Figura 1: Embalagem do Gerovital®. Fonte: EMS, 2018.
O Gerovital® (Figura 1) é um polivitamínico dentre muitos outros existentes do mercado. Seu diferencial é que ele contém ginseng. A presença do ginseng confere
ao produto diversas propriedades que são alegadas pela propaganda, com destaque para a revitalização física e mental (EMS, 2018). A propaganda apela para a população adulta em geral, com frases como “criado para combater a crise mundial de energia”, “para você que não pode parar, para você que não abre mão de qualidade de vida”, “jovens, adultos, executivos ou não e, claro, para a melhor idade” (EMS, 2018). Contudo, não é bem assim, há grupos para os quais o seu uso não é recomendado ou requer acompanhamento médico (EMS, 2015). Então, afinal, quais seriam as vantagens de um polivitamínico contendo ginseng e será que todas as pessoas podem se beneficiar delas como a propaganda faz pensar a princípio?
Descrição do Produto
O Gerovital® é um polivitamínico e poliminerais que contém ginseng (raiz de Panax ginseng) registrado pela EMS e de venda livre, sem necessidade de prescrição. Esse medicamento está disponível na forma de cápsulas moles, cada uma contendo 25 mg de extrato seco de Panax ginseng, o que corresponde a 4 mg de ginsenosídeos totais (EMS, 2015). Além do ginseng, o Gerovital® contém diversas vitaminas e minerais (Figura 2).
Figura 2: Composição do Gerovital® conforme consta na bula do produto. Fonte: EMS, 2015.
Apesar das diversas vitaminas e dos minerais, o ginseng é o grande diferencial do produto frente a outros polivitamínicos e poliminerais disponíveis no mercado. O consumidor é atraído ao produto em função do ginseng, que é o foco da propaganda do Gerovital® e está representado na figura impressa na embalagem com fundo amarelo, que realça o desenho (Figura 1). Além disso, o próprio nome comercial do produto faz menção à presença do ginseng.
Fundamentos Bromatológicos
O ginseng (Panax ginseng) é proveniente da Ásia e é usado há mais de 3.000 anos como uma planta estimulante e reconstituinte. Diversas atividades farmacológicas têm sido demonstradas, em especial sobre o sistema imunológico, o sistema nervoso central e o metabolismo, como a síntese proteica e de RNA e DNA. Os extratos de ginseng têm sido considerados como adaptógenos ou agentes antiestresse, ou seja, são capazes de aumentar a resistência não específica do organismo às influências externas, como as infecções e o estresse. Os ginsenosídeos, como são denominadas as saponinas triterpênicas do ginseng, são considerados os responsáveis pela maioria das atividades farmacológicas do ginseng. Diversas especialidades farmacêuticas contendo extratos de ginseng estão disponíveis no mercado brasileiro, com indicação para aumentar a resistência natural do organismo ao estresse e a infecções, bem como para reduzir a fadiga (ATHAYDE et al., 2017).
O Panax ginseng está na Lista de Medicamentos Fitoterápicos de Registro Simplificado, publicada na Instrução Normativa (IN) Nº 2 de 13 de maio de 2014, da ANVISA (BRASIL, 2014). O ginseng já fazia parte da Lista publicada em 2004, através da Resolução – RE Nº 89, de 16 de março (BRASIL, 2004). A IN de 2014, em vigor, estabelece como parte usada a raiz, marcadores os ginsenosídeos, derivado vegetal os extratos, dose diária de 8 a 16 mg de ginsenosídeos, via de administração oral, indicações estado de fadiga física e mental e adaptógeno, com venda sem prescrição médica, mas com uso de no máximo três meses (BRASIL, 2014).
A propaganda de medicamentos no Brasil é regulamentada pela Resolução-RDC Nº 96, de 17 de dezembro de 2008, da ANVISA. O produto está de acordo com o que determina a RDC, especificamente, em relação ao Título II, que trata da propaganda de medicamentos industrializados isentos de prescrição (BRASIL, 2008).
A propaganda de medicamentos no Brasil é regulamentada pela Resolução-RDC Nº 96, de 17 de dezembro de 2008, da ANVISA. O produto está de acordo com o que determina a RDC, especificamente, em relação ao Título II, que trata da propaganda de medicamentos industrializados isentos de prescrição (BRASIL, 2008).
Discussão
O ginseng é o grande atrativo e diferencial do Gerovital® em relação aos demais polivitamínicos disponíveis no mercado. Suas propriedades são enaltecidas na propaganda do produto, que afirma “criado para combater a crise mundial de energia, o marasmo generalizado e a falta de vontade de sair da cama” e ainda “a energia e a concentração que você precisa para superar todos os obstáculos da rotina com disposição” (EMS, 2018). Porém, há casos em que seu uso é desaconselhado (EMS, 2015) e, por isso, deve-se ter muita cautela com o que a propaganda anuncia.
