Óleo ou gordura de coco é o óleo
comestível obtido do fruto de Cocos
nucifera (coco) através de processos tecnológicos adequados. Seu uso vem
sendo associado ao tratamento da obesidade, o que fez com que esse produto
fosse encarado como um milagroso emagrecedor.
O óleo de coco possui uma rica
composição de ácidos graxos saturados (Tabela 1.). Esse ácidos graxos,
diferentemente daqueles encontrados na maioria dos óleos, apresentam cadeias
médias sendo conhecidos como AGCM (ácidos graxos de cadeia média).
Os AGCM presentes no óleo de coco
fazem com que este possua um comportamento metabólico distinto dos demais.
Estas estruturas são rapidamente absorvidas no intestino, pois não passam pela
ação da enzima lipase pancreática como ocorre com os ácidos graxos de cadeia
longa (AGCL). Os AGCM são transportados diretamente para o fígado pela veia
porta. Já os AGCL após ação da lipase pancreática são lançados na circulação
sistêmica e só então transportados para a fígado na forma de lipoproteínas denominadas
quilomícrons.
No fígado os AGCM são rapidamente
oxidados gerando energia, sem participar da via de produção de colesterol e sem
serem estocados como depósito de gorduras, como ocorre com os AGCL.
Sendo assim, a teoria que os AGCM são facilmente oxidados a lipídeos para a
obtenção de energia e a sua não deposição no tecido adiposo fazem que o óleo de
coco seja utilizado para o tratamento da obesidade. Fato este que fez com que
os demais consumidores encarassem este produto como um excelente aliado para a
perda e peso. Contudo, ainda não existe
um embasamento cientifico que realmente correlacione a perda de peso com a
utilização do óleo.
Um estudo conduzido por
pesquisadores de Alagoas analisou 40 mulheres na faixa de 20 a 40 anos, que
forem divididas randomicamente em dois grupos: um que recebeu óleo de coco e
outro que recebeu óleo de soja por 12 semanas de forma duplo-cega. Ambos os
grupos receberam orientação dietética com nutricionista ,com dieta
hipocalórica, com orientação para a prática de atividade física.
O grupo tratado com a
suplementação de óleo de coco não apresentou alteração do perfil lipídico e nenhum
dos dois grupos apresentou perda de peso. Contudo, pode-se observar que houve
redução da circunferência abdominal no grupo suplementado com óleo de coco em
relação ao óleo de soja (-1,4 cm versus 0,6 cm). O estudo também revelou que a
suplementação com o óleo de coco teve uma tendência a elevar os níveis de
insulina circulante. [4]
Os pesquisadores deste trabalho
concluíram que estudos mais prolongados são necessários para o entendimento das
ações do óleo de coco. [4]
Apesar das diversas teorias positivas
sobre o óleo de coco, ainda são escassos e controversos os estudos que o
associem ao emagrecimento e ao perfil lipídico. A gordura saturada do óleo de
coco, mesmo que com melhor composição que outras fontes de gordura saturada, deve
ter seu consumo equilibrado e não ser utilizado comente para a finalidade de
emagrecimento.
Não foi inventado ou
descoberto nada até hoje, que seja imediato, para a saúde do corpo e que
substitua a combinação da boa e velha reeducação alimentar e a prática de
exercícios físicos.
(Layz Carneiro e Adair Pacheco)
Referências Bibliográficas:
[1] ANVISA. Resolução RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999. Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos e Gorduras Vegetais. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 13 de outubro de
1999. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/a2190900474588939242d63fbc4c6735/ RDC_482_1999.pdf?MOD=AJPERES
[2] VEJA. Óleo de cooc para emagrecer não passa de uma bobagem. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/oleo-de-coco-para-emagrecer-nao-passa-de-uma-bobagem
[3] Liau KM, Lee YY, Chen CK, Rasool AHG. An open-label pilot study to assess the efficacy and safety of virgin coconut oil in reducing visceral adiposity. ISRN Pharmacology. 2011;2011:949686, 1-7.
[4] Assunção ML, Ferreira HS, Santos EAF, Cabral Jr R, Florêncio MMT. Effects of dietary coconut oil on the biochemical and anthropometric profiles of women presenting abdominal obesity. Lipids. 2009; 44:593–601
O óleo de coco tem sido utilizado no tratamento da obesidade em virtude do seu alto teor de ácidos graxos de cadeia média, uma vez que os mesmos são facilmente oxidados sem se depositar no tecido adiposo, sendo assim considerado um potencial redutor da gordura corporal. Estudos envolvendo as populações africanas e do Pacífico Sul, cujas dietas contém grandes quantidades de óleo de coco demonstraram que não existe relação entre a ingestão desse óleo e a ocorrência de dislipidemia e obesidade. A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) posicionou-se sobre a não comprovação da eficácia do óleo de coco, enfatizando que há poucos estudos sobre seu uso frente ao peso corporal, sendo alguns resultados controversos. A ABRAN completa que quando o óleo de coco é comparado a óleos vegetais menos ricos em ácido graxo saturado, ele aumenta o colesterol total, em especial o LDL, o que contribui para um maior risco cardiovascular. Cabe aos profissionais de saúde informar e alertar a população sobre o uso do óleo de coco. Por isso, as considerações finais feitas na postagem do blog sobre o consumo equilibrado são de extrema importância.
ResponderExcluirReferências:
- ABRAN, Associação Brasileira de Nutrologia. Posicionamento oficial da Associação Brasileira de Nutrologia a respeito da prescrição de óleo de coco. São Paulo, 2017.
- BEM, Riana Augusta Dauber Bevilaqua de. Óleo de Coco: Uma revisão sistemática. 2015.