Xarope de Guaco (Natulab)
Figura 1. Embalagem produto xarope de guaco (Natulab)
Em
Clínicas da Família são oferecidos xarope de guaco (Mikania glomerata), da empresa Natulab, no tratamento de tosses
persistentes, expectoração e tratar afecções do trato respiratório. Será que este produto é efetivo? Qual a sua posologia correta de uso?
Apresentação:
O produto avaliado na pesquisa foi o Xarope de Guaco fornecido pela empresa Natulab. A indagação proposta para o presente estudo foi: "Como o Guaco exerce a função expectorante, inibitória da tosse e trata doenças
respiratórias?". E a hipótese levantada está relacionada com a presença de substâncias
fitoterápicas, como as cumarinas e
ácido caurenoico.
As Cumarinas e o Ácido caurenoico são substâncias que estão presentes em diversas plantas, como a Mikania glomerata (Guaco), que possuem ações muito bem elucidadas em estudos científicos presentes em vários artigos publicados. Logo, o objetivo dessa pesquisa é saber se esses compostos são efetivos no tratamentos de patologias a qual este xarope é indicado e mostrar qual a melhor posologia para uso do paciente, a fim de que não gere efeitos adversos ao mesmo.
Descrição do Produto:
O xarope de Guaco é utilizado para fins terapêutico de doenças provenientes do trato respiratório e, neste xarope é usado a tintura da planta Mikania glomerata, conhecida popularmente como Guaco, que é rica em componentes fitoterápicos, dentre eles os mais abundantes, cumarinas e ácido caurenico.
Introdução:
O mercado
mundial de fitoterápicos movimenta cerca de US$ 22 bilhões por ano. No Brasil
estima-se que o comércio de fitoterápicos seja de 5% em relação ao mercado
total de medicamentos, avaliando-o em mais de US$ 400 milhões (Pinto et al.,
2002). Este comércio emprega várias espécies nativas brasileiras como, por
exemplo, o Guaco (Mikania glomerata Sprengel) (Alvarenga et al., 2009).
O guaco é
usado na cultura popular há séculos devido às propriedades das folhas, que
incluem ação tônica, depurativa, antipirética e broncodilatora, além de
estimulante do apetite e antigripal (Lorenzi & Matos, 2008). É ainda
empregada no tratamento da asma, bronquite e adjuvante no combate à tosse
(Teske & Trentini, 1997).
Sabendo-se que
já é oferecido o fitoterápico Xarope de Guaco nas Farmácias comunitárias e
comercializado também em farmácias privadas, foi realizado o presente trabalho
a fim de mostrar se há atividade farmacológica do Guaco no tratamento dessas
patologias, além de mostrar a sua melhor posologia e observações importantes no
uso deste fitoterápico.
Legislação:
O Guaco (Mikania glomerata) é denominado como um medicamento fitoterápico pela RDC
no 48, de 16 de março de 2004. E, também está enquadrado como medicamento novo pela a ANVISA segundo a Resolução - RE nº 218, de 5 de fevereiro de 2002.
Emitida pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a RDC no 48, de 16 de março
de 2004, classifica o medicamento fitoterápico como aquele obtido empregando-se
exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. A eficácia e segurança são
validadas em levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações
tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase 3 (ANVISA, 2004).
Fundamentos Bromatológicos:
O Guaco trata-se de plantas
trepadeiras nativas da América do Sul que podem atingir aproximadamente 2
metros de altura. Possui folhas verdes levemente escuras na face superior e
mais claras na parte inferior, largas, em formato de coração que quando
amassadas, exalam um odor que lembra a abóbora. Suas flores, pequenas, também
possuem um agradável odor de baunilha, mais intenso após a chuva. Seu
farmacógeno são as plantas secas [1].