De fato, a raiz do ginseng exerce um efeito adaptogênico, aumentando de forma inespecífica a defesa do organismo contra fatores de estresse. O mecanismo desse efeito adaptogênico se deve à modulação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, induzindo a secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) na hipófise anterior, o que estimula a secreção de cortisol, e ao efeito imunoestimulante. Além disso, a droga vegetal promove melhora geral do desempenho físico e mental, exercendo efeitos antifadiga e antioxidante e melhorando a memória e o aprendizado (WHO, 1999).
Entretanto, o ginseng reduz a quantidade de glicose no sangue, causando hipoglicemia, o que pode ser perigoso em pessoas diabéticas. Nas doses recomendadas, o uso da raiz de ginseng não está associado a efeitos adversos graves. No entanto, em grandes quantidades, o ginseng pode provocar hipertensão, nervosismo, irritabilidade, diarreia, erupções cutâneas e insônia, um quadro chamado “síndrome do abuso do ginseng” (SAG) (WHO, 1999).
Por esses motivos, a bula do produto afirma que o Gerovital® deve ser usado com cautela e sob supervisão médica por pessoas diabéticas e evitado em pacientes com alterações cardíacas importantes. Já em pessoas com alterações leves a moderadas da pressão arterial, o uso deve ser feito sob orientação médica. O medicamento é de uso adulto e, sendo assim, não deve ser utilizado por menores de dezoito anos (EMS, 2015). Além disso, é feito o alerta de que o produto deve ser utilizado por, no máximo, três meses, conforme determina a IN Nº 2 de 2014 (BRASIL, 2014). Esse período máximo de uso recomendado se deve ao fato de que os estudos clínicos feitos com o ginseng geralmente não ultrapassam três meses, então sua segurança para uso a longo prazo, por tempo superior a três meses, não foi estabelecida (MASSOUMI, 2017).
Outro aspecto relevante no uso do Gerovital® é que o ginseng interage com diversos medicamentos, diminuindo seus efeitos, como antidepressivos, quinolonas, antiácidos, hidroxicloroquina, tireoidianos, antifúngicos azólicos e cefalosporinas, ou aumentando seus efeitos, como com os anticoagulantes, por exemplo. Dessa forma, antes do seu uso, é imprescindível a leitura da bula (EMS, 2015).
Conclusão
Deve-se ter cautela com o uso generalizado do Gerovital® estimulado pela propaganda. De fato, as propriedades benéficas do ginseng como adaptógeno e antifadiga estão bem estabelecidas na literatura científica. No entanto, em pessoas diabéticas e com alterações cardíacas, seu uso apresenta restrições, uma vez que esses grupos estão mais sujeitos a efeitos adversos graves causados pelo ginseng. Por isso, o uso do Gerovital® deve ser feito conforme recomenda a bula, respeitando-se o limite máximo de três meses de uso e considerando-se ainda as possíveis interações com outros medicamentos.
Referências Bibliográficas
ATHAYDE, Margareth Linde; TAKETA, Alexandre T. Cardoso; GOSMANN, Grace; SCHENKEL, Eloir Paulo. Saponinas. In: SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. (Org.). Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Cap. 19.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa Nº 02 de 13 de maio de 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/int0002_13_05_2014.pdf>
Ester Prado
ResponderExcluirDRE: 115028747
O Gerovital é um produto já antigo no mercado farmacêutico, mas muitas pessoas ainda não o conhecem. Ele é um polivitamínico associado a minerais e ao Panax ginseng (ginseng), sendo indicado para a prevenção e para a recuperação em casos de fadiga física e mental (como por exemplo: sensação de desgaste, irritabilidade e dificuldade de concentração), atuando como adaptógeno, ou seja, ajuda a melhorar a capacidade do nosso organismo de superar condições estressantes.
Ou seja, com o Gerovital você não vai mais ter preguiça de sair da cama ou de praticar atividades físicas, pois ele vai te proporcionar mais disposição e força.
Como já dito, um dos principais ingredientes da composição do Gerovital é o ginseng, que é uma raiz natural que promove benefícios à saúde e ao corpo humano, inclusive na prevenção de doenças como aterosclerose, uma vez que ele possui ação anti inflamatória, e sua função antioxidante é ótima para melhorar a pele e evitar o envelhecimento precoce.
Vale ressaltar que o Ginseng ainda deve ser usado sob supervisão médica para diabéticos e pessoas com problemas cardíacos, hipertensão ou hipotensão arterial. O uso de Ginseng não deve passar de 3 meses para qualquer pessoa.
Gerovital é um polivitamínico associado a minerais e ao Panax ginseng (ginseng), e é indicado na prevenção e recuperação em casos de fadiga física e mental. Existem diversos estudos que mostram a eficácia do Gerovital na luta contra fatores que geram estresse e melhora no desempenho físico e mental. Entretanto, pela sua capacidade hipoglicemiante, seu consumo pode é perigoso em indivíduos diabéticos. Ademais, seu consumo exarcebado, pode provocar efeitos contrários, justamente citados no post principal do blog. Nesse sentido, cabe um maior estudo acerca dos mecanismos do Gerovital e seu uso em cada pessoa, afim de se evitar maiores problemas tanto no consumo em diferentes grupos de risco quanto ao consumo em grandes doses.
ResponderExcluirmuito Top show
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