As sociedades se tornaram apressadas e o principal reflexo disso é visto na alimentação, os chamados fast-foods. Essa expressão é utilizada para se referir aos alimentos preparados de forma rápida e consumido por conveniência, o que se tornou uma cultura em alguns países e tem virado moda no Brasil.
Aspectos Bromatológicos
Além de uma refeição dessas ser extremamente calórica (um sanduíche, um refrigerante médio e algumas batatas fritas possuem em torno de 1500 Kcal), correspondendo à grande parte do que deveria ser ingerido num dia, pode causar problemas à saúde. A grande quantidade de gordura presente nesses alimentos pode elevar os níveis de colesterol, aumentando o risco de doenças coronárias. Além disso, o açúcar presente nesses alimentos pode ter uma ligação direta com doenças cardíacas e diabetes.
A figura 1 evidencia a alta taxa calórica presente nos hamburguers, onde tomamos como exemplo um amplamente vendido por uma rede de fast food. Seus altos valores nutricionais fogem, na maioria, dos valores diários recomendados (VDR) pela ANVISA (figura 2), como no caso das gorduras totais e das saturadas, onde o valor em porcentagem ultrapassa o 100% do que é recomendado. E no caso do sódio, o alimento oferece 63% do VDR, um valor muito alto, considerando que esta não é a única refeição realizada diariamente.
Um fator importante a ser citado são as DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis) que são de origem multifatorial e compartilham vários fatores de riscos modificáveis, como o tabagismo, inatividade física, alimentação inadequada, obesidade e dislipidemia. São elas: obesidade, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares. Projeções para as próximas décadas indicam um crescimento epidêmico das DCNTs na maioria dos países em desenvolvimento, particularmente das doenças cardiovasculares e da diabetes tipo 2.
A transição nutricional em curso na maioria dos países em desenvolvimento, junto com o aumento expressivo da obesidade e mesmo sua coexistência com o baixo peso, constitui um dos fatores mais importantes para explicar o aumento da incidência das DCNTs.
Estudos recentes comprovam a influência direta de alimentos gordurosos sobre o ganho de peso. A obesidade, por sua vez, é um grave problema de saúde pública, sendo um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, distúrbios metabólicos e endócrinos, apnéia do sono, certos tipos de câncer e problemas psicológicos. Ingestão calórica elevada e diminuição da atividade física têm sido apontadas como os principais fatores responsáveis pelo aumento dos índices de obesidade.
Uma pesquisa recente, da revista The Lancet, financiada pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos (NHLBI), acompanhou desde 1985 mais de 3.000 pessoas, que tinham entre 18 e 30 anos na época. O estudo Desenvolvimento do Risco Arterial Coronário em Jovens Adultos (Cardia, na sigla em inglês) verificou que aqueles com alimentação freqüente em restaurantes de fast-food – mais de duas vezes por semana – tiverem um aumento de peso de, em média, 4,5 quilos a mais do que os que costumavam ir menos de uma vez por semana. Outro ponto negativo foi o aumento em duas vezes na resistência à insulina, o que pode ser um fator potencial para o desenvolvimento da diabetes mellitus 2, que está intimamente relacionada com excesso de peso e a obesidade.
Os ácidos graxos trans foram, recentemente, incluídos entre os lipídios dietéticos que atuam como fatores de risco para doença arterial coronariana, modulando a síntese do colesterol e suas frações. Embora desde 1995 a Organização Mundial da Saúde (OMS) venha recomendando a ingestão moderada deste tipo de gordura na prevenção e tratamento de doenças coronarianas, até o presente momento são desconhecidos os teores de ácidos graxos trans nos alimentos fast-food, prejudicando a orientação em relação ao seu consumo.
O LDL (lipoproteína de baixa densidade) é gerado após a ingestão de dieta rica em lipídios através de uma série de reações no fígado e na corrente sanguínea. A função da LDL é transportar colesterol do fígado para os tecidos periféricos. O acúmulo de LDL no plasma está associado ao risco de DCV (Doença Cardiovascular), devido à redução de receptores de LDL nas células dos tecidos periféricos e à formação de placas de ateroma.