Na composição
química do Guaco (Mikania glomerata) estão presentes a cumarina (Figura 2, 1),
lupeol (Figura 2, 2), ácido a-isobutiriloxi-caur-16-en19-oico
(Figura 2, 3). São encontrados ainda óleos essenciais, entre eles
sesquiterpenos e diterpenos do tipo caurano (Figura 2, 4), e.g. ácidos
caurenoico (Figura 2, 5), grandiflórico (Figura 2, 6), cinamoilgrandiflórico
(Figura 2, 7) e caurenol (Figura 2, 8). Outros metabólitos secundários como b- sitosterol (Figura 2,
9), friedelina (Figura 2, 10), estigmasterol (Figura 2, 11), taninos
hidrolisáveis, flavonoides e saponina, também estão presentes na composição de
Mikania (Oliveira et al., 1998; Santos, 2005; Vaz, 2010). A cumarina é um dos
principais responsáveis pelas atividades farmacológicas. Já foram identificadas
cerca de 1.300 cumarinas em fontes naturais, como vegetais, fungos e bactérias
(Santos, 2005). Já o ácido caurenoico é diterpeno encontrado em muitas espécies
do gênero Mikania e, assim como a cumarina, apresenta importantes ações
biológicas (Santos, 2005).
Com o objetivo
de otimizar o processo extrativo, o tratamento da droga vegetal para o preparo
de tinturas, a determinação da melhor forma de estocagem e, por fim, otimização
da preparação da forma farmacêutica (xarope) para se obter um produto final de
qualidade, com maior teor de princípio ativo, a planta Mikania glomerata fresca
deve ser secada em estufa com circulação de ar à 40 ºC por 48 horas. Após a
secagem, a mesma deve ser transformada imediatamente em tintura utilizando-se
para sua extração uma mistura hidroalcoólica a 70%. O xarope de guaco deve ser
preparado pela adição da tintura ao xarope simples a quente. A preparação da forma
farmacêutica final mostra que, apesar de a cumarina ser uma substância volátil,
há elevação de seu teor quando o processo envolve manipulações que permitem a
elevação da temperatura da matéria-prima, como secagem da planta em estufa,
moagem e preparação do xarope a quente [2].
Discussão:
Estudos relataram que o guaco age
diretamente causando broncodilatação e relaxamento da musculatura lisa
respiratória, o que pode estar relacionado ao bloqueio dos canais de cálcio,
acompanhado de ações anti-inflamatória e antialérgica (Moura et al., 2002;
Castro et al., 2006), que são extremamente benéficas ao tratamento da asma, a
qual caracteriza-se por obstrução e inflamação das vias aéreas e, resposta
broncodilatadora exagerada (Santos, 2005).
Apesar de
possuir várias indicações terapêuticas populares, somente a ação
broncodilatadora, antitussígena, expectorante e edematogênica sobre as vias
respiratórias foram comprovadas (Oliveira et al., 1998). Outros estudos mostram
potencial atividade antialergênica (Fierro et al., 1999), antimicrobiana
(Pessini et al., 2003), além de atividade analgésica (Ruppelt et al., 1991),
anti-inflamatória (Falcão et al., 2005), antioxidante (Vicentino & Menezes,
2007) e antidiarreica (Salgado et al., 2005). Segundo a ANVISA, o guaco pode
ser usado sob as formas de tintura e extrato (ANVISA, 2008).
Para a posologia do
fitoterápico é prescrito o uso oral:
Adultos: Tomar 15 ml
de 8/8 hs.
Crianças de 6 a 12
anos: 5 ml de 8/8 hs.
Pacientes com problemas hepáticos podem apresentar
toxicidade com o uso prolongado. Recomenda-se maior critério na administração
de Mikania Glomerata (substância ativa) em pacientes com quadros
respiratórios crônicos não diagnosticados, devendo-se afastar a hipótese
de tuberculose e câncer. Atenção diabéticos:
Este medicamento contém açúcar [3].
Conclusão:
Os estudos deste trabalho demonstrou
a presença de metabólitos secundários na composição química do Guaco, tais como
óleos essenciais, estigmasterol, taninos hidrolisáveis, flavonoides e saponina,
além da cumarina e do ácido caurenoico com propriedades farmacológicas
descritas na literatura.
A cumarina e o
ácido caurenoico, presente principalmente nas folhas do Guaco, são os
principais metabólitos e apresentam ações biológicas no combate a enfermidades
do trato respiratório, devido as ações broncodilatadora, expectorante,
antiinflamatória e antialérgica, comprovadas pelos diversos estudos realizados,
o que faz do guaco um potente fitoterápico contra asma e bronquite.
