Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 29 de junho de 2019


ÓLEO DE PEIXE EM INFANT FÓRMULAS


O óleo de peixe contém ácidos graxos que ajudam na prevenção de diversas doenças e é muito utilizado na suplementação de atletas, já em formulações infantis... 

DESCRIÇÃO
O óleo de peixe é uma rica fonte ômega 3 de cadeia longa, as chamadas LCPUFAs n-3. Elas são um conjunto de gorduras e as mais encontradas neste óleo são os ácidos: eicosapentaenoico (EPA), docosahexaenoico (DHA) e docosapentaenoico (DPA).Esses nutrientes são considerados essenciais e são obtidos através da alimentação. Dentre as fontes naturais, encontra-se o leite materno.1 Essas substâncias são fornecidas ainda na gravidez para o feto, através da placenta, e ao nascer, através da amamentação ou formulações infantis.2 No recém nascido essas substâncias são importantes para o bom desenvolvimento do sistema nervoso e visual.4
Ao observar o componente “óleo de peixe” nos ingredientes do rótulo de formulações infantis, fica claro que não se enquadra na composição essencial. Mas os componentes presentes no óleo irão fornecer essas sustâncias que irão garantir o uso da infant fórmula como satisfatória fonte de nutrientes para lactentes, o mais semelhante possível ao leite materno, principalmente para aqueles que por alguma razão não podem ser amamentados diretamente da mãe.

LEGISLAÇÃO
De acordo com o Ministério da Saúde a Infant Fórmula é um substituto do leite materno, preparado industrialmente de acordo com os padrões do Codex Alimentarius, para satisfazer as necessidades nutricionais normais de lactentes. E o Codex Alimentarius diz que há ingredientes que podem ser adicionados além da composição essencial que garantem o uso da infant fórmula como única fonte de alimento e os mesmos benefícios do leite materno. Além disso define valores de referência para os nutrientes fornecidos de 0.5%.

DISCUSSÃO (& CONCLUSÃO)
O uso do óleo de peixe, dentro dos limites adequados, atende às definições do Ministério da Saúde e do Codex Alimentarius, uma vez que são ingredientes adicionados para fornecer substâncias normalmente presentes no leite humano que satisfazem as necessidades nutricionais e são comprovados cientificamente.
Porém há pontos negativos. O DHA (uma das LCPUFAs presentes), na maioria das vezes, é colocado no rótulo passando a impressão de ser um “plus” na formulação, o que não é verdade. Como visto, o DHA está tão presente no leite materno quanto nesta formulação que tem o objetivo de poder ser um substituto. Sendo assim, torna-se uma informação redundante.
Assim como outros ingredientes, não há uma informação clara sobre o motivo do uso do óleo de peixe no produto ou nutrientes específicos que o compõe. Porém todos os produtos Infant Fórmula apenas deverão ser utilizados mediante prescrição médica ou de um nutricionista que são capacitados a orientação, esclarecimento de dúvidas sobre os produtos e seus usos. Além disso, a população também pode contar com a capacitação do farmacêutico para sanar dúvidas sobre o uso correto, formulações, nutrientes e entre outras, no âmbito de promoção a saúde. 

BIBLIOGRAFIA
1.            SÃO PAULO. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA BIOMOLECULAR E NUTRIGENÔMICA. Segurança da Suplementação de EPA E DHA. 
2.            SILVA, Deila Regina Bentes da; MIRANDA JUNIOR, Paulo Fernando; SOARES, Eliane de Abreu. A importância dos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa na gestação e lactação. Revista Brasileira de Saúde Materna e Infantil,  Recife,  v. 7, n. 2, p. 123-133,  abr.  2007.  
3.            EFSA Panel on Dietetic Products, Nutrition and Allergies (NDA). Scientific Opinion on the Tolerable Upper Intake Level of eicosapentaenoic acid (EPA), docosahexaenoic acid (DHA) and docosapentaenoic acid (DPA). EFSA Journal; 10(7):2815, 2012.
4.            Codex Alimentarius Commission. Joint FAO/WHO. Food Standards Program. Norma para Preparados para Lactantes y Preparados para Usos Medicinales Especiales Destinados a Los Lactantes. (Codex Stan 72/1981 enmendado en 1983/85/87/2011, 2015 - Rev. 2007)
5.            Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. A legislação e o marketing de produtos que interferem na amamentação: um guia para o profissional de saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2009.

3 comentários:

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  2. Quando nos deparamos com as informações nutricionais, não só de Infant Fórmulas, mas de medicamentos e produtos industrializados, muitas vezes encontramos componentes que geram certas dúvidas a cerca de sua importância na formulação. E o óleo de peixe, como descrito no texto, pode fornecer algumas dessas substâncias que irão suprir as necessidades dos lactentes, dentro dos valores adequados de 0,5% como descrito no codex alimentarius. Estes ingredientes dentro do codex, são descritos como ingredientes adicionados para fornecer substâncias normalmente presentes no leite humano, o que gera benefícios em situações que podem alterar o aporte de nutrientes para o bebê, como por exemplo, durante a gestação, onde pode ocorrer à nutrição inadequada da mãe, mães portadoras de determinadas doenças ou soropositivas, e até mesmo mães que não possuem leite suficiente para amamentar seus filhos.

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  3. Fórmulas infantis são meios de complementar a alimentação de lactentes ou em casos especiais podem servir como uma alternativa de alimentação. A presença de óleo de peixes nessas fórmulas traz benefícios à saúde, quando há presença por exemplo de DHA e ARA, que são dois ácidos graxos encontrados no leite materno e sua suplementação é importante para o metabolismo do sistema nervoso central, processo de mielinização, maturação da visão normal e desenvolvimento neuropsicomotor. É necessário analisar que essas substâncias podem ser fornecidas para os lactentes através do leite materno, principalmente se a lactante segue uma dieta adequada e que fornece essas substâncias para depois através do leite materno fornecer os benefícios para o lactente. Logo, independente dos rótulos apresentarem essas substâncias e possa para algumas pessoas transparecer como um adição muito significativa ou uma adição não tão significativa, é necessário que o indivíduo que compra o produto tenha consciência ou receba a informação que a maior fonte de óleo de peixes, DHA e ARA fornecidas para o lactente está presente no leite materno e a presença dessas substâncias em fórmulas infantis não isenta a lactante de abandonar uma dieta adequada. Ademais, nos casos especiais em que não é possível ocorrer a alimentação do lactente através do leite materno, as fórmulas infantis que contém esses componentes podem ser mais benéficas do que algumas fórmulas infantis que não os apresentem.

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