O sódio e o potássio são minerais essenciais para a regulação dos fluidos intra e extracelulares, atuando na manutenção da pressão sanguínea. O sal de cozinha - cloreto de sódio - é a principal fonte de sódio. A necessidade humana diária de sal é de cerca de 300-500 mg. O consumo populacional excessivo, maior que 6g diárias (2,4g de sódio) é uma causa importante da hipertensão arterial (HA). O consumo de sódio deve ser limitado de maneira a reduzir o risco de doença coronariana e de Acidente Vascular Encefálico (AVE). Os fast-foods, em geral, são alimentos ricos em sódio, conforme é possível observar em sua tabela de valores nutricionais acima, o que faz com que estes possam desencadear HA quando consumidos exageradamente.
Outros fatores, ainda, estão relacionados com o consumo de dietas altamente calóricas, como demostram alguns estudos. Podemos citar o câncer de intestino, depressão e Alzheimer.
A WHO (World Health Organization) propõe metas de ingestão de nutrientes para a população com o objetivo de prevenção das DCNTs, as quais se baseiam em uma alimentação saudável e balanceada, em que a moderação, variedade, proporcionalidade e equilíbrio são os pilares.
Tendo em vista todos esses critérios a serem avaliados, torna-se necessário uma rotulagem e legislação esclarecedora. Em 1996, ocorreu a regulamentação nos EUA informando que os restaurantes deviam oferecer a informação nutricional e de saúde sobre os itens listados no cardápio. Entretanto, a FDA estimula, mas não obriga a disponibilidade dessas informações nos alimentos comercializados pelos restaurantes.
Nesta parte legislativa o Brasil ainda está caminhando. A RDC nº 360/03 dispõe sobre a Rotulagem Nutricional obrigatória, mas exclui os fast foods. Tendo em vista a importância desta informação, e considerando o valor nutricional duvidoso desses alimentos, está previsto que em meados deste ano a ANVISA crie uma legislação que irá obrigar as redes que comercializem esses produtos no país a rotularem os alimentos oferecidos.
O rótulo deverá conter quantidade de calorias, carboidratos, proteínas, gorduras, fibras e sódio. A definição de porção será a quantidade da embalagem individual. A informação nutricional deverá ser estruturada em forma de tabela ou linear na embalagem do alimento ou por meio de quadros, cartazes afixados em local visível ou no cardápio ou folderes (caso o espaço na embalagem não seja suficiente). Esta medida já é aplicada em algumas lanchonetes e restaurantes, mesmo não sendo obrigatória, como no McDonald’s. A idéia é deixar à mostra o valor nutricional dos produtos oferecidos, inclusive nas embalagens de produtos exclusivos, como na caixa do sanduíche. Essa rotulagem nutricional é um direito do consumidor e um instrumento de educação para o consumo, segundo a OMS.
O mesmo orgão cita a necessidade da participação do governo, de organismos não governamentais e do setor privado na implementação de ações que contribuam para a prevenção e controle das DCNTs. Nesse sentido, a Prefeitura do Rio de Janeiro teve uma iniciativa importante ao deferir o decreto nº 22326 em 2002, que estabelece que as empresas de fast food adotem medidas estratégicas de promoção da saúde nas áreas de alimentação e atividade física.
Aspectos Farmacológicos das Estatinas
Como todos sabem e nós explanamos acima, o consumo excessivo de fast food faz mal à saúde. Inclusive, os donos de estabelecimentos sabem. Com o intuito de “amenizar” os malefícios desses alimentos, um estudo propõe que sejam oferecidas estatinas gratuitamente por esses estabelecimentos nos seus hamburgueres, visando diminuir o risco cardiovascular.
