. No entanto, isso não é restrito à nanotecnologia. Muitos materiais de embalagem são utilizados sem os devidos cuidados e, dessa forma, acabam causando malefícios ao consumidor.
    Nanopartículas podem servir tanto para facilitar a chegada do alimento desejado ao local correto,aumento sua absorção, quanto para facilitar a chegada de materiais indesejados da embalagem ao organismo humano. Como já dizia Paracelso, a diferença entre remédio e veneno é apenas a dose.
    Dessa forma, faz-se necessário a criação de uma legislação clara e que não dê brechas para as indústrias alimentícias produzirem o que quiserem e da maneira que quiserem. É necessário que sejam cobrados estudos, com avaliações das consequências a longo prazo, assim como funciona com os medicamentos.

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  6. A nanotecnologia de fato vem se mostrando um ramo da ciência cada vez mais promissor dentro de todas as áreas. O grande problema é que, como é uma tecnologia em ascensão, seus riscos para a a sociedade ainda não foram elucidados. Acredito que o medo das indústrias de colocar o uso de nanopartículas em seus rótulos é que a ingenuidade da população faz com que haja uma certa aversão a qualquer tipo de tecnologia em um produto que vai ser ingerido. As pessoas não se importam com isso quando se trata de cosméticos pois acreditam que na pele os risco são muito menores do que em comparação com um alimento. O que eu fico me perguntando é o por quê os órgãos regulamentadores permitem a venda de produtos que ainda nao tem todas as suas características bem estudadas. A fonte de renda é mais importante que a saúde da população? De fato, as nanopartículas podem trazer diversos benefícios como nanoencapsulação de nutrientes essenciais e até de fármacos, mas os seus riscos ao longo do tempo precisam avaliados para que possamos ter total segurança do que estamos consumindo. Se os medicamentos passam por tantas fases de teste e, mesmo assim, ainda podem causar danos ao paciente, por que não existe essa mesma mentalidade quando o assunto são os alimentos?

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  7. A nanotecnologia pode nos trazer incríveis possibilidade na indústria alimentícia. No entanto, como o texto diz, seu uso não é bem documentado no que tange questões de segurança. Isso porque partículas em escala nanométrica se comportam de maneira diferente, ou seja, por sua maior superficies de contato essas particulas são mais reativas. Por isso, um elemento nas escalas usuais não possui as mesmas características toxicológicas em escala nano. O pesquisador William Waissmam afirma que nenhum estudo clínico utilizando humanos tem sido desenvolvido e, que a verba destinada a estudos de segurança em nanotecnologia representam menos de 6% do investimento total. Além disso, a qualidade dessas pesquisas é questionável pois muitas não se baseiam apenas em evidencias científicas , mas também em diversas fontes de informação para construir uma opinião. Para ele , a ANVISA está despreparada e , somente agora, a questão metrologica esta sendo desenvolvida . Portanto, acredito que as autoridades em saáde devam exigir estudos de segurança com qualidade e criar legislações que permitam ao consumidor saber que o produto que esta levando contem esse tipo de tecnologia.

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