Referências Bibliográficas:
·
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) no 48, de 16 de
março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Diário
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atualidade, desafios e perspectivas. Química Nova, v.25, p.45-61, 2002.
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2005. 93p. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade do
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[2]
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SALGADO, H.R.N.; RONCARI, A.F.F.; MOREIRA,
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·
[3] Bula Natulab- Xarope de Guaco.
O Guaco apresenta interação medicamentosa com a varfarina. A varfarina cuja estrutura química resulta de uma modificação da cumarina, é um anticoagulante oral que atua como inibidor da vitamina K, um cofator essencial para a síntese de fatores da coagulação II, VII, IX e X. Outras moléculas com o esqueleto químico das cumarinas, como acenocumarol, femprocumona e dicumarol, também apresentam atividade anticoagulante.
ResponderExcluirComo o guaco é rico em cumarinas, é desaconselhável o uso para crianças com idade inferior a um ano e mulheres no período gestacional. Além disso, não deve ser empregado simultaneamente a anticoagulantes, pois as cumarinas podem potencializar seus efeitos e antagonizar o da vitamina k. O uso prolongado pode provocar acidentes hemorrágicos, pelo antagonismo à vitamina K.
Referência Bibliográfica :
1- CZELUSNIAK, K.E. et al. Farmacobotânica, fitoquímica e farmacologia do Guaco: revisão considerando Mikania glomerata Sprengel e Mikania laevigata Schulyz Bip. ex Baker. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.14, n.2, p.400-409, 2012.
Aluna : Jéssica Leonardo dos Santos.
DRE : 114026912
Há muito tempo já se sabe as propriedades da Mikania glomerata que pertence à família Asteracea sendo conhecida popularmente pelo nome de ''guaco''. Suas utilidades vão desde o controle da asma até o combate à tosse (Teske & Trentini, 1997; Silva et al., 2006; Soares et al., 2006; Agra et al., 2008), passando por outras doenças como bronquite, alergia, infeccções microbianas entre outros.
ResponderExcluirA Cumarina, um dos principais constituíntes químicos do guaco, é o responsável pela sua principal ação farmacológica: a atividade broncodilatadora pelo relaxamento que provoca na musculatura lisa (Leite et al., 1992; Soares et al.,1996; Leal et al., 1996).
Hoje em dia enfrentamos uma realidade muito longe do ideal, onde as pessoas buscam incansávelmente medicamentos sintéticos, esquecendo da qualidade dos medicamentos de origem natural e vegetal. Sendo assim nota-se a importancia dos medicamentos fitoterápicos para a saúde pública, visto que esses provocam efeitos farmacológicos muito bons e ao mesmo tempo causando pouco ou nenhum efeito adverso.
Cabe também aos pacientes buscarem mais essa terapia alternativa, às industrias investirem mais nesse tipo de medicamentos e às autoridades sanitárias disponibilizarem mais opções de fitoterápicos nas instituíções publicas de saúde.
Portanto, o presente trabalho é de uma importância enorme para a divulgação desses medicamentos fitoterápicos, e para o esclarecimento da população a respeito dessa alternativa tão eficaz porém muitas vezes esquecida pelos pacientes e pelos profissionais de saúde.
Beatriz Degow Curvello
114191204
De acordo com o texto acima, o Xarope de Guaco é sim eficaz para tratar enfermidades relacionadas ao trato respiratório porém, é importante salientar que mesmo sendo um fitoterápico feito a partir da tintura de uma planta (ou seja, ser natural), ele pode apresentar contra indicações e o consumo em excesso pode ser prejudicial à saúde. Com base na cartilha da fiocruz, o Guaco pode causar vômitos, diarreia e taquicardia, além disso, ele deve ser evitado em crianças menores de um ano de idade, mulheres em período menstrual, pessoas com hepatite ou outras doenças no fígado e também pessoas com problemas coagulatórios. Quando usado por período prolongados, pode causar acidentes hemorrágicos. Dessa forma, é importante levar esses fatores em consideração antes da utilização desse produto.
ResponderExcluirNome: Isadora Simões Barbosa
DRE:113034611