As estatinas são fármacos que reduzem a lipidemia através da inibição da HMG-CoA redutase, enzima fundamental na síntese do colesterol, levando a uma redução do colesterol tecidual e um conseqüente aumento na expressão dos receptores de LDL, que vão aumentar a internalização do mesmo e diminuir sua concentração plasmática, por conseguinte. Têm sido associadas com uma expressiva diminuição da morbidade e mortalidade cardiovascular para pacientes em prevenção primária ou secundária da doença coronariana.
Para que estas moléculas possam fazer efeito, torna-se necessário serem internalizadas pelo fígado. Alguns polimorfismos genéticos e a interação com alguns fármacos (as próprias estatinas, hormônios tireoidianos, metotrexato) podem determinar dificuldade na sua captação, metabolização e eliminação. E isso pode gerar uma hepatoxicidade.
Também é importante citar o potencial de interações farmacológicas das estatinas. Assim, nos EUA foi descrito um número muito baixo de complicações graves, como a rabdomiólise (síndrome caracterizada por necrose muscular) e elevação de creatinofosfoquinase (CPK) acompanhada de dores musculares, mioglobinúria e determinando, em geral, risco de vida devido à insuficiência renal. Quando os sintomas musculares não se acompanham de elevação significativa das enzimas, caracterizamos a mialgia, que parece incidir em 6 a 14% dos eventos adversos associados com a prescrição das estatinas.
Percebe-se que as estatinas, como qualquer outro fármaco, podem causar efeitos adversos sérios. Fato que se complica se houver um uso indriscriminado, como o que é sugerido nesses farmaburgers. Isto seria ainda mais preocupante quando pensamos em crianças, que respondem de forma mais intensa a menores doses dos fármacos que adultos.
A dose mais recomendada de sinvastatina, um exemplar desta classe, é de 20 mg, para a maioria dos pacientes, tomada diariamente à noite, reduzindo o LDL-colesterol em 31%-35%, em proporção equivalente a de outras estatinas. Sendo assim, esta deveria ser a dose disponibilizada nos estabelecimentos. Qualquer dose inferior a isso seria mera ilusão do consumidor. Mas como garantir que o indivíduo utilizaria apenas uma dose? Uma superdosagem poderia acontecer e ser prejudicial para o indivíduo visto que não haveria controle sobre o quanto seria ingerido do fármaco. Sem a orientação de um médico ou um farmacêutico, poderia-se pensar que quanto mais, melhor, não é mesmo?
Discussão
Um dos problemas em administrar as estatinas juntamente com os hamburguers, seria que estes medicamentos estariam eliminando apenas parte do problema, uma vez que estas irão agir apenas no colesterol, diminuindo os níveis destes e diminuindo os problemas acarretados por ele. Porém, existem vários outros fatores que devem ser considerados, uma vez que, por exemplo, a obesidade não estaria sendo diminuída, e continuaria causando problemas.
Os altos níveis de sódio presentes em fast food também não teriam nenhuma alteração, o que faria com que estes continuassem causando hipertensão arterial.
Alguns estudos recentes também comprovam a relação direta entre o câncer de intestino com o consumo de alimentos gordurosos, ou seja, isso também não será diminuído com o uso das estatinas.
Além disso, ainda não há uma legislação que obrigue a rotulagem dos alimentos fast food. Logo, seria irresponsável pensar em adicionar outra substância, como um fármaco, na sua composição.
Conclusões
Todos os pontos negativos citados não retiram o mérito do fármaco, que quando utilizado sob prescrição médica e para pacientes, é válido. Repudiamos o fato da associação com fast food por ser um incentivo ao consumo indiscriminado, que não estabelece reais benefícios ao consumidor e constitui somente mais uma estratégia de marketing. Não seria uma estratégia de promoção à saúde, mas sim de remediar um mal que poderia ser evitado com atividade física ou melhora dos hábitos alimentares.
Em uma época em que se promove o uso racional de medicamentos e discute-se o que deve ou não ser vendido em uma farmácia, seria um grande retrocesso a disponibilização de estatinas em lanchonetes como se fossem balas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MAESTRO, Vanessa & SALAY, Elisabete. Informações nutricionais e de saúde disponibilizadas aos consumidores por restaurantes comerciais, tipo fast food e full service. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 28(Supl.): 208-216, dez. 2008.
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VASCONCELOS, André Gustavo Costa, et al. Ácidos Graxos Trans: Alimentos e Efeitos na Saúde. vol 56, n 1, 2006.
Todos os hipolipemiantes empregados no dia a dia têm potencial hepatotóxico. Assim, as estatinas, conforme dito no trabalho, os fibratos, a niacina e as resinas podem produzir alterações hepáticas.
ResponderExcluirOs dados dos diversos estudos em que as estatinas foram empregadas são muito consistentes em mostrar que a hepatotoxicidade é rara (< 2%), mas quando ocorre manifesta-se com aumento de TGP e/ou TGO. Além disso, os eventuais aumentos dessas enzimas são assintomáticos. A icterícia e a hiperbilirrubinemia raramente estão associadas às estatinas (chance de hepatite clínica com o emprego das estatinas é menor que uma em um milhão de casos tratados). Mas será que vale a pena arriscar, colocando estes compostos em hambúrgueres? Principalmente se consumidos por pessoas que já tem um dano hepático (hepatopatia) ou com potencial risco para esse dano. Apesar de ser raro, esse fato não deve ser descartado, portanto, acho que podiam ter citado algo na conclusão, mas eu acho que indiretamente isto já está incluído.
Sabe-se que a hepatotoxicidade (causada por estatinas) é dose-relacionada, com doses mais altas associadas a maiores taxas de anormalidades enzimáticas.
Russo e Jacobson, salientam que quando um paciente necessita o uso de uma estatina para a prevenção ou tratamento da doença coronariana, o médico deve prescrever tal medicamento, mesmo que haja doença hepática crônica ou história pregressa de hepatopatia aguda. No entanto, advertem que, quando os níveis de transaminases já estão acima de três vezes o limite superior da normalidade antes do início do tratamento, deve-se agir com maior prudência, sugerindo a investigação da causa da doença hepática antes de prescrever uma estatina. Pacientes com cirrose avançada apresentam aumento de 10 a 20 vezes dos níveis séricos de estatinas. Entretanto, os pacientes portadores de cirrose tipicamente têm baixos níveis de colesterolemia e não requerem agentes hipolipemiantes. Observe-se que o tratamento da hiperlipidemia em pacientes com fígado gorduroso pode, na verdade, melhorar os níveis de transaminases.
Pacientes com doença hepática aguda em atividade (hepatites A ou B) ou hepatite alcoólica não devem receber tratamento com estatinas até que tenham se recuperado da agressão aguda e os níveis de TGO, TGP, bilirrubinas e fosfatase alcalina tenham retornado ao normal. Os riscos potenciais de exacerbação da agressão hepática não justificam a adição de estatinas durante o período de recuperação.
FONTE: BERTOLAMI, M. C. Mecanismos de hepatotoxicidade. Arq. Bras. Cardiol. vol.85 suppl.5 São Paulo Out. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2005002400007
A sugestão deste estudo soa como uma piada ou no mínimo um atraso em relação a toda busca pela segurança no consumo de medicamentos.
ResponderExcluirA distribuição de fármacos de maneira indiscriminada é irresponsável e perigosa, medicar pacientes indiscriminadamente, sem conhecimento do histórico médico, sem administração com a posologia recomendada e sem levar em consideração a necessidade da administração só aumenta as chances de ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas. Além disso, vale lembrar que a síntese de colesterol possui papel importante na estruturação das membranas biológicas e também, para a síntese de hormônios. O uso indiscriminado das estatinas poderia trazer problemas a pessoas que não possuam níveis elevados de colesterol no sangue.
O pensamento defendido por este estudo nortea-se através da política de remediar o problema ao invés de evitá-lo, pois ao tentar usar um medicamento para promover a diminuição de colesterol, tira-se o foco da questão principal que é a má alimentação, o sedentarismo e a oferta de produtos cada vez menos "saudáveis". É a idealização da lei do menor esforço, de se conseguir levar uma vida saudável e ao mesmo tempo se limites.
Seguindo essa linha de raciocínio, poderíamos então imaginarmos um lanche com um milk shake enriquecido com insulina, hambúrgueres recheados de estatinas e batatas fritas salpicadas de furosemida.
A única vantagem desta idéia, pelo menos para nós farmacêuticos, seria que toda lanchonete da esquina teria um Farmacêutico Responsável para dispensar os farmolanches
Este estudo é composto de muita utopia. As estatinas são medicamentos que apresentam um alto custo e quando ele fala que juntamente ao Hamburguer será oferecido GRATUITAMENTE uma estatina,permite-me concluir que não há nenhuma noção econômica empregada. Certamente o valor gasto nos comprimidos seria acrescentado no preço do Hambúrguer,que também teria seu valor aumentado,pelo simples fato de que se esta estratégia fosse aceita pelos orgãos responsáveis e empregada nas lanchonetes haveria a necessidade de contratar um farmacêutico responsável,para que pudesse dispensar o medicamento,respeitando os riscos de Reações adversas e Interações medicamentosas.Logo o valor do hambúrguer seria:hambúrguer+valor do comprimido+atenção farmacêutica=prejuízo para a lanchonete. Além disso,Uma meta-análise publicada no JAMA sugere que tomar doses elevadas de estatinas pode aumentar o risco de desenvolver diabetes comparativamente a uma dose standard (aumento de 12% de risco de diabetes).Os autores analisaram dados de cinco estudos que envolveram 32.752 doentes tratados com doses moderadas e altas de estatinas. Durante um período de cinco anos, 8,4% dos doentes desenvolveram diabetes e 20% sofreram um grave evento cardiovascular. Outra controvérsia presente neste estudo está declarada na bula das estatinas:O paciente deve iniciar uma dieta padrão redutora de colestero antes de receber a estatina e deve mantê- la durante o tratamento com este medicamento,ou seja,deve-se evitar comer alimentos ricos em gorduras ou em colesterol. O medicamentos não será tão eficaz a reduzir o colesterol caso não se siga uma dieta controlada. Esta estratégia apresentada contém uma série de falhas e ao meu ver é uma alternativa inviável.
ResponderExcluir"É melhor prevenir do que remediar". Esta é uma frase que retrata a melhor resolução da ingestão do excesso de gordura.
ResponderExcluirPara que resolver este problema logo de início com um medicamento? Será que não é mais coerente, econômico e seguro conscientizar o consumidor dos riscos da alimentação inadequada, orientando-o para a ingestão de alimentos mais saudáveis, reduzindo a gordura e reequilibrando o seu organismo?
A facilidade que se tem hoje em dia de se "resolver" todos os problemas com medimentos mostra um descaso com as graves consequências que possivelmente o consumidor poderá passar. A administração de medicamentos deve ser devidamente orientada com base na saúde do paciente, no histórico familiar, nos problemas já adquiridos, nas reações adversas que podem ocorrer, nas interações com outros medicamentos e alimentos. Portanto, deve ser feita com cautela. A novidade atrai o consumo e o consumo gera dinheiro. E a orientação? Essa, por sua vez, é mais barata e dá melhor lucro, e, por isso, é pouco cogitada. Sobrecarregar o paciente com mais uma substância química é a melhor solução? Para quem: o paciente ou a indústria?
Parece que quanto mais evoluímos, mais retrocedemos. É tamanha a preguiça das pessoas que aparecem soluções absurdas. Não sei qual a seriedade desse estudo, mas parece piada.
ResponderExcluirPra começar, as pessoas devem ter a consciência do que é uma alimentação balanceada. Não vejo problema de frequentar um fast-food uma vez ou outra no mês, mas tem quem exagere e aí aparecem com um estudo desses. Como já foi ressaltado, a constante ingestão desses alimentos não apenas provoca um aumento no colesterol, mas também nas taxas de sódio e glicose, podendo desencadear doenças como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2 e aterosclerose. Também vão oferecer antihipertensivos e euglicemiantes com os hambúrgueres? Como já disse, solução preguiçosa. Sem falar que o uso de medicamentos podem provocar efeitos adversos. As estatinas podem causar mialgia, rabdomiólise e comprometer o funcionamento do fígado. Além disso, vão distribuir medicamentos sem orientação de um profissional da saúde, seja médico ou farmacêutico? No caso dessas prováveis doenças, sempre é recomendada uma restrição na dieta. Meio incoerente né?
Seria antiético e enganoso para o consumidor a venda de medicamentos junto com fast-foods. Primeiro pelo uso irracional de medicamentos, tão combatido hoje em dia. Segundo que usar uma estatina e comer alimentos ricos em gorduras não adiantaria em nada, sofrendo riscos de efeitos adversos. Terceiro que essas classes de medicamentos só podem ser utilizadas quando prescritas por um médico e avaliadas por um farmacêutico, o que encareceria os fast-foods, caso fosse necessárias essas contratações de profissionais. E se eles fossem contratados, seria extremamente antiético recomendar esse uso sem a real necessidade e sem restrição da dieta.
Para quem não entende do assunto, parece até uma solução maravilhosa. Mas só vejo uma solução medíocre, cheia de falhas e que não se preocupa verdadeiramente com a saúde do consumidor.
A utilização de estatinas associada a estes alimentos extremamente ricos em lipídeos levanta diversos questionamentos. Um destes questionamentos seria a forma com a qual esta estatina é utilizada. O colesterol é biossintetizado pela noite e nas primeiras horas da manhã, assim, recomenda-se o uso de estatinas de curta duração a noite e de longa duração pela manhã. Dessa forma, de acordo com o horário do lanche, seria necessária a associação de diferentes tipos de estatinas?
ResponderExcluirOutra questão interessante seria a respeito da administração de apenas uma única dose de estatina, administrada durante o ato de ingestão do sanduiche. Para a concentração deste tipo de medicamento alcançar a quantidade adequada dentro de uma janela terapêutica, o ideal seria a realização de um tratamento com uma duração maior que apenas esta única administração.
Por fim, se um consumidor se alimenta por muito tempo deste sanduiche associado a estatina e interrompe a ingesta dessa associação, ele pode sofrer alguns efeitos, como um aumento exacerbado dos seus níveis de colesterol.
A utilização das estatinas de forma indiscriminada em fast-foods seria uma grande irresponsabilidade. Qualquer medicamento só deveria ser utilizado com a prescrição de um médico ou de algum profissional de saúde, contendo a dosagem correta e a melhor forma de utilização daquele medicamento. Além disso, cerca de 5% dos pacientes que utilizam a estatina apresentam dores musculares, prejudicando o desempenho físico e podendo fazer com que o paciente não tenha vontade de realizar atividades físicas, aumentando a necessidade dele consumir ainda mais estatina. Outros efeitos colaterais relacionados a esse medicamento são: problemas hepáticos e interferência na ação da mitocôndria, responsável por gerar a energia das células. Outra questão importante seria o fato das pessoas consumirem mais alimentos ricos em lipídeos por terem a falsa sensação de segurança devido a presença de estatina, levando a uma dieta hipercalórica e aumentando os riscos de efeitos adversos e de doenças cardiovasculares. Outro problema muito sério seria o fato da estatina possuir algumas interações medicamentosas, podendo interferir em outros tratamentos que o paciente esteja realizando, um exemplo é a interação com outros medicamentos hipolipemiantes como os fibratos e a niacina. A melhor forma de diminuir o risco de doenças cardiovasculares é através de uma dieta saudável e da prática regular de exercícios físicos, a tentativa de utilizar medicamentos em fast-foods deve ser proibida para a segurança dos consumidores